Think Twice escrita por Nuvenzinha


Capítulo 6
C6. Secrets


Notas iniciais do capítulo

OIOIOIOI MINHA GENTS 8D
Como vão vocês? Eu vou bem *---*
Estamos aqui reunidos (?) nesse novo capítulo de fanfic, que eu realmente acho que ficou ruim dessa vez (apesar de ser o maior que eu escrevi até agora) e, de bônus, veio com essa capa linda que eu amei tanto! *-*
Quero agradecer à Isa-chii (/mimipoh) pela capa e aos meus leitores, que tiveram a paciência de chegarem até aqui!
Gostaria de deixar o aviso que, daqui, as coisas vão ficar mais e mais confusas e vai ter mais e mais confusão. Ou seja, é AQUI que a história começa pra valer, que a coisa desanda! 8D
Espero que gostem ~



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Já era noite avançada, mas não tarde o suficiente para se preocupar com falta de sono no dia seguinte; Tsugumi andava tranqüila pelas ruas de Ikebukuro, indo para seu apartamento, após suas duas horas diárias de treinamento com seu mestre - que, ao contrário do que ela imaginara, não mostrou nenhum sinal de descontentamento, considerando o chocolate que ela havia deixado para ele alguns dias antes; o movimento de pessoas na rua era notável, tal como o maciço som de toque de celular que curiosamente concentrava-se ao redor deum dos prédios comerciais da região, que se encontrava cercado por seguranças, para completar o cenário suspeito.


– Que será que acontece? - curiosa, levou o dedo indicador aos lábios, mas um súbito bocejo impediu que ela parasse para averiguar.


Seguiu seu caminho pelas calçadas menos movimentadas das redondezas, enquanto ouvia música pelos fones de seu celular sem se preocupar com o que quer que estivesse acontecendo naquele prédio. Podia ser qualquer tipo de evento público. Uma manifestação coletiva, quem sabe. Era uma cidade grande em que ela estava, afinal de contas.


Mas que havia um clima suspeito, havia.


Algo grande estava acontecendo. Algo grande e potencialmente perigoso, com certeza. Além da estranha sensação que a menina tinha de que alguém que ela conhecia estava envolvido nessa história; coisa que ela armazenou em sua memória como apenas uma hipótese.


Caminhou por mais alguns minutos pela calçada totalmente alheia ao mundo exterior, ocupada demais com sua imaginação, criando situações que jamais passariam de sonhos que ela preferiria não revelar; até o momento em que seu ombro acabou por chocar-se com alguém que vinha na direção oposta. Este alguém - um rapaz alto, de cabelos claros e desarrumados que estavam pouco acima da altura dos ombros, com as costas cobertas por uma jaqueta amarela e as pernas aparentemente magras forradas por um jeans de aparência velha; que estava acompanhado de outros dois rapazes bagunceiros que tinham o mesmo aspecto visual - por sua vez acenou para ela (mesmo que de costas) e pediu-lhe desculpas com uma voz macia - que não deixava de ser masculina, claro.


A menina ficou alguns segundos parada, admirando aquela figura tão familiar sumir no breu da noite em Ikebukuro, logo depois dando de ombros outra vez para a situação e voltando a andar.


Aquela imagem lhe era estranhamente familiar...


Mas ela só foi realmente perceber de quem se tratava quando ela já estava de pijamas, enterrada embaixo de seus cobertores, sufocada pelo ar quente em seu quarto e já era tarde demais para fazer algo a respeito.




Uma notícia sensacional passava de boca em boca pelos corredores da Raira. Não se sabe quem foi o responsável pela difamação tão rápida de tal acontecimento, mas estava circulando o boato de que a primeira reunião dos Dollars de Ikebukuro havia ocorrido na noite passada, bem defronte para um dos prédios comerciais principais da cidade. Não que uma reunião de membros de uma gangue fosse um acontecimento épico, nem mesmo se tratando de uma gangue que ninguém sabe identificar,


– O que surpreende é que ninguém sabe quem é o líder e nem porque ele fez essa reunião tão de repente e tão em público. - Misaki esclareceu o assunto no ato de Tsugumi olhá-la confusa, enquanto faziam seu trajeto para o ginásio.


A mais baixa, ao receber tal eficaz explicação, soltou um sorriso satisfeito, por mais que o sentimento de satisfação não superasse a dúvida que o saber da ruiva sobre tal assunto criara no cérebro da morena. Mas já haviam tantas perguntas que vinham do mesmo núcleo que aquela não lhe soaria relevante. Enfim.


Chegaram ao vestiário feminino, onde a tortura de ter que tirar suas roupas quentinhas naquele frio para colocar o humilhante uniforme de ginástica. Algo que para Tsugumi era ainda pior, considerando que, perto das outras, ela era uma completa tábua - particular e principalmente perto de Sonohara Anri, que misteriosamente sempre estava lá na hora em que as demais meninas chegavam ao vestiário; E ter que usar roupas que realçavam tal aspecto dela era um evento traumatizante, principalmente por causa da evidente habilidade que os meninos de sua sala possuíam em reparar e comentar a respeito.


Era impossível fugir disso.


Na frente do grande espelho, a menina prendia seus longos cabelos em um rabo de cavalo, ao mesmo tempo que tentava achar uma maneira de aumentar seu busto - que não fosse usando qualquer tipo de enchimento improvisado. Aos olhos de quem via, Tsugumi era uma garotinha querendo ser grande, enchendo os pulmões de ar e pondo as mãos abaixo dos seios, com o rosto vermelho e expressão birrenta na face, exatamente como se vê em filmes. Suas tentativas de parecer mais "adultas" apenas ressaltavam seu lado infantil predominante.


–Deixa de ser bobinha, - Misaki debochava, abraçando a pequena amiga por trás e usando a cabeça desta como apoio para seu queixo - Você só vai se envergonhar mais fazendo isso.


–Mas... Mas.. - Tsugumi tentou argumentar, no final soltando um suspiro de desistência e deixando a coluna arquejar de leve para frente.


–Boa menina... Agora, vamos logo para a aula.




Havia algo de errado com seus amigos, com toda a certeza. Principalmente com Masaomi Kida. Não que algum dia ele houvesse sido normal ou tivesse apresentado um comportamento comum, mas o jeito que ele agira naquela manhã era estranho até para seus padrões pessoais.


Começar pelo simples fato de que, ao contrário de todos os outros dias, sua voz era quase completamente ausente na sala de aula; sem contar seu olhar estóico voltado o tempo inteiro para a janela, de vez em quando baixando para a tela do celular, que perecia parado em cima de sua mesa.


–Masaomi, tudo bem? - Mikado fez essa pergunta várias vezes durante a manhã, sem receber respostas positivas vindas do loiro, que singelamente respondia:


–Hã? ... Ah, tá tudo bem sim, Mikado. Só estou... com sono. - Isso nas vezes que ele respondia alguma coisa.


Aquela resposta claramente era uma mentira, mas a ingenuidade de Mikado não permitia que ele enxergasse a verdade oculta por trás da névoa que rondava Kida naquela manhã. Mas Tsugumi não se deixava enganar. Uma pena que ousadia para perguntar o que havia de errado com ele e insistir de verdade até que ele confessasse era uma coisa que ela não tinha. Porém, o loiro não era o único com quem ela tinha de se preocupar. Sua amiga, Misaki, depois de ter uma longa conversa com o antes enérgico rapaz durante a aula de ginástica, acabou sendo influenciada pela evidente alienação e não se encontrava em melhor estado do que o rapaz a sua frente, com quem ela fez contato visual algumas vezes durante as aulas, mas não passavam disso.


O que estava acontecendo ali? Aquele silêncio era sufocante. Por que mantinham segredo? Aquilo estava deixando uma sensação de desconfiança no ar. Será que tudo acabaria bem? Era o máximo que ela poderia pedir...


Percebendo que Tsugumi não estava prestando a menor atenção, Shizuo bateu uma das mãos na grade ao seu lado, fazendo-a cair por terra e voltar a prestar atenção em sua voz, que por pouco não perdera a calma.


–S-Sumimasen! - a menina, ao ouvir o chamado, abaixou a cabeça, assim como deixou sua voz tomar uma tonalidade depressiva ao dizer - Não quis me distrair tanto assim...


Espere só um segundo... Que atitude era aquela?! Tinha alguma coisa muito errada com aquela menina, só podia. Ela nunca tinha abaixado a cabeça naquele treinamento, nem mesmo quando ela levava as piores das broncas vindas de Shizuo. Até onde ele a conhecia, o temperamento dela era forte demais para ela se portar daquela maneira tão submissa. Soltando da placa que arrancara há poucos quarteirões dali, o loiro aproximou-se da menina com o rosto esboçando sua típica expressão de confusão mental e, agachando-se um pouco, olhou fundo nos olhos violetas da menina - que se afastou um pouco, estranhando a atitude que seu mestre tomara - e perguntou o que acontecia com sua voz quase cavernosa.


Tsugumi manteve-se em silêncio, mantendo os punhos juntos às coxas e a cabeça abaixada. Mostrava muita relutância em responder a pergunta que o mestre havia feito; Engolia saliva, entrelaçava os dedos da mão nervosamente, inspirava fundo e rápido; mas não abria a boca para soltar palavras. O que deixava-o mais e mais incomodado com aquilo.


–Anda logo, desembucha. - O rapaz pôs a mão esquerda na testa, massageando as têmporas com seu indicador e seu polegar - Não vai me contar por quê? Não confia em mim?


–Não é isso! - Tsugumi brigou, com olhar obstinado - É que... Nem eu sei direito o que há... Com os meus amigos. - abaixou a cabeça outra vez.


Shizuo teve de insistir mais algumas vezes para que a aprendiz colocasse as cartas sobre a mesa. Atitudes estranhas? Gangues era o assunto na escola? Aquilo era irritante. Já não bastavam as ruas serem empesteadas com essa maldição e agora chegara ao corredor do colegial? Que raiva que isso lhe dava!


–Olha, vai ficar tudo bem. - tentava consolá-la do melhor jeito que conseguia, uma vez que nunca tinha passado por aquilo - Talvez não quisessem te preocupar.


–Mas me preocupa ainda mais!


Tsugumi choramingava. Esfregava seus olhos como louca, a todo o momento fazia um barulho estranho com o nariz num esforço sôfrego para respirar; Aquela atitude infantil estava deixando-o louco, ao mesmo tempo que o fato de que o fazia tentar mais e mais achar um jeito de fazê-la parar de qualquer jeito. Mas como consolar uma menina que não se deixava consolar?! Estava começando a entender o porque de Shinra ter dito à ele que era melhor não ter de lidar com adolescentes, ainda mais quando mal sabe controlar os próprios nervos.


–Você não pode reclamar deles, oras! - Shizuo gritou num ímpeto de sua irritação - Você também tem seus segredos!


–Mas esse não é o ponto aqui!


–Não é o ponto?! Não seja egoísta! Você também esconde um monte de coisas de mim, por exemplo!


Tal gesto de impaciência pareceu um tiro no peito de Tsugumi, que esboçou seu abalo dando vários passos bambos para trás, com os olhos violeta arregalados quase que esfaqueando seu mestre com sua expressão de terror. Tentou contestar, tentou mudar o assunto; Tentando também voltar ao treinamento, rapidamente pegou a placa do chão e tentou jogá-la em seu mestre. Mas sua tentativa de mudar drasticamente a situação foi tão fracassada quanto a tentativa do bartenderde consolá-la; A facilidade com que Shizuo desviou daquele "ataque" foi incrível. Incrivelmente rápida e surpreendentemente ágil para um homem tão alto.


Tão rápida que, num piscar de seus olhos, Tsugumi teve um vislumbre de como era ser uma pessoa tão alta, estando debruçada no ombro de Shizuo - que segurava-a pelas pernas. Aquela poderia ser comparada a uma cena de seqüestro, tirando apenas o fato de que não havia discrição nenhuma naquele caso.


–Hey, o que pensa que tá fazendo?! - dava leves socos nas costas de seu mestre - Me bota no chão! Me bota no chão!


–Já deu de treinamento hoje. - Shizuo continuou andando, sem mover um dedo sequer para atender aos berros da menina que carregava - Agora, você vai ter que me contar o que veio fazer em Ikebukuro. - sua voz rígida só mostrava mais sua obstinação.


–Affe, seu ogro! - ela continuou a se debater um pouco - Pode pelo menos dizer para onde está me levando?


–Eu sou ogro mesmo. E pare de sacudir, senão vou acabar deixando você cair.


Soltou uma bufada de frustração, deixando os ombros pesarem e manterem-se retos ao longo das costas do barman, também apoiando o queixo sobre parte do colete negro que ele vestia. Por algum tempo, permaneceu enfezada, olhando teimosa para os calcanhares de Shizuo, sem a menor vontade de falar algo; Até que começou a achar divertidas as expressões das pessoas da rua, que olhavam sem entender nada.


–Ei, eu falei para parar de mexer. - Shizuo reclamou, quando começou a perceber os movimentos alternados que os pés da menina faziam e acabavam por acertá-lo sem querer.


–Deixa eu me divertir um pouco, fala sério!


De todas as breves discussões que tiveram, aquela foi a mais rápida a acabar entre todas. Nos minutos que seguiram, o caminho foi calmo. As pessoas eram repelidas pelo olhar severo de Shizuo, o que garantia um trajeto sem obstáculos, por assim dizer; enquanto Tsugumi deliciava-se abusando de sua aparência infantil e fazendo caretas para as pessoas que passavam por ali.


Até que, por algum motivo, o barman parou de andar.


–Mas o que...? - A menina tentava virar-se para ver o que metera-se no caminho - Por que parou, Shizuo-senpai?


–Yare yare, se não é a fofíssima Tsugumi-chan! ~ - aquela voz desagradavelmente familiar parecia tilintar irritantemente em seus ouvidos - Não pude reconhecê-la olhando apenas para suas magras pernas. - tal comentário a fez corar.


– Izaya, seu maldito! - o loiro bradou, com sua voz cavernosa característica de quando ele se dirigia ao informante. No mesmo instante, todos os seus músculos ficaram tensionados - Saia já daqui!


–Também é bom te ver, Shizu-chan! - Orihara Izaya mantinha um sorriso cínico em seu rosto e permanecia apontando seu indicador para Shizuo - O que levou você a carregar a Tsugumi-chan desse jeito, posso saber? ~


–Não é da sua conta! - bateu o pé, segurando a aprendiz com ainda mais força; esta soltou um arfar de dor, mas não conseguiu se livrar.


–Hmm... - as orbes rubras do informante varriam o homem a sua frente com perversidade - Pedofilia é crime, viu?


Até então, ainda dava para suportar as provocações. Mas Tsugumi não agüentava mais ficar ali, debruçada no ombro de Shizuo sem abrir a boca ou agir. Mas depois de tal observação, seu mestre tomou a liberdade de colocá-la no chão e partir para cima daquele impertinente informante, lançando a primeira coisa que seus braços hiper tensionados puderam alcançar: uma caixa de correio. Como se aquilo não fosse nada, Orihara Izaya pulou por cima da caixa metálica e, assim que seus pés alcançaram o chão, dobrou-se de tanto rir.


–Adoro essa sua cara de bravo, Shizu-chan! - ele ria tanto que parecia uma criança num circo. - Kawaii desu!


–Urusai! - Shizuo ficava mais e mais irritado; não perdeu tempo em arrancar uma placa de trânsito que estava ali perto e tentar acertar o informante como se ele fosse uma bola de baseball, mas este era tão diabolicamente ágil que passou por baixo do cano de aço como se fosse um jogo de "até onde você abaixa" - Seu bastardo, pare de desviar!!!


–Por que eu faria isso, Shizu-chan? Estamos nos divertindo tanto!


–Só você que está se divertindo, Orihara-san! - Tsugumi finalmente tomou a palavra, socando a parede ao seu lado como amostra de sua raiva.


– Será mesmo? ~ - o de cabelos negros continuava com suas provocações.


– O que você quer?! - Shizuo apartou, enquanto procurava algo que pudesse lançar - Não tenho tempo para os seus joguinhos!


– Eu, infelizmente, também não tenho tempo para brincarmos, Shizu-chan ~ - pôs as mãos nos bolsos da calça e vestiu o capuz de seu casaco, mas sem tirar seu sorriso do rosto - Estou tentando realizar meu ofício de informante, se me dá licença. ~


–Orihara-san, se você está na cidade à trabalho, então vá embora!


–Não posso. Meu objeto de trabalho está bem na minha frente.


Aas orbes vermelhas fitavam estóicas a menina, que não entendeu nada. Por que estava observando-a? O que seria seu objeto de trabalho? ... Seria... Ela? Shizuo demonstrava não estar mais a par da situação do que sua aprendiz, mas que captou a mensagem um pouco mais rápido. Não rápido o suficiente para impedir que Izaya simplesmente agradecer subitamente, virar de costas e sair andando; tal ato enfureceu o loiro, que dispensou a menina com um grunhido que ela não consegue saber como foi capaz de entender e correu furiosamente atrás de Izaya.


Tsugumi ficou a ver navios por alguns breves instantes antes de resolver segui-los.


Mas não seguiu-os de qualquer jeito; ela se pôs a segui-los da maneira mais sorrateira que pode pelas ruas, de modo que não fosse vista por nenhum de seus alvos - ao mesmo tempo que tentava ao máximo não criar nenhuma suspeita na mente de quem a via-a andando pela rua, uma vez que não eram muitos os capazes de ver uma menina tão pequena. Foi uma tarefa difícil de realizar, uma vez que muitos paravam para assistir o conflito (que, diga-se de passagem, era alvo da curiosidade de grande parte da população de Ikebukuro e também de seus visitantes) e complicavam sua passagem, se amontoando sem deixar qualquer vão para ela passar.


O caminho foi ficando mais e mais difícil de seguir, depois que, sabe-se lá por qual motivo, Izaya começou a entrar em ruas cada vez menores e com iluminação cada vez pior, com Shizuo ao seu encalço, que constantemente soltava alguns grunhidos furiosos, audíveis a longas distâncias - tal como o barulho da placa de trânsito recém-arrancada arrastando no chão de concreto. Era cada vez mais difícil segui-los sem ser notada. Tsugumi pôde manter-se por perto com discrição até que tanto o informante como o barman entraram em um beco vazio, onde ela ficou parada na entrada, agachada atrás de uma lata de lixo.


Dali, segurando seus cabelos com as mãos e em absoluto silêncio, ela assistiu a discussão se desenrolar.


–Maldito, é agora que eu te mato! - Shizuo jogara Izaya contra a parede, mantendo ambas as mãos ao lado da cabeça do informante, próximas ao pescoço do mesmo - Eu já cansei de dizer pra você não aparecer mais em Ikebukuro! Nem ficar me incomodando!


–Como eu disse, - um sorriso perpetuava-se no rosto de Izaya - Eu venho a trabalho. A culpa não é minha que você está sempre com o meu pequeno alvo de estudos quando tenho horário de exercer minha profissão ~


–Como é que é?! - a distância entre as mãos nervosas do loiro e o pescoço do tão irritante informante se encurtara - Alvo de estudos?!


–Me pediram apenas algumas informações da Tsugumi-chan. Não precisa ficar tão nervoso, Shizu-chan! - Izaya parecia titubear - A não ser que sinta algo pela Tsugumi-chan! ~


–Ora seu...!!!


No ato de tentar pôr as mãos no pescoço de Izaya, Shizuo acabou por ser quem recebeu dano. Em defesa, o informante ergueu um de seus joelhos, acertando um golpe certeiro no estômago do loiro, fazendo com que este perdesse seu equilíbrio e acabasse por retornar as mãos na parede, quase batendo com a cabeça num tijolo mais saliente. Tsugumi teve um ímpeto, mas uma respiração mais alta de um dos dois homens a fez abaixar mais uma vez.


Ao que Shizuo tossia, a menina ficava mais aflita; foi quando ele finalmente tomou fôlego e tornou a falar, pondo-se sobre os dois pés mais uma vez.


–Temee... - uma das mãos repousava sobre seu abdômen, enquanto a outra estava cerrada em um forte punho - É hoje que você morre!


–Vamos ver, então. - Izaya não pareceu se abalar; o que "apertou o gatilho" para que o punho do barman cortasse o ar na direção de seu irônico rosto.


Este punho já estava próximo do nariz de Orihara Izaya quando algo que o informante disse o fez parar, assim como mais um movimento repentino ocorreu. Ao ver aquele maldito canivete - que não se sabe quando o mais baixo sacou - enfiado na lateral do abdômen de seu mestre, a menina caiu para trás; Arfou em pânico por baixo das mãos, que tremiam aterradas quando Tsugumi afastou-as de seus lábios ressecados para mirá-las.


Quando ela voltou a focar o fundo do beco, seu mestre estava mais uma vez apoiado na parede, mas, desta vez, seu rosto apresentava uma misteriosa coloração rosada, provavelmente depois de Izaya ter-lhe sussurrado algo no ouvido; enquanto o informante corria na direção da rua, às gargalhadas.


– Boa noite, Tsugumi-chan ~ - cumprimentou-a como se nada houvesse acontecido - Você viu tudo, não viu? - a menina, olhando-o com suas orbes violetas consumidas por uma expressão de medo infantil, assentiu com a cabeça - Vamos manter isso como nosso segredinho! Finja surpresa e ajude Shizu-chan por mim, ok? Bye ~ - apontou para o fundo do beco e se foi.


Assistiu Izaya sumir na escuridão da noite, ouvindo a estranha risada dele se misturar ao som dos carros que vinham da rua, mantendo-se estática. Ainda tremia; seus olhos já não agüentaram à tentação de chorar, mesmo sem saber com exatidão o motivo de todo aquele pranto que escorrer por seu rosto; mas Shizuo precisava de sua ajuda naquele momento.


Enxugou o rosto com o pulso; levantou-se, então. Respirou fundo, prendeu o cabelo com um elástico, deu alguns passos para trás e, fingindo falar ao celular, andou na direção do beco com a maior inocência que conseguiu esboçar no momento.


Mas foi difícil manter a calma quando o olhar de Shizuo fixou-se no seu, com aquela expressão de dor esmagando-a por dentro. Para sua sorte, aquele olhar foi o sinal que ela estava esperando para poder fazer o que seus sentimentos mandavam: correr até ele e socorrê-lo como ela, talvez, nunca pudesse fazer em outra ocasião. Pena que ele agia como se nada tivesse acontecido e rejeitou a ajuda, pondo-se a andar na frente.


Mas ela não ia deixar ele simplesmente andar sozinho por aí com um canivete enfiado na barriga. Ele podia muito bem meter-se em outra confusão enquanto ela não estivesse por perto.


Tsugumi seguiu-o por vários quarteirões, sem perguntar nem dizer nada. Mas... por que Shizuo também mantinha-se em silêncio? Ela não tinha coragem de perguntar, apenas andava no encalço de seu mestre, rumo ao hospital. Era perceptível que ele estava desconfortável com sua presença, uma vez que, sempre que ela ficava mais de 2 segundos olhando-o, seu rosto tornava a ficar rosado. Teria Izaya dito alguma coisa que não deveria?


Ela nunca teria chegado a uma conclusão se Shizuo não tivesse tomado a palavra, mesmo que tão de repente.


–Ei, você... Você ouviu alguma coisa do que aquele maldito disse? - Parou de andar abruptamente, olhando-a firme.


–C-Como assim? - Tsugumi engoliu seco, cerrando os punhos - Ouvi o que?


–Não se faça de boba, - semi-cerrou os olhos, encarando-a de um jeito ainda mais penetrante e intimidador - eu sei que você esteve lá o tempo inteiro, tanto que quando o Izaya foi embora ele parou e falou com alguém. Que eu tenho certeza que era você. Agora me responde: você ouviu alguma coisa que ele disse?


Seu coração quase parou. Então ela teve de parar de chorar por nada, teve de se fazer de boba por nada, teve de ficar quieta o tempo inteiro por nada; sua tentativa de perseguição discreta foi um fracasso. Mas o que ela deveria fazer agora? Deveria contar que ouviu tudo? Que derramou lágrimas por ele? Que se fez de boba por causa dele? Que não queria nunca mais ter de vê-lo daquele jeito? Que tivera medo de perdê-lo, mesmo que Izaya não tivesse força nem coragem para matá-lo realmente? Será que ela deveria contar a ele?


–Ouvi nadinha.


Nada disso. Nesse caso, assim como em tantos outros que provavelmente viriam, era melhor fazer da boca um túmulo.



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Notas finais do capítulo

EDIT: Jesus, estava aqui lendo o capítulo e me deparei com um erro incrivelmente imbecil.
TIVE. DE. CORRIGIR.
O detalhe é que eu não me lembro de ter visto aquele erro quando olho no meu arquivo do Word.
Maldito programa que fica mudando as palavras.
EDIT 2: Esse cap está de brinks comigo, né?
Valeu, Haineko-senpai, por achar o erro e me informar ;W;



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