Friends By Fate 2 - Enemies By Fate escrita por Mandy-Jam


Capítulo 6
Mariana ameaçando, e Bia relembrando


Notas iniciais do capítulo

O fim desse capítulo me fez rir muuuito!

Espero que gostem.



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Mesmo no meio da noite a cor viva do chalé 5 ainda podia ser vista de longe. Mariana suspirou cansada ao chegar na frente dele.

Ela tinha passado somente três dias naquele lugar, mas foi tempo suficiente para conseguir decorar a localização exata de todas as minas enterradas ao redor do chalé, e do arame farpado que cercava o lugar.

Sem nem mesmo se preocupar se alguém estava dormindo lá dentro, ela abriu a porta violentamente fazendo barulho. Não havia ninguém.

Ela olhou em volta. Todas as camas do chalé de Ares eram beliches com lençóis camuflados , como as de quartéis militares. Mesmo assim eram ótimas para dormir.

O chão era de madeira bem resistente, e as paredes eram pintadas de vermelho intenso. Isso poderia incomodar algumas pessoas na hora de tentar relaxar, mas não aqueles meio-sangues. Eles não relaxavam. Eram filhos de Ares. Viviam correndo malhando, lutando, brigando, e xingando. Isso era um passatempo extremamente interessante para eles.

Mariana também achava, mas naquele momento ela não estava com vontade de fazer nada.

Dormir era a melhor opção para ela. Geralmente, não costumava ser uma tarefa difícil. Pelo menos não quando os seus irmãos não estavam por perto arrumando briga, e xingando uns aos outros de milhares de nomes em grego antigo (e em milhares de outras línguas. Algumas até, que Mariana nem tinha idéia que existiam.).

Ela chutou a porta com força e ela se fechou fazendo mais barulho. A filha de Ares estava cansada, irritada, e preocupada.

Primeiro, por Nina ter ganho a maldita caça á bandeira e por Bia ter quebrado a sua lança sangrenta. Segundo, por Clarisse ser a sua irmã e ter “se achado” só por saber quem era o idiota do Percy Jackson.

- Percy Jackson! Percy isso... Percy Aquilo... – Pensou ela revirando os olhos – Quem aquele garoto é para chamar tanta atenção? Que mané...

Por último, ela também estava preocupada pelo jeito que os irmãos Stoll evitaram contar o que o Percy Jackson tinha dito. O Acampamento Meio-Sangue inteiro sabia que estava acontecendo, menos eles.

Por quê?!

O que era assim tão secreto a ponto deles doze serem os únicos do acampamento que não deveriam saber?!

- Aaah! Vão todos se ferrar! – Reclamou ela jogando com força o seu elmo na primeira cama que viu pela frente.

Se um de seus irmãos estivesse ali, ele começaria uma briga com ela. Mariana não ligava para isso. Na verdade, ela adorava bater neles e usar a sua voz irritante forçada para infernizá-los ao máximo.

Era divertido, porque eles eram seus irmãos. Querendo ou não, tinham que agüentá-la.

Depois de trocar de roupa no banheiro, ela foi direto para a sua cama descansar. Eram beliches.

No primeiro dia em que tinha ido para lá, ela tinha incomodado tanto uma garota, que ela acabou cedendo (junto com alguns xingamentos) a cama de cima para Mariana. Em troca... Ela teria que calar a boca. Mas todos sabem que isso não aconteceu.

- Que droga de segredo... – Resmungou ela virando-se para dormir.

Mariana não queria nem um pouco dormir. Ela queria ir até a merda do chalé do Hefesto e obrigá-los a concertar a sua lança.

Ela também estaria disposta a ir ao Olimpo só para encontrar o seu pai, e pedir uma nova lança sangrenta, ou uma arma melhor.

- Oh paaaaaaaai! – Exclamou ela se levantando – Eu quero uma lança nova! Está me ouvindo aí de cima?! Eu quero!

Ela ficou sentada na cama, e estreitou os olhos. Esperou.

Olhou em volta no quarto, na esperança de que alguma arma surgisse do nada como presente de Ares, mas nada aconteceu. Ela cruzou os braços com raiva.

Depois... Teve uma idéia.

Pegou a sua mochila e achou um dracma de ouro. Deu trabalho fazer um arco-íris, mas quando conseguiu, jogou a moeda.

Pediu para que Íris se conectasse com o seu pai, e esperou alguns instantes.

Uma imagem tremeluziu na sua frente. Ares estava levantando um peso que marcava 5 toneladas. Impossível.

- Oh paaaaaaaaai! – Gritou ela.

O Deus da guerra deixou o peso cair com um susto. Não tinha notado a ligação de Íris, por isso a voz de Mariana o pegou de surpresa.

- O que...?! – Ele cobriu os ouvidos, mas logo os destampou quando viu Mariana. Ele fez uma careta – Aaah... O que você quer?! Não está vendo que estou ocupado?!

- Isso pode esperar. – Falou Mariana em um tom superior como se ela fosse a Deusa, e ele um simples mortal – Como você deve ter notado, pai... A minha lança quebrou.

- E eu com isso?! – Resmungou ele irritado – O problema é seu.

Mariana ficou ofendida. Seu pai não estava dando a mínima para o sofrimento dela por sua arma perdida.

- Mas...! Mas papai...! – Seus olhos se encheram d’água – Eu quero uma lança nova! Ou quero que você concerte ela!

- Estou pouco me ferrando para a sua lança. – Retrucou ele indiferente.

- Não! – Berrou Mariana batendo o pé no chão com força – Você vai me dar uma lança, senão...! Senão eu vou gritar até todos nesse acampamento ficarem surdos!

Ares sorriu.

- Vai. Ferre eles. Não estou nem aí. Não é comigo mesmo. – O Deus da guerra deu de ombros, e encerrou a ligação.

Mariana ficou de queixo caído. Ela reclamou mais um pouco, e estava pronta para ligar novamente para Ares, mas... Não tinha nenhuma outra moeda. Ela foi deitar-se para dormir.

Seus amigos e ela estavam em perigo? Algo de ruim estava prestes a acontecer? Ela não estava nem aí.

- Ferre-se! – Pensava ela – Se eu não tenho a minha lança, então também não quero saber de mais nada! Humpf!

Bia andou lentamente até a porta do chalé de Atena. O vento batia suavemente contra o seu rosto, bagunçando levemente o seu cabelo cacheado, mas ela não estava nem mesmo sentindo.

Sua cabeça parecia o motor de um carro funcionando a mil por hora. Ela estava imaginando qual seria a ligação entre Percy Jackson e os doze semideuses da profecia. O que poderia ser?

Era um mistério. Pelo menos por hora.

Bia sempre gostou de mistérios, mesmo que na maior parte das vezes ela não conseguisse solucioná-lo. Gostava de quebrar a cabeça tentando achar a resposta para uma pergunta.

Ele se lembrou de como Atena respondeu a pergunta deles no Olimpo. “Mas como os quatro indeterminados não morreram?” foi o que perguntaram. A deusa da sabedoria deu um largo sorriso e contou detalhe por detalhe, como se fosse um daqueles detetives de livros de suspense.

Bia sorriu. Talvez ela não pensasse tão bem quanto a sua mãe, mas... Ela tentava. Isso devia agradar Atena de alguma forma, certo?

Isso não a faria desistir. Ela continuaria treinando a sua mente para um dia ser igual a sua mãe. Sábia, inteligente, simplesmente genial!

A filha de Atena abriu a porta do chalé.

O lugar era grande, com certeza. Mas a maior parte dele era ocupada por estantes com milhares de livros (a maioria em grego antigo) e escrivaninhas cheias de papeis com desenhos de prédios bem elaborados.

Os beliches eram postos no outro lado do quarto, quase como se fossem deixados de lado. Como se dormir não fosse algo tão bom ou importante quanto ler um livro, ou desenhar um edifício.

- Oi? Tem alguém aqui? – Chamou Bia olhando em volta. Nenhum de seus irmãos estavam lá.

Bia resolveu parar um minuto e refletir sobre o que tinha acontecido. Se eles estivessem mesmo em problemas, dessa vez ela iria encontrar a solução.

- Ok. Todos os campistas devem estar com Percy Jackson, filho de Poseidon. Aquelas duas garotas estavam com ele também. Todos estavam machucados. ­– Pensou Bia analisando a situação – Ele esteve em algum lugar nem um pouco seguro. Aqueles monstros podem ter sido mandados atrás deles. Afinal... O Acampamento Meio-Sangue tem uma barreira contra monstros, não é? Uhm...

Ela sentou-se a sua cama e parou para pensar um pouco.

Percy tinha dito algo á Connor e a Travis Stoll, antes de ficar inconsciente. Algo que eles não podiam contar para os doze.

Da primeira vez foi do mesmo jeito. Uma profecia tinha sido feita e ninguém quis contar á eles. Só podia ser isso.

Uma nova profecia havia surgido.

Talvez, pensou Bia, talvez seja uma profecia tão horrível que eles não querem nos contar por medo. Mas... Por quê? Não deviam ter medo de nos contar uma coisa dessas!

  Ela olhou em volta. Todas as camas estavam arrumadas. Geralmente os seus irmãos não passavam muito tempo dormindo. A maioria virava a noite acordada lendo os livros das estantes.

Eram tantos... Tantos que Bia duvidava se um dia conseguiria ler todos. Se bem que ela queria. Sempre gostou de livros.

- Não! Não mude o foco, Bia! Pense... – Pensava ela repreendendo a sua própria falta de concentração – O Olimpo deve estar com problemas de novo. Acho... Acho injusto aqueles idiotas não contarem para nós sobre a nova profecia! Somos meio-sangues que nem eles! Que injustiça!

Uma coisa que Bia detestava era quando alguém era injusto com ela.

Na escola interna quando os professores reclamavam com ela, mesmo prestando atenção na aula, era um bom exemplo.

Uma dúvida passava pela sua cabeça.

Se ela era uma filha especial de Atena, ela não deveria ter poderes impressionantes, ou um super cérebro? Ela via as suas irmãs agindo de forma mais inteligente que ela o tempo todo.

 Pensaram na estratégia de batalha da captura da bandeira, enquanto ela só observou tudo.

Nina ganhara o jogo com uma estratégia bolada por Amanda, filha de Hermes. Hermes nem mesmo era lembrado pela sua inteligência, ou sabedoria. Só pela sua malandragem mesmo.

- Ah... Jogada de sorte. Mas... ­– Pensava Bia – Foi melhor do que eu consegui fazer... Será que não sou tão especial?

Ela se sentiu um pouco desanimada.

E quanto á Annabeth?

Ela era uma de suas irmãs. Algo nela... Bia tinha uma certa intuição que dizia... Praticamente gritava, que Annabeth sabia exatamente o que estava acontecendo.

Era uma filha de Atena, e parecia ter muita experiência com batalhas. Só de olhar para ela, via-se isso. Seus olhos cinzas sempre estavam fixos em um ponto exata, mas por alguma razão a sua mente parecia estar longe dali.

Bia resolveu parar de pensar um pouco.

Ela foi trocar de roupa no banheiro. Ainda estava usando o seu equipamento de guerra, e assim que notou isso no espelho abriu um largo sorriso.

Se Amanda estivesse ali apertaria as suas bochechas e falaria: “Essa é a minha corujinha! Que gracinha!”.

Corujinha.

Adorava aquele apelido.

Depois de trocar de roupa e por o seu pijama, Bia foi direto para a sua cama. Antes, pegou a sua mochila. Dentro estavam vários pertences pessoais, entre eles... O seu celular.

Ela sabia que não podia fazer ligações, pois isso atraia monstros, e a última coisa que ela queria naquele momento, era mais problemas. Imaginava que os outros campistas, juntos de Quíron, estariama discutindo o que fazer sobre o tal problema.

Seria isso tão sério assim?

Da última vez, eles tiveram que ir atrás de um objeto perdido, que caso caísse nas mãos erradas, ameaçaria todo o Olimpo. Os titãs... Aquelas eram as mãos erradas.

Mais uma peça para o quebra-cabeça, pensou ela. Os titãs devem estar planejando alguma coisa. Algum tipo de golpe ou coisa do tipo.

Ela se lembrou de quando Nina, Bruna e ela foram parar na loja de Grace, a feiticeira filha de Circe. Lembour-se claramente daquela caixa encantada de Morfeu, o titã do sono. Mas... Mais claramente ainda da cara de Apolo ao ver o objeto.

O Deus do Sol ficou completamente rígido. Ele encarava o objeto com uma mistura de medo e preocupação. “Vamos embora daqui. Não precisamos disso.” Ele tinha dito algo parecido.

Bia pensou que, se realmente tivesse algo a ver com os titãs, então o Olimpo deveria estar em pânico naquele exato momento.

- Ai... – Suspirou ela olhando para o seu celular.

Ela apertou alguns botões e abriu a galeria de fotos da máquina. Lá estavam as mais hilárias cenas presenciadas no colégio interno. Bia passou as fotos e foi para as gravações.

- Vocês já viram que tem gente que anda rebolando?! Mais ou menos assim. ­– Disse Rodrigo no vídeo. Ele imitou uma pessoa rebolando, e Bia riu.

Próximo vídeo.

- Tchutchuca treme o bum-bum, treme, treme, treme! ­– Cantava Flávia de um jeito fofo, enquanto Natália e o Rhamon faziam coreografias engraçadas ao lado dela.

Próximo...

- Legal é você entrar na sala de aula e vir o professor dizendo: “Olá! Hoje tem teste de Geografia”. Você fica com cara de paisagem e fala: “Bom dia para você também”. – Falou Amanda fazendo uma de suas caras de paisagem mais engraçadas.

Bia riu. Próximo...

- Está me chamando de porco?! Está me chamando de porco?! É senhor porco para você! – Falou Rhamon fingindo estar completamente irritado.

Próximo...

- I’ll be there for yoouuuuu! Cause you’ll be there for me toooooo! – Cantava todo mundo junto em um tom extremamente desafinado.

Bia teve que abaixar o som um pouco para poder ver o próximo.

- Está gravando? Está...? Ah, tá? Oi! ­– Falou Amanda sorrindo e acenando para a câmera. Ela fez uma pose de “sou uma repórter demais” e continuou – Pois é... Essa é uma segunda feira, e sim... Estamos nesse maldito colégio interno. Maaaas, é um dia especial! Porque hoje é aniversário da chica!

Atrás de Amanda, Nina fazia umas caretas para a câmera. Bia riu lembrando-se disso. Continuou assistindo.

- Sim! – Exclamou Flávia feliz – Viu Bibis? Quando você vir esse vídeo, espero que você goste! Eu fiz esse desenho para você, olha! Essa garotinha com rosto de criança malandrinha é você!

­- Aaaaw! – Fizeram Nina e Amanda.

- Vai a merda, seu babaca! Já falei para me dar o meu relógio de volta! Não ferra, porra! ­– Exclamou Rodrigo no fundo acabando com o momento.

- Porra, Rodrigo! Nós estamos gravando um vídeo para dar parabéns á Bia! ­­– Reclamou Nina.

- Ah, tá gravando?! – Exclamou ele. A câmera tremeu um pouco, e Bia pode ouvir uns sons de reclamações. A cara de Rodrigo ficou mais próxima da lente, o que assustou-a um pouco – Que fique registrado que aquele Manolo roubou o meu relógio! – Ele filmou o Rhamon que estava comendo um sanduíche, mas depois passou para o Vinícius, que olhava com cara de “Ahm?” para a câmera, e por fim para Mateus com o relógio de Rodrigo – Fim de gravação! Sem mais palavras.

O vídeo acabou e Bia riu lembrando-se de como foi engraçado ver aquilo pela primeira vez. Amanda tinha conseguido roubar o celular dela. Nina teve a idéia de gravar isso. Flávia complementou. E Rodrigo bagunçou tudo.

Eram estranhos e doidos, mas eram seus amigos.

Ela não bolaria uma estratégia somente para impressionar sua mãe, mas também para ajudar seus amigos. Estava completamente determinada, e não os deixaria na mão.

Com esse pensamento... Ela foi dormir.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?

Levantem o braço se acham que a Bia consegue pensar em uma boa estratégia!

Ok, quero reviews!

Até o próximo!