Fahrenheit e Absinto escrita por Aleksa


Capítulo 31
Capítulo 31




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- Luka... – Alexis haviam pedido aos irmãos que o deixassem falar com Luka, que agora encontrava-se num sonho repleto de dor e punição.

Quase chegava a sentir-se culpado pela lei que havia imposto... Mas na época, ela se fazia necessária...

Porém agora ela também trazia sofrimento ao irmão que havia salvado lhe a vida...

Ivan estava certo... Por que não se deixava ser ajudado por ninguém... Orgulho? Medo de parecer... Vulnerável?

Sempre acreditou que um líder devia se manter por suas próprias forças... Não, que todos deviam viver por sua própria força, se dependesse de alguém, estava roubando a força que estes poderiam empregar em próprio beneficio... Isso por que não conseguia viver sozinho, somente com energia que possuía...

O que era uma lástima... Para um líder, principalmente.

Nunca em toda a sua existência permitiu que os irmão fossem seu escudo, prometeu a si mesmo, no fim da guerra, que defenderia a todos eles... Todos... E agora Luka estava inerte diante dele... Sendo torturado por ele ter sido abalado pelo medo... Pelo ressentimento... Pelo temor de ser deixado sozinho...

Sozinho...

Sempre acreditou que estivesse sozinho... E que vivia bem assim... Agora já não tinha tanta certeza... Após experimentar perder o irmão... Após encarar a morte... Teve medo... De morrer... De ficar sozinho naquele momento... Teria chorado se lembrasse como...

Essa frase rodou sua mente, uma exclamação deixou seus lábios.

- Inferno!... Você tinha razão... O tempo me amoleceu...

A principio somente o silêncio existia, mas ele não estava disposto a jogar naquele momento.

- Eu consigo ouvi-lo rindo, manifeste-se de uma vez.

Então... O grande senhor da casa de Devareaux... Finalmente se deu conta de que se tornou um fraco...? Hm... Não pensei que veria esse dia chegando...

- Terminou?

Oh, mas quanto mal humor... Há quanto tempo não sai para caçar meu caro Lorde amolecido...?

- Alguns dias, creio eu. – disse, apoiando a cabeça na parede, revendo tudo aquilo que podia sobre as últimas 24 horas.

Sabe que perdeu quase todo o sangue do corpo, não sabe...? Sabe que se morrer, o sacrifício de seu querido irmão terá sido em vão...?

- Fique quieto! Não tenho intenção de morrer... – disse, massageando as têmporas.

Sabe o quanto a alma dele está sendo torturada por sua infantilidade e impulsividade, não sabe...? Todas as vezes que você olha pelos meus olhos, quem paga é ele... Paga sofrendo todo tipo de tormenta cruel... Tudo por que você não sabe se controlar... Por que não sabe ME controlar...

- Eu não sou você...

Ah, ao contrário... Eu sou você... Você na verdade não se importa se Luka está sofrendo... Você é egoísta o bastante pra fingir que se importa para ganhar a fidelidade dos outros irmão... Isso por que você é um covarde Alexis... Tem medo de que os outros descubram o quanto você é desprezível... Devo dizer que está fingindo muito bem...

- Não! Ele é meu irmão! Me importo mais com ele do que com você!

Pois não devia... Eu o conheço muito mais do que ele... Conheço cada canto do seu cérebro... Tudo o que você quer agora é vingança... Mais matança... Mais morte... Mais sofrimento... Quer ver o chão tingido de vermelho... Isso nada tem a ver com seus irmãos... Eles são apenas peões... Você gosta do cheiro de sangue recém derramado...

­- Não! São meus irmãos! Não são bonecos! PARA DE BRINCAR COMIGO!

Por que pararia...? Não é isso que você sempre fez com os outros...? Jogos... Diz que ama seus irmãos... Mas quando teve oportunidade de ignorar seu irmão gêmeo, seu complemento, alguém que morreria por você, o ignorou somente por alguns momentos efêmeros de prazer com uma mortal... Onde estava toda essa lealdade naquele momento...? Hãn...? Diga...? Onde estava toda essa hipocrisia sobre irmandade naquele momento...? Por acaso ouviu as lágrimas de seu precioso irmão naquele momento...? Pensou nele, no sofrimento dele, no desespero que iria impor a ele naquele momento...? Pensou...?

Alexis recostou na parede, recostando na parede, escorregando até chegar ao chão, sentando e olhando para a cama onde Luka repousava, aguardando até que seu pesadelo terminasse.

É claro que não pensou... Isso por que você é um pobre patético, egoísta... Mente para si mesmo dizendo que não... Que coloca sua irmandade acima de tudo... Mas não passam de palavras... Quando você tem a oportunidade de se beneficiar... Bastam algumas palavras minhas para que você esqueça todo o seu juramente, e seja o egoísta hipócrita que você sabe que é... Ridículo... Fugindo as responsabilidades... NÃO VENHA ME DAR ORDENS SE VOCÊ NEM AO MENOS SABE SE CONTROLAR!

Todas as vezes que ele gritava, era como se batesse a cabeça contra a parede... Mas não se importava, não naquele momento, apoiou a testa nos joelhos, sentindo a culpas aflorando em cada canto do seu ser...

É você que deveria estar naquela cama, sendo torturado... Não ele... Ele que abdicou de cada uma das vontades dele até hoje para paparicar esse seu maldito orgulho... Desistiu de cada um dos amores que sentiu... Veio de sua querida pátria até aqui para pajear você... Para oferecer apoio incondicional... Você o traiu... O abandonou...

E faria de novo...

- Luka... – afundou o rosto nas mãos, sentindo-se dilacerar uma vez mais, a culpa substituindo o sangue em suas veias.

Ah... A culpa... A verdade dói, não é mesmo...? Saber o quanto você é impotente... O quanto é fraco...

Traidor desalmado...

A última parte trouxe as lágrimas, a tanto aprisionadas do peito de Alexis para fora, simplesmente escorrendo por seu rosto, sua expressão congelada na mais profunda e desesperadora dor possível...

Os outros arrombaram a porta ao sentir que algo estava errado, encontraram Alexis chorando, agarrado as mãos geladas do irmão inconsciente.

- Mais uma vez eu falhei... Me perdoe... Por favor, por favor, me perdoe... – Alexis enterra os olhos molhados na borda na cama. - Ele não merece isso... Não façam isso com ele... A culpa é toda minha... Eu o abandonei... Eu o abandonei... Parem de tortura-lo... Por favor, parem...

Todos pareciam extremamente perturbados com o comportamento de Alexis... Nenhum deles nunca havia o visto chorar antes... E o conheciam há muito, muito tempo...

***

Hump, parece que voce foi perdoado... Acorde filho da noite... ACORDE!

***

- A...lexis... – os olhos de Luka ainda permaneciam turvos de lágrimas e marcados por dor, manchas roxas se espalhavam por sua pele branca, e enormes bolsas escuras ficavam embaixo de seus olhos. – Eu fui... Perdoado...?

Alexis levanta os olhos manchados de prata, como se vazassem o conteúdo de sua íris luminosa, soluçando e parecendo afogado no mais profundo arrependimento.

Luka acena fracamente aos outros para que deixassem o quarto... E estes, ainda incertos, saem com alguma relutância, principalmente Lud, que é arrastado pelos outros.

A porta se fecha num clique, Luka se esforça para colocar-se sentado, conseguindo somente parte do processo, Alexis tenta ajuda-lo, mas isso parece apenas lhe causar mais dor, então ele desiste, deixando-o apenas recostado nas almofadas.

- Me perdoe Luka... Por toda a dor que eu lhe causei... Eu sei que minhas palavras não irão aliviar todo o sofrimento que você já passou... Mas... Eu me sinto na obrigação de pedir perdão...

- Eu escolhi mordê-lo Alexis... Não podia deixa-lo morrer... -  a voz de Luka era rouca e fraca, mas estava estável, havia um chiado agudo e tremido sempre e que inspirava, e um assovio fino e constante quando expirava.

- Eu o fiz sofrer tanto... Eu não sou um líder adequado para comandá-los... Eu sou egoísta... Hipócrita... Impulsivo...

- Isso é verdade... Mas eu sei disso há muitos anos... E me comprometi a ajuda-lo em sua tarefa... Nunca tive problemas em ser apenas um auxiliar, ainda que sendo seu gêmeo de igual idade e poder... Eu não sou tão mandão quando você... – uma risada fraca e engasgada.

Alexis olha pra ele incrédulo.

- Então todos esses anos... Por que me seguiu...?

- Por que você é sangue do meu sangue, é um bom líder em tempos de guerra... Por que você é respeitável, é imponente... É uma figura confiável, e o único que Lud respeita... E por que confio em você... – um sorriso fraco e dolorido. – E por que sei que se... Eu não estivesse aqui... Você já teria se matado de algum jeito... – uma pequena parada pra tomar folego. – Falando nisso... Você sente alguma... Dor?

Alexis olha pro chão, lágrimas pingam, mas não mais com a dor de antes.

- Luka...

- Hum?

- Primeiro, você é um idiota.

- Outch... Ingrato.

- Segundo.

- Hump, o que é agora?

- Obrigado. – um sorriso esnobe e confiante, como sempre foi.

- De nada. – Luka estende um lenço ao irmão, as mãos trêmulas e frias, porém confiáveis. – Agora vá dizer a Lud que você está bem, antes que ele arrombe a porta.

- Ah... E Luka...

- O que?

- Tudo isso... Bem...

- Tá, tá... Essa conversa nunca aconteceu.

- Não posso parecer hesitante, você sabe.

- Seu molenga. – Luka ri, voltando a se ajeitar pra dormir.

- Outch.

Com isso Alexis deixa o quarto, pra inventar alguma desculpa para os irmãos... Todos têm segredos, afinal.

***

Absinthe agora caminhava em direção à residência dos anjos, firmando os passos, obstinada a ser uma mulher forte, usar a morte de Alexis para se tornar capaz, se tornar independente, não suportaria ser um estorvo nunca mais em sua vida, sua fraqueza morreu com Alexis, e agora ela se tornaria um fantasma.

- Nunca mais... 


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Notas finais do capítulo

Um momento de fraqueza por parte de Alexis... Por favor não me matem XD
E ai? O que estão achando?



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