Fahrenheit e Absinto escrita por Aleksa


Capítulo 6
Capítulo 6




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Capítulo 6

Quando ele se levantou e começou a caminhar em sua direção ela achou que fosse morrer... Não estava de todo errada, mas pelo menos não seria da forma como ela imaginava.

Mas ele não a mataria, não hoje, não naquele momento, se fosse matá-la o faria de forma diferente. Raramente matava, mas nesse caso havia algo estranho em relação a essa humana, algo que o fazia querer rasga-la em milhões de pedaços.

Quando de repente, ela desmaiou.

Não fazia ideia do por que, e isso o angustiou. Podia ouvir seu coração batendo, o que o deixou mais aliviado, mas não tinha ideia do que havia causado esse tipo de reação.

Ajoelhou-se ao seu lado e esperou que despertasse, não parecia nada grave, a respiração e a pulsação também estavam estáveis. Pelo menos sabia que ela ficaria bem.

Em cerca de duas horas, ela finalmente desperta.

- O que houve? – ele pergunta.

- Desde criança, às vezes eu sofro de pequenos desmaios.

- Pequenos?

- É... Desculpe por preocupa-lo... Há quantas horas estou apagada?

- Duas horas.

- Sinto muito.

- É.

Alexis não se importava em esperar, mas estava cansado, e logo iria amanhecer, e se ele estivesse do lado de fora quando o sol nascesse, seus olhos iriam se incendiar e queimar até que não restasse nada.

Ela novamente se pegou encarando as longas presas que ele tinha na boca, se sentia desconfortável por ficar reparando, mas aquilo não era normal... Bem, seus desmaios também não, então estava perfeito.

- Os caninos lhe incomodam, não? – retórica.

- N-Não... Só não estou habituada...

Foi uma retórica, não responda.

- Entendo. – ele corre os dedos pelos cabelos. – Quer que eu te leve de volta?

Droga! Ele estava zangado.

- Mas já...?

- Sua mãe te ligou trinta e sete vezes.

- Ah... Mamãe... – um suspiro frustrado.

Não queria partir, se sentia a vontade com ele. De repente algo lhe cruzou a mente, desde que chegaram estavam sozinhos nessa casa... Sem mais ninguém num raios de quatro quilômetros...

Esse pensamentos fez mais três ou quatro pensamentos surgirem em seguida... O que a fez engolir seco... Ele precisou fingir não saber o que ela pensava naquele momento.

- Erm...

Ele se aproximou lentamente.

- Feche os olhos.

Se aproximava dela quando a segunda pior coisa possível aconteceu... Foi chamado.

- Droga... – praguejou em silêncio.

- Hum? – ela abriu os olhos devagar.

Agora dividia-se entre sua presa rendida ou o chamado que não podia ignorar... Não se apressaria no que devia fazer, não era esse tipo de predador, queria tempo, mas não o tinha, precisava partir, e tinha de ser agora.

- Eu tenho que ir...

- O que? Agora?

- Já.

- Mas-

- Me ligue amanhã, eu te explico tudo. – com “eu te explico tudo” ele quis dizer “te dou uma desculpa pra fazer você pensar que alguma coisa compreensível aconteceu.”.

Desceu as escadas tão rápido que mal foi possível acompanhar com os olhos, era uma má ideia deixar sua presa sozinha, principalmente conhecendo tudo o que o rodeava da forma como conhecia. Mas tinha de partir, o chamado era mais importante.

Estava começando a se cansar das interrupções, deixou a chave do carro e o carro lá para que ela pudesse voltar e escreveu rapidamente um bilhete, sumindo na noite como um fantasma.

***

Ao finalmente alcançar o local de onde o chamado fora emitido, encontrou Luka, o irmão de mesma idade, encostado na parede com quatro balas de prata cravadas no peito, e perdendo sangue rápido.

- Por Deus! Luka!

- Alexis...

- Quem fez isso?!

Num instante já estava do lado do irmão.

- Filhos do sol...

- Quais deles?

- Vincent...

- Ele pagará por isso... – o ódio queimou sua alma por dentro.

E saiu pra buscar uma doadora, alguém pra salvar seu irmão.

***

Sentia-se em parte esquecida, em parte confusa, num momento estava tudo bem, então ele sumiu como uma rajada de vento e deixou a chave do carro e um bilhete dizendo que queria que ela telefonasse em duas horas...

De repente estava também preocupada... Pareceu muito sério. E se... Algo tivesse acontecido, estava inquieta, dirigindo de volta pra casa quando uma moto queimou o asfalto, cruzando logo na sua frente.

Ela enfiou o pé no breque e sentiu o carro parar violentamente, seguido pelo cheiro de borracha queimada, e pelo silêncio confidencial da chuva pesada que caia do lado de fora. Olhando ao redor notou em não havia nada em volta, nem sequer conseguia ouvir som algum de uma moto se afastando.

Parecia a moto que viu na noite em que saiu com suas amigas, a moto que perseguia um carro em alta velocidade...

Ao chegar a sua casa largou o carro na rua e o trancou, subindo rápido para o seu quarto, sem se dignar a falar com sua mãe, que agora se divertia com os novos mil canais de sua TV.

Pegou o celular nas mãos geladas e tremulas e ligou no celular de Alexis.

Nada.

Um medo cortante atravessou sua mente, ela engoliu seco e olhou o relógio, qautro da manhã. Será que ele teria ido dormir?

Não. Ele não pediria a ela que ligasse se fosse dormir...

Deus! Que ele estivesse bem!

Sentou em sua cama, consternada, suando frio. Olhou pela janela e viu que a chuva havia engrossado, relâmpagos e trovões estouravam em barulho e clarões.

***

- O que aconteceu, Luka?

Agora ambos estavam sentados, Luka estava encolhido sobre as marcas dos tiros que agora cicatrizavam como uma fera ferida.

As balas haviam sido removidas e agora só restavam os lugares onde antes estavam alojadas, ao redor do lugar onde estava cada tiro, a carne estava um pouco queimada e irritada.

- Quebraram o pacto Alexis. O acordo era que os filhos do sol andariam sobre a Terra durantes o dia, enquanto os filhos da noite dormiam... Esse foram os termos... Foi covardia.

- Somente Vincent?

- Ao que parece Vincent andou angariando a simpatia dos seus filhos bastardos.

- Ele se juntou com aquela maldita raça de mestiços? – Alexis estava chocado, juntar-se a outros de sua raça e patamar para atacar um inimigo era uma coisa, juntar-se com um bando de seres inferiores e de consciência primitiva e naturalmente violenta era outra totalmente diferente.

Há muito eles haviam jurado fazer tudo o que estava ao seu alcance para livrar o mundo do erro que haviam cometido. Viviam em um relacionamento distante e objetivo com os humanos, os protegiam de seus descendentes assassinos e animalescos, e, em troca, usariam seu sangue ou suas almas como fonte de vida.

Não costumavam matar, tomavam só o que era preciso para viverem, e nunca deixavam marcas ou memórias traumáticas, e mesmo que houvessem aqueles como Luka, que mantinham familiares por perto para sua conveniência, somente se apropriavam de pessoas que não tinham realmente mais salvação.

O fato era que mesmo que não partilhassem de nenhum tipo de afeto especifico pelos humanos, eles eram criaturas das quais dependiam para viver, respeitavam suas vidas, e procuravam não matar em vão.

Tinham vivido em equilíbrio com os humanos até então, varrendo seus “filhos” ou usando-os como criados. Aquila aliança... Era baixo! Indecente! Obsceno!

Aquilo era declaração de guerra!

- Sim...

- Isso é absurdo! Eles são apenas monstros! Não sentem! Não tem alma! Não tem consciência!

- Se aliar a algo assim é...

- Repulsivo!

- Ele traiu nossos votos...

- Os filhos do sol merecem saber.

- Vou ligar para Cain...

- Faça isso.

Alexis se jogou no sofá, sentia-se ultrajado com o comportamento do filho do sol. Juntar-se com aquelas criaturas... Era contra tudo que eles representavam!

Sua raça era o que lhe era mais importante. Seus irmão, era tudo o que tinha, tudo o que realmente sabia que podia contar, seus seis irmão, eles defenderiam suas costas quando tudo estivesse vindo abaixo.

Da mesma forma que fizeram quando a primeira guerra veio... Quase não conseguia conceber a ideia de uma traição.

- Alexis.

- Hum?

Arrastado pra fora de seus pensamentos, focou seu olhar na imagem de seu irmão.

- Cain está vindo. – ele fecha o celular.

 Em poucos minutos Cain entra pela porta da frente do salão principal da casa/clube noturno de Luka. Dirigindo-se a Alexis, alguém em quem via o mesmo nível de liderança que ele mesmo ocupava.

- O que foi? Por que me acordaram?

- Vincent atirou no meu irmão. – Alexis disse, pondo-se de pé.

- Quatro vezes. – Luka reclamou.

- Isso já aconteceu antes. Por que me chamou especificamente dessa vez?

- Ele... Se aliou aos descendentes mestiços...

Cain pareceu ter levada uma facada no meio do peito.

- Não é possível... Vocês assim como eu sabem que ele jurou-

- Nós sabemos Cain! Isso é inaceitável!

- Vincent nunca trairia a irmandade desse modo.

- Traiu! E isso é declaração de guerra.

- Ele se aliou com aquilo que por nossa causa existe, e que nós juramos destruir! – Luka estava mais inconformado com a aliança que com o fato de terem tentado matá-lo.

Cain sentiu um golpe muito duro em seu orgulho, sentou-se e jogou o rosto nas mãos, brutalmente atingido pela traição de seu irmão.

- Tem certeza?

- Ele atirou em mim... Tenho certeza. – Luka apontou as marcas quase fechadas em seu peito.

- Deus, não... Ele traiu nossos votos... Traiu a irmandade...

- Nós sentimos muito Cain... Mas ele terá de ser morto.

Como se já não fosse o bastante a dor por saber que seu irmão havia se aliado a monstros sem alma, agora vinha a noticia de seu iminente assassinato.

- Oh, céus...

- Prometo que seremos rápidos.

Cain se levantou, sua expressão altiva e solene estava manchada de lagrimas num tom de azul muito escura, da mesma cor de seu sangue.

- Eu dou meu consentimento, ele está morto para o resto de nós.

Como mais velho entre os sete filhos do sol, Cain tinha pleno poder para decidir quem vivia ou não. E sempre foi muito justo.

Os dois acenaram positivamente com a cabeça, num luto silencioso pelo irmão de Cain, ele seria caçado, e muito em breve, estaria morto.

Um enorme golpe para sua família, que para sempre teriam a marca de um traidor assassinado em sua história.


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Notas finais do capítulo

Huhuhu XD
Ainda não leitores XD
Mas logo, logo coisas acontecerão.
E então, o que acham do conflito que se aproxima?
Da traição de Vincent?
E mais importante, axam que Absinthe vai sair ilesa?


Pois é.
E ai?
Gostaram?