Capitulo 3 – Eu, Eu mesmo e Minha alma

                “A Floresta proibida, sempre tão escura, tão convidativa a arte das trevas. O circulo de comensais ao meu redor. A fogueira no centro do grupo. Eu o estava esperando. Eu conhecia o garoto. Ele não iria permitir que mais ninguém se sacrificasse por ele. Porém, será que eu realmente o conhecia. Os ramos da magia que nós havíamos ultrapassado para estar ali.”

                “Como se adivinhando o meu pensamento, a floresta rangeu para todos os lados, o farfalhar de folhas sendo arrastadas por pés. Ergui minha cabeça, não era ele.”

- Nem sinal dele, Milord.

                “Eu estava errado. Não o conhecia. O garoto realmente era um covarde. O pequeno raio de orgulho que parecera percorrer meu corpo desaparecera”.

- Harry Potter não veio, Eu achei que ele viria. Ele está se escondendo atrás dos grandes bruxos do castelo.

- Está enganado.

                “A voz do garoto fez com que meu coração desse um salto. Senti a fagulha de orgulho rebrotar em meu peito. Será que eu estava me apegando ao garoto? Impossível. Tinha que acabar logo com aquilo, antes que eu destruísse tudo”.

                “Meu peito ardeu. Pareceu queimar por dentro. Eu sentia o momento chegando. Ele me encarou. A única coisa que eu consegui pronunciar foi”.

- Harry Potter... O Menino que Sobreviveu... – Meu corpo se extasiou e o momento chegou. – Avada Kedavra.

                “Imagine o seu corpo pegando fogo lentamente, sem que seus nervos sejam queimados, e nem o seu sistema nervoso corroído. Chamas eternas. Você sentindo a dor da combustão eternamente. Agora imagine seu corpo sendo prensado por um cilindro metálico contra o asfalto fervilhante que acabou de ser posto. O Piche ainda quente. Se você acha que seria insuportável. Descubra que a dor que eu senti foi ainda pior”.

                “Senti uma dor conhecida. A dor da minha alma sendo separada a força do meu corpo. Senti o feitiço voltando para o meu encontro, e explodindo a varinha. Meu corpo todo se dissolveu mantendo apenas a minha alma parada. Naquele momento eu era menos que um espirito. Nada aconteceria agora. Eu falhara novamente. O garoto estava vivo”.

                “O Mundo escureceu. Desta vez era diferente. Na minha frente, estava um garotinho. Estava chorando, e pela primeira vez na minha vida, eu tive pena”.

- O que houve? – Perguntei meio temeroso.

- Eu fui torturado. – Sua voz chorosa me causou um peso no coração.

- Quem fez isso com você? – Me surpreendi com a minha mão tocando em seu ombro. Arrependi-me terminantemente.

- Você... – Ele levantou de um salto, e a energia de seu movimento me lançou para traz. Por reflexo, minha mão buscou a varinha. Mas ela não estava ali.

                “Estava vulnerável. Pela primeira vez desde que descobri que era bruxo, estava desarmado. Não sabia o que fazer. Estava com medo. Mesmo o Lord das Trevas tem medo. Encarando a criança, eu temi mais ainda”.

- Você...

- Sim, eu. – Ele falou com uma voz rouca.

- Mas você não pode existir.

- Sim, Tom Riddle, eu posso existir. Eu sou você.

                “Era o meu eu quando criança. Naquele orfanato. Naquela vida de trouxa, mas estava muito diferente. Estava mutilado”.

 - Mas... – Minha voz passava temor.

- Você fez isso comigo. Você me mutilou. Tudo para alcançar a vida eterna. E olhe pra você agora. Está acabado. Está destruído. Perdeu para o garoto. O garoto destruiu todos os seus sonhos.

- Não... – Eu me elevei. O meu eu mutilado recuou. – Eu não vou perder. Eu sou Lord Voldemort. Eu sou mais forte. Eu sou o bruxo mais poderoso de todos os tempos.

                “A escuridão deu lugar a floresta. Minhas forças se esvaíram e eu caí. Todos vieram ao meu encontro”.

- O Menino. Cheque o Menino.

                “O farfalhar de passos me deixou mais seguro. Mas eu só ficaria seguro depois que descobrisse o que eu queria”.

- Está morto. – A Voz de Narcisa voou pela floresta.

                “Os comensais ao meu redor gritaram em comemoração. Harry Potter finalmente perecera perante Lord Voldemort. Eu vencera”.