Fahrenheit e Absinto escrita por Aleksa


Capítulo 33
Capítulo 33




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Absinthe agora, subia uma escadaria, recapitulando sua vida, a morte de Alexis... Que deixava um gosto amargo e intragável em sua garganta, então, depois que voltasse a sua herança, eis o que faria: Iria continuar a obra dele, caçaria mestiços, quantos fossem necessários, e mataria Vincent.

Sorria enquanto o brilho abandonasse seus olhos, mataria-o, e entregaria o q restasse dele à família de Alexis, a Luka.

Seria sua última homenagem.

Viveria como uma mulher forte, nas sombras, destruindo aqueles que destruíram seu coração e sua alma.

- Vingança...

A cicatriz dos caninos de Alexis permanecia cravada em seu pescoço.

Entrou na enorme escadaria, no alto da montanha esquecida nos limites da cidade, abriu a porta de madeira rústica, rangendo com a ferrugem e a poeira.

Uma enorme biblioteca a saudou, flashes de luz entravam pelas janelas, o som das arvores que cercavam o lugar, seria apenas ela e os livro por algum tempo, quanto tempo fosse preciso.

- Espere por mim Vincent... Vou arrancar o seu coração como você arrancou o meu...

Jogou fora qualquer sentimento que restasse, qualquer apego, tudo, vingança e ódio era tudo o que precisava, e seria com eles que fazia aquilo que estava jogando sua vida para fazer...

***

Alexis se sentava à mesa de reunião com Valsher e Cartier, olhando para os papeis que Valsher havia trazido.

- Você pretende usar essa tal de casa dos espelhos na guerra?

- Não, se você souber sobre ela, eles também saberão.

- Entendo.

***

- Então, o que concluiu, Ivan? – Dylan perguntou, largando o casaco esportivo desleixadamente sobre o encosto de uma das cadeiras.

- A cidade cheira a mestiço, ao que parece, eles devem estar avaliando todos os possíveis esconderijos que podem usar... Mas o cheiro mais forte fica de fato próximo a biblioteca municipal. – disse, jogando as luvas de couro sobre a mesa de centro e se atirando no sofá, cruzando uma das pernas. – Contudo percebi o cheiro de imortal indo para outra direção, e mais, sinto o cheiro do irmão de Cartier, Lokke, porém não havia cheiro de sangue nem de luta... Parecia que... Ele andava livremente.

- Podem tê-lo drogado para que fosse. – Giovanni comenta.

- Não duvido, mas isso tudo é muito suspeito, e não é de agora que acho isso... O desaparecimento de Welsh no inicio do ano passado, a traição de Vincent, o sequestro de Lokke, tudo isso parece muito conveniente... Muita coincidência...

- Acha que o sumiço de Welsh tem algo a ver com isso? – Giovanni pergunta, abraçando uma almofada.

Welsh era o último dos sete irmãos Devareaux que permanecia vivo, eles que eram os sete mais fortes de sua raça, sobreviventes da guerra. Sabiam que ele não havia morrido pois ainda podiam sentir sua presença, os anéis ainda brilhavam com a intensidade dos sete... Mas desde o inicio do ano passado havia sido um grande e insolúvel mistério... Alexis os alertou que não interviessem, pois sabia que ele estava bem, e se assim fosse, não tinham direito de obriga-lo a vir servir a casa dos Devareaux se ele não quisesse...

Seus irmãos não eram obrigados a segui-lo se eles não quisessem.

- Acho mais do que isso, acho que tudo isso foi programado... Acho que Vincent já pretendia se desvencilhar de sua família desde o fim da guerra, se não antes, antes mesmo de Alexis quase mata-lo... Acho que isso só reforçou ainda mais o desejo que tinha que exterminar a nossa raça.

- Mas com Caim, ele não poderia... Ele sempre foi muito duro com os irmãos... Eles o chamam de “mestre”. – Giovanni diz.

- Sob o comando de Caim ele não poderia tentar nada, Caim iria repreendê-lo. – Dylan complementa.

- Ele usa aquele chicote pendurado na cintura, e tudo. – Lud comenta.

- Exato. Ele não conseguiria arquitetar uma traição com o Caim por perto, até eu tenho medo de pensar o que Caim faria com ele se descobrisse... – Ivan diz, cruzando os braços sobre o peito.

Todos tem um arrepio gelado por um momento.

- Mas tem algo que eu não entendo. – Lud diz.

- O que? – Dylan pergunta.

- Vincent sempre idolatrou Caim, ele sempre foi obcecado em fazer o irmão se orgulhar dele, por que iria traí-lo dessa forma?

- Talvez ele tenha levado o ódio de Caim em nível pessoal, e projetado a todos nós.

- Acha que ele tenha começado essa história toda com a esperança de que Caim se orgulhasse dele por isso? Caim? Sabe como Caim é com regras, ele não iria simplesmente perdoa-lo. – Giovanni joga as costas no encosto estofado da cadeira, cruzando as pernas.

- Talvez ele estivesse preparado para pagar o preço que Caim escolhesse para perdoá-lo.

- Tudo isso para provar a Caim que nos despreza tanto quanto ele? – Lud pergunta, ainda não convencido.

- Não. – Luka diz, descendo as escadas. – Não para provar que nos odeia... Para provar que é um aliado de valor. – ele diz, pegando suas luvas e casado no porta-casacos.

- O que quer dizer, Luka?

- Não existe nada mais humilhante do que ser considerado inferior por alguém que você confia e admira. – ele diz, colocando o casaco e as luvas. – Se eu estivesse no lugar dele, faria o que fosse necessário para provar que não sou fraco ou inferior, talvez até uma traição.

- Luka... – todos o observam em silêncio.

- Não sabem o quão enlouquecedor isso pode ser... Apenas pensem e vão entender, se Alexis virasse agora para cada um de vocês com desprezo nos olhos e os tratasse como inúteis, inválidos ou fracos... Até quando vocês suportariam?

Todos param, a mera possibilidade, enchia seus corações de angustia, de impotência, não ser reconhecido como um igual... Ser tratado como um estorvo... Seria demais para suportarem, morreriam tentando provar que são sim iguais...

Ser fraco diante de seu senhor... É um fardo insuportável...

- Antes de crucificarem o traidor, tentem se colocar no lugar dele, sim? – Luka sorri. – Vou até a casa de Caim, volto logo.

- Até... – todos acenam, chocados em como Luka conseguia ser imparcial diante de tudo.

Sempre fora assim, mesmo durante a guerra.

Nunca odiou os filhos do sol, nem mesmo Caim, que era mestre deles.

Talvez por isso Caim gostasse dele.

Talvez por isso ele e Alexis trabalhassem tão bem juntos.

***

- Olá filho da noite. – Caim disse, bebericando uma xícara de chá, sorrindo reservadamente.

- Olá Caim. – ele diz, guardando as luvas nos bolsos, abrindo os botões do casaco.

- Chegou cedo hoje, o sol acaba de se pôr. – ele diz, olhando pela veneziana.

- Eu não teria muito mais utilidade em casa, Alexis está tendo uma reunião agora.

- Ah, entendo. É impressionando como ele consegue tornar tudo uma operação bem sincronizada. – ele comenta, repousando a xícara na mesinha de centro. – Teve algum problema para entrar?

- Não, fui espantosamente bem tratado. – ele sorri. – Seus irmãos são excelentes atores.

- É muito bom ouvir isso. Quer alguma coisa?

- Sabe que não posso consumir comida humana como vocês, Caim.

- Estou apenas sendo educado, sei que gosta de absinto.

- É verdade.

- Acho forte demais, mas tenho uma garrafa, que me trouxeram de sua terra natal alguns anos atrás.

- Ah, isso me trás lembranças nostálgicas de seu tempo como padre. – ele ri.

- Não comece a vasculhar meu passado, filho da noite, tudo o que fiz tinha um motivo.

- Você era um padre terrível.

- Somente em sua companhia, diante dos humanos me mantive sempre muito sério e respeitável.

- Muito bem, muito bem. Não vim aqui desenterrar lembranças do passado distante...

- Principalmente por que está desencavando uma parte muito ruim e turbulenta dele.

- Já disse que não guardo rancor de você por nada do que se passou.

- O que não torna tudo o que se passou menos condenável.

- Bem, não vou me estender nesse assunto, vim aqui falar de Vincent, não do passado, seja ele condenável ou não.

- O que quer saber? – Caim pergunta, arrumando-se na cadeira, cruzando as pernas e tomando a xícara nas mãos novamente.

- Sabe algum motivo que levaria Vincent a deserdar?

- Não. Nenhum. Vincent sempre foi um dos mais obedientes de meus irmãos. – disse, muito tranquilo e resoluto.

- Entendo. Ele demonstrava algum tipo de angustia ou ansiedade?

- Em minha presença, nenhuma. Também sempre foi muito firme.

- Hm. – Luka parece ligar os pontos mentalmente.

- Foi de alguma ajuda?

- Bastante.

- Fico feliz em saber. – ele sorri.

Os irmãos de Caim observavam os dois conversando a uma certa distancia, tanto por que sentiam-se ansiosos perto de Luka, quanto por que o irmão havia ordenado que não destratassem-no, ou receberiam o mesmo tratamento dele.

- Sabe Caim... Até hoje não entendo por que me ajudou naquele dia, na porta da igreja... Poderia ter me matado muito facilmente naquele momento.

- Então eu teria matado o único filho da noite de quem gosto, seria incoerente, não acha?

- Mas eu era o inimigo, poderia ter me levantado e ido atacar alguém de sua família.

- Você não faria isso.

- Como tem tanta certeza?

- Por que você não gosta do cheiro de sangue derramado, por que você não gosta de violência, por que seu senso de justiça é forte demais para que me traísse desse modo, por que você é muito gentil para matar qualquer um a menos que esse alguém te ataque, ou ataque algum de seus irmãos.

- Nossa, você parece saber mais de mim do que eu mesmo. – ele ri.

- Apenas gosto de compreender as coisas pelas quais me interesso – ele sorri.

- Já eu, realmente não compreendo você, Caim de Vanice.

- Isso não é novidade, eu não sou lá muito fácil de compreender. – diz simplesmente. – Agora, tem algo mais que queira me perguntar?

- Não, por enquanto era só.

- Então volte para a sua casa, filho da noite, seus irmãos precisam de ajuda nesse momento, vocês estão passando por um momento muito difícil, e sem você lá, o ar começará a pesar.

- Acho que você imagina que em minha casa, eu seja algum tipo de droga tranquilizante.

- Você é, talvez por isso Alexis escute o que você diz, mesmo que diga aos berros.

Luka ri.

- Alexis e eu sempre brigamos muito.

- Eu sei, você me explicou a dinâmica do relacionamento de vocês, uma vez.

- Deus! Por acaso você se lembra de absolutamente tudo aquilo que já lhe disse?

- Eu já lhe disse, gosto de compreender as coisas pelas quais me interesso. Agora já, você é necessário lá, e eu tenho que dormir.

- Pena que todos os meus diálogos com você sejam tão rápidos, Caim, você sempre parece estar indo a algum lugar, e eu também.

Caim levanta, colocando uma mecha de seu cabelo caramelo atrás da orelha.

- Somos criaturas antagônicas, eu e você... Nossos caminhos se cruzam por força do destino, não da natureza... Eu devo apenas ter conhecimento de sua existência, nada mais do isso, pois fui criado para viver num mundo alheio ao seu, alheio a você. – ele boceja. – É apenas por minha teimosia e não desrespeito às autoridades astrais que insisto em gostar de você... – ele sorri novamente. – E também por que você me diverte. Boa noite, Luka Nightingale Devareaux.

- Boa noite, Caim Marquise de Vanice. – Luka sorri, acenando e sumindo pela porta.

***

- Todos vocês aceitam e concordam com os termos dessa caçada? – Alexis pergunta.

- Tiraremos os híbridos da hibernação. – Valsher diz, brincando com seu lápis.

Híbridos. É a maneira com a qual os anjos se referiam aos seus mestiços, que permaneciam em sono profundo numa das salas da casa, depois de terem sido caçados e acorrentados, agora, todos permanecem dormindo.

Cartier fecha o celular.

- Estamos soltando as crianças perdidas pelas ruas agora.

- Excelente.


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Notas finais do capítulo

Olá, cá está mais um capítulo o/
Gente, vou viajar e volto quinta-feira o/
Me digam se gostaram, sim? ^^
Ah, recomendo que leiam a parte do dialogo do Luka e do Caim ouvindo "Secrets - One Republic", fica muito fofis *-*
Beijocas o/



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