CAPÍTULO VINTE E DOIS - FAMOSA

"O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formamos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o príncipio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida."  

(Fernando Pessoa)

Uma semana depois...

            Aqui estou eu em pleno tribunal, esperando o caso de minha mãe. Claro que eles iriam demorar, pois, provavelmente, vários jornalistas estavam os entrevistando. Florêncio, Nath, James, Jared e Raissa estavam ao meu lado. Sim... eu e o outro estávamos de vela, porém só não ficamos dispersos porque somos muito amigos. Para falar a verdade, eu estava com saudades dele.

_Manu...? _começou F., olhando-me afoito.

_Que foi? _disse, fingindo estar irritada.

_Por que tu ficou com Fábio? Sendo que você ama o Matthew. _questionou, deixando-me assustada.

            Como ele sabia tanto de mim? Às vezes acho que ele lê mentes.

_Matthew ama a Bianca, F., e o loiro mereceu ficar comigo. _disse simplesmente, esforçando-me para começar a primeira frase.

_Tens certeza que o Matt ama a loira, Manu? _declarou lentamente. Era como se o mesmo soubesse algo que estava na cara.

_E não é verdade? _respondi com uma pergunta.

_Céus! Como tu podes ser tão estúpida, em? _questionou, tapando a boca em seguida.

_O que você quis dizer com isso, Florêncio? _curiosa.

_Nada, deixarei você descobrir por conta própria. _comentou, piscando para a mesma.

            Ah! Não... isso é muito tortuoso.

_Boa tarde, iniciaremos o caso 248.745*, tendo como réu o Sr. Leôncio... _pelo nervosismo não pude ouvir o resto. Aliás, isso era muito tedioso para se dado importância.

_Como se sentes, meu amor? _questionou Nath com aqueles apelidos horrorosos.

_Nada bem. _disse simplesmente, virando-me para a porta e percebendo que meus pais entravam por ela.

            Olhei para o lado e vi que o resto faziam a mesma coisa, tanto que Raissa deixou de abraçar meu irmão para nos imitar. Os dois nos olharam e sorriram, pareciam tão contentes. E, agora, eu não parecia tão nervoso. Não tinha o porquê não confiar neles, sendo que eles sabiam o que estavam fazendo.

            Sabem de uma coisa? No meio da audiência eu tinha certeza de uma coisa, meus pais eram os melhores. Eles retrucavam com muita sabedoria o que lhes perguntavam. Bem... neste momento estava passando o vídeo. E, eu vi que Fábio estava filmando muito antes de eu ouvir a conversa. Yeap! A cara de tacho do Leôncio mostrava o quanto estava ferrado.

_Após a votação dos júris lhes direi o veredicto... _pausou um pouco. _Eu o declaro culpado, Sr. Leôncio. Como pena, você ficará 2 anos na prisão, devolverá 235 milhões para os donos da empresa pelos anos que não puderam trabalhar... _continuou, mas eu não quis escutar.

            Bem... depois disso os policiais decretaram uma data para o Leôncio, sendo que ele também não poderia mais trabalhar. D. Carla ficou feliz por ter recuperado sua dignidade, saindo da audiência de cabeça erguida. Meu pai foi logo atrás, sendo seguido por sua família.

            Nath me abraçava enquanto saia comigo pela porta, berrando para todos que agora eu era milionária. Meus pais estavam sendo entrevistados e o que eu ouvi foi como um baque sendo desferido em meu coração, algo que me emocionou.

_Queria agradecer principalmente a minha filha Manuela Toledo por ter mostrado isso para nós, trazendo novamente a nossa dignidade. Então... é ela que merece o crédito por este caso e não nós. _declarou, apontando para mim.

            Fiquei paralisada ao ver os milhares de repórteres vindo atrás de mim, todos afoitos por uma entrevista. Bem... ainda não estava preparada para aparecer na televisão, e muito menos para ser responsabilizada por esse caso. Eu não atendi aos seus chamados, correndo em direção a Florêncio.

_O que houve, Manu? _começou, olhando-me de maneira preocupado.

_N-não fui eu que filmei aquilo, F., foi o Fábio. _sussurrei.

_E o que tem? Acho que isso é o mínimo que ele deveria fazer depois do que aprontou contigo, sendo que deveria deixar o credito somente para você. Vamos, aproveite o que o destino esta te dando. _confessou divertido, puxando-me novamente para as câmeras.

_Estamos aqui com a heroína de hoje, Manuela Toledo. O que você sentiu quando percebeu que seus pais haviam ganhado? _questionou, colocando o microfone em sua boca.

_Oi... _começou, corando enquanto o fazia. _Respondendo a sua pergunta, estou muito feliz pelos meus pais, sendo que eu sempre acreditei que eles não eram os culpados do mundo. Sinto muito orgulho deles. _completou, tremendo pelo nervosismo.

_Oh, que fofa. E como você conseguiu aquele vídeo, Manuela?

_Bem é... _estava a ponto de falar, mas algo veio em sua mente. As palavras "Deveria deixar o credito somente para você" do Flor rondaram a sua mente. _Eu o encontrei falando com o cúmplice em um festival e filmei, apenas isso. _concluiu, tentando sorrir.

_Sim, e o que espera do futuro? _Céus! Será que não iriam parar de questioná-la?

_Apenas que o Leôncio pague pelo que fez e o resto só saberemos depois. _respondeu de forma impaciente.

_Estão está bem, obrigada pela entrevista. _disseram, saindo em seguida.

            Eram como manadas correndo em busca de uma nova vítima, sendo ele o culpado. Senti-me muito feliz por terem me largado, pois eu odeio platéia. Fiquei parada no mesmo lugar, vendo o quanto minha família estava feliz. Nath agarrava James, enquanto Raissa beijava Jared. Senti alguém tapar meus olhos, lembrando-me da minha última semana na escola antes das férias.

_Adivinha quem é? _comentou uma voz veluda e familiar, fazendo-me estremecer.

_Ma-Matthew...? _questionei pelo nervosismo.

            A pessoa nada respondeu ao tirar as mãos de meus olhos, parando na minha frente. abraçou-me de repente, deixando-me assustado. O fato é que eu pedi para o mesmo se afastar, mas ele não me obedecia. Eu fazia um favor para os dois ao pedir aquilo, porém o mesmo é teimoso para tanto.

_Desculpa se cheguei atrasado, mas tive que ver a nova heroína após escutar a reportagem _comentou, sorrindo para mim.

            Ah, como eu sentia falta desse lindo sorriso...

_É... _comecei abobalhada ao perceber que o mesmo segurava uma rosa. _para mim?

_De quem mais seria? _ironizou, mostrando o presente para mim.

            Bem... não custa nada imaginar que ele estava dando este presente porque é meu pretendente, não é?

_Obrigada. _agradeci de forma rubra. Olhando para o chão, nunca para ele.

_De nada, feiosa. _brincou.

            Ainda abraçado a mim, ainda brincando com meus sentimentos. É... esse era o Matt que eu conhecia.

_Caramba, pare de me chamar assim! _exclamei com uma falsa irritação, rindo em seguida.

_Então... quer que eu te chame como? Heroína? _questionou divertido.

_Não, tudo menos isso. _disso, fingindo estar desesperada.

_Céus! Como eu sentia sua falta. _disse, abraçando-me mais fortemente.

_Matt... _sussurrei apenas, deixando-me ser enlaçada.

            Aquilo era tão bom. Ah! Se ele correspondesse aos meus sentimentos...

_Eu sei, eu sei, mas eu não quero me afastar de ti. E-eu me importo muito contigo para tanto, Manu. Por favor, fique comigo. _verbalizou em meu ouvido.

            Para uma garota apaixonada, como eu, toda a frase tem duplo sentido. Era como se ele pedisse para namorá-lo. Balancei a cabeça tentando tirar esses pensamentos, pois estou começando a ficar boba também.

_Está bem, mas não brigue comigo novamente. Sério, eu odeio os seus ciúmes. _respondi sem pensar, tampando a minha boca pela vergonha que sentira. O morena apenas... riu.

_Ciúmes? Quem está com ciúme? Pelo amor de Deus, eu nunca sentiria isso por você. _humilhou-me, fazendo com que lágrimas fossem originadas de meus olhos.

_Tens razão, falei sem pensar. _disse simplesmente, tentando sorrir.

            É... boa maneira de esconder minha tristeza.

_Desculpa, mas é verdade. _confessou meio... arrependido.

            Era como se ele estivesse dizendo uma mentira, e das grandes.

_Eu te perdoo, Matt. _suspirei, terminando sendo abraçada novamente meu pelo meu antigo-novo-amigo.

            Mesmo sabendo que minha vida ia mudar por causa da audiência, sei que meus pais mereciam isso. E quanto ao moreno, espero, arduamente, me controlar perto dele. Ah, santinho, dei-me forças para encará-lo.