Take My Hand And Never Be Afraid Again. escrita por biamcr_


Capítulo 5
Desenhos e cigarros.


Notas iniciais do capítulo

Por mais que eu tente não fazer isso, sempre acaba saindo super dramático os capítulos, né?



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Eu caminhava pelos corredores da escola, como de costume, mas algo estava diferente. Todos me olhavam com nojo, alguns até cochichavam enquanto me olhavam e riam. Tudo bem que nunca fui socialmente aceito, tão pouco popular, mas aquilo não costumava acontecer. Continuei a andar em direção à sala de aula, ao chegar lá encontrei Gerard. Ele estava diferente, seu sorriso doce havia dado lugar a uma expressão maliciosa e ele estava cercado por garotas. E ria de mim também.

– O que aconteceu, Gerard? – Perguntei, confuso.

– Você não entende, não é? Não entende que ninguém gosta de você e que você nunca será nada? Seu homossexual maluco! Você não consegue aceitar que as pessoas não gostam de você, que eu não gosto de você, e mesmo assim continua se jogando pra cima de mim. Você não é nada, Iero. Nada!

Acordei suado e assustado, e logo as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Tudo não havia passado de um sonho, mas mexeu muito comigo. Levantei da cama, tomei meu banho e fui pra escola, ainda pensando no sonho. Nem fiz questão de parar na casa do Way pra ver se ele iria comigo, estava muito mais preocupado com meus pensamentos. E se tudo que eu havia sonhado era verdade? E se ele não gostasse de mim? E se eu estivesse apenas me iludindo com uma amizade? Tudo parecia ter sentido, Gerard nunca demonstrou sinais de realmente gostar de mim. Era tudo coisa da minha cabeça, ele era só meu amigo. Era. Pois agora não falaria mais comigo, não depois de eu ter agarrado o coitado no parque.

Cheguei à escola, peguei meus livros no armário e fui pra sala. Gerard não estava lá. Sentei-me em meu lugar de costume, não era igual com aquele vazio na mesa ao lado. É incrível como eu consegui me acostumar com a presença dele em tão pouco tempo. A aula se passou normalmente, ou seja, tediosa e se arrastando. O intervalo chegou e eu estava me dirigindo ao pátio da escola quando um professor me chamou.

– Iero, venha cá.

– Sim? – Perguntei, totalmente desinteressado.

– Vejo que anda muito com o senhor Way, estou certo? – Apenas concordei com a cabeça – Ele esqueceu esse caderno na escola, teria como devolvê-lo?

– Ah, claro. – Respondi, pegando o objeto. Era o caderno de desenhos do Gee! Por algum motivo, sempre quis saber o que estava lá.

Sentei em uma das mesas e abri o caderno e, para minha surpresa, o que estava lá era... Eu! Dezenas de mim! Gee era realmente um grande artista, pois os desenhos estavam iguais à mim, e tinha uns que eu parecia mais bonito que na realidade. Não pude evitar um sorriso bobo aparecendo nos meus lábios. Não prestei atenção no resto da aula, estava empolgado demais pensando nos desenhos. O último sinal bateu, saí correndo pra casa com o caderno. Mas, na verdade, eu não sabia o que fazer. Será que eu teria coragem de ir até a casa dos Way? Mas, bom, ele não teria como me correr de lá, afinal eu ia fazer um favor à ele!

Larguei minha mochila, peguei o caderno de desenhos e fui para a casa dele. Confesso que fiquei muito nervoso quando bati na porta, mas agora não tinha mais como voltar atrás.

– Hm, Donna? O Gerard está?

– Na verdade, ele saiu, querido. Pelo que disse, foi à algum parque ou coisa assim...

– Ah, sim, obrigado. – Forcei um sorriso e corri para o parque. De uma maneira ou outra, aquele era meio que o nosso lugar.

Durante o caminho, percebi que o tempo estava ficando feio, parecia que poderia começar a chover intesamente a qualquer momento. E começou, quando eu cheguei ao parque abandonado já chovia fracamente. Procurei por Gerard nos lugares que costumávamos ir, mas ele não estava lá. Nessa hora tive que esconder o caderno dentro do moletom pra não molhar. Continuei a procurar, nada dele por lá. Eu estava quase desistindo de procurar quando avistei alguém, encolhido num canto, perto de umas árvores que mais pareciam o começo de uma espécie de floresta.

Me aproximei cada vez mais, e lá estava ele. Gerard Way, sentado no chão, um cigarro entre os dedos e uma cara de doente.

– O que você acha que está fazendo com essa porra, Gerard? – Perguntei sem pensar.

– Ah, olá, Iero. – Respondeu. Quando ele me olhou, percebi que seus olhos estavam... mortos. Aquele não era o Gerard que eu conhecia. E não houve nem um único sorriso ao me ver. Mas que se importa com a reação dele ao me ver? O que me revoltou mesmo foi o que ele estava fazendo à si mesmo. – O que você quer aqui?

– Ah, eu vim te devolver...

– Depois, ta? Agora me deixa sozinho. – Ele levantou-se, colocou a capuz do moletom, pois agora já chovia forte, e saiu.

– Gerard, volta! – Gritei, furioso. – Para de agir como uma criança! – As lágrimas já escorriam pelo meu rosto – Para de fingir que não se importa. Eu te conheço, Gerard. Eu sei que você é sozinho, assim como eu. E sim, eu gosto de você, OK? Eu te amo! E eu sei que você sente alguma coisa por mim também, mas tem medo de admitir. Cresça e tenha coragem de admitir isso, OK? Pega essa porcaria – joguei o caderno no chão – e sim, eu vi o que tem aí!

Saí correndo pra casa nem ao menos dar a chance dele responder, eu não agüentaria ouvir mais desculpas.


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Notas finais do capítulo

Super me inspirei numa cena da Naomi e da Emily da série Skins pra fazer essa cena deles na chuva haha