Por Hillit        Nunca tinha visto Layla daquele jeito. Parecia estar possuída, tomada pelo ódio, não sei. Ela não nos deu nem chance de explicar nada, apenas pegou tudo o que tinha e se mandou para a casa daquele cara. O pobre rapaz devia se sentir no meio de um fogo cruzado, sem entender nada.       Além disso, ela vendeu nosso apartamento em Paris, o que significava que eu fiquei sem ter onde morar e sem minha melhor amiga. Eu não estava arrependida de nada, apenas profundamente triste por ter magoado ela, mas dizem que é preciso perder uma batalha para ganhar uma guerra e se isso não tivesse acontecido, eu não teria ouvido aquelas palavras de Bill e ele não estaria aqui agora.       Sinto que perdi a batalha com Layla, mas ainda sinto que posso ganhar a guerra e ter os dois junto de mim, até porque Layla foi mais rápida e já arrumou um namorado.       -Você ouviu o que ela disse? Ela dormiu com aquele cara, vai morar com ele e ainda está com raiva de nós dois? Não entendo. - Bill disse com uma das mãos na testa e outra na cintura.       Eu ainda estava chorando sentada na cama. Não por nada que aconteceu, mas porque comecei a pensar que aquela raiva nela nunca iria passar e ela nem mesmo nos deu a chance de dizer algo. Bill sentou-se ao meu lado e passou o braço em volta dos meus ombros e disse :      -Eu comecei toda essa história e vou consertar isso tudo      -O que está dizendo,Bill?      -Vamos seguir eles. Eu tenho um plano e você vem comigo - ele disse se levantando e vestindo seu casaco de cabedal.      -O que vai fazer? - disse assustada      -Não se preocupe. Vai ficar tudo bem. Ela apenas vai nos ouvir...Vamos, eles não devem ter ido muito longe. Vamos segui-los.       Não hesitei muito em ir com ele. Tinha que saber o que ele iria fazer, mas se ele tinha um plano, o jeito era por em prática seja lá qual fosse.       Saímos correndo pelas escadas até o carro de Bill. O manobrista do estacionamento disse que viu um carro saindo a muito pouco tempo. Afirmou que era um casal e que a moça ruiva estava um pouco transtornada. Ele nos indicou a direção que o carro foi e nós seguimos.       Para nossa sorte encontramos eles parados no sinal vermelho, mas ficamos afastados para que não percebessem que estávamos ali. Então, os seguimos até pararem em uma casinha pequena. Nós paramos do outro lado da rua. Não fazia ideia de como entraríamos lá então perguntei:      -Chegamos, mas e agora? O que faremos? - perguntei apreensiva.      Bill apenas colocou uma das mãos em meus cabelos e deu um breve beijo.      -Confie em mim- ele disse olhando em meus olhos - Vamos entrar com eles. Você precisa ser rápida e discreta. Quando eles abrirem a porta, entramos correndo.      -Isso é loucura!      -Shhh! Eu sei, mas pode dar certo - ele disse saindo do carro.      Abriu minha porta e me puxou-me pela mão.