- Tome isso! – Gritou Mariana dando um soco bem no nariz de um dos filhos de Atena – Quer me encarar, mano? Então caí dentro!

Os outros 3 campistas de Atena saíram correndo. Mariana ficou levemente desapontada por não ter nem tido a chance de usar a sua lança direito, mas mesmo assim fez uma pose triunfante.

Ela estava pronta para continuar a andar, mas sentiu algo tocando as suas costas. Ela virou-se, mas não viu nada. Só tinha uma faca brilhando no escuro da noite, que encostava nela.

- O que?! – Ela exclamou arregalando os olhos – Que loucura é essa?!

- Há! Se deu mal, Mariana. – Riu Bia.

- Bia?! – Perguntou Mariana incrédula. Foi aí que se lembrou que Bia tinha o boné da invisibilidade – Maldita Atena! Por que foi te dar esse boné?!

- Por que o seu pai foi te dar essa lança? Agora vai querer matar qualquer um que aparecer na sua frente. – Retrucou Bia.

- Até mesmo os que estiverem invisíveis! – Completou Mariana movendo a sua lança violentamente contra onde julgava que Bia estava, mas acabou acertando uma árvore. A lança de Mariana se partiu ao meio, fazendo a filha de Ares gritar de raiva e tristeza – Não! A minha lança sangrenta! Não!

- Calma Mariana... – Bia tornou-se visível novamente tirando o boné da cabeça, mas Mariana continuou a gritar e dar chilique – Oh paaaaaaai! Eu quero uma lança nova!

- Você sabe que ele não vai te ouvir, né? – Falou Bia.

- Ele tem que me ouvir! E ele tem que me dar uma lança nova agora mesmo! – Exigiu ela batendo o pé no chão. Bia revirou os olhos imaginando como Ares não matou Mariana ao longo da última missão. Se fosse ela... Já teria dado um fim nisso, mas preferiu não comentar.

- Dá para concertar. – Falou Bia calmamente – Talvez os filhos de Hefesto consigam dar um jeito...

- Não conseguem não! Eles não gostam de mim e ainda por cima são lesados! – Exclamou Mariana.

- Por que eles não gostam de você? – Perguntou Bia.

- Porque eu chamei eles de lesados. – Respondeu Mariana como se ela fosse a vítima – Viu Bia? Eles são muito chatos comigo!

A filha de Atena revirou os olhos.

- Eu quero um abraço. – Exigiu Mariana fazendo beiçinho – E eu quero agora.

- Depois. Por enquanto... Você é prisioneira de Atena. – Bia apontou a faca para ela não se deixando levar por sua cara de tristeza.

- O que?! Você quebrou a minha lança sangrenta, e ainda tem a coragem de me manter refém?! – Berrou Mariana irritada novamente – Vai se ferrar Bia!

- Não! Vai se ferrar você, Mariana! – Rebateu Bia – E eu não quebrei a sua lança coisa nenhuma! Você ia me bater com ela e acabou acertando a árvore. A culpa não é minha se você não pensa antes de agir!

- Ah, valeu! Só porque eu não sou uma nerd como os seus irmãos, quer dizer que eu sou burra? – Exclamou Mariana – Sua mané!

Bia e ela continuaram discutindo, enquanto em um lugar mais para o lado...

- Cuidado! – Exclamou um campista de Hefesto. A água do rio aumentou e lançou os dois campistas para longe. Natália tinha um sorriso no rosto.

- Nossa! Eu não tinha nem idéia de que eu podia fazer isso! – Riu ela feliz consigo mesma – Espero que esteja vendo isso, papai.

Ela tinha sido posta na fronteira, perto do rio exatamente por isso. A filha de Poseidon levantava a água tornando impossível que qualquer um passasse para o outro lado.

- Oi Natália! – Exclamou Nina passando correndo por trás dela. Foi tão rápido que Natália não conseguiu nem mesmo bloquear a passagem.

- Nina! – Exclamou ela surpresa. Natália lançou a água nela, quando Nina estava na metade do rio, mas a filha de Zeus foi mais esperta.

- Engula a minha fucking eletricidade! – Nina esticou os braços e fez com que a água conduzisse a eletricidade até a Natália. Ela levou um choque e caiu para trás. Nina passou para o outro lado e abriu um sorriso.

- Você vai ver! – Reclamou Natália pegando o seu tridente e apontando para Nina do outro lado do rio.

- Veja você. – Disse Nina levantando uma bandeira vermelha com o desenho de um javali. Natália arregalou os olhos.

- Como você pegou?! – Perguntou ela atônita.

- Amandinha me entregou quando nós estávamos perto dos filhos de Íris. Ela fingiu estar ferida para chamar a atenção deles e eu poder fugir. – Sorriu Nina contando – Essa é a minha garota.

Um som foi produzido e ecoou por toda a floresta. Era feito por uma concha de caramujo, coisa que todos os doze acharam bem estranho, mas resolveram esperar para ver o que isso significava.

- Fim da captura da bandeira! – Anunciou Quíron galopando em sua forma de centauro até onde Nina estava. – O time de Atena venceu!

Todos os campistas saíram de onde estavam e correram para a fronteira. O time de Nina levantou ela com a bandeira e tudo e começou a comemorar. Amanda chegou um pouco depois, seguida por Bruna que ainda estava boba com o plano das duas.

- Amandinha! Seu plano funcionou! – Exclamou Nina enquanto era carregada nos ombros por todos os aliados.

- Eu sei! Você conseguiu, Nina! – Sorriu Amanda. Os campistas notaram que ela também teve participação no plano e levantaram-na também.

Nina e Amanda se sentiam como aquelas pessoas que pulam do palco no show de rock e são carregadas pela multidão. Era muito emocionante ficar no Acampamento Meio-Sangue, pois lá era um dos poucos lugares que eles se sentiam aceitos. Era como se fosse uma casa.

Todos sabiam disso, mesmo tendo passados só 3 dias lá.

A bandeira que estava na mão de Nina mudou de forma. O desenho do javali foi alterado para o de uma coruja prateada. A cor vermelha aos poucos se tornou azul escuro. Era muito legal ver toda essa mágica, pensava Nina.

Enquanto os campistas de Atena e aliados comemoravam, os campistas de Ares os vaiavam.

- Esperem pela próxima vez, seus otários! – Exclamou um deles – Vocês não perdem por esperar!

- Ah, claro! Como se músculos vencessem cérebros! – Comentou um campista de Atena, e os outros riram.

Flávia estava comemorando também. Em seu rosto tinha um lindo sorriso feliz, como os das crianças que conseguem ganhar o seu doce favorito. Só que esse sorriso desapareceu assim que seus olhos encontraram algo.

- Aaaaah! – Gritou ela com medo.

Todos pararam aos poucos a comemoração. Colocaram Amanda e Nina no chão, que sem entenderem o que tinha acontecido começaram a olhar para os lados.

- O que foi Flávia? – Quis saber Amanda.

- Por favor, diga que não é um monstro. – Pediu Nina tensa.

- Não! É...! É...! – Flávia estava com medo, mas por fim conseguiu dizer – Ele!

Todos olharam para onde ela tinha acabado de apontar. Infelizmente... Não se tratava de uma pegadinha ou uma brincadeira.

Um garoto se aproximava deles mancando, em um ritmo extremamente lento. Como estava de noite, só era possível ver a sua silhueta. Os campistas observaram apreensivos, mas por fim descobriram quem era.

Cabelos pretos bagunçados, um corte na testa de onde saia um pouco de sangue, jeans surrado e rasgado em certas partes, e a inconfundível camisa laranja do acampamento, só que extremamente encardida.

Os olhos verdes do garoto encontraram os semideuses que o observavam. Ele levou um minuto para identificar o que estava vendo, mas quando percebeu sua boca se abriu ligeiramente.

- Ge... Gente... – Falou em forma de gemido.

- Percy! – Exclamou Micheal Yew com os olhos arregalados.

- Percy Jackson! – Disse Quíron também surpreso.

Rapidamente o seu nome ecoou por entre os campistas. Todos eles diziam “Percy Jackson” uns para os outros. Até mesmo os filhos de Ares.

- Quem é Percy Jackson? – Perguntou Rodrigo para Rhamon que estava ao seu lado. Ele encolheu os ombros sem saber.

- Sei lá. Mas... Acho que deve ser um meio-sangue também. – Respondeu Rhamon olhando para o garoto se aproximar.

Todos esperavam que Percy Jackson fosse falar alguma coisa, mas para a surpresa e o medo de todos... Ele caiu no chão.

- Precisamos de um médico! – Gritou Michael Yew correndo para perto de Percy.

- Percy! – Exclamaram Connor e Travis juntos.

- Ah, não! – Exclamou Katie Garden correndo até lá também.

Os doze meio-sangues se juntaram. Eles eram os únicos do acampamento inteiro que não tinham idéia de quem Percy Jackson era.

- Ambriosia! Néctar! Vamos! – Pedia um curandeiro do chalé de Apolo. Um montinho se formou em torno de Percy Jackson, tornando impossível dos 12 verem o que estava acontecendo.

- Percy! – Exclamaram duas vozes ao longe.

- Vocês doze! Corram e avisem para elas o que aconteceu! – Pediu Quíron olhando para o relevo.

Os doze não tiveram escolha. Eles saíram correndo em direção á colina, de onde tinham ouvido as vozes. Duas garotas estavam correndo em direção á eles.

Uma era loira de olhos cinzentos. A outra tinha cabelo castanho.

Nenhuma das duas pareciam estar em condições melhores que a do garoto de olhos verdes. Suas roupas estavam manchadas e rasgadas. Em seus braços, joelhos, testa, e em outras partes do corpo era possível ver machucados de todos os tipos. Desde cortes, até hematomas.

- Ei! Vocês! – Exclamou Rodrigo – Conhecem aquele garoto?!

- Percy Jackson?! – Perguntou a loira com cabelo bagunçado. – Sim! O que aconteceu?! Ele está bem?!

- Você é Annabeth, não é? – Perguntou Bruna se lembrando – E Clarisse.

- Desembuchem! O que aconteceu com ele?! – Perguntou Clarisse preocupada e irritada. Mesmo no escuro eles puderam notar que seu rosto estava com olheras, e arranhões.

- Não grite com a gente! – Reclamou Mariana.

- Como é que é?! – Clarrisse e Mariana estavam prestes a se matarem, quando Amanda entrou no meio.

- Calma! Acho que já temos coisas demais para nos preocuparmos, não é? – Falou ela olhando para Mariana.

Clarisse virou Amanda para poder olhá-la nos olhos.

- Fale logo! O que houve?! – Quis saber. Amanda pode notar que ela estava sem fôlego. Como se tivesse acabado de completar uma maratona.

- Percy Jackson... Ele desmaiou, eu acho. – Contou com cuidado – Mas os campistas de Apolo estão cuidando dele.

- Di immortales... – Murmurou Annabeth – Ele vai ficar bem?! Ele...?

- Vocês duas estão bem? – Perguntou Flávia de repente. Todos olharam para ela. – É que... Eu meio que... Sinto que vocês estão tão ruins quanto ele.

- Você é o que, vidente?! – Resmungou Clarisse com raiva – Ninguém te perguntou nada, por isso cala essa boca!

- Ela só está tentando ajudar! Cala essa boca você, sua babaca! – Falou Mariana irritada com ela.

- Fale assim comigo e eu vou quebrar a sua cara! – Berrou Clarisse furiosa.

- Pode vir então! – Berrou Mariana.

As duas iam se bater novamente, quando ouviram um som estranho. Annabeht arregalou os olhos para Clarisse.

- Pensei que eles tinham ficado para trás! – Berrou ela.

- Droga! – Resmungou Clarisse com um pouco de medo – Eles devem ter nos seguido... Temos que lutar.

- O que?! – Perguntou Rhamon olhando em volta – O que foi que seguiu vocês?!

Eles fizeram silêncio ao ouvirem um sibilo cortar a escuridão. Na verdade... Foi tão alto que não tinham idéia se era só um ou mais de dois. Não tinha como saber.

Amanda sacou a sua espada, e Rodrigo a sua foice.

- Vamos ter que lutar sozinhos. – Disse ele.

- Sabia. – Comentou Amanda – Os outros estão ocupados demais cuidando do Percy Jackson. Somos só nós 12, e... Vocês duas.

- É melhor não. – Disse Flávia – Vocês duas não estão bem.

- Como sabe disso?! Me sinto ótima. – Insistiu Clarisse.

- Uhm... Eu sou filha de Apolo. – Falou Flávia – Talvez seja uma das minhas habilidades especiais, mas... Eu sinto que vocês não estão bem.

- São vocês?! Os doze da profecia! – Disse Annabeth surpresa.

- Os doze da profecia. Que nome lindo. – Disse Nina revirando os olhos.

- Somos nós. – Respondeu Rodrigo com pose de “fuck yeah”.

Ele achava que aquilo era uma coisa ótima, mas acabou quebrando a cara quando Clarisse comentou para Annabeth...

- São eles que estão ferrados. – Disse ela.

- O que?! De novo?! – Exclamou Rodrigo desfazendo a pose – Como assim estamos ferrados?! Explica isso!

- Não temos tempo para isso agora! – Repreendeu Rita – Preste atenção nos monstros!

Ela tinha razão. Enquanto eles discutiam, Rita foi a única que notou que três mulheres cobras se aproximavam cada vez mais. Como todos os outros campistas estavam ocupados, eles teriam que enfrentá-las sozinhos.

- Lá vamos nós de novo... – Pensou Nina enquanto pegava um de seus raios.