Fahrenheit e Absinto escrita por Aleksa


Capítulo 2
Capítulo 2




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Capítulo 2

- Eu disse que era fantástico! Tão jovem, e um costureiro tão famoso.

Sua mãe desembestou a falar desde o momento em que as duas fecharam a porta do carro. O que fazia algo como... Duas horas.

- É...

Quanto a Absinthe, permanecia absorta pela conversa de hoje mais cedo. Sentia como se tivesse sido completamente absorvida pelos olhos prateados do jovem artista. E agora lutava pra voltar ao estado de inercia que vivia antes de encontrá-lo...

E estava fazendo um péssimo trabalho.

Chegaram, finalmente, em casa. Absinthe subiu para o seu quarto e jogou a mochila sobre o sofá.

A desordem intocada de seu quarto a fazia sentir melhor, depois de mais um dia de vida com sua nova e indesejada riqueza.

Abriu a mala e pegou seus blocos de desenho, seus cadernos, e seu livro de poesia favorito.

Abriu as janelas e deixou que a luz externa invadisse o aposento. Tinha conseguido terminar de remontar o antigo quarto exatamente como o da antiga casa. A nova escola a deixava enjoada e abstêmia por convivência com pessoas reais.

O telefone toca.

- Alô? Olá Liz. – finalmente um sorriso real. – Como vai tudo?

No telefone, a voz relaxada soava em tom de brincadeira.

- Me conformando com o fato de você ter me trocado pelos riquinhos.

 - Eu jogaria todos eles de um abismo se pudesse voltar. Sinto falta de vocês, meninas.

- Nós também, Sinth. Olha, a gente vai no cinema hoje, vem com a gente.

- Que horas?

- Oito e meia.

Uma hora faltando.

- Encontro vocês na estação de trem.

- Te vejo em uma hora.

- Até.

Silêncio na linha. Absinthe salta da cama e vai tomar um banho rápido, se enfiar numa roupa confortável e ir pra estação, passando pela sala como uma sombra.

Chegando na estação, o grupo de meninas de roupas de algodão de cores neutras, se posta no corredor, falando alto e rindo. Ao colocarem os olhos em Absinthe, o grupo se dirige a ela de braços abertos e com sorrisos no rosto.

- Olha se não é a mais nova ricaça da cidade. Arrumou tempo pra interagir com a plebe? – Jude ri.

- Estava numa luta com o dragão Emma, que queria devorar o meu quarto e queimar as minhas roupas pra me transformar na barbie.

- Como vai a batalha, soldado? – Liz se intromete.

- Resistindo até o ultimo homem, senhor.

Risos descontraídos.

- Em que arapuca caótica vocês vão se meter hoje?

- Cinema. – Lennie se manifesta.

- Ver o que?

- A regravação de Casa Blanca. – Jude responde.

- Hum, me parece bom.

- E é. – Lennie acrescenta.

- Mudando de assunto. Como são os filhos dos riquinhos? – Liz se sente na obrigação de perguntar, enquanto andam na direção do trem.

- Hum... Nariz empinado, muito perfume, muita maquiagem, muita roupa de marca, muito sapato de salto.

- Muito não-me-toque-que-eu-sou-mais-rico-que-você? – agora Jude estava rindo.

- Demais.

- Fez o que hoje o dia todo?

- Minha mãe me arrastou para aquele costureiro chique do centro da cidade.

- Ui.

- Fiquei chocada. – teve de admitir.

- Tipinho A, B, ou C?

- Não era metido a rico, rico e insuportável, nem pobre esnobe.

- Ah não?

Todas pareciam chocadas.

- Não. Artista, normal. De carne e osso, educado, desorganizado, detesta gente fresca.

- Não diga!

Três pares de queixos caídos ao redor dela.

- Eu juro. – cruzou um x sobre o peito.

- Bizarro. – palavra geral.

- Imaginem a minha cara.

Todos rindo outra vez.

Já dentro do trem, as quatro se sentaram, em conversas de todas abrangências foram ao cinema, no centro.

Chegam já eram nove horas.

O frio da cidade a noite fazia vapor sair na respiração das quatro garotas, enquanto elas andavam silenciosamente pelas ruas escuras até o cinema.

Um carro corta o asfalto ao lado delas, jogando papel e folhas de jornal pro alto simplesmente com a força do vento, uma moto preta passa logo depois, o som do motor era ensurdecedor, e tanto o carro quanto a moto somem na esquina.

- O que foi isso?! – Lennie não estava feliz.

- Não sei... Pareceu... Uma perseguição? – Absinthe não estava muito certa se realmente era isso, mas foi isso que lhe pareceu.

***

Música alta, foi até lá pra pegar a carta que lhe enviaram, queria não ter de ir até lá, ter que visitar aquele lugar era sempre um desgaste, tanto físico quanto mental.

- Identificação. – pediu a muralha em forma humana parada na porta do cômodo esquecido no meio da bagunça indistinta e carnal que era a massa de corpos atrás do homem trajado completamente em preto.

Abaixou os óculos escuros, revelando as íris prateadas e as pupilas finas como as de um gato.

O homem de olhos vermelhos engoliu em seco e tirou a mão do ombro do rapaz, olhando respeitosamente para o chão.

- Saia do meu caminho. – limitou-se em dizer, estava começando a ficar cansado do barulho, da bagunça e do cheiro forte.

O segurança deu passagem e se curvou levemente enquanto ele passava, o máximo que os músculos ridiculamente grandes permitiam.

- Ora, mais olhe só. – um rapaz da mesma idade que o que estava parado na porta, mas com cabelos longos e loiros, também de olhos prateados, permaneceu jogado em uma cadeira de veludo azul escuro quando o outro entrou. – Veja quem o gato trouxe.

Uma lufada generosa de fumaça sai dos lábios do loiro sentado, que fumava um cigarro caro e aromático.

- Quero a minha carta. – disse o que estava na porta.

- Oh, essa? – levantou o pedaço de papel dobrado, endereçado com muito esmero e cuidado.

- A menos que você ande escondendo a minha correspondência, sim, essa mesmo.

- Ora, mas quanto mal humor. Venha, sente-se. Sirva-se.

E apontou as muitas mulheres que se encontravam pela sala, de olhos vidrados e expressões em torpor absoluto.

O de preto caminhou pela sala e se sentou na poltrona em frente ao sofá onde o loiro estava graciosamente largado.

- Quer alguma em especial? – perguntou, rodando a correspondência nos dedos.

- A sua favorita, qual é? – cruzou as pernas, o couro de sua calça rangeu com a fricção de suas pernas se sobrepondo.

- A de branco, ali. – apontou, uma garota sentada em estado de absoluto devaneio o encarava como se ele fosse a única coisa que existisse no mundo.

- Pode ser.

O de preto jogou as costas no encosto de veludo da cadeira, apoiando a cabeça em uma das mãos.

- Mas e então? Conte-me, alguma novidade?

- Tenho uma nova presa.

A garota de branco caminhou em passos trôpegos até o braço da poltrona onde se encontrava o rapaz de preto, debruçando-se sobre a cadeira e pendendo o corpo na direção dele.

- Oh, isso é raro. – inclinou-se pra frente, com interesse em saber dos detalhes. – Como ela é?

- Está fraca, se eu usá-la vou esgotar suas forças, talvez ela não resista. – se referia a garota de branco que agora se oferecia a sua frente.

- Não me importa, existem muitas mais como esta. – disse com desdém, num entendimento imediato da mudança brusca de assunto. – Conte-me mais sobre o novo objeto de seu interesse.

- Se você diz.

Tirou o cabelo da garota da frente, e fincou os dentes no pescoço, já muito marcado com varias cicatrizes de antigos cortes mal fechados, e esperou o sangue inundar sua boca, enquanto formulava uma boa explicação para dar.

Quando largou o pescoço da garota, essa havia praticamente perdido a consciência, cuidou de apagar quaisquer marcas que houvessem em seu pescoço, e tirou-a do caminho.

- Não é como nenhuma outra que já tenha visto. – disse. – E quanto a essa aqui. – apontou a garota de vestido branco. – Vai viver, mas não se lembrará de nada da noite de hoje.

- Hm. – olhou com desdém para o corpo fraco e sonolento que agora estava no chão, completamente desacordado.

- A encontrei ontem. – disse, reclinando o corpo para frente. – A principio me pareceu somente mais uma humana ordinária, mas tem opiniões fortes, caráter diferenciados, e um modo similar ao meu de ver o mundo.

- Vai caçá-la?

- Quero mordê-la, quero mais do que isso até, mas não parei ainda pra ponderar a respeito.

- E como exatamente pretende encontrá-la?

- Não preciso ir atrás dela, ela virá até mim.

- Hm, explique isso melhor.

- Ela virá, tem coisas a pegar, ela e a mãe dela.

- A mãe não é um empecilho?

- Não. Irei vê-las semana que vem.

- Boa-sorte na sua nova caçada, Alexis.

Um sorriso predatório lhe cruzou os lábios.

- Eu não preciso de sorte, Luka.

- Hump. Convencido.


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Notas finais do capítulo

Bem
Aqui está o próximo capítulo
vou postar o máximo q puder essa semana
Espero que vocês gostem de tudo o que vai acontecer ao longo da história XD
Beijos o/



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