À Beira do Abismo escrita por Yue Chan, L-chan_C-chan


Capítulo 25
25- Retorno.


Notas iniciais do capítulo

Yo minna! Tenho certeza de que muitos acharam nonsense, mas saibamq que fiz o possível.



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De repente tudo se fez silêncio. O corpo estava fatigado e a mente tentava compreender o que acontecia ao redor. Era como estar em um sonho sem ter certeza de estar dormindo.

Até um segundo atrás tudo o que a cercava era dor, medo e ódio. Havia lutado com todas as forças contra a prisão mental ao qual tinha sido submetida pelo próprio subconsciente. Agora sentia uma sensação reconfortante acalmar-lhe os músculos fazendo com que relaxasse. Sim, era um calor carinhoso e protetor que conhecia muito bem.

Ao olhar para os lados tudo o que encontrou foi destruição. As pessoas olhavam assustadas para ela como se fosse um monstro, mas ela não sabia os motivos de tantos olhares perplexos e cheios de sentimentos indecifráveis. Dentre todas essas pessoas a mais curiosa era Tsunade que olhava com um misto de surpresa e temor. Algumas gotas quentes pingaram no topo de sua cabeça, e só então percebeu que alguém estava envolvendo seu corpo em um abraço carinhoso.

Quando olhou para cima, ainda receosa do que veria, tomou um susto ao encontrar o olhar risonho e despreocupado do pai que sorria apesar da situação bizarra em que se encontravam. O rosto estava marcado de sangue e cortado em várias partes, e parecia querer camuflar a dor que era visível pela extensão de seus cortes com um sorriso bobo. Uma trilha de lágrimas brilhava em seu rosto.

_ Está mais calma minha Hime?- perguntou carinhosamente.

Uma onda de sentimentos aflorou no peito de Yukie. Sensações há muito adormecidas despertaram de seu sono forçado ao vislumbrar o semblante ingênuo que ela tanto ansiava ver, e no mesmo instante soube que tinha sido a responsável pela destruição do quarto e pelos ferimentos do pai. Não sabia, porém do tempo quase interminável que ele levou para conseguir abraçá-la, nem dos vários golpes que levou ao tentar domar sua fúria. Isso ela não precisava saber, tudo o remédio que precisava estava contido em um único gesto carinhoso.

_ Pai. – disse vacilante ainda confusa.

Ela havia perdido o controle sobre o próprio corpo novamente, e durante a sua luta interior acabou machucando o pai. Normalmente isso seria o suficiente para lhe render bons sermões, mas os olhos azuis que a fitavam não guardavam nenhum sinal de repreensão.

_ Pensei que não fosse se controlar nunca. – dizia estranhamente calmo como se tivesse acabado de sair de uma mera guerra de travesseiros. – Sabia que era forte, mas nunca imaginei que fosse tanto!Acho que agora estamos quites.

Porque ele a olhava assim? Porque não se enfurecia ou reclamava como tinha se tornado costume? Porque sorria e falava de maneira mansa? Porque o tempo parecia ter regressado a época em que era pequena e ele a acolhia de maneira terna como fazia agora? Yukie não sabia responder, e também não soube o porquê de se sentir novamente criança, mas não hesitou em afundar o rosto na camisa amarrotada do pai e chorar como se ainda tivesse cinco anos, porque para ela não importava se era um sonho ou não. Precisava daquele toque tanto quanto ele.

Diário da Yukie.

Quarta-Feira, 9 de agosto.

Há muito tempo não nos falamos não é?! Pois é, tive muito tempo para repensar a minha vida.

Depois de toda aquela loucura que aconteceu comigo, finalmente pude perceber que não podia dar conta da minha saúde mental sozinha. Eu estava doente e precisava de tratamento médico.

Lembro-me como se fosse ontem, foi uma briga tremenda quando os resultados chegaram. Tia Ino não encontrou nada de anormal, mas resolveu repetir o exame mais duas vezes para ter certeza absoluta. Doutor Suijiro voltou com uma cara preocupada e me encheu de perguntas. Nós conversamos durante muito tempo, mas eu já não precisava mais desabafar, havia feito isso com o meu pai. Você acredita?Ele voltou a ser como antes! Na hora eu fiquei desnorteada, mas depois o carinho dele tomou conta de mim e eu não pude resistir. Foi como tirar um peso do coração.

O diagnóstico foi claro: eu precisava ser internada em um hospital psiquiátrico e fazer um tratamento intensivo com vários especialistas para poder controlar os meus surtos. Hoje sei que essas personalidades jamais vão desaparecer, mas posso mantê-las sob controle e impedir que voltem a aporrinhar. Faz meses que não tenho nenhuma recaída, nem escuto nenhuma voz me dizendo o que é certo ou errado fazer. Ainda travo a minha batalha interior, mas ela não passa de brigas bobas que eu posso facilmente reverter.

A minha família não aceitou me internar, principalmente o meu avó que não queria ser motivo de piada por ter uma neta louca, mas no final fui eu quem decidiu acabar com as brigas e aceitar. Foi uma loucura. Enquanto o doutor Suijiro me levava para fora do hospital, eu era cercada por uma manada de parentes insatisfeitos que pediam para que eu pensasse direito. O único que não foi contra a minha decisão apesar de estar triste com ela foi o meu pai, e foi justamente ele quem deu fim no bafafá de reclamações.

Foi a primeira vez em muitos anos que sorri de verdade para ele.

O mais difícil foram os primeiros dias. Eu estava cercada de loucos por todos os lados e por um tempo cheguei a acreditar que fosse ficar doida de uma vez por todas, mas todos os dias alguém vinha me visitar, e essa conversa com pessoas normais me ajudou a não desistir. Papai estava sempre presente e chegou a passar uma semana comigo dentro do mesmo dormitório para que eu não me sentisse sozinha, o que foi muito divertido, nós burlávamos o horário de dormir e ficávamos brincando de guerra ninja de travesseiros, e ainda podíamos passar horas comendo lámen sem se preocupar com a etiqueta e os bons costumes. Nessas horas eu me lembrava dos meus parentes Hyuuga, se eles me vissem limpando o caldo da boca com a manga da camisa... Não gosto nem de imaginar!Mas algo me diz que seria muito engraçado.

Aprendi a lidar com as frustrações. Tomava os medicamentos religiosamente no horário estipulado e passava horas estudando e treinando minhas habilidades ninjas para não enferrujar. Com o tempo toda aquela tristeza que estava incrustada no meu coração foi substituída por carinho e amor, e percebi que já não existiam mais motivos para guardar ressentimentos. Se eu quisesse ser feliz, teria que aprender a dar o braço a torcer em determinadas situações.

Quando tive alta do hospital tudo estava diferente. Era como se alguém tivesse pego o mundo que eu conhecia e virado ele de pernas para o ar. Conheci meu irmãozinho Daisuke, que é lindo como o meu padrasto, com olhos e cabelos tão negros quanto a noite. Incrível que ele não parece ter herdado nenhum traço Hyuuga além da precoce postura altiva que o mantém com o olhar atento quase o tempo todo, o que chega a ser engraçado. Meu avô Hiashi nem fez tanta questão pelo fato dele não possuir o Byakugan como pensei que faria, pelo contrário, até agradou a idéia de ter um Uchiha em meio a família. Disse que isso iria ajudar a levantar ainda mais a reputação do clã.

Daito mudou assim como eu. Voltou a fazer tratamento com o doutor Suijiro e deixou de ser rebelde. Bom... Na verdade não deixou de ser cem por cento, mas melhorou bastante. Agora ele só bate em quem merece. Pelo menos foi o que ele disse, e o que espero que seja verdade.

Yue, minha querida meia irmãzinha, está no segundo ano da academia e provou ter o mesmo nível de aprendizagem do pai. Leva muito tempo para aprender as lições e vive cabulando aulas para fugir e fazer peraltices pelas ruas. Sabe que as vezes tenho pena da Sakura? Ninguém merece um segundo Naruto, e acredito que a vila não vai agüentar por muito tempo do jeito que está. Outro dia ela inventou de quebrar um dos centros de abastecimento de água da vila só para poder “surfar” no turbilhão com uma tábua que arrancou de umas das cercas dos Nara. Tio Shikamaru nem ligou, continuou apenas olhando para as nuvens enquanto jogava shougi enquanto a Temari tentava “arrancar a cabeça” da Yue como ela mesma dizia com uma ripa enorme. Papai em vez de ralhar com ela, acabou pegando-a pelos braços e surfando junto, vai entender esse sujeito!

Mamãe e Sasuke se separaram. Eles ainda se vêem e mantêm uma relação bem gostosa de amizade, mas não existe nada de muito forte prendendo-os, a não ser o Daisuke, que agora com dois anos, não para de correr pela casa botando fogo nos móveis com o “mini goukakyu no jutsu” que conseguiu aprender a fazer imitando o pai. O que ele tem de lindo, tem de perigoso. Ele só não faz isso na frente do tio Neji porque já percebeu que é algo muito perigoso.

Quando perguntei ao tio Sasuke qual era o motivo, e se eles por acaso tinham brigado, ele me disse que “ninguém manda no próprio coração, e que o da minha mãe jamais deixaria ela esquecer o amor que sente pelo meu pai”. Eu vi que ele estava certo, não era justo manter alguém preso por causa de aparências. Ele deixou ela livre porque sabia que mamãe jamais teria coragem de tomar a decisão sozinha.

Mas algumas coisas não mudaram. Por exemplo, a vovó Tsunade continuar bebendo e perdendo nos jogos de azar. A única coisa que mudou foi o fato dela perder no “buraco” para a pequena e não tão ingênua Yue.

Tio Kakashi continua com seus livros suspeitos.

E o meu pai continua o mesmo abobalhado de sempre.

Eu retornei as minhas atividades como ninja, mas resolvi deixar esse papo de ser ANBU para mais tarde. As missões são muito estressantes e eu não quero voltar a ter recaídas por causa do stress. Apesar de o doutor Suijiro garantir que as chances são mínimas, eu prefiro prevenir a remediar. Nunca se sabe não é?

Agora eu e o Daito estamos trabalhando em uma missão muito importante: Juntar de novo os dois -cabeças ocas- dos nossos pais. Sabemos que a mamãe o quer de volta apesar de não admitir e o nosso pai já provou ser um desastre no quesito paquera e reconquista. Vai dar trabalho... e provavelmente vai ser muito difícil (lê-se engraçado também), mas vamos dar o máximo para realizar essa proeza.

Adoraria poder escrever mais, mas o Daito já está me gritando como um louco para me apressar. Hoje vamos colocar em ação o plano blackout, onde vamos cortar a fonte de energia da casa no meio do jantar de comemoração ao aniversário da minha mãe e discretamente vamos deixá-los a sós para conversarem. Preciso descer para comprometer o sistema de fiação da casa e garantir que tudo saia perfeito. Até outro dia.


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Notas finais do capítulo

É o fim. Para falar a verdade se a minha querida Imouto Candy concordar em fazer o bônus ainda vai continuar sendo o penúltimo. Obrigada por acompanharem e até a próxima!