Um Deus da Guerra escrita por Yes


Capítulo 7
Capítulo 7: Dona Cantina e Seus Dois Idiotas


Notas iniciais do capítulo

Hey! Espero que gostem!



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A primeira coisa que eu notei quando acordei foi que estava tarde. Devia ser pelo menos meio dia. Não me pergunte por que eu notei isso. Eu também não me importo.

Ou não me importava. Até notar que era mais tarde do que eu pensara, ao olhar para meu relógio no pulso e constatar que era quase uma da tarde. E uma e quinze em ponto a droga do internato tinha a mania irritante de fechar a cantina.

Porcaria!

Dei um pulo na cama. Ai! Droga, eu sempre esquecia que tinha o beliche em cima. Esfreguei o cocuruto enquanto colocava os pés no chão gelado. Droga, droga, droga.

Corri até o banheiro, joguei uma água no rosto, passei desodorante, coloquei uma regata preta da banda The Runaways, e lutei com a calça jeans gasta. Enfiei nos pés um All Star roxo de cano alto enquanto ia pulando num pé só até a penteadeira e pegava uma liga. Amarrei meu cabelo no alto sem me importar com as mechas que ficaram soltas por serem mais curtas.

Só eu acho que a desgraça tem um apreço enorme por mim?

Saí correndo. Caramba, essa pressa toda me fizera mesmo esquecer de brigar com Kyle. Se bem que, esfomeado do jeito que ele é, devia estar se empanturrando de alguma droga na cantina.

Maldita cantina. Ela é tão cheia de gente. Um bando de porcos fedidos comendo como se não houvesse amanhã em uma sala enorme cheia de mesas e uma fila quilométrica em que você passa anos a fio. Definição de cantina.

Quando entrei nesse lugar, a primeira coisa que notei foi a fila. Uma fila enorme. Bufei. Ótimo. Muito bem, Maddeline.

Depois de passar quase duas horas na fila, peguei uma bandeja e me servi de... Cachorro-Quente?!

-O QUE? Como assim? Que tipo de pessoa come cachorro-quente NO ALMOÇO?

Perguntei irada à atendente. Ela só deu ombros com um olhar entediado que me fez amaldiçoá-la.

-Desculpe filha, foi a única coisa que sobrou.

Ela murmurou. Eu bati a mão na bandeja, irritada.

-Ah vá! Então me dê pelo menos dois! Ora, cachorro-quente! Beleza, um internato que se chama Caliel e ainda por cima serve cachorro-quente no almoço!

Reclamei, bufando. A moça só me deu mais um cachorro quente, e eu saí sem agradecer, procurando Cassie.

Nem precisei procurar muito. Tinha uma baixinha de cabelo laranja abanando a mão e berrando:

-Hey, Maddie! MED! MADDIE!

Andei rapidamente até ela e joguei minha bandeja na cadeira em frente a ela.

-Oi Cass.

Cumprimentei. Então dei uma olhada no que ela estava comendo; lasanha e coca-cola.

-Beleza!

Exclamei, roubando um pedaço dela e jogando na boca. Cassie primeiro riu e depois se fingiu de irritada.

-Ei! Eu ia comer isso!

Eu dei ombros, ainda mastigando e olhei para um garoto que devia ser mais novo do que eu, dezessete anos talvez, cabelo cor de palha e óculos de nerd que estava me encarando.

-QUIÉ? Perdeu alguma coisa na minha cara, otário? Se manda!

O menino pareceu assustado e deu um pulo na cadeira, virando-se para seus amigos nerds estranhos.

-O que foi, Maddie? Acordou de mau humor?

Zombou um ser infernal que estava se aproximando. Ares. Engoli a lasanha e olhei com uma cara maligna para ele.

-Já disse para não me chamar assim.

Falei, comendo meu cachorro-quente como se não ligasse muito para situação. Há! Se ele soubesse que havia uma luta interna em mim nesse exato momento. Um lado, o lado mais fraco e vulnerável, começou a ficar com os joelhos tremendo e a boca seca. O lado mais forte estava com tanta raiva que podia socar o nariz dele naquela hora mesmo.

Ah, eu o odiava. E principalmente, o odiava por me fazer gostar dele.

Cassie ficava alternando o olhar entre mim, sua fiel, meiga, doce e amável companheira (há!) e o desprezível Ares.

-Então...

Cass começou, como se querendo que eu os apresentasse. Primeiro fiquei confusa. Eles não já se conheciam? Ah, foda-se.

-Zé Tonhão, Cass. Cassie, este é Zé Tonhão.

Falei, limpando molho do canto da boca. Só depois notei que as sobrancelhas de Cass podiam se fundir com o couro cabeludo de tão erguidas que estavam.

-Que foi?

Perguntei. Ela debochou com um suspiro.

-Zé Tonhão?

Ora pombas. Primeiro pergunta o nome dele, depois fica insatisfeita quando eu o digo. Vai entender as garotas de hoje em dia.

Tudo bem, tudo bem, o nome dele não era Zé Tonhão. Era Ares. Até me lembro que Cass falou algo sobre contos de fadas nórdicos, ou algo assim, que tinha um anjo chamado Ares que era o cara responsável pelas flores, ou coisa parecida. Sei lá. Eu não estava prestando atenção. Só que me lembro que costumava chamá-lo de Zé Tonhão por ele ser um daqueles clássicos brutamontes dos musicais da Disney que acabam com a cabeça na privada no fim do musical.

Ou terminariam, se eu mandasse naquilo tudo.

-Quem você acha que eu sou, mocinha?

Rosnou o dito cujo, sentando do meu lado, e olhando para Cassie com seus olhos (não me diga Maddeline! Pensei que ele tivesse olhado com o nariz!) (Ah, foda-se. Sou eu que estou narrando mesmo. Eu que mando nessa porra!) sim, com seus olhos estranhamente brilhantes.

-Ah... Mais uma pessoa que Maddie vai irritar até a morte?

Ela perguntou com um sorriso bobo. Ah, Cass adorava tentar me fazer passar vergonha. Vai tentando, patricinha. Você ainda tem que ouvir muito rock para chegar ao meu nível de ironia.

Ei, isso pode ser legal. O que será que aconteceria se eu tentasse ensiná-la a ser uma Rock Girl?

Ares deu um sorriso sarcástico e Cassie deu um daqueles sorrisos oi-eu-tenho-32-dentes, enrolou uma mecha de cabelo no dedo e retocou o gloss. Ah, eu sempre esquecia que uma vez Cassie, sempre Cassie.

Ela era fofinha por natureza. Fazer o que. Se eu a apresentasse a um metaleiro, provavelmente o ensinaria a se vestir.

Enquanto Ares era um idiota.

-Ah, Maddie não vai me irritar, Cassie. Eu a conheço faz algum tempo. - Ele deu um esgar sinistro que provavelmente fez as outras pessoas tremerem de medo, por que desviaram o olhar. Mas Cassie não era normal. Ela era um ser fofinhamente fofinho, e retardado.

-Olha Med! Ele disse que te conhece faz tempo! Own, por que você nunca me falou dele?

Ela perguntou com os olhinhos brilhando, como se dissesse “olha só Med, esse podia ser seu namorado! Por que você não me contou dele? Eu posso imaginá-los se beijando!” Eu limpei minha boca com as costas das mãos incrédula.

-Ora, mas eu falei...!

Fui me explicando indignada quando Ares, o idiota, enfiou a mão na minha bandeja e pegou meu outro cachorro-quente.

-Ei! Isso é meu!

Interrompi minha outra frase, furiosa.

-Correção: isso era seu, queridinha. – Ares deu ombros, e então olhou por cima da minha cabeça. – Assim como eu estava aqui antes do seu namoradinho chegar.

Eu virei a cabeça de repente, ao mesmo tempo que Cass, para encarar olhos azuis e um cabelo castanho macio e ondulado. O cara-do-nome-de-periquito, Kyle.

Por algum motivo ilógico, eu corei. Não me pergunte por que. Não teve nada a ver com Ares dizer que ele era meu namorado. Aposto que foi por causa de toda essa exposição ao sol, e coisa e tal.

-Ele não é meu...

Falei em tom irritado, mas quando me virei para Ares, ele já estava andando. Só olhou para mim para sorrir e sussurrar:

-Tchauzinho, Maddie.

Ah, Ares adorava me irritar. Fechei as mãos em punho.

MADDELINE!

Kyle sentou ao meu lado e eu o olhei com repulsa enquanto seu amigo, Paul, sentava ao lado de Cassie. Ele e Cass tinham se tornado muito amigos desde que Kyle e eu viramos inimigos mortais. Que ironia, hã?

-Qual o problema com Maddie?

Perguntou Kyle, roubando meu refrigerante. Ah, qual é! Essas pessoas adoram me roubar! Por que não vão pegar uma coisa delas mesmas, droga?

Eu já ia responder que o problema era “não pergunte que eu não soco a tua cara feia” quando Cass soou meio magoada, dizendo,

-É, qual o problema com Maddie?

Tá. Eu fiquei sem graça. Isso não quer dizer nada, paçoca.

-Ah... Veja bem, primeiro, só Cass pode me chamar assim. – Eu disse e funcionou. Ela sorriu. – E segundo, que tipo de pessoa vem a sua cabeça quando eu digo “Maddie”? Sabe, esses nomezinhos de princesa do rosa, terminados com ie. Sophie, Lucie, Julie, Bonnie, Minnie, Tracie, Jennie, Maggie, Allie, Lacie, Stacie, enfim, eu podia continuar com a lista por anos a fio. Ah, e claro, o pote de ouro da Marvell, Barbie. Sei lá. Nomes fofinhos e delicadinhos de gente refinada não combinam comigo.

Dei ombros, tomando de volta a droga do meu refrigerante. Claro que agora o canudo tinha sido usado pelo imbecil do Kyle. Mas ele não tivera nojo da minha baba, eu não ia ter da dele e dar um motivo para ele dizer que eu tinha muito a ver com “Maddie”.

-Ah, como se “Maddeline” não fosse nome de gente refinada, não é?  - Zombou Kyle. Ele balançou as mãos. – Ah, me deixaeu adivinhar. Você é a irmã mais nova. Têm duas irmãs chamadas Guinevere e Kathleen, sua mãe se chama Grace e o pai Reginald, e vocês moram em uma super mansão fora da cidade, uma casa em Nova York, uma super empresa bilionária e uma casa de veraneio em frente ao mar na Califórnia e outra na Flórida. Oh, você não agüentou a pressão e precisou fazer alguma coisa para mostrar que não era igual a eles. Acertei?

Eu o encarei, a raiva subindo no peito.

-Primeiro, Kyle O’Connell, você não sabe nada da minha vida. Então cale a boca! E se meus pais fossem ricos, por que eu estaria nesse inferno?

Perguntei, irritada. Ele parou por alguns segundos, e então sorriu.

-Tudo bem. Vamos começar de novo, sem ter em mente que você a garota mais problemática que eu já vi na vida.

-Não sei se encaro isso como elogio ou se parto uma bandeja na sua cabeça.

Murmurei, encarando Cassie. Ela parecia estar segurando a risada junto com Paul.

-Ótimo! Meu nome é Kyle O’Connell. Eu preguei uma peça boba na minha antiga escola. Coisa boba. Era só traquinagem de moleque, sabe? Uma piada. Pena que os caras não têm senso de humor. Por isso vim parar aqui.

Paul revirou os olhos, e replicou com uma voz rouca, jogando uma bolinha de guardanapo no idiota do meu lado. Céus, eu estou mesmo cercada de imbecis, não estou?

-Você jogou o carro do Chapman do telhado, seu animal.

Kyle deu ombros, divertido.

-Naaah, ninguém saiu ferido, saiu? Mas você não pode dizer nada. – Ele sorriu e piscou para mim e para Cassie. – Ele invadiu o sistema de segurança do colégio. Por sorte, isso causou uma distração para ninguém me ver passar com um carro até o telhado.

Cassie riu com educação enquanto em bufava. Pessoal mais idiota! Quem não vê um carro indo pro telhado? Ele é mais ou menos do tamanho de, sei lá, tipo... Um carro!

-Como você pegou o carro?

Perguntei de má vontade. Se ele achava que me impressionava, estava muito enganado!

-Do mesmo modo que peguei seu celular faz alguns minutos.

Ele sorriu travesso e girou o meu celular nas mãos. Inevitavelmente uma das minhas mãos checou meu bolso. Droga, vazio!

-Devolve, seu pequeno ladrãozinho!

Berrei, tentando tomar.

-Só se você me disser como você veio parar aqui.

Eu bufei quando ele ficou de pé e esticou a mão. Mesmo eu sendo alta, ele era mais alto que eu.

-Ah, eu vou te mostrar. Foi com esse punho que vai socar a sua cara!

Pulei, tentando pegar.

-Naninanão! Vamos, Maddie, conta para mim!

Ele balançou o celular perto de mim e depois tirou quando eu quase o peguei.

-Cala a boca, O’Connell!

Eu tomei em pulso e quase pulei em cima dele, mas ele pulou pra trás.

-Opa. – Disse surpreso, enquanto tentava não cair. – Mais sorte da próxima vez!

Se virou e saiu correndo, o safado!

-Aaah, devolve!

Berrei, e saí correndo atrás dele. Maldito Kyle! Se tivesse pegado qualquer outra coisa, eu poderia ter ficado quieta e conversar com Cassie normalmente. Mas não! Tinha que ser o meu celular!

Maldito!


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Notas finais do capítulo

Hey. Desculpem, gente, pelo atraso. O negócio foi que eu to sem net. Agora to usando a da minha avó. Eu posto de novo assim que for possível!