Capítulo 20

As if we could be normal again

O tempo teimava em pairar frio nos últimos dias. A neve que havia aumentado um pouco caia em flocos pequenos que se amontoavam ao chão, mas logo em seguida a chuva congelante caia apagando os rastros de neve.

Os dias se passavam cada vez mais rápido e Seline ainda forçava as palavras daquela pequena frase entrar em sua cabeça;

Alguém queria ajuda-la a derrubar Aro, mas quem? Um fato é que qualquer pessoa poderia estar burlando as leis para ajuda-la, quem sabe até quem menos ela espera...

Alice havia insistindo muito para conseguir que todos fossem ao baile de inverno. Dependendo das circunstâncias era a primeira vez que Nathan, Emma e Ryan iriam ao baile de inverno do segundo ano e também seria a primeira vez para Seline e Angel em qualquer tipo de baile.

Mas Seline tinha a preocupação maior de conseguir desvendar a charada que lhe haviam dado.

 Ela segurava o medalhão em suas mãos finas e brancas, Seline contornava o “V” com seu dedão, tentando pensar em respostas. Mas nada vinha em sua mente.

- Posso fazer uma pergunta? – Nathan perguntou se sentando ao lado de Seline na escada.

Ele pegou seu braço e colocou em suas mãos e os cortes surgiram ao longo do braço direito.

- Por que os cortes no seu braço? – Ele perguntou fitando os olhos apagados de Seline.

Ela tirou as mãos dele de seu braço e então o circulo negro e a pequenas linhas entrelaçadas negras surgiram novamente em seu braço.

- Por que eu queria me matar... – Seline disse brevemente.

- Cortando seu braço? Não era mais fácil... Sei lá, enfiar uma faca no peito? – Nathan disse em tom plano.

- Não... – Seline respondeu novamente.

- Por que não? – Nathan virou para encará-la.

- Por que eu não queria morrer.

Nathan ainda tentava digerir o passado conturbado de Seline... Que ainda a assombrava, mas ele não se importava, contanto que ela continuasse lá.

Seline fitou o rosto de lado de Nathan rapidamente e depois desceu novamente o olhar para o medalhão.

Novamente as coisas eram grandes demais para ignorar.

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Seline se encarou mais uma vez no espelho a frente e bufou de raiva.

O vestido em um vinho curto com a cintura marcada, com pequenas partes presas e com alguns pequenos detalhes na cintura, se destacava em sua pele branca como mármore.

Ela balançou a cabeça mais uma vez e saiu do quarto de Alice e foi para a sala;

-Você está linda! – Alice disse em um tom excitado e batendo devagar as mãos;

Seline foi descendo as escadas e logo virou para encarar Angel;

- Por que eu tenho que ir nisso mesmo? 

- Bem... Por que toda vez que você fica sozinha em um lugar, você acaba trazendo alguém da guarda ou acaba matando alguém... E por que eu queria ver você de vestido... – Angel ironizou no final da frase.

Seline apertou os olhos;

- Eu vou matar você por isso. – ela disse entre dentes cerrados.

- Pelo menos não agora... - Angel sussurrou e em seguida deu uma pequena risada.

- Você sabe dançar não sabe? – Alice perguntou assim que Seline ficou em pé em uma pequena plataforma redonda e ela começou a fazer pequenos ajustes no vestido;

- Só fica cada vez melhor... – Angel disse do outro lado da sala encarando o olhar apertado de Seline com um sorriso no rosto;

- Vou considerar isso um não... – Alice disse brevemente – Posso pedir para alguns dos rapazes ensinarem você a dançar... – Alice disse colocando mais um alfinete no vestido;

- Por que está fazendo isso? – Seline se virou para Angel agora com o tom sério demais;

Alice encarou a cena por alguns minutos e então abandonou a sala com um baixo “Com licença”.

Seline desceu da plataforma e andou um pouco parando a alguns centímetros de Angel;

- Fazendo o que? – Angel perguntou se levantando do sofá;

- Pode parar de ignorar o fato de que estamos sendo caçados e a cada dia que se passa quanto mais ficamos aqui, tentando agir como se fossemos humanos, Aro evolui mais... E eles ficam cada vez se tornando suspeitos fortes;

- Nós precisamos da ajuda deles. – Angel disse brevemente – Já falamos sobre isso;

- Nós precisamos deles para uma coisa, não para ir para um baile. – Seline cuspia as palavras no rosto de Angel;

Aquilo irritou Angel o fazendo começar a soltar palavras;

- Você quer ir? Vá!  - Angel berrava alto e sem pudor – Quando vai colocar na droga da sua cabeça que nem todos vão virar as costas para você? – Angel berrava forte.

- Não se trata de virar costas! – Seline agora falava no mesmo tom de Angel – Se trata que temos um objetivo e está se esquivando dele!

- Você não confia em mim! Não confia no que eu falo! Já disse que vamos prosseguir com isso! Mas que droga! Por que não confia em ninguém!

- Por que eu nunca tive ninguém em quem confiar! – Seline berrou em resposta

- Você tem a mim! A eles! Estou querendo ajudar a você! Sei o que estamos arriscando Seline, mas temos que fazer isso.

- Você tem que fazer isso... Eu não tenho.

- Você vai embora? – Angel perguntou agora apenas em um tom alto – Sozinha você já era.

- Por que não conta para eles que agora que estão praticamente mortos se Aro der a permissão? – Seline saiu da sala, deixando Angel sozinho.

Por mais que não quisesse confessar, ela estava certa.

Apenas uma ordem e tudo estava acabado.

****

- Por que ainda insiste em ignorar os fatos irmão? – Caius perguntava em seu tom pleno - Ele está morto! E os Cullen estão a protegendo.

 - Caius não se precipite... Tem essa capacidade. – Marcus disse em seu tom mórbido.

 - Precipitar? – Caius perguntou em um tom irônico – Ainda o apoia a ignorar a verdade à frente? – Caius aumentou seu tom.

 - Paz! Não vamos causar uma briga interna por motivos tão fúteis. – Aro disse se virando para encarar seus irmãos soberanos. – Por que é o que querem...

- A cada dia que passa você dá vantagens a ela de escapar e de se fortalecer a cada vez mais! – Caius começou a aumentar seu tom – Aro... Às vezes me pergunto se não está fazendo isso de propósito... – Caius impôs seu tom desafiador.

 Aro se virou e encarou Caius com mais convicção.

- Seline... É uma deficiência em nosso sistema... Se eu quisesse ajuda-la em não estava planejando mata-la... Estaria? – Aro colocou o mesmo tom desafiador sem sua voz.

Caius o encarou por breves minutos então permaneceu em silêncio.

- Perfeito. – Aro se virou novamente e continuou com suas reflexões.

A voz de Aro ecoava ao longo do salão.

Alec analisava por alguns momentos a conversa que acabara de ocorrer.

Seus passos leves iam em direção aos corredores.

Ele encostou o corpo ao lado da coluna e a voz baixa murmurava em seu ouvido;

- Ora de fazer contato. Vá até ela, não deixe suspeitas. Alec... Estou confiando em você... Não me desaponte.