Friends By Fate 2 - Enemies By Fate escrita por Mandy-Jam


Capítulo 5
Natália preocupada, Rhamon despreocupado...


Notas iniciais do capítulo

Mais um...



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Natália entrou no chalé 3 totalmente esgotada.

Não estava acreditando que novos problemas tinham acabado de surgir. Aquilo não era nem um pouco justo!

- Aaaah, mas que droga! – Resmungou ela revirando os olhos.

Natália foi direto para o banheiro trocar de roupa.

O chalé 3 também era bem grande. Tinham umas 4 beliches, mas todas elas estavam vazias. Natália era a única filha de Poseidon e não gostava nem um pouco daquilo. Tudo bem... Ela tinha um quarto ótimo só para ela.

Ela amava ter seu próprio espaço, sem ter que dividi-lo com as outras pessoas. Podia deixar seu quarto bagunçado sem que ninguém nem mesmo ligasse ou a mandasse arrumá-lo. Podia ouvir a música que quisesse sem incomodar ninguém... Podia fazer o que quisesse com completa liberdade.

Mas ela queria que tivesse alguém ali que pudesse explicar as coisas para ela um pouco melhor. Sabia que era filha de Poseidon, mas... O que mais? O que ela podia fazer? Seu pai era Deus de que exatamente (além do mar)?

Claro. Tinha esse tal de Percy Jackson, mas ele estava desacordado, o que não era um bom sinal.

Natália se perguntou se ele teria ido para uma missão igual á deles. Não tinha a resposta para a questão, e quanto mais buscava por ela, mais questões sem resposta surgiam em sua mente. Era um ciclo vicioso!

- Natália? – Chamou uma voz do lado de fora do chalé – O Zoiúdo Segundo está com você? Eu não acho ele!

- Ah... Ele está aqui sim, Flávia. – Respondeu ela adivinhando quem era.

- Tá bom. Eu vou esperar. – Respondeu Flávia, e então começou a cantarolar uma música, baixinho. Natália riu ao ouvir aquilo.

Não acreditava que poderia existir no mundo nada mais fofo que a Flávia. Ela era delicada e inocente. Ao mesmo tempo que aquilo era bom, Natália achava que devia protegê-la. Mas não como se ela fosse uma criança, é claro.

Flávia precisava de proteção, talvez por ser muito... Ela. A mente de Natália estava confusa até mesmo quando pensava nisso.

Encima de uma mesa feita de conchinhas do mar estava o Zoiúdo Segundo. Ela o pegou e abriu a porta. Flávia continuava cantarolando e olhando para o céu paciente.

- Zoiúdo! – Sorriu ela – Aaaw, obrigada Natys!

- De nada, Flávia. – Falou Natália.

- Agora sim, eu vou poder dormir. – Ela abraçou o bichinho de pelúcia feliz.

- Tente descansar mesmo. – Concordou Natália – O dia hoje foi bem cansativo.

Flávia assentiu e virou-se. Natália ficou pensando que talvez ela estivesse certa. Flávia era realmente muito frágil. Mas...

- Natália... – Falou Flávia sem se virar.

Ela olhou para a filha de Apolo novamente.

- O que foi? – Perguntou Natália distraída.

- Descanse mesmo, certo? É que... – Flávia virou-se. Ela não estava mais sorrindo. Agora seu rosto estava um pouco tenso. As sobrancelhas franziam o seu cenho levemente, como se estivesse pensando em um calculo matemático – Eu... Sinto uma coisa estranha.

- Sente... O que? – Perguntou Natália um preocupada.

Flávia olhou em volta para ver se era realmente seguro contar. Ela correu até a porta novamente e aproveitou que não tinha ninguém olhando para contar.

- Apolo é o Deus das profecias. – Disse Flávia em um sussurro. – Eu... Sinto que somos nós.

- Somos nós o que? – Perguntou Natália sem entender – Como assim nós?

- Nós somos diferentes dos outros. – Disse Flávia. Natália pode notar que seus falas não tinham muita ligação. Parecia que ela era o Oráculo de Delfos – Somos especiais. Temos poderes e habilidades especiais.

- É... Já falaram isso para nós. – Concordou Natália – Mas porque está me falando isso?

- Porque eu sinto que se tiver uma nova profecia... Se tiver uma batalha... Nós vamos ter que ir. – Falou Flávia – Nós... Devemos representar os chalés. Os doze Olimpianos.

Natália estava um pouco assustada. Ela não acreditava que Flávia estava falando isso. Naquele momento a doce e inocente filha de Apolo, não parecia assim tão doce. Parecia uma daquelas pessoas que vêem o futuro, e tentam alertar aos outros nos filmes de terror.

- Você viu alguma coisa? – Perguntou Natália.

- Não... É só uma sensação. – Disse Flávia – Mas é muito estranho. Parece que... Estou vendo o futuro. Como pequenos pedaços de cenas futuras. Não as imagens, mas... A idéia principal.

- Flávia... – Natália queria dizer para ela que aquilo era besteira, mas ela mesma achava que talvez aquilo realmente pudesse significar alguma coisa – Acho melhor esquecer isso por enquanto. Vamos descansar assim como você disse, mas... Deixe isso para amanhã, certo?

Flávia assentiu e suspirou.

Em seu rosto não havia mais um sorriso. Seus olhos fitavam o Zoiúdo Segundo. A filha de Apolo deu boa noite para Natália e foi para seu chalé.

Natália entrou novamente em seu quarto, e fechou a porta atrás de si. Estava imaginando quais seriam os problemas que os esperavam. Depois daquele momento com a Flávia, ela notou que só podia ser com eles.

Tinha que ser com eles.

Nina e Amanda falavam nisso o tempo todo. Mesmo antes de entrar para o Acampamento Meio-Sangue e descobrirem que eram semideuses, elas falavam que eles doze eram tão azarados... Mas tão azarados, que se sempre que algo de errado fosse acontecer, aconteceria com eles.

Era algo terrível de se pensar, mas o que mais incomodava Natália era que elas duas estavam realmente certas! Nada de certo parecia acontecer com eles nunca.

Ela se jogou na cama já com seu pijama e resolveu deixar isso de lado até o dia seguinte. Não iria conseguir resolver nada mesmo, então... Era melhor dormir.

Rhamon se arrastou até o seu chalé. Tinha gostado de usar os seus poderes de garoto cevada na batalha das bandeiras, ou seja lá que nome eles davam para aquilo.

Ele abriu a porta do chalé 4 e entrou.

Era um lugar bem confortável. A maior parte dos móveis, chão, teto, paredes, e até mesmo camas era feita de madeira. No canto direito tinha uma pequena lareira, que desde que ele chegou lá (há três dias atrás) nunca tinha visto alguém usar.

- Tudo bem. É só para mostrar para os outros chalés que nós somos seres superiores e temos uma lareira. Fuck yeah! - Pensou Rhamon com um sorriso no rosto.

Embora ele tivesse alguns irmãos e irmãs, nenhum deles estava lá.

Percy Jackson... Talvez devessem estar ajudando aquele cara, pensou ele.

Rhamon aproveitou. Adorava seus irmãos e tudo mais, mas ficar sozinho também era bem legal. Ainda mais quando ele queria ir no banheiro sem ter que encarar uma boa fila.

Ele trocou de roupa e foi para a sua cama. O chalé tinha mais ou menos umas 7 beliches, embora nem todas fossem realmente usadas. Rhamon gostava de dormir na parte debaixo do beliche, pois acreditava que seria engraçado rir da cara de alguém que caísse da cama de cima.

Também porque ele imaginava que a qualquer momento o Acampamento poderia ser atacado por monstros ou coisa parecido. Nunca se sabe.

Nesse mundo louco da mitologia qualquer coisa pode acontecer, pensava ele. Tinha certeza de que enquanto ele estava tentando dormir, as pessoas dos chalés estavam falando sobre algo ruim. E tinha certeza de que aquilo envolvia os doze azarados.

Ele nunca reclamou de se ferrar o tempo todo. Na verdade... Rhamon não dava a mínima. Até por que... Ele não se ferrava sozinho. Ele se ferrava em grupo.

Costumava passar horas rindo das situações terríveis que eles tinham enfrentado junto de Rodrigo, e do resto das pessoas do grupo. Natália costumava apostar com ele quantas vezes Rodrigo se ferraria em um dia, e ele quase sempre perdia.

Achava que seriam menos vezes.

Depois de tirar o a sua armadura de batalha e colocá-la em um armário especial para equipamentos de guerra (coisa que ele achava muito legal, já que o Acampamento Meio-Sangue deveria ser o único lugar que tinha um armário assim) ele se jogou na cama.

- Aee! Paz e sossego! – Comemorou ele em voz alta.

- Não sabia que queria tanto se livrar de nós. – Riu uma voz feminina entrando no quarto. Era Katie Garden.

- Opa! – Exclamou ele surpreso e ligeiramente envergonhado – Sinto muito. Eu só... Não é que eu não...

- Eu entendi. – Riu Katie indo para o armário de equipamentos de guerra guardar o seu elmo – Irmãos são legais, mas um tempo sozinho também é ótimo, certo?

- É isso aí. – Concordou Rhamon rindo.

- Tudo bem. – Suspirou ela cansada. Katie trocou seus sapatos por botas, aparentemente mais confortáveis – Eu também queria um pouco de paz e sossego, mas parece que isso é algo impossível para um meio-sangue pedir.

- Ahm... Só tem eu aqui. E estou quase caindo no sono, por isso... – Rhamon tentou sugerir, mas Katie riu de leve e o interrompeu.

- Não, está tudo bem. – Disse ela – Eu não vou ficar aqui. Tenho que voltar para ajudar o Percy, a Clarisse e a Annabeth. É melhor você aproveitar o seu descanso.

- Enquanto eu posso? – Sugeriu Rhamon tentando completar a frase.

- É... – Katie concordou fitando as suas botas, mas depois notou o que tinha falado e seus olhos se arregalaram – Não! Eu não quis dizer... Ah, droga.

- Katie... Tem alguma coisa acontecendo, e isso tem a ver com nós doze. Esse Percy Jackson está no meio também. Ele disse alguma coisa sobre nós. – Rhamon contou tudo que conseguiu entender das meias conversas que ouvira – Agora... Será que voc~e pode explicar o que está acontecendo?

Katie respirou fundo analisando a situação. Não sabia se deveria ou não contar sobre o que sabia.

- Você sabe. Não tente mentir. – Disse Rhamon.

Katie riu, entretanto sua risada parecia muito mais nervosa, do que descontraída. Ela continuou fitando as botas.

- É tudo culpa daquele maldito lugar... – Resmungou mais para si mesma do que para Rhamon.

Ele franziu o cenho. Katie parecia com sua mãe quando estava falando mal do...

- Mundo Inferior? – Falou Rhamon franzindo o cenho – Você quer dizer que tem algo de errado lá?

- Rhamon, sempre tem algo de errado lá. – Disse ela olhando para ele – A questão é se isso nos afeta ou não.

- E agora está nos afetando. – Concluiu ele.

- Sim... – Respondeu lentamente – Mas... Eu já disse demais. É sério. Não posso contar a história inteira para você. Quíron...

- Ele não vai saber. – Pediu Rhamon.

- Mas você vai. É um dos doze. Não posso deixar. – Disse ela tensa.

- Então isso realmente nos afeta? A nós doze? – Falou ele rindo da própria desgraça – Nossa! Nós temos um azar do cacete!

- Olha a boca! – Reclamou Katie lançando uma almofada nele. Aquilo doeu – Se gosta de ficar xingando então se mude para o chalé de Hades! Ou até mesmo o de Ares! Aqui nós não falamos coisas feias desse tipo.

- Foi mal! Desculpa... Eu esqueci disso. – Falou Rhamon lembrando de como Deméter costumava reclamar disso para ele – Nossa... Você falou igual á minha mãe.

- Igual a nossa mãe. Você não é o único filho de Deméter. – Riu Katie – Mas... Agora eu tenho que ir.

Ela se levantou já com as botas e foi até a porta do chalé. Antes de abri-la olhou para Rhamon.

- Siga o meu conselho. Descanse. – Disse ela – Uma boa noite de sono? Puxa... É o sonho de consumo de qualquer meio-sangue. Quase como um presente dos Deuses.

- Ok. Vou fazer isso sem problemas. – Concordou Rhamon se ajeitando na cama.

Katie saiu do quarto deixando-o sozinho.

- Eu, eu mesmo e a minha tranqüilidade. Ah... Isso é tudo que o garoto cevada poderia pedir. – Pensou Rhamon.

Ele pôs seus óculos na mesinha de cabeceira, e fitou o suporte de madeira onde a cama encima dele era apoiada. O beliche não rangia nem nada do tipo. O chalé de Deméter era o lugar perfeito para descansar.

Pelo menos... Quando não tinha niguém.

Quando seus irmãos e irmãs estavam lá, eles ficavam o tempo todo dando lições de etiqueta e comportamento para todos aqueles que eram mais... “Desordeiros”. Grupo que Rhamon se encaixava perfeitamente. Ele era o único filho de Deméter que não tinha puxado esse lado da mãe...

Nunca xingar, sempre arrumar a cama depois de se levantar dela, não ouvir música alta, não responder os mais velhos, falar com as pessoas quando elas falam com você, não entrar com sapatos sujos no chalé... Eram tantas as regras que memorizar todas era algo humanamente impossível.

Talvez para um semideus filho de Deméter não, mas... Rhamon era uma exceção ao caso.

Ele aproveitou que não tinha ninguém e pegou seu Ipod verde. Colocou uma música do Run DMC para tocar no último volume. Não que o último volume do Ipod fosse algo alto nem nada, pois na verdade era em um tom normal.

Mas aquele era o seu jeito especial de dizer: “Queridos irmãos do chalé, Deméter... Eu estou pouco me ferrando para as suas regras!”.

Ele começou a cantar “It’s tricky” e se lembrou de como Amanda gostava de uma música parecida. Pelo menos... Tinha o mesmo ritmo. “Hey Mickey”. Ele só não lembrava do nome da banda...

- Ai ai... Será que eles ainda estão acordados pensando nos problemas? – Pensou Rhamon.

No fundo ele se preocupava com o que fosse acontecer a eles. Principalmente depois de Katie ter dito aquilo para ele.

Descanso...

Aquilo era realmente algo raro. Raro demais para que pudesse jogar fora. Rhamon virou-se para o lado na cama e fechou seus olhos. A bateria do Ipod estava quase acabando mesmo, por isso nem se importou em desligá-lo.

Provavelmente desligaria sozinho antes que seus irmãos voltassem, o que evitaria ele de ouvir reclamações.

Também não quis ficar pensando muito nos problemas que poderia ter. Se ele se ferrasse, (novamente) seria em grupo. Por isso... Não fazia muita diferença naquele momento.


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Notas finais do capítulo

Espero pelos reviews, again!

Beijos gente!