Tudo começou naquele dia, quando eu estava atrasada para a minha aula de geografia que já havia começado há vinte minutos. Eu estava correndo pelo corredor com todos aqueles livros grossos e pesados quando alguém esbarra em mim e me faz derrubar todos os livros no chão, fazendo com que eles voassem para todos os lados. Peguei todos eles rapidamente e me levantei furiosa dando de cara com a última pessoa que eu queria ver, Justin Bieber, capitão do time de futebol e dono do primeiro lugar na lista dos mais galinhas. Ah, e babaca número um!

- Qual seu problema, garoto? – gritei em um tom furioso, desviando meus olhos de seu corpo estrutural. Ele arqueou uma sobrancelha e veio andando em minha direção.

- O meu problema? Você estava correndo pelo corredor que nem uma louca, eu não tenho culpa se você não olha para onde anda, Jessica. – ele disse com um sorriso cafajeste, que por sinal, eu odeio. Na verdade, eu odeio tudo nele, principalmente o fato de sermos conhecidos como o “casal problema” da escola. Você deve estar se perguntando o porquê de sermos chamados assim, resumindo, sempre que acontecia alguma briga, pode ter certeza que nós estávamos envolvidos, porque normalmente, a briga acontecia entre nós.

Acho que tudo começou no jardim de infância, quando o Bieber roubou meu lápis de cor preferido e quebrou ele de propósito, e também na quarta série quando ele descobriu que eu era loucamente apaixonada pelo seu melhor amigo, Chaz Somers e contou não só para ele, mas para a escola inteira... e desde então, brigamos por tudo.

Mas enfim, eu sabia que se continuássemos brigando dessa vez, em um corredor perto de várias salas de aula, iríamos ter mais uma semana de detenção, adicionada às sete que ainda precisamos cumprir.

- Não vale a pena eu perder meu tempo com você. – sai apressada, esbarrando nele dessa vez propositalmente e entrando na minha sala.

- Srta. Vernon? Acho que se enganou com os horários, pois essa aula já está acabando – o professor de geografia me informou em um tom completamente irônico.

- Me desculpa, Sr. Brown, prometo que isso não vai se repetir. – disse e sentei no meu lugar, e como já esperado senti meu celular vibrar no bolso da calça.

Jess, o que aconteceu?

Era Callie, minha melhor amiga desde o jardim de infância, nos conhecemos quando sua família se mudou para a casa ao lado da minha. O mais engraçado era que ela continuava com a mesma aparência que tinha quando a conheci: cabelo liso loiro, olhos azuis claros, quase cinzas e a barriguinha de tanquinho, ah, sem contar o QI de 170 e os olhares que ela atrai ao passar.

Um mal entendido com o Bieber, nenhuma novidade.

Pude ouvir Cal rindo atrás de mim, ela e Chaz sempre riam das minhas brigas com o Bieber, falando que todo esse ódio um dia ia se tornar amor. Como se eu acreditasse, certo? Eu odiava o Bieber desde... sempre, não tem como isso mudar, afinal, até nas detenções, onde é proibido falar, dávamos um jeito de brigar. A briga mais humilhante que já tivemos foi no meio da final de futebol no ano passado, eu estava ensaiando alguns passos com a minha equipe de torcida, quando vejo Justin marcar o touchdown que definiu o placar final, fazendo com que ganhássemos, depois ele simplesmente foi até Selena Gomez, uma garota idiota que eu acabei expulsando da minha equipe, e a beijou.

Bom, na verdade, eu expulsei Selena na mesma hora, e esse foi o motivo da nossa briga, quando ela beijou o Bieber, eu fui até lá e comecei a gritar. Simples. Com isso, acabei me lembrando de que hoje tinha treino das lideres de torcida e ainda tinha que avisar ao pessoal.

Cal, hoje tem treino. Acabei de me lembrar que eu marquei com a treinadora, avisa pras meninas?

Senti meu celular vibrar novamente.

 Por que eu tenho que avisar? Você que é a capitã!

Olhei para trás e falei:

- Porque eu não estou com vontade, simples assim.

Ela resmungou e ficou tagarelando com Chaz, que estava sentado do lado dela, sobre como eu era chata. Bom, outra coisa que todo mundo sabe: Chaz é apaixonada por Callie e Callie é apaixonada por Chaz, mas os dois são muito orgulhosos para admitir.

Bom, até hoje eu me perguntou o que passa na cabeça dos atletas para escolherem o Bieber como capitão, ele é tão irritante. Eu não conseguiria ficar um minuto no mesmo ambiente que ele, não mesmo.

O resto do aula passou sem que eu notasse, afinal estava totalmente perdida em pensamentos, foi só quando bateu o sinal anunciando o término da última aula, que despertei dos meus devaneios.

- Jess? Jess? – ouvi Callie me chamar, ou melhor, gritar – Tá me ouvindo?

- O que? – perguntei assustada, dando um pulo na cadeira. – Ah, tá... Er, tava pensando em algumas coisas aqui.

- Algumas coisas ou alguém? – perguntou ela curiosa, como sempre. – Conta, conta, vai, Jess, me conta!

- Cal, não é ninguém – disse rindo. – Mas, se você quer tanto saber, depois eu te conto.

Quando chegamos ao refeitório da escola, percebi que o Bieber estava na minha frente na fila da cafeteria.

- Ah, não! – disse bem alto para ele ouvir. – Não se pode ter mais paz nessa escola!

Ele virou para trás com aquele sorriso torto perfeito dele, quer dizer, não, não era perfeito. O que eu estou pensando? 

- Jessica, eu estava te procurando. Fiquei sabendo que hoje você e sua equipe vão ter treinos – ele disse com aquele mesmo sorriso – Que coincidência, o time de futebol também.

Ah não, ah não. Sempre, quando os treinos coincidem, o treinador do time de futebol nos obriga a fazer o aquecimento em dupla junto com seu time, e normalmente, o Justin era o meu parceiro.

- Mas, eu marquei a quadra só para a minha equipe! – exclamei desviando meus olhos, mais uma vez, de seu corpo.  – Deixei isso bem claro para a treinadora.

- Bom, que pena. – ele provocou. – Mas, a final está chegando e temos que treinar, já que o time de futebol é muito mais importante que as lideres de torcida.

Eu estava com tanta raiva que eu nem percebi o que estava fazendo, até sentir a palma da minha mão no rosto do Bieber. Ele me deixava furiosa quando falava assim da minha equipe, afinal, ele já havia dormindo com metade dela, e só por isso achava que seu time era melhor que o meu.

- Você é um babaca completo - exclamei bem alto, já que há essa hora a escola toda já estava de platéia.

O Bieber colocou a mão no rosto, onde agora estava a marca certinha dos meus dedos, e me olhou como se não acreditasse no que eu tinha acabado de fazer. Mas, não é que um segundo depois, eu sinto uma mão enorme apertando meu ombro e o treinador me vira para encará-lo? Por acaso, ele estava bem atrás de mim e de Cal na fila, pegando um copo de cappuccino, ou seja, ele viu a história toda...