À Beira do Abismo escrita por Yue Chan, L-chan_C-chan


Capítulo 21
21- Contra a parede.


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos, desculpem a demora, sei que decepcionei alguns leitores, mas serei bem franca quanto aos meus sentimentos...
Não estou sentindo vontade de continuar a fic...
Acho que exagerei no drama e deixei a história um pouco "enjoada", portanto, a partir de hoje, quem irá decidir o final serão vocês!
Isso mesmo!
Quero que mandem sugestões, e me digam quais as expectativas quanto ao fim da fic, se deveria se arrastar,o que falta colocar...tão logo me dêem idéias eu postarei!

Por favor!Eu imploro!Preciso saber o que vocês querem, sem isso, ficarei mais uma vez desmotivada!

Até as notas finais...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/138431/chapter/21

Semanas após o incidente...

Na sala de reuniões do prédio Hokage estava acontecendo uma reunião com os conselheiros, jounins, ANBUS, e o sexto Hokage Uzumaki Naruto. Eles discutiam a nova formação das equipes de espionagem Anbu e a convocação e o recrutamento de novos ninjas.

Passaram dez minutos discutindo quem seria o ninja mais qualificado para preencher uma das vagas de escolta do senhor feudal do país do fogo. Um dos presentes se levantou pedindo a palavra.

_ Senhoras e Senhores. Depois de muito analisar as fichas dos ninjas disponíveis na vila gostaria de informá-los que não encontrei pessoa mais qualificada para preencher esse cargo do que a que se encontra atrás dessa porta. - O conselheiro mais velho se levantou, olhando com satisfação os presentes antes de prosseguir- Entre todos os que concorriam não houve ninguém com a classificação tão alta ou uma capacidade ninja mais apurada.

Naruto ouvia atento com as mãos apoiando o queixo a fala do ancião.

_ Então mande essa pessoa entrar. - Disse impaciente, estava nervoso devido ao stress que era lidar com a ANBU.

Um ANBU com máscara de coelho abriu a porta e a pessoa entrou sendo observada com atenção pelos presentes que não puderam esconder a surpresa. Naruto levantou a sobrancelha.

_ Yukie?!- disse confuso.

_ Deixe-me apresentá-los á Uzumaki Hyuuga Yukie. Formada com louvor na academia ninja aos sete anos de idade, domina ninjutsu e taijutsu com perfeição. Um gênio em bolar estratégias e uso de kunais e shurikens. Possui uma capacidade aguçada para utilizar e escapar de genjutsus. Foi capaz de despertar e dominar o doujutsu do seu clã, o Byakugan sem ao menos possuir os olhos característicos de um Hyuuga. Creio que não levará muito tempo até que se torne uma Kunoichi reconhecida.

Os jounins analisavam a situação com cuidado era visível a capacidade da menina de controlar as artes ninjas, mas talvez ainda fosse muito jovem para participar de um esquadrão ANBU.

Yukie apenas observava em silêncio os presentes, seus olhos pousaram sobre o pai que estava quieto com os olhos fechados sem mover um músculo, mas o semblante estava sério e nervoso.

_ Quantos anos tem mocinha?- Um jounin a encarou sério.

_ Oito.

Ouve um murmúrio considerável na sala, alguns presentes discutiam a pouca idade que possuía enquanto outros discutiam, apontando para a ficha que tinha em mãos sobre a possibilidade de usar a habilidades que ela possuía em batalha.

Apenas Naruto, Kakashi, Yamato, Sai, Sakura e Tsunade permaneciam em silêncio.

_ Qual o seu nível?

_ Chunnin.

Mais murmurinhos. Era muito jovem para já conseguir uma classificação tão alta, deveria realmente ser muito habilidosa. Um tempo considerável se passou até que o ancião que estava ao lado de Yukie pediu a palavra novamente.           

_ Peço que votemos logo a questão em vez de ficarmos tecendo comentários desnecessários. – Disse com a mão em pé - Quem for a favor de incorporarmos a jovem Yukie a ANBU, levantem a mão.

A maioria da sala foi a favor afinal eles estavam diante de um prodígio que tinha habilidades condizentes com o nível de um ANBU, apesar da tenra idade.

_ Hokage sama, aguardamos a sua resposta. – o ancião o encarou sério.

A sala voltou a atenção para Naruto que estava quieto. Descruzou as mãos e disse sem rodeios.

_ A minha resposta é não. - Yukie o encarou sério.

_ Não?- perguntou curioso- Qual o motivo de não aprovar a inclusão dela depois do relatório de suas habilidades?

_ O motivo é que ela é a minha filha, e eu não aprovo a entrada dela para esse esquadrão suicida por ser apenas uma criança. - respondeu nervoso batendo a caneta na mesa. - Quanto as habilidades dela eu as conheço muito bem.

_ Como Hokage deve levar em consideração ás necessidades da vila e....

_ Esta dizendo que devo abrir mão do bem estar da minha filha, e aceitar calado a decisão da maioria?- Disse se levantando nervoso da mesa- EU SOU O HOKAGE, A MINHA PALAVRA É A PALAVRA FINAL E EU DIGO QUE ELA NÃO VAI ENTRAR PARA A ANBU!

_ Tente se acalmar Naruto, não vai conseguir nada assim. - Kakashi disse calmo.

O ancião o encarou sério e continuou.

_ Como eu ia dizendo Hokudaime Hokage, as necessidades da vila vêm sempre em primeiro lugar. O senhor na posição de Hokage deveria compreender isso, e levar em consideração que as habilidades dela podem ser úteis aos interesses de Konoha.

A outra anciã se levantou e se pôs ao lado do colega.

_ O que está diante do senhor agora Hokage sama não é a sua filha, e sim uma Kunoichi altamente qualificada que pretende servir à sua vila e seu país. Dever tomar cuidado para não misturar questões pessoais e profissionais.

_ Eu jamais. - Levantou com os olhos ardendo de ódio e as mãos apoiadas na mesa. - Jamais vou permitir isso entenderam! E chega de conversa eu declaro esse assunto e essa reunião encerrados. - virou as costas para os presentes que se retiraram aos poucos.

_ Esse assunto ainda não está encerrado Hokage sama- o ancião lhe dirigiu a palavra. - Lembre-se que a última palavra é do senhor feudal.

Naruto levantou a mão pedindo para que o conselheiro se retirasse da sala.

_ Acalme-se Naruto, você não pode ficar se exaltando assim. - Tsunade pousou a mão sobre o ombro dele num gesto carinhoso.

_ Porque é tão difícil para eles entenderem que eu não posso arriscar a vida da minha filha?- a voz saiu inconformada e ainda nervosa.

_ Infelizmente você tem que entender que ela é uma Kunoichi, e que cedo ou tarde vai arriscar a vida em missões. – Kakashi disse sério- Não pode impedi-la de fazer suas próprias escolhas.

Naruto suspirou longamente sentindo o peso da responsabilidade cair sobre seus ombros. Tinha que escolher entre agir como Hokage ou como pai. Escolher entre o bem de Konoha ou a vida da filha. Fechou os olhos tentando controlar a respiração que saia tensa e rápida, estava a ponto de enfartar devido à pressão á que estava sendo submetido. Era seu dever como sexto Hokage pensar no melhor para a vila, mas arriscar a vida da filha era algo inadmissível.

_ Naruto. - Sai chamou a sua atenção- E impossível manter cativo um pássaro que quer voar. Se você não deixá-la ir, ela irá sem a sua benção e talvez não retorne mais.

-*-*--*-*--*-*--*-*--*-*--*-*-

Anos...

Havia horas que a irmã estava no quarto, não descera para comer ou fizera qualquer barulho que pudesse dizer se realmente estava no aposento, e isso estava começando a incomodar Daito, que sentia uma estranha angustia crescer em seu coração.

Acabou de tomar seu suco e subiu as escadas sem pressa. Dois anos se passaram desde o casamento da mãe com Sasuke, e agora ela estava no sétimo mês de gestação. Ele queria ter um novo irmãozinho, alguém para ele cuidar assim como a irmã fazia com ele, mas não sabia se sentia preparado para isso. Irmãos podiam ser algo extremamente complicado.

Ele tinha brigado com Yukie de manhã, após uma conversa que a ouviu tendo com o pai, onde tinha sido gentil a ponto de oferecer a sua ajuda para cuidar do “irmão rebelde”. Como ela podia? Depois de tudo o que ele fez para avacalhar o casamento da mãe? Depois de ter enchido a cara e arranjado confusão na festa? Depois de quase repetir a mesma cena de anos atrás?Ela não devia nem ao menos ter olhado na cara dele.

Daito estava muito diferente, sua personalidade havia piorado desde a última decepção que sofrera com o pai que estava reaprendendo a amar, mas a sua reação não foi de medo, e sim de ódio; desde então ele se tornara uma pessoa violenta e reservada que não conseguia mai ver bondade nos outros. Os únicos com quem ainda se relacionava bem eram a mãe, a irmã e o padrasto que sempre conversava com ele sobre os riscos de sentir raiva demais, contando suas experiências.

Outra coisa que o chateava era o motivo de não ser tão bom na academia quanto a irmã “gênio” que tinha, ele via os olhares de reprovação as suas falhas. No clã era mesma coisa, e isso o consumiu de tal maneira que simplesmente abriu mão de se formar, indo apenas por obrigação e arranjando confusão com quem olhasse torto para ele. Apesar de não ser muito bom em aprender as artes ninjas, ele sabia muito bem concentrar o chakra em excesso que tinha para machucar os engraçadinhos.

De bonzinho e medroso ele havia se transformado em uma pessoa desinteressada e violenta.

Devia ser muito bom ser um gênio como a irmã, não ter que encarar o olhar reprovador dos outros.

Ver a irmã se relacionar tão bem com o pai com como um tapa na cara. Porque dar uma nova oportunidade se ele sempre a jogava fora?Ele confiava na irmã e sabia que ela seria a última pessoa no mundo a fazer algo assim, então por quê?

Culpava-se internamente por ter agido por impulso, mesmo não concordando com a atitude da irmã mais velha não devia ter sido tão estúpido com ela. As palavras que usou foram fortes demais.

Lembrou-se subitamente o quanto ela estava ficando diferente nos últimos anos, principalmente depois que entrou para a ANBU.

Às vezes parecia ser mais de uma pessoa.

Parou de se mover no último degrau, e cuidadosamente olhou para o quarto da irmã.

Sentiu algo emanar de lá, como se uma aura negra estivesse rondando o lugar, repelindo a sua presença, fazendo o estômago revirar, a mente entorpecer e um frio absurdo tomar conta de seus membros paralisando-os.

Não sabia o porquê, mas estava com medo de entrar no quarto dela.

Jamais sentira isso antes, era uma sensação muito desconfortável. Ela estaria com raiva dele?Será que faria algo para machucá-lo assim que o visse?Não! A irmã jamais o machucaria, mas... Que sensação era aquela?

Um calafrio percorreu a espinha ao lembrar-se dos comportamentos estranhos que ela estava tendo. Havia presenciado mais de uma vez a sua mudança repentina de humor.

Forçou os passos, andando vagarosamente contra a vontade de sair correndo dali. Toda a coragem que sentia nos últimos tempos abandonou seu corpo e se sentia novamente como a criança assustada que a irmã protegia como uma fera.

Parou em frente a porta.

Os calafrios aumentaram.

Os tremores involuntários faziam os membros ficarem rígidos.

A aura invisível estava cercando seu corpo, ele podia sentir isso.

O coração bateu a um ritmo alucinante.

Girou a maçaneta com cuidado, abrindo a fresta aos poucos, com medo de que ela pudesse pular em cima dele a qualquer instante quando...

-*-*--*-*--*-*--*-*--*-*--*-*-

­Naruto estava disperso em meio aos papéis que abarrotavam a sua mesa, por mais que se concentrasse não conseguia organizar os pensamentos, e isso estava fazendo a sua irritação crescer cada vez mais.

Esfregou os cabelos com força, como se quisesse afastar os pensamentos que rondavam sua mente em uma tentativa frenética de lhe tirar a paciência, e em um ato impensado acabou empurrando a papelada que se espalhou pelo chão estrondosamente.

Caminhou até a janela, sentindo as costas curvarem pela tensão como se estivesse carregando um peso imaginário. Era uma sensação desconfortável como se uma força invisível quisesse alertá-lo de que algo desastroso estava para acontecer.

Bufou aspirando o ar mais lentamente, observando a movimentação das pessoas abaixo. Desde criança sonhava ser Hokage para poder mostrar a todos que o subestimavam que podia ultrapassar suas ínfimas expectativas, mas agora, não se sentia tão bem. O trabalho havia se tornado um fardo pesado demais para ser carregado por apenas uma pessoa, sentia saudade do tempo em que era ninja e podia se ausentar da vila para fazer missões.

Resolveu se deitar no telhado, seria bom relaxar o corpo dolorido pelas horas in termináveis que passou em cima de papeis lendo, relendo, assinando, resolvendo, era um saco ser Hokage, a burocracia acabou com a magia que rodava o cargo em seus sonhos infantis, e o tornou uma pessoa indiferente.

“As nuvens são tão belas... sempre livres...” riu de si mesmo ao lembrar que essa era uma das frases preferidas de Shikamaru, o ninja problemático. Mesmo depois de tantos anos ele não havia mudado.

 O sorriso murchou.

“Mudar... Será que eu mudei demais?”- podia ver Yukie o repreendendo. Sorriu torto, envergonhado de admitir para si mesmo que já não era mais o mesmo. Tornava-se recluso, arrogante e antipático cada dia mais. Há anos não soltava um sorriso sincero e isso estava consumindo-o aos poucos, como se ele pudesse sentir a alegria sendo drenada de seu corpo a cada nova manhã.

Yukie...

Seus pensamentos voltaram-se a sua pequena filha de dez anos, que agora fazia parte as ANBU, sendo constantemente requisitada para missões importantes fora da vila. Claro que ele não perdia tempo e a enviava apenas com os melhores para garantir o sue retorno seguro. Não queria admitir a sua entrada nesse grupo, mas foi obrigado a aceitar devido a pressão que sofrera por parte do senhor feudal, mas o seu veredicto não foi por capricho dele e sim insistência da filha. Não fosse as suas ameaças de fugir e executar missões sem o seu consentimento talvez nunca tivesse concordado com tal insanidade.

Com o tempo acabou se acostumando com a idéia, podia deixá-la mais feliz e ao mesmo tempo protegê-la, mesmo que não fosse necessário, mas as coisas estavam estranhas nos últimos meses. Alguns ANBUS que participavam das missões ao seu lado confidenciavam que várias vezes ela parecia ser mais de uma pessoa, e que a sua personalidade poderia se alterar a qualquer instante, fazendo-a adquirir comportamentos anormais no campo de batalho. Em uma das ocasiões ela começou a chorar de terror em meio a luta, onde se recostou em um tronco e começou a gritar de pavor como se fosse uma criança de cinco anos para logo depois se tornar violenta. Um dos ninjas reportou que a viu sorrir malignamente ao matar vários inimigos de uma vez só, como se transformasse em outra pessoa.

Esses acontecimentos não passaram despercebidos e, no mesmo dia em que foram reportados, mandou que avisassem o doutor Suijiro, crente de que ela precisaria retornar ao tratamento. Hinata foi contra, mas mudou de idéia quando ele disse que não iria esperar a filha ser chamada de doida para tomar uma posição. Por mais que isso doesse, não podia permitir.

Ouviu batidas na porta e revirou os olhos, não queria ser interrompido no seu momento de descanso. Mais batidas. A contragosto ele se viu dando permissão para a pessoa entrar, e em seguida se levantou para pular a janela de volta sendo recebido por um olhar assustado que não tardou a se transformar em um sorriso.

_ Estou feliz em ver que finalmente está se distraindo um pouco, não agüentava mais vê-lo em cima dessa mesa quase beijando os papéis, não parecia você.

Ele pôs as mãos nos bolsos e olhou divertido para ela, há tempo também não davam um sorriso sincero para o outro. Uma gostosa sensação de dejavú tomou conta do ambiente e ele se sentiu envolvido de tal maneira que acabou despertando um lado que estava adormecido a anos.

_ Ohayo Sakura-chan!- ela sorriu, há anos não ouvia falando assim, era como se estivesse vendo o antigo Naruto. –Agora eu sei por que a BA-chan bebia o tempo inteiro, esse trabalho é um saco Datebayo!

Os risos abafados da rosada se transformaram em gargalhadas quando viu ele se jogar no canto da sala, cruzando as pernas com os olhos fechados.

_ Qual a graça?- perguntou irritado.

_ Você!- havia algumas lágrimas nos olhos dela que desciam com as gargalhadas. –Havia anos que eu não o ouvia falar assim. – o sorriso parou e somente as lágrimas de saudade continuaram. – Tenho saudades daquele tempo em que éramos nós mesmos.

 Ele sentiu o coração apertar com as palavras dela e bateu no chão oferecendo um espaço ao seu lado. Apesar de estarem divorciados e morarem em casas separadas, ainda a via como a velha amiga que tinha que proteger.

_ Eu também tenho saudades Sakura. – passou o braço envolta do pescoço dela, conchegando-a em um abraço amigo. – Se eu soubesse que ser Hokage seria tão desgastante continuaria sendo ANBU.

Ela sorriu com o contato.

_ Todos nós precisamos de férias. – disse suspirando. –Eu também mudei muito, fiz coisas horríveis. Acho que a solidão me ensinou a enxergar o quanto estava sendo mesquinha.

Eles ficaram em silêncio alguns segundos, sentados no chão como crianças.

_Acho que se o meu antigo eu me visse hoje, iria lançar um rasengan em mim. – disse rindo, mas seu sorriso foi murchando. - Me sinto um completo imbecil depois de todas as idiotices que fiz.

_ Isso você nunca deixou de ser. – disse contendo um riso.

_ Sakura-chan!- olhou repreendendo-a.

_ Calma, foi apenas um teste, eu sabia que o antigo Naruto estava escondido aí dentro. Afinal de contas há quantos anos que não o escuto me chamar assim ou falar sua palavra mágica Datebayo?!

_ Verdade. Nem comer ramém eu tenho comido, o tio Ichiraku deve estar com saudades... Mas o que veio falar comigo?

_ A Yue está com saudades do pai, e disse que quer ser lavada por ele no primeiro dia de escola.

Ele sorriu com a frase, nem tudo eram trevas em sua vida. Apesar de enfrentar dificuldades no relacionamento com os filhos mais velhos, a sua pequena Yue era simples de lidar, tão peralta e sorridente como ele fora um dia.

_ Diga a minha Hime, que o papai vai levar ela sim.

Sakura o olhou de banda.

_Como assim? Não vai conversar com os conselheiros sobre a sua ausência antes não?
_ Pra que?Eu vou deixar um kage bunshin fazendo o meu trabalho enquanto vou lá, aproveito e passo um dia com os meus outros filhos. - disse sorrindo.

_ Mas, e se eles descobrirem? Vai enfrentar sérios problemas!

_ Se descobrirem azar o deles. – deu de ombros. –Estou cansado de ser mandado e desmandado por um monte de velhos resmungões, está na hora de voltar a ser como eu era antes.

Levantou-se oferecendo a mão para ajudá-la.

_ Vamos nos ajudar a ser como éramos antes Sakura-chan, estou cansado dessa vida comportada e controlada.

_Mas isso pode te custar o cargo de Hokage.

_ Já não me importo mais com isso, se eles quiserem me ter como Hokage que aceitem a minha personalidade. Até hoje não sei como conseguiram me transformar no que eles queriam aos poucos.

_ Tem certeza de que não ficará chateado se eles te substituírem?

_ Não mais, a minha família vem em primeiro lugar de agora em diante, não posso mais permitir que os Uzumakis de Konoha se transformem em velhos ranzinzas, e...Estou cansado de ter que ser outra pessoa para agradar esses malditos velhos.

Sakura não pode evitar o sorriso que surgiu em seu rosto, há dias vinha se martirizando por ter se transformado em uma pessoa tão mesquinha, e ver o amigo antes tão sorridente, cometer falhas que antes não permitiria a si mesmo. Queria a antiga vida de volta, mesmo que continuasse solteira pelo resto da vida, ia se desculpar com Hinata e levar sua tão sonhada carreira médica adiante.

_ Por falar em Uzumakis, com quem está a Yue?

_ Com a Tsunade –sama, Yue sabia que hoje era o dia de folga dela e pediu para ficar com ela.

_ E você deixou?

_ Claro! Qual o problema? A minha filha é um anjo.

_ Parece que você se esqueceu que ela é minha filha também... Coitada da vovó deve estar pagando todos os pecados nesse exato momento.

-*-*--*-*--*-*--*-*--*-*--*-*-

Hinata andava tranquilamente enquanto acabava de fazer compras para completar seu enxoval de bebê. Mal acreditava que ia ter o terceiro filho, e logo com a pessoa mais inesperada, nunca em sua vida imaginou um dia estar entregue aos braços de Uchiha Sasuke, o melhor amigo do homem que amou desesperadamente por anos.

Correção... Ainda ama.

Balançou a cabeça, não podia se entregar aquele sentimento de novo. Naruto estava diferente de quando o conheceu, não era mais o garoto peralta e alegre que mantinha a sua palavra por pior que fosse a situação. Sim esse era o Naruto que aprendera a amar, não aquele Hokage egoísta e antipático.

Entrou em uma loja e comprou mais algumas roupinhas, queria estar fazendo isso em companhia do pai do bebê, mas ele estava em missão na vila da névoa e não voltaria tão cedo de acordo com seus cálculos, rezava apenas para que ele voltasse são e salvo para ver o filho nascer. Repreendeu-se por tal pensamento, fora Madara e Itachi que estavam mortos, somente Naruto era capaz de derrotar o moreno em combate.

Então porque aquela sensação estranha de que algo de ruim estava para acontecer?

Estava andando distraída em pensamentos quando sentiu dois bracinhos se enlaçarem com força em suas pernas, acordando do transe de maneira automática. Ao olhar para baixo viu uma cabeleira loira presa por duas Maria chiquinhas, um olhar sem-vergonha de quem aprontou alguma peraltagem, e um lindo sorriso aberto.

_ Ohayo tia Hina!- a menina disse imediatamente.

_ Yue-chan?!- disse ainda assustada. - O que faz aqui? Onde está a Sakura?- olhava ao redor procurando a mãe da pequena, que agora balançava em volta das suas pernas como se brincasse. Não demorou muito para encontrar a figura de Shizune correndo desesperadamente em meio a multidão.

_Até que enfim te alcancei!- disse ainda sem fôlego. – Obrigada por segurar ela para mim Hinata, estava difícil segui-la. – fez uma leve saudação para logo em seguida fitar a pequena. – Não pode fazer isso Yue-chan, é muito perigoso correr por aí sozinha, se alguém te pegar...

_ O papai me salva!- disse fazendo pose de indiferente.

_ E a sua mãe te coloca de castigo. – Shizune completou, não querendo perder a pequena discussão.

Hinata olhou para a menina que pareceu perder um pouco da coragem. Sakura deveria ser bem exigente com ela.

_ Yue-chan, porque correu da tia Shizune, por acaso não gosta dela?!

_Não é isso tia Hina. –respondeu se defendendo. – Eu gosto muito da tia Shizune, mas eu vi você e deu vontade de abraçá-la!

_ E porque não me contou?Eu teria levado você até ela. – Shizune abaixou até o tamanho da menina, fazendo cafuné.

_ Porque você anda devagarzinho e a tia Hina, mesmo barriguda, anda depressa, se eu não viesse sozinha iria ficar sem abraço.

As duas riram um pouco das qualidades ditas pela menina. Hinata gostava da pequena, apesar de tudo o que aconteceu no passado. Era uma menina inteligente e muito brincalhona, nesse quesito mais parecida com o pai do que seus filhos que pareciam ter herdado a “colorosa” personalidade Hyuuga. Abaixou-se na altura da pequena, colocou as sacolas que carregava no chão e abriu os braços ela. Ouviu Shizune reclamar algo como “não deve se esforçar” e “Sasuke não vai gostar de saber disso”, mas resolveu ignorar.

_ Abraçar as minhas pernas não deve ser tão legal quanto abraçar de verdade. –disse com um sorriso meigo. A pequena deu um maravilhoso sorriso aberto e se jogou nos braços dela.

_ Eu amo você tia Hina!-disse de repente fazendo a morena se emocionar. – Você é legal e carinhosa, e é a única que não briga comigo!

Hinata riu.

_Hinata é melhor se levantar, não faz bem ficar nessa posição no seu estado. – a ajudante estava bastante apreensiva.

_ Estou ótima Shizune, não precisa se preocupar. – falou se afastando do abraço e dando a mão a menina enquanto se levantava.

_Mas o Sasuke...

_ Deixa que eu me viro com ele, não precisa se preocupar. – a viu suspirar aliviada. -Mas me diga, porque a Yue está com você?

_ A Mamãe foi no escritório do papai e eu pedi para ficar com a vovó Tsu!- respondeu alegre.

Uma sensação estranha tomou conta do coração da morena ao ouvir a resposta da pequena. Sakura junto com Naruto, no mesmo escritório?Sozinhos?

_ Hinata você está bem?!- ouviu Shizune perguntar tirando-a do transe. - Parece meio pálida.

Balançou a cabeça negativamente.

_ Não eu estou bem?!-mentiu. – Acho melhor ir para casa, as crianças ficaram sozinhas e devem estar preocupadas comigo.

_ Tem certeza?- começou um pequeno check-up com o olhar.

_Sim.

Shizune ainda desconfiada pegou a menina no colo, para que não pudesse mais escapar.

_ Então eu vou voltar para o lado da Tsunade-sama que deve estar preocupada conosco, qualquer coisa mande um dos seus filhos nos avisar imediatamente. - Hinata balançou a cabeça confirmando. Shizune virou de costas se despedindo e indo na direção de um bar provavelmente brigando com a menina por ter sido tão impulsiva ao correr.

Hinata pegou as sacolas do chão e se pôs a andar ainda pensando na sensação estranha que sentiu ao imaginar Sakura ao lado de Naruto novamente. Por mais que quisesse negar, não podia esconder que ainda amava o loiro, mas se repreendia ao lembrar-se de Sasuke e da nova personalidade do Hokage.

Os sentimentos estavam confusos em seu coração, de um lado seu primeiro amor, que havia sido egoísta ao ponto de magoá-la, e do outro o novo e encantador Sasuke que parecia ter caído do céu para resgatá-la da solidão.

Resolveu voltar para casa e descansar, seria melhor estar ao lado dos filhos mais velhos no caso de alguma eventualidade, e poderia distrair-se um pouco.

-*-*--*-*--*-*--*-*--*-*--*-*-

Daito girou a maçaneta com cuidado, abrindo a fresta aos poucos, com medo de que a irmã pudesse pular em cima dele a qualquer instante quando...

Entrou parando de súbito.

Seus olhos se arregalaram com a visão.

Sentiu o sangue faltar ao corpo, e a boca entreabriu-se em um grito apavorado.

Yukie estava ajoelhada no centro do quarto, de costas para ele, com as mãos sujas de sangue. Havia sangue por todo o quarto, em cima da cama pelas paredes, chão, armário, como se alguém houvesse salpicado ele de maneira sinistra.

Mas o que mais assustava eram as palavras escritas nas paredes.

“Pare de me torturar”

“Saiam da minha cabeça!”

“Eu não quero ser um gênio.”

“Perdoe-me.”

Parecia estar em meio á um pesadelo, aquilo não podia ser verdade...

NÃO!

Daito venceu o horror que o segurava e correu até a irmã.

_ Aneuê, o que é isso? Quem te machucou?- Balançava ela pelos ombros, com os olhos marejados de lágrimas, mas ela nada dizia. Seus olhos não fitavam nada em especial e estavam vazios de brilho como se fosse uma simples boneca.

Recusava-se a acreditar que fora ela quem fez aquilo, mas por mais que quisesse ser forte como ela e manter a serenidade, não conseguia, era algo simplesmente impossível.

_Aneuê me responda!Me responda! Fale alguma coisa!- se jogou em seus braços apavorado com a situação, todo o corpo tremia e ele se sentia uma criança pequena incapaz de fazer algo que não fosse chorar. Não conseguia raciocinar direito.

Sentiu algo pesar em suas costas e foi abraçado pela irmã. Era uma droga, estava tão assustado que não sabia o que deveria fazer, sempre dependera dela para tudo e agora que ela precisava de ajuda se sentia um inútil retardado.

Uma sensação quente tomou conta da sua camisa, como se algo estivesse molhando-a. Se separou temeroso e percebeu uma kunai cravada no chão do quarto. Pegou os pulsos dela e viu que ainda sangrava.

_ Por quê?- perguntou entre as lágrimas. - Porque fez isso aneuê?!- segurava os pulsos dela tentando conter a hemorragia vagarosa, olhando para o rosto que começava a empalidecer.

A boca pálida e um pouco ressequida entreabriu-se vagarosamente.

_Porque... eu sou...não sei quem sou realmente. – falou num sussurro fraco.

A resposta dela não fazia sentido.

Daito enxugou as lágrimas e a pegou colocando nas costas, precisava ser rápido e levá-la á um hospital imediatamente. Sentiu o peso contrair as pernas, mas se esforçou ao máximo para andar.

_ Eu sou... Quem sou eu?- ela continuava a sussurrar, parecia confusa. - uma péssima irmã...

Ele parou de andar ao ouvi-la. Ela não era uma péssima irmã, era melhor que alguém podia ter, ele que era péssimo. Ia falar com ela quando escorregou de suas costas de propósito, fazendo-o voltar e tentar pega-la, mas foi rejeitado com um tapa na mão, forte o suficiente para fazê-lo recuar alguns passos.

Fitava apenas o chão.

_ Uma péssima irmã!- colocou a mão nos cabelos e o seu olhar se tornou violento. - Uma péssima irmã? Não brinque comigo, eu não preciso desses sentimentos idiotas.
_ Aneuê o que...

Ela o olhou de forma ameaçadora fazendo-o calar de medo. Havia maldade em seus olhos e sua camisola branca suja de sangue lhe dava um ar mais sombrio.

_Não há nada que me impeça de simplesmente matar esse fedelho. – ela pegou em sua garganta o erguendo do chão.

Daito tentava se livra do aperto da irmã que estava concentrando chakra na mão para sufocá-lo, fazendo o sangue jorrar com mais força dos ferimentos em seus pulsos. Os olhos estavam insanos, e havia um pequeno sorriso de canto de boca, como se ela estivesse sentindo prazer com a situação. Segurou em seus braços sussurrando seu nome enquanto as lágrimas corriam soltas. Não entendia o que estaca acontecendo com a irmã, não era ela quem estava falando com ele, ele a conhecia melhor do que ninguém para saber disso.

_ Está com medo?Talvez um dia nos reencontremos no... - o olhar dela mudou para pânico e ele pode sentir o aperto fraquejar, enquanto as mãos dela tremiam – O que estou fazendo?- largou-o no chão.

Daito caiu puxando o máximo de ar possível era a segunda vez que alguém da sua família tentava matá-lo sufocado. Sentiu a irmã cair sobre ele chorando e pedindo desculpas e não conseguia entender o que estava acontecendo com ela, era como se fossem muitas em uma só.

Quando ergueu os olhos, ainda temeroso do que veria, vislumbrou o olhar assustado da irmã que pedia perdão repetidas vezes, derramando lágrimas sobre a sua cabeça.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Enquete:

1ª) O que vai acontecer aos dois irmãos?

a)Hinata chega e os socorre.
b)Naruto chega e...( sugestões?)
c)Daito leva a irmã sozinho.
d)Yukie morre de hemorragia.

2ª)Devo juntar Naruto e Hinata novamente?

a)Sim.
b)Não.
c)Ela deve ficar com os dois(inveja!!!)

3ª)Gostariam de ver mais loucuras da Yukie?

a)Sim, adoro loucos em cena!
b)Não!Manda ela logo para o hospicio.
c)Tanto faz, só tem louco nessa merda!

4ª)Se Sasuke voltar a ser solteiro...

a)Deve virar vagabundo e pegador.
b)Ficar com a Sakura.
c)Comigo!

Beijos!!!

YueChan!