Capítulo 29

Tears of Silence

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O vento batia frio, o calor do fogo aquecia a pequena casa ao sul da Itália.

A pequena aldeia permanecia em silêncio a noite parecia algo sagrado e respeitado. Como se nunca pudesse ser interrompida ou invadida, a não ser pero barulho sereno das folhas batendo entre si e os cantos dos grilos.

Os dedos finos e delicados de Amélia desciam ao longo dos panos trançados onde ela fazia um vestido para a filha.

 Aro encarava a forma redonda da singela lareira e batia o tabaco no pequeno recipiente de vidro na mesa ao canto de sua poltrona.

Seline brincava com os próprios cabelos tentando se entreter, mas encarar o fogo a deixava fascina. Como algo poderia ser tão fascinante e ao mesmo tempo tão descontrolado? Era como se fossem duas partes... E uma não podia ser controlada.

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O corpo em ataque de Seline se rendeu ao chão com as mãos na cabeça, um grito escapou de seus lábios.

A dor já invadira completamente seu corpo, suas narinas já sangravam com o sangue mais vivo, seu corpo estava em forma humana e a dor se tornava cada vez mais insuportável. O monstro estava lutando para sair de seu corpo ou pelo menos dominá-lo completamente.

Nathan permanecia estático, impotente.

Os movimentos não eram processados em sua cabeça.

Talvez não fosse tão simples mata-la como ele havia pensado que seria.

Seu rosto se fechou mais um pouco, suas mãos seguravam a haste da adaga com força.

Seus pés davam passos curtos em direção de Seline. Ele precisava fazer isso. Ele martelava em sua própria cabeça o forçando a andar.

O corpo dela se movimentava com brutalidade do chão, as unhas se tornavam mais longas, veias se tornavam mais extensas e os dentes mais afiados.

Ele deu mais um passo em direção ao corpo do chão, mas as mãos brancas em seu pescoço impediram.

Seu corpo foi jogado ao lado batendo de encontra com uma pilastra. O fazendo demorar em se levantar. Ele precisava ativar as duas partes de seu corpo agora.

 Mas antes que tivesse essa capacidade às mãos o ergueram na pilastra.

Nathan encarou o braço completamente negro e o outro branco ao lado, uma parte do rosto de Seline estava completamente assustadora, a outra mantinha sua beleza e perfeição.

O braço negro o fez bater de encontro com a pilastra causando um barulho com o impacto.

- Por que tão hesitante? – a voz soou rouca e medonha.

Nathan esfregou as unhas em sua pele, na esperança de lhe causar mais dor, talvez assim despertasse sua parte metamórfica, mas as tentativas eram inúteis.

Sua parte vampiro apesar de ser forte, não se comparava com a força de Seline.

Renesmee correu em direção ao salão, puxando o corpo de Seline, mas as mãos brancas foram de encontro com seu rosto a fazendo deslizar no chão de mármore.

Nathan encarou o corpo da mãe ainda caído ao chão.

Ele podia sentir a raiva percorrendo seu corpo. Suas roupas começaram a se rasgar, seu corpo começou a assumir sua forma negra.

Seline jogou seu corpo para trás quando as unhas afiadas de Nathan foram de encontro com seu corpo.

Ela agachou o corpo e o esquivou para frente, mas a dor invadiu seu corpo novamente, á fazendo colocar as mãos na cabeça.

Os gritos se repuxaram sobre seus lábios e as imagens invadiam sua cabeça.

O rosto redondo e pequeno da garotinha invadia sua mente, as mãos brancas de Amélia em seu rosto, seus sorrisos e palavras.

“É garota mais bonita desse mundo!”

“As coisas sempre acontecem por um motivo Seline, algumas podem até ser inexplicáveis, mas ocorreram por um motivo...”.

“Papai... O que é isso?”

“Essa é a adaga do meu pai... Ela pertenceu ao meu avô, ao meu pai, a mim... E logo, logo, vai pertencer a você querida.”

A imagem do rosto de Aro, sereno, amoroso invadia sua mente. A morte, a tragédia e a dor tomavam conta de sua mente e corpo.

“Mãe!”

“Eu quero meu pai de volta! Minha mãe! Quero minha vida de volta!”

Os gritos escapavam de sua boca sem cessar, as lembranças vazavam de sua mente destruindo lentamente seu corpo.

- Nathan! – A voz de Angel fez Nathan desviar seu olhar do corpo se contorcendo ao chão – Agora!

O grito de Seline se tornou mais alto, o sangue começou a escorrer por sua boca.

Nathan segurou a adaga mais forte sobre seus dedos, ele acelerou seus passos em direção do corpo de Seline.

Ele encarou seu rosto berrante por alguns momentos. Suas mãos tremeram.

- Nathan! Vai! – Angel berrou novamente.

As mãos de Seline se contorceram, seu corpo se ergueu do chão como se estivesse entrando em convulsão.

Nathan virou um pouco um rosto e ouviu um grito agudo invadindo seus ouvidos.

Ele voltou o rosto novamente para o corpo de Seline.

O olhar vago, a respiração rápida, o corpo estático.

- De novo! – Angel berrava novamente.

Reprimindo as lágrimas que seus olhos queriam derramar, Nathan ficou a adaga novamente no peito de Seline.

Um grito saiu novamente de seus lábios.

O coração foi dando leves toques, a respiração mais lenta avisavam que a morte estava próxima, os olhos um tanto abertos demostravam a dor.

Nathan ergueu a adaga novamente e a fincou novamente.

O grito abafado saiu dos lábios de Seline, o sangue começou a banhar o vestido, a pele foi criando coágulos.

Nathan retirou a adaga de seu peito e encarou o rosto de Seline ganhando coágulos e ficando mais branco.

Sua boca abriu lentamente e as palavras saiam entre cortadas.

- Obrigada.

- Pelo o que? - Ele disse tentando esconder a voz em embargada.

- Por... Me salvar.

Apertou seus lábios antes de erguer novamente a adaga.

As lágrimas correram sobre o rosto de Seline.

- Nunca pensei que choraria novamente. – Ela disse com dificuldade dando um pequeno sorriso - Quem não sabe o que é a vida, como poderá saber o que é a morte?* – Seline sussurrou novamente – Talvez seja melhor que isso.

Nathan desceu a adaga novamente contra seu peito.

Dessa vez os gritos não saíram de sua boca.

Seu corpo ficou completamente coagulado, seu corpo branco, frio, imóvel.

Nathan jogou a adaga ao canto. O sangue escorria em sua lâmina.

Todos continuavam estáticos;

Seus olhos fitaram o rosto delicado já conhecido e então os olhos verdes brilharam de encontro com luz da lua que invadia a sala.

Seus dedos quentes fecharam as pálpebras. E seu corpo permaneceu ao lado do de Seline.

Seus dedos se juntaram com os dela.

- Estou com você.

Continua...

* Confúcio.