Friends By Fate 2 - Enemies By Fate escrita por Mandy-Jam


Capítulo 35
John Lennon em ação


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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- Boa sorte! – Foi tudo que Apolo teve chance de dizer, antes dos seis cruzarem a passagem, e entrarem no Mundo Inferior.

Rhamon olhou em volta curioso. O lugar parecia uma grande praça. Como aquelas dos shoppings, onde as pessoas ficam esperando quem está fazendo compras do lado de dentro das lojas.

Só que o lugar era bem escuro. A iluminação tornava possível ver somente o necessário, como os milhares de espíritos tensos que passavam de um lado para o outro. Na frente de uma pequena porta de madeira, estava um homem alto e igualmente tenso.

Uma barba preta longa, e uma pele pálida o tornavam muito aterrorizante.

- Aquele... – A voz de Rhamon falhou – Aquele cara ali...

- Deve ser o Caronte. – Disse Rodrigo em um tom de voz pesado, mas logo depois se animou – Eba! Eu quero falar com ele!

- Ficou louco?! Não vamos assim logo de cara, né? – Reclamou Rhamon, mas o filho de Hades só deu de ombros sem ligar.

- Por que não? Eu mando nessa porra toda, porque o meu pai é o fodão do Mundo Inferior. Eu vou até lá falar com ele, e acabou. – Disse Rodrigo com um tom autoritário e superior.

Sem se importar com nada que os seus amigos pudessem dizer para o contrário, Rodrigo foi até o homem que julgava ser Caronte, e puxou assunto.

- Oi. Você é o Caronte, né? – Perguntou ele. O homem ergueu os olhos para Rodrigo e o analisou por alguns minutos. Por fim, ele assentiu.

- Sou eu. – Confirmou ele – Não fure a fila. Volte para o seu lugar.

- Eu não estou em fila nenhuma. – Disse Rodrigo sem entender o que ele estava dizendo – Só vim falar com você que...

- Se não está na fila, entre na fila. Agora volte para lá. – Disse Caronte em uma voz calma, porém sombria.

- Eu não vou voltar para lá. Eu quero falar com você. – Disse Rodrigo começando a ficar irritado.

- Eu não quero falar com você. Volte para lá. – Disse ele apontando para o lugar de onde Rodrigo tinha vindo.

- Escuta! Eu tenho que ir para o Mundo Inferior, e...! – Rodrigo foi interrompido.

- Todos aqui precisam ir para o Mundo Inferior. Isso não o torna especial, e nem lhe dá o direito de furar a fila. A não ser que você tenha alguns dracmas de ouro sobrando. – Disse ele erguendo uma sobrancelha para o filho de Hades.

- Ahm... – Rodrigo colocou as mãos nos bolsos, mas não achou nada -... Não.

- Então volta para o seu lugar, e espere como todos os mortos daqui. – Disse ele sem querer mais papo com Rodrigo.

Rodrigo ficou irritado e quis reclamar com ele, mas Rhamon apareceu e puxou-lhe pelo braço. Ele levou Rodrigo de volta para perto do grupo, e todos eles tentaram pensar no que fazer.

- Alguém tem alguma moeda? – Perguntou Mateus mexendo nos bolsos – Eu não tenho nada.

- Muito menos eu. – Disse Flávia desapontada – Poxa... Eu podia ter ganho uma moedinha no galpão dos artistas de rua, né? Ninguém me deu nada...

- Aaaaw, eu daria uma moedinha para você, Flivis! – Disse Nina sentindo pena de Flávia e apertando suas bochechas.

- E eu roubaria uma moedinha para você. – Disse Amanda com um sorriso reconfortante no rosto.

- Obrigada. – Sorriu Flávia animada novamente.

- Dane-se a porra da moeda! Nós temos que entrar lá de qualquer jeito! – Reclamou Rodrigo. Ele olhou por cima do ombro e depois olhou para o grupo novamente – Eu podia ir lá e meter a porrada nele.

- Não, não podia. - Disse Rhamon – Nós não estamos mortos que nem essa gente. Nós podemos muito bem sentir dor.

- Já notaram que Rhamon é o nosso senso de segurança? Ele fica tentando controlar as nossas loucuras. – Riu Amanda ao notar isso – Bom garoto.

Rhamon riu e depois olhou em volta. Ficar no meio de tantos fantasmas andando de um lado para o outro, sem rumo nem direção, era algo pouco confortável. Aquelas pessoas mortas estavam presas ali, disso ele entendia. Provavelmente estavam tão duros e ferrados quanto eles, e não tinham nem mesmo uma mísera moeda para dar ao Caronte, para que ele abrisse as portas do Mundo Inferior, dando a elas um último descanso.

- Temos que entrar logo. Não é nem um pouco legal ficar parado aqui. – Comentou Rhamon desconfortável.

- Ah, ótimo! Se você tiver alguma moeda para aquele cara abrir a porta, nós podemos dar um jeito. – Disse Nina esperando que ele realmente tivesse uma moeda, mas Rhamon negou com a cabeça.

Ele colocou a mão no bolso sem nenhuma esperança, mas então achou algo.

- O que foi? Achou uma moeda? – Sorriu Amanda com esperança.

- Não. Melhor. – Disse Rhamon tirando um pequeno saco de couro roxo do bolso. Amanda franziu o cenho, mas então sorriu novamente.

- Já sei! É um saco com várias moedas! Isso é melhor do que só uma mesmo. – Disse ela pensando ter entendido o que era aquilo.

- O que? Não. – Disse Rhamon rindo – Isso é um saco de sementes mágicas.

- É aquele saco que Deméter te deu? Rhamon e o pé de cevada. Eu lembro disso... – Riu Amanda se lembrando de Deméter entregando á Rhamon o saco com as sementes.

- É. É por aí. – Confirmou ele. Rhamon olhou em volta, pensando em um plano.

- O que vai fazer com isso? Dar para o Caronte e pedir para ele fingir que são moedas? – Perguntou Rodrigo rabugento – Essa porcaria inútil não vai ajudar em nada.

- Distraiam ele, e eu vou dar um jeito na nossa entrada. – Disse Rhamon com um sorriso torto no rosto. Com seu jeito um pouco desajeitado, Rhamon correu para longe, deixando seus amigos em pé no mesmo lugar.

- Ok. Eu voto por batermos no Caronte. – Disse Rodrigo levantando a mão.

- Eu voto para batermos no Rodrigo. – Sorriu Nina levantando a mão. Automaticamente, Flávia, Mateus e Amanda levantaram as mãos juntos com ela.

- Tá bom... Eu parei. – Choramingou Rodrigo ofendido – Seus chatos...

- O que temos que fazer é distrair o Caronte. – Disse Flávia docemente – Nós temos que conversar um pouco com ele, e...

- Nem pensar! Eu não quero conversar com ele! – Reclamou Rodrigo. Todos reviraram os olhos cansados, já esperando que ele reclamasse de alguma coisa.

- Por que não? – Quis saber Flávia.

- Porque ele disse que não quer falar comigo. – Respondeu Rodrigo em uma voz de choro magoada. Mas então voltou a sentir raiva – Esse puto! Vou mandar meu pai despedir ele!

- Rodrigo, eu não culpo ele por não querer falar com você. – Disse Nina calmamente e com um largo sorriso no rosto.

- Ah, valeu. Eu também adoro você. – Resmungou Rodrigo.

- Nós vamos falar com ele, quer você queira ou não. – Disse Flávia cruzando os braços.

- Mas ele é tenso! E... Ele não quer falar comigo. – Murmurou Rodrigo.

- É só por isso que você não quer falar com ele? – Insistiu Flávia arqueando uma sobrancelha – Mesmo?

- É! E também... Flávia... Eu tenho medo...! – Rodrigo não completou a frase, pois acabou levando um tapa muito forte no rosto vindo de Flávia. Ele arregalou os olhos para ela, sem esperar que a doce filha de Apolo fosse capaz disso.

- E aí? Continua com medo? – Perguntou ela ainda arqueando uma sobrancelha.

- Você bateu nele mesmo?! – Riu Nina desesperadamente.

- É. É que eu não sabia o que fazer. – Sorriu Flávia voltando ao seu jeito doce – Mas tudo bem, Guigo. Se você tem medo de falar com o Caronte, eu vou lá e distraio ele sozinha.

- O que você vai fazer?! – Perguntou Rodrigo ainda tenso.

Flávia pegou o seu caderno na mochila e escreveu alguma coisa que ninguém entendeu. Depois foi saltitando feliz até o balcão onde Caronte estava.

O homem ergueu uma sobrancelha para ela, e Flávia mostrou-lhe o caderno.

- “Aperte minha bochecha se me acha fofa.”?! – Leu Caronte franzindo o cenho para o papel que Flávia tinha na mão – O que é isso?!

- É que eu achei que o senhor estava muito cansado com o seu trabalho, e que gostaria de apertar a minha bochecha. – Sorriu Flávia do jeito mais doce e inocente que ela podia. Estava na cara que ela não pertencia ao Mundo Inferior. Ela era delicada e fofinha, e tudo naquele lugar era assustador e sombrio.

Caronte revirou os olhos, e soltou um suspiro cansado. Ele esticou seus dedos ossudos e finos e apertou a bochecha de Flávia, como se estivesse sendo obrigado á fazer aquilo.

- Sabe... Esse trabalho é realmente cansativo. – Comentou ele distraído.

- Pode contar para mim. Vamos... Fale tudo para a Flivis. – Sorriu A Flávia paciente. Ele olhou novamente para a Flávia, mas soltou um suspiro cansado e resolveu contar mesmo.

- Eu fico aqui, cercado desses espíritos que só sabem reclamar o dia inteiro, e não recebo nem metade do que deveria. Hades não liga para os meus serviços. Parece que não importa o que eu faça, eu nunca serei realmente apreciado! Nunca recebo um elogio sequer do senhor dos mortos por passar o dia inteiro sentado aqui, cuidando do transporte das almas! – Desabafou ele.

- Isso... Põem tudo para fora. – Confirmou Flávia.

- E tem mais! Toda vez que toco no assunto de um aumento, ele simplesmente ignora a minha vontade. Como se ficar aqui fosse fácil! Tenho que cobrar somente malditas duas moedas por cada alma. Duas moedas! Ele acha que isso é o suficiente para que eu possa continuar trabalhando... – Resmungou ele.

- Mas... Se todas as almas te derem duas moedas... Você tem bastante coisa. – Comentou Flávia confusa.

- Na teoria, sim! Na teoria! Hades sempre fala isso para mim, mas ele não para para pensar que a maioria das almas daqui não tem nenhuma moeda! – Exclamou Caronte furioso. Ele cruzou os braços e começou a resmungar coisas baixas demais para que Flávia pudesse ouvir.

A filha de Apolo pôs-se na ponta dos pés e abraçou Caronte.

- Passou... Passou... – Disse ela dando tapinhas nas costas dele. Caronte franziu o cenho sem entender o que ela estava fazendo, mas assim que ia perguntar notou alguma coisa segurando o seu pé. Ele empurrou Flávia para trás com cuidado e olhou para o chão.

- O que é isso?! – Exclamou ele. Uma planta começava a crescer de modo muito rápido em seus pés. Caronte se levantou e tentou livrar-se dela, mas acabou tropeçando em uma outra planta logo atrás dele – Uma melancia?!

- Muahahahaha! – Riu Rhamon pulando na frente dele de repente. Ele tinha um óculos escuros estilo John Lennon e segurava o seu saco de sementes na mão – Eu sou Rrrrrrrrrhamon! Rrrrenda-se!

Rhamon falou em um sotaque puxado no “R”, o que tornou a cena ainda mais engraçada e sem sentido. Amanda começou a rir do que estava vendo, e Nina a acompanhou.

- Vem! – Chamou Rhamon abrindo a porta que ficava logo atrás de Caronte, que tentava com todas as suas forças lutar contra as plantas, mas não estava se saindo tão bem.

Rhamon abriu a porta e viu que dava para um elevador. Por motivos óbvios... Ele não subia. Só descia.

Nina saiu correndo e pulou para dentro do elevador, seguida por Rhamon, Rodrigo, Flávia e Mateus.

- Rebelião! – Exclamou Amanda rindo e correndo até o elevador. Antes que ela pisasse lá, Caronte segurou seu pulso com força – Ei! Solta!

- Nem pensar, suas pestes! – Reclamou ele tentando puxar Amanda. Ela se debatia e puxava seu pulso para trás, mas não conseguia ser mais forte que ele.

- Não! Rhamon,socorro! Mexe nas plantas! Qualquer coisa! – Pediu ela.

- Cresçam! – Exigiu Rhamon apontando para as plantas. Elas começaram a crescer mais rapidamente, e a puxar Caronte para o chão, mas ainda estava em um ritmo atrasado – Acho que é por causa da escuridão!

- Deixa que eu resolvo! – Disse Flávia correndo para a porta. Ela se concentrou, esticou as mãos e tentou liberar seus poderes – Luz!

  Ninguém pensava que alguma coisa ia realmente acontecer, mas o local inteiro se iluminou repentinamente. Como se fosse em um flash. Caronte foi jogado no chão, e Amanda correu livre para o elevador.

Algumas trepadeiras estavam se enroscando em Caronte, formando um tipo de corda que prendia seu corpo tirando todo seu movimento. Ele se debatia e reclamava, mas ninguém iria salvá-lo.

- Fecha logo essa porta! – Disse Amanda apertando freneticamente o botão de fechar – Temos que sair antes que...!

- Ele não vai se soltar! Relaxa. – Disse Rodrigo tranqüilo.

- Não é com ele que eu estou preocupada! É com eles! – Disse Amanda apontando para as almas que percebiam que a porta do elevador estava aberta. Algumas estavam flutuando na direção do elevador.

- Fuuu! – Exclamou Nina apertando o botão junto de Amanda. As portas se fecharam por pouco, e eles conseguiram descer sem ter que dividir o espaço com milhares de almas ao mesmo tempo.

O elevador descia cada vez mais. Parecia que nunca teria um fim de verdade. Eles desciam e desciam... E desciam mais um pouco... Até que por fim, pararam.

Quando as portas se abriram, eles tiveram vontade de subir novamente. Eles estavam diante do lugar mais terrível e sombrio que já tinha visto em suas vidas. O Mundo Inferior não poderia nunca ser comparado á alguma casa mal assombrada, ou algo do tipo.

Aquele lugar era único. Era bem difícil detalhar o que eles estavam vendo, mas Rhamon conseguiu prestar atenção.

O espaço era enorme, mas do lugar onde eles estavam dava para ver que existia o centro principal, onde três filas estavam localizadas.

Uma levava á um lugar não muito bonito. Outra levava para um campo escuro, onde as pessoas pareciam estar simplesmente paradas em pé sem nada para fazer. O último, e de longe o mais agradável, levava á única área verde e bonita do Mundo Inferior. Deveria ser algum tipo de céu.

- Eu vou procurar ali. – Disse Rodrigo apontando para o lugar.

- Vai o cacete. – Reclamou Nina – A não ser que eu vá também.

- E eu também. – Confirmou Amanda com um sorriso – Eu tenho a ligeira impressão de que eles estão lá.

- Não mesmo. Gente... Concentração. – Disse Rhamon olhando em volta – Sabem muito bem que eles não estão lá.

- Como é que você sabe? – Perguntou Amanda cruzando os braços. Ela estava pronta para usar os seus poderes de persuasão – Veja bem... Analise a situação. Se eu estivesse perdida, pelo menos, ficaria em um lugar seguro e calmo. Não ficaria por aí para ser atacada pelos monstros do Mundo Inferior.

- Tem razão... – Concordou Mateus franzindo o cenho. Amanda olhou incrédula para ele. Ela estava só brincando, mas ele tinha realmente acreditado naquilo.

- Eu concordo com a Amandinha. – Disse Nina levantando os braços – Vamos embora para o céu, galera!

- Eu também quero ir para lá! – Confirmou Flávia.

Rhamon olhou para Amanda, quase que dizendo “Por que você foi falar aquilo?!”, mas a filha de Hermes sorriu sem graça. O filho de Deméter parou para pensar em algo que poderia convencê-los.

- Escutem! Eu sei que vocês querem procurar lá. Mas agora me digam uma coisa... – Disse Rhamon olhando para cada um deles – Se eles estivessem lá, seria uma boa sorte, não é? Nós poderíamos procurar em um lugar legal, e tudo mais.

- Aham. – Confirmou Flávia com um sorriso.

- Agora me digam. Quais são as chances de nós termos sorte em uma missão? – Perguntou Rhamon com um sorriso triunfante.

A animação de todos se acabou em um estalar de dedos.

- Me convenceu. Vamos procurar naquele lugar chamado “Campo das punições”. – Respondeu Rodrigo já indo em direção ao local.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?

Ok... Campos de punições é um pouco exagerado, né?

Vamos ver no que isso vai dar...



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