Pesadelo do Real escrita por Metal_Will


Capítulo 42
Capítulo 42 - Mestre das Chaves




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"Ao expandirmos o campo do conhecimento apenas aumentamos o horizonte da ignorância."

~ Henry Miller

Capítulo 42 - Mestre das Chaves

 A situação poderia ser considerada constrangedora, mas, por outro lado, Monalisa conseguiu alcançar seu objetivo de ativar o evento do Mestre das Chaves que era ninguém menos que o seu próprio pai. Difícil de acreditar que seu progenitor era um tutor tão importante, muito mais do que sue pai estar traindo a própria mãe em um quarto de motel, mas isso era apenas secundário. 

- Parece meio desconfortável, Monalisa - comenta o pai - Não gostaria de se sentar?

- N-Não, obrigada - respondeu ela, chegando mais perto da janela - Estou bem assim

- Então essa é a sua filha, Fábio? - diz a amante, que ainda estava ali, observando tudo (e, obviamente, ciente de tudo também). Fábio era o nome do pai dela - É muito bonita.

- Puxou os cabelos da mãe - comenta Fábio - Não se parece muito comigo, não é?

- Nem um pouco - sorriu a mulher. Monalisa a olhava com receio. Fábio logo percebeu que esqueceu de apresentá-la.

- Oh, desculpe. Essa é Cinthia, minha secretária.

- Secretária? - perguntou Monalisa - Num lugar como esse?

- Oh, acho que ela está se sentindo desconfortável com esse quarto, Fábio - observou Cinthia - Não seria melhor mudarmos de lugar?

- Claro - respondeu o pai - Isso não é lugar para meninas como vocês.

- M-Mas...o evento cobre até a segurança desse motel? Podemos descer tranquilamente? - perguntou Monalisa, nervosa.

- Oh, não se preocupe com isso. Iremos para uma sala mais respeitável por um caminho muito mais curto.

- Como?

- Confie nele - intervém Ariadne, com os braços cruzados e expressão confiante - Logo você irá entender porque ele é chamado de Mestre das Chaves.

- Cinthia? Pode abrir a maleta? - pede Fábio. Imediatamente, Cinthia pega uma maleta próxima à parede e abre. Monalisa sempre pensou que aquela era simplesmente a maleta de trabalho de seu pai, mas ficou maravilhada ao ver que ali dentro não havia nenhum tipo de papel. Na verdade, havia um número praticamente infinito de chaves. Isso mesmo. Chaves como essa que usamos para abrir portas. Embora o tamanho da maleta fosse limitado, parece que a profundidade era infinita. Era simplesmente impossível contar o número de chaves que havia ali.

- Fantástico - espantou-se a garota. O homem ri tranquilamente.

- Peguei - diz ele, ao agarrar uma chave prateada - Essa deve servir.

 Imediatamente, ele levanta a chave e abre um tipo de portal no teto do quarto.Tinha a forma de um vórtice ou redemoinho brilhante. Cinthia salta ali e é imediatamente tragada pelo portal. Fábio orienta que Monalisa faça o mesmo.

- Só precisa saltar. Iremos imediatamente para uma outra sala.

- Mas como isso...oh, por que ainda pergunto? - Ariadne praticamente a empurra e logo os quatro se mudam para um outro cenário. Na verdade, foi uma mudança radical de cenário. Não era mais noite e sim dia claro. O Sol brilhava e bem diante dela estava o mar. O oceano em toda sua imensidão.O portal foi aberto na varanda de uma casa de praia, mas, aparentemente, era uma praia deserta. Não havia sinais de qualquer outra pessoa por ali. Apenas o mar, a areia, a casa e algumas cadeiras de praia na varanda.

- É uma casa de praia do outro lado do mundo. Enquanto onde estávamos era noite, aqui é dia - diz Fábio - Relaxe. Os donos estão longe daqui e ninguém irá nos incomodar.

- Por que viemos para um lugar assim? - pergunta Monalisa.

- Por que aqui é mais espaçoso e mais relaxante - responde Cinthia - E a cadeira é muito boa

 A amante salta na cadeira de balanço mais próxima e se espreguiça. Monalisa ainda estava bem desconfortável com aquilo tudo.

- Entendi que o senhor é o Mestre das Chaves, mas ainda não entendi o que a sua amante é.

- Amante é um termo muito forte para uma menina da sua idade usar, mocinha - retruca Cinthia - Mas se quer saber...sou a assistente do Mestre das Chaves. Também tenho um papel importante nesse Labirinto.

- Ela organiza todas essas chaves dimensionais - respondeu Fábio - Como você bem sabe, a sua mãe não corresponde aos mesmos ideais dos tutores, não é?

- Minha mãe é o que chamam de vírus, não é?

- Vírus é uma forma de chamar...se você pensar que mantê-la aqui é uma forma de parasitismo.

- E não é? Se não querem que eu saia, querem me sugar até o meu fim ,sabe-se lá para quê

- Por outro lado - continua Fábio - Se sair do Labirinto deixá-la em uma condição pior do que aqui, esses que você chama de vírus, na verdade, estavam tentando ajudá-la. 

- Ajudar? Deixando que eu viva uma mentira?

- Se a verdade for ruim, a mentira não pode ser boa?

- Mesmo assim...prefiro a verdade. Já cheguei muito longe para voltar atrás.

- Já falei isso para ela - interrompe Ariadne - Mas Monalisa está disposta a seguir em frente, mesmo sabendo que o outro lado pode ser pior do que esse.

- E é pior?

- Você só vai saber se chegar lá - respondeu Fábio - Como não podemos inferferir no seu livre arbítrio diretamente...não podemos simplesmente controlar a sua mente para não sair daqui, embora sua mãe quisesse muito fazer isso.

- Imagino. Mas agora estou disposta a sair. Só preciso que me entregue a chave necessária para destravar o verdadeiro Labirinto. É por isso que vim até aqui.

- Antes disso - interrompe Fábio, com uma expressão serena - É importante você entender o que são as chaves que eu guardo.

- Você disse algo como chaves dimensionais, não?

- Exato. São chaves que permitem o acesso a mundos paralelos.

- Mundos...paralelos? - pergunta Monalisa - Estamos em algum mundo paralelo agora?

- Bem, o que é um mundo paralelo para você?

- Ora, seria como o lado de fora do Labirinto, não? É um mundo diferente de onde estou!

- Boa resposta - diz Fábio, agora sentando-se em uma das cadeiras. Ariadne apenas observava a praia e sentia a brisa do mar. Cinthia parecia jogar alguma coisa em seu celular - Mas não precisamos ir tão longe. Esse apartamento pode ser considerado um mundo paralelo em relação ao quarto onde estávamos, mesmo ele também fazendo parte do Labirinto.

- Hã? Como assim?

- Defino mundo paralelo como qualquer local onde a sua consciência não pode alcançar imediatamente.

- Não sei se entendi muito bem...

- Bem, nós saímos de um quarto de motel. Como você pode me garantir que aquele quarto, na verdade, não se transforma em uma sala de jogos quando não tem ninguém olhando?

- Isso parece ridículo! Mesmo para o Labirinto!

- Como você pode saber se não está lá? 

- Quando eu voltar para lá...coisa que não vou fazer, mas se eu voltasse, ainda seria o mesmo quarto fedorento de motel

- Mas e se ele se transforma em um quarto no mesmo instante em que alguém o observa? Como você pode garantir que ele não é outra coisa?

- Quer dizer que...as coisas só são o que são porque tem alguém olhando?

- Não necessariamente, mas poderiam ser. Se a sua consciência não alcança, pode considerar como um mundo paralelo. Na sua condição, não é muito difícil de entender. Enquanto você dorme, o Labirinto trama. Enquanto você não está olhando, todos conspiram contra você, não conspiram? Tá certo que os agentes do Labirinto possuem consciência do que acontece com você, mas estou tentando conversar do seu ponto de vista.

 Infelizmente fazia sentido. Monalisa concorda, mas ainda não sabia onde seu pai queria chegar com tudo aquilo.

- Tá. Faz sentido. Mas por que está me falando isso?

- Bem, como Mestre das Chaves, tenho permissão para acessar imediatamente qualquer mundo paralelo. Tenho chaves para abrir qualquer portal para qualquer lugar onde sua consciência não alcança agora.

- Qualquer lugar, mas...são muitos

- Mais do que você imagina - interrompe Cinthia, sem tirar os olhos de seu celular - O Mestre das Chaves tem consciência de todos os universos possíveis!

- Isso...

- Sim. Você deve ter conhecido meu amigo, o Mestre dos Relógios. Ele tinha consciência de todas as linhas de tempo possíveis.

- O que já era absurdo...

- Bem, se isso te assusta mais...eu tenho consciência de todas as linhas de tempo possíveis de todos os mundos paralelos possíveis.

 Monalisa arregala os olhos. Ela não tinha muita noção de infinito, mas aquilo parecia ser mais do que infinito.

- Muita coisa, né? - comenta Ariadne, não parecendo muito surpresa.

- De fato. É muita informação - diz ele - No entanto, ao contrário do Mestre dos Relógios, que pode retroceder no tempo à vontade, criando mais e mais linhas de tempo e mundos paralelos, tudo que posso fazer é me mover entre esses mundos já criados. Se ele se move pelo tempo eu só me movo pelo espaço.

- Mesmo assim é muita coisa - respondeu Monalisa - Mas...se isso é verdade...se isso é verdade, o senhor deveria ter uma chave para sair do Labirinto agora mesmo, não?

- Tenho infinitas chaves para estar em qualquer lugar fora do Labirinto agora mesmo - respondeu ele. 

 Monalisa fica em choque, ainda com os olhos arregalados. Seu próprio pai tinha toda a solução bem ali, do lado dela. Ela morde os lábios e tenta falar alguma coisa, mas é interrompida imediatamente.

- Não dá - intervém Cinthia - Infelizmente, não podemos te tirar do Labirinto mesmo que quisermos. São as regras.

- Oh, claro, as regras - reclama a loirinha, mas Fábio tenta consolar.

- Por outro lado, posso ajudá-la a conseguir a chave para desmascarar o Labirinto. Foi para isso que me procurou, não?

- Sim. Isso mesmo. Estou atrás dessa chave! - exclama a garota - Pelo menos isso o senhor pode me entregar, não é?

- Posso. Claro que posso...se a chave estivesse comigo - respondeu ele, com a voz um pouco tristonha.

- O que disse? - pergunta Monalisa, pouco acreditando no que acabara de ouvir. 

- Infelizmente, só existe uma chave para destrancar o Labirinto. E é a única que não tenho no momento.

 Monalisa começa a suar frio. Como então ela poderia destravar o Labirinto? Infinitas chaves e justo a que ela precisa não estava ali. O que ela faria agora?

- Mas não se desespere.

- Como não? Essa é a chave que preciso!

- Eu disse que não estou com ela, mas isso não quer dizer que você não possa consegui-la.

- Então...ainda tem um jeito?

- É claro que sim. Sente-se, filha. Nossa conversa ainda não acabou.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo...as aventuras de Mona continuam.
Até lá!



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