Sabe quando você tem a “vida perfeita”? Pais separados, mas sempre presentes, um emprego bom, amigos legais. Mas estava tudo certo demais, tudo no lugar demais, tudo parado, chato, enjoativo.

Até que minha melhor amiga me ligou e disse o que eu precisava ouvir no momento:

- To indo para Las Vegas, você vem ou você fica?

Alice sempre tinha seus surtos momentâneos, mas sempre que acabavam em shopping e uns quatro cartões estourados, nunca em uma viagem, ainda mais para a cidade do pecado.

- Quando você vai?

- Ah tipo... agora! Você tem uma hora para arrumar suas coisas me encontrar na Times e vamos. Aluguei um apartamento e vamos ficar lá o tempo que quisermos.

- To saindo daqui em trinta minutos.

Foi o tempo de arrumar algumas roupas, juntar meus documentos, dinheiro, escrever um bilhete para o meu pai e sair. No caminho meu celular tocou e eu quase não atendi, mas era de casa, se eu não atendesse meu pai colocaria a policia atrás de mim, certeza.

- Oi.

- Como assim está indo para Las Vegas?

- Vou passar uma semana lá com a Alice, pai.

- Assim? Do nada?

- É. Pai eu preciso de férias e vou ficar bem.

- Mas filha...

- Ta tudo bem pai, quando chegar lá eu te ligo.

Desliguei o telefone e o taquei no chão, eu precisava de folga e era bem capaz ter um rastreador nele. Do jeito que Charlie era super protetor eu não duvidava.

Não foi nada difícil encontrar a Alice, já que ela era a única com uma mala rosa enorme, praticamente maior do que ela.

- Nós vamos morar lá? – Perguntei rindo.

- E isso é só para as necessidades básicas meu bem.

Pegamos um táxi e fomos direto para o aeroporto. No caminho me bateu um friozinho na barriga de insegurança, mas logo o fiz desaparecer. Eu ficaria apenas uma semana, uma semana de diversão e nada mais.

- Se você não se importar chamei mais uma pessoa para ir com a gente. – Alice me informou assim que entramos no aeroporto.

- Quem?

- To atrasado? – Alguém falou atrás de mim

- Ele – Alice apontou para trás da minha cabeça.

- Oh meu Deus, Emmett! – Larguei todas as minhas coisas para abraçá-lo.

Emmett era nosso amigo de infância, mas tinha ido cursar faculdade em Oxford e desde então perdemos o contato, estava sendo maravilhoso revê-lo.

- Serio, vamos logo antes que eu desista. – Alice falou abraçando o Emmett e se virando para ir ao portão de embarque.

... eu só não sabia que o certinho estava bom demais e que o errado era a maior furada e maior dor de cabeça

Tudo aconteceu rápido demais. Chegamos em Vegas de noite, deixamos as malas no apartamento e saímos para beber. Depois de algumas horas no “Margaritaville” eu só me lembro de estar me divertindo, rindo, gargalhando das palhaçadas do Emmett e logo depois de acordar em um lugar desconhecido, com o corpo dolorido e um cheiro gritante de pós sexo.

Aquele com certeza não era o apartamento que eu estava hospedada, eu não me lembrava bem como era o quarto, mas com certeza não era aquele. E onde estavam minhas roupas? Onde estava Alice? E o Emmett? Procurei meu celular, mas depois me lembrei que o tinha tacado no chão.

- Burra! – Bati na minha testa e alguma coisa me espetou.

Da onde que tinha saído àquela aliança? Da onde que eu tinha saído? Onde eu estava? Só podia estar sonhando.

- Bom dia anjo! – Um homem de cabelos molhados e bagunçados com um corpo incrivelmente forte e sexy saiu da onde eu acreditava ser o banheiro.

- Hã?

- Bom dia.

- Quem é você?

- Como assim quem sou eu? Seu marido, Edward.

- Desculpe, quem? – marido? Onde? De quem? Cadê?

- Bella, meu amor você está bem? – Ele se aproximou e passou a mão nos meus cabelos, mas eu o afastei.

- Não, não, não! Não sei quem você é e não sou seu amor, fica longe de mim. – Me cobri com o lençol e o empurrei com o pé.

- Do que você está falando?

- Do que você está falando? – Meu Deus, será que ele era um maníaco? Um maníaco estuprador? Ai minha nossa senhora, eu precisava sair rápido daqui. – Onde estão minhas roupas?

- Estão aqui – Ele se levantou e foi até o guarda roupa -, eu dobrei e guardei pra você, vou te contar meu amor, demorei pra achar todas as peças, quando você quer se ver livre das roupas rápido vira um furacão. – Ai meu Deus, agora ele ia ficar achando que sou uma ninfomaníaca alcoólatra e com problemas cerebrais.

- Olha rapaz, eu não sei quem é você, não sei o que rolou aqui, mas não estamos casados eu não sou seu amor e quero muito ir para o apartamento onde estou hospedada e matar a minha amiga por ter deixado isso acontecer.

- Anjo, tem certeza que está bem? Este aqui é o quarto do apartamento que você está hospedada.

- Que? Impossível! – Me enrolei no lençol e me levantei para sair do quarto, mas a porta se abriu antes que eu chegasse perto dela.

- Bella você ta com a minha bolsa da Guess ai? Ai meu Deus quem é você? – Ela parou na metade do caminho com a mão no coração.

- Oi, prazer. Sou Edward, marido da Bella.

- Que? Como é? Marido de quem? Quando? O Que?

- É eu também estou assim – Falei me sentando na cama.

- Eu não acredito que não se lembre – Ele se ajoelhou na minha frente.-, nós estávamos no bar, você estava tomando uma caipivodka e quando me viu, eu não sei como, você se lembrou de quanto estudamos a um tempo e nós...

- A um tempo? – O cortei - Ta brincando!? Eu não me lembro nem do que eu comi ontem, como ia me lembrar de você de mil anos atrás?

- Eu não sei, mas você se lembrou. – Seu olhar pareceu um pouco triste.

- Ai caramba! Eu me lembro de você. – Alice arfou e veio pra perto de mim – O Edward, Bella. Aquele garoto ruivo e com sardas que sentava lá atrás, amigo do Emmett, aquele que era seu namoradinho e você era total apai...

- Alice ta, já lembrei – soltei um suspiro - Ai caramba!

- Agora você se lembra. – Ele disse sorrindo

- Mas porque eu me casei com você? - Porque pelo o que eu me lembro eu tinha decidido tirar ele totalmente da minha vida a muito tempo atrás.

- Assim você me magoa.

- Caramba, você está muito mais bonito se me permite dizer – Alice se sentou ao meu lado e ficou encarando o rapaz.

- Obrigado Alice! E você continua a mesma.

- Dá pra parar com a conversa fiada? Eu estou casada!

- Desculpa – Os dois disseram ao mesmo tempo.

Ouvimos um barulho de um bip e o Edward se levantou correndo para pegar o aparelho que estava na cabeceira da cama.

- Preciso ir. Parece que houve um acidente e eu tenho que correr para o hospital.

- Pera ai você é médico? – Alice levantou em um pulo e se virou para ele.

- Sou. E preciso correr – Ele veio em minha direção e me deu um beijo, um selinho -, volto logo meu amor. – Ele saiu e eu surtei.

- Como isso foi acontecer? Como você deixou isso acontecer? Isso só poder ser mentira, eu preciso de um advogado, preciso anular isso. Ai meu Deus meu pai vai me matar!

- Bella calma! – Alice me segurou pelos ombros. – Você se casou com um médico e lindo. Você recebeu uma benção, Deus te deixou bêbada e te mandou um marido e não foi qualquer um, lembra como você era cai...

- O que é que você tem na cabeça? Nem o conhecemos direito.

- Claro que a gente conhece. Ta certo que o destino não foi muito justo, mas a gente conhece.

- Para de ser louca. Vamos atrás de um advogado agora!

- E se ele não quiser anular?

- Fico viúva, mas casada não!

Pra que eu tinha que ter dado uma de rebelde?

Saímos igual doidas pelas ruas de Las Vegas atrás de um advogado, até que não difícil encontrar já que assim como casamento fácil a cada esquina, também tinha um escritório de advocacia a cada quarteirão, afinal as pessoas faziam burrices em Vegas, eu era uma prova viva daquilo.

Consegui toda a papelada da anulação e agora eu só teria que fazer aquele homem assinar e eu juro que alguma coisa dentro de mim estava gritando que ele não iria querer. E eu estava certa.

- Você só precisa assinar, aqui, aqui, aqui e aqui. Ah! e mais uma rubrica aqui. - Apontei todos os locais de assinatura e ele me encarava com um olhar entediado.

- Amor, eu trabalhei o dia todo, estou cansado. Que tal um beijinho para eu ir tomar banho e me deitar?

- Você é surdo? Ta com algum problema? Pode me ouvir? - Olhei para ele e falei bem devagar - Consegue me entender?

- Claro que sim, anjo. Você está falando sobre uma papelada de anulação.

- Exatamente! Que bom que não é retardado. - Empurrei a papelada para o lado dele - Agora assina.

Ele abriu um sorriu e disse simplesmente - Não!

- Olha rapaz eu não estou de brincadeira é melhor você assinar antes que eu fale com o meu pai e ele te obrigue a fazer isso a força.

- Edward.

- O que?

- Meu nome é Edward e não rapaz.

- Tudo bem, Edward. Agora você pode, por favor, assinar esses papeis e todos nós vamos viver felizes para sempre? - Lancei um sorriso animador e meu coração se encheu de esperança quando ele pegou a caneta da minha mão.

- Você quer anular o nosso casamento, certo?

- Certo! - Edward se aproximou de mim e pressionou a ponta da caneta no meu nariz. - Mas eu não quero, anjo. - E então ele soltou a caneta na bancada e seguiu em direção ao quarto.

- Inferno!

- Qual é o problema magrela? - Emmett entrou na cozinha ainda de pijama.

- O problema é que estou casada com o idiota do seu amigo Edward e ele não quer anular. Ta bom pra você?

- Oh disso eu já sabia! - Arregalei os olhos e peguei a primeira faca que apareceu na minha frente e apontei para ele.

- Como é que você sabe?

- Eu estava lá ué.

- Eu vou te matar Emmett! - Avancei em sua direção, mas ele correu para o lado oposto abrindo a geladeira e usando a porta como escudo. - Como você pôde deixar isso acontecer?

- Calma ae Bella, calma ae! Foi você que quis casar, quando eu disse que era loucura você quis me bater, disse que a vida era sua então eu deixei, ué.

- Eu estava bêbada seu, seu, seu irresponsável! Você devia ter dado um muro na minha cara, me deixado inconsciente e me levado para casa, não deixado eu me casar. O que é que você tem na cabeça?

- Não me ofenda ein! Quem foi irresponsável aqui foi você, eu não me casei com ninguém.

- Eu vou te estrangular - Sai correndo em sua direção novamente, mas Alice chegou bem na hora e ele se enfiou atrás dela.

- Controla a Bella que ela ta maluca.

- Claro! Eu acordo e de repente estou casada, como você acha que eu deveria me sentir?

- Vixe, pelo jeito não rolou anulação. - Alice falou andando de lado com o Emmett ainda pregado em suas costas.

- E ele está no meu quarto, Alice. Tira ele de lá.

Alice andou até a porta do meu quarto e bateu umas quatro vezes até Edward aparecer só de toalha.

- Olha o respeito ai grandalhão, damas na casa. - Ela falou dando um passo para trás.

- Oh! Me desculpe Alice, você me pegou desprevenido.

- Tudo bem. Só vim te pedir um favor.

- Pode falar.

- Assina aquele papel e saia do meu apartamento. - Ele colocou a mão no peito como se sentisse ofendido e amoleceu o coração da Alice - Por favor?

- Mas Allie, não quero anular o casamento, eu gosto da Bella.

- Serio?

- Alice! - Gritei para ela - Volta para realidade.

- Mas ele gosta de você Bella, poxa, da uma chance.

- Eu vou te matar - Falei baixinho, o suficiente para só ela ouvir.

- E tem mais - Edward saiu do quarto e passou o braço em minha volta. - O casamento já foi consumado, não tem como haver anulação.

- Merda! - Gemi e me virei para o Emmett - Você tinha mesmo que me ouvir né? Por que não deu uma garrafada na minha cabeça?

- Essa luta não é minha, baby. - Ele abriu um sorrisão mostrando suas covinhas - Felicidades ao casal.

- Alice - Praticamente implorei com o olhar.

- Ok. Edward, sério, eu achei fofa toda essa história ai, mas você vai ter que sair do apartamento.

- Tudo bem!

- Graças a Deus - Me soltei dele e fui para perto da Alice.

- Mas você vai junto. - Ele me puxou de volta.

- Ta maluco? Não mesmo.

- Você é minha esposa, tem que morar comigo.

- Não, não, não e não! - Me soltei e me escondi atrás do Emmett. A única coisa que eu pensada era... Eu quero minha mãe.

Eu jurava mesmo que meu pai iria resolver aquela situação, eu estava contando com isso, eu estava rezando por isso, mas infelizmente ele me apunhalou pelas costas.

- Você fez a sua cama, agora deita nela. – Mas que merda de ditado era aquele? Que droga de cama era aquela?

- Paai, por favor? – Implorei

- Você queria liberdade, não queria? Ai está o preço dela, espero que agora aprenda a ter responsabilidade. E boa sorte em contar para sua mãe.

E por um segundo eu acreditei que minha mãe iria pirar e querer matar o Edward, me matar, matar todo mundo. E que meus problemas estariam resolvidos, porque ela iria me ajudar, mas a vida estava me surpreendendo muito ultimamente.

- Ele continua bonito pelo menos?

- Mãe!

- Ué, se casou que pelo menos ele seja bonito.

- A senhora não está me ajudando.

- Ele é?

- O que?

- Bonito. – Ai Jesus aquilo era um pesadelo, dos feios.

- É mãe.

- Que bom, então que vocês sejam felizes.

- Não tem graça.

- Você fez sua cama minha filha, agora deita nela. – Inferno de ditado idiota!

Então era isso, eu estava casada e morando num apartamento de um quase desconhecido que passava o dia inteiro fora. A minha sorte era que o Emmett me garantira que o Edward não tinha virado um psicopata. Menos um problema para eu me preocupar.

- Oi anjo! – E estava bonito o danado viu, meu Deus.

- Oi.

- Como foi o seu dia? – Ele perguntou e deu um beijo na minha testa

- Chato.

- Por que?

- Porque você não assinou a papelada de anulação.

- Bella. – Ele respirou fundo e sentou na minha frente – Vamos só tentar, ok? Eu prometo pra você que se em um semestre você me falar que quer se separar, eu assino os papeis.

- Um semestre? - Pensei

- Um semestre. - Posso conviver com isso.

- Tudo bem, mas eu vou ter que arrumar um emprego por aqui.

- De jeito nenhum! – Ele se levantou e foi em direção a cozinha.

- Eu vou enlouquecer dentro desse apartamento.

- Você pode sair com a Alice.

- Pra sair eu preciso dinheiro, pra ter dinheiro eu preciso de um emprego.

- Eu te dou o dinheiro.

- Não quero seu dinheiro.

- Agora somos casados, meu dinheiro é o seu dinheiro. – Eu tinha que apelar então

- Por favor, Edward. – Seu olhar amoleceu diante do meu.

- Ta bom, anjo. – Sorri em agradecimento 

- Vou tomar um banho, vem comigo? – Convite tentador, tentador mesmo.

- Não, obrigada! To bem aqui.

- Tudo bem então, te vejo no quarto.

É, e ainda tinha mais essa, dividíamos o mesmo quarto, a mesma cama, quase o mesmo espaço.

- Bem que podíamos comprar outra cama, não é? – Falei me deitando.

- De jeito nenhum – Edward envolveu seu braço em minha cintura e me puxou para mais perto. O pior de tudo é que eu já estava gostando.