Moi Et Mes Voisins Gangsters escrita por Meg_Muller


Capítulo 1
Prologue - Ennui


Notas iniciais do capítulo

Eu aqui de novo :)

Tradução: Prólogo - Tédio



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Olhar a vida alheia não é uma coisa boa.

De verdade.

Olhe pra mim, no meio de uma cidade que não conheço com pessoas que não falam o mesmo idioma que eu, esperando alguém que se a policia pegasse a ficha criminal ia demorar séculos para terminar de ler, que por detalhe eu mal conheço.

Uma simples estudante, uma simples estudante entediada que decidiu parar com o seu tédio observando a vida alheia.

Pequei? Jurei que não.

Mas ao lembrar da frase dele.

"Ela sabe de tudo, precisamos fazer algo a respeito".

Vem-me a mente de que sou mais uma daquelas idiotas que se mete onde não lhe é chamado, e olhe só aonde vim parar... na Cidade Luz. Eu sei, e se não estivesse tão assustada e inquieta, eu realmente aproveitaria o ambiente.

Ou vai me dizer que em Paris qualquer um pode aproveitar ignorando a situação? A faça-me o favor, até alguns meses atrás eu também pensava assim e vou contar-lhes agora o porquê de toda essa mudança e toda essa agonia.

Era uma bela manhã de verão ou outono, (estava saindo da casa dos meus pais para ir pra faculdade em outra cidade, estava emocionada com a idéia de me tornar mulher... acha mesmo que daria muita importância ao ambiente?) e ia com o meu primeiro carro, no primeiro mês da minha habilitação para dirigir, sair pela primeira vez da minha cidade.

Nem parece que é a minha primeira história, não é? Mas acreditem ou não, ela é! Talvez eu desista da carreira que meus pais querem pra mim e vire escritora, que magnífico!

Sabe aqueles pais que abrem à poupança assim que descobrem que vão ter bebê e guardam todo o dinheiro pra quando o felizardo for pra faculdade, meus pais são exatamente assim, e faculdade pra mim significava vida boa.

Nada de quartinhos de pensões como meus amigos, tinha um apartamento só meu, com vizinhos que se vocês os visse, também queria que fossem só seus.

Acho que no começo tinha um amor platônico pelo mais velho, que homem é aquele, ah é, não contei, mas meus vizinhos são três. Três homens, e QUE homens.

Com a falta do que fazer enquanto as aulas não começavam, comecei a observá-los.

O porteiro do bloco era bem simpático e amava gorjetas, aí, ele era uma fonte inesgotável de informações, o que foi? Quando se tem dinheiro e não tem com o que gastar, é ótimo fazer um bom investimento e meu Deus! Eles eram O investimento.

Descobri que saiam muito, que recebiam visitas sinistras e que gostavam de carros esportivos pretos. Decorei o horário que eles saiam e chegavam e lá estava eu para gravar a face dos acompanhantes, visitantes ou parentes.

Até que um dia criei coragem para permitir que eles me conhecessem. 

Vesti-me da mesma maneira que eles, pus até uma bota de couro preta sem salto, e é claro o sobretudo preto.

Sai de casa o mesmo horário que eles de casa e esperamos o elevador juntos, eu e o mais velho. Eu nem conseguia respirar direito. (Quando você sair ao mesmo tempo em que o seu vizinho... suspeite que possa não ser coincidência).

Ele abriu a porta e segurou para que eu entrasse. Ai, ele tinha me visto! Quanta emoção.

Fiz isso por alguns dias até que no quinto dia, aconteceu o inesperado.

Entrei no elevador primeiro como todo dia e quando a porta do elevador estava fechando ele olhou pra mim.

-Você tem relógio?

Para o mundo. A voz dele era tudo. Rouca, séria, sexy... aquele homem estava querendo me matar, não estava preparada para tamanha emoção.

Continuei olhando pra ele com aquela expressão abobada, nem me fale, ás vezes fico com raiva de mim mesma.

-Você sabe as horas?

Ele investiu novamente. E eu estava imaginando o nosso casamento. Eu o veria pela primeira vez com um traje que não fosse totalmente preto.

-Você poderia me dizer, por favor, se sabe ou não as horas?

Ele falava e eu imaginava as pequenas crianças de cabelos prateados correndo pela casa me chamando de mamãe.

O elevador chegou ao térreo e ele saiu.

Depois que o elevador se fechou eu balancei a cabeça e me chamei de estúpida tantas vezes que nem consegui me olhar no espelho naquele dia.

Tudo podia ter sido diferente se eu não fosse tão retardada.

Eu teria respondido.

Nós teríamos conversado.

Ele teria se apaixonado pela garota interessante que eu sou, e estaríamos felizes com nossos filhos em uma casa de campo, ou talvez não tivesse dado tempo pros filhos ainda, mas o que importa somos nós, e a casa no campo. Exagero? Sonhar não é pecado.

Depois daquela porcaria de último encontro que tivemos resolvi romper nosso relacionamento elevadorial (Não entenderam? É porque era no elevador dã.) e não sai mais com ele.

Mudei de alvo treinando com o espelho o que diria da próxima vez que um homem daqueles me perguntasse às horas.

-Hora de ver que monumento tem a sua frente e parar de fingir que não notou.

É... essa realmente não colaria.

-Hora de adiar o compromisso e dizer a futura mãe dos seus filhos que a ama.

E se ele pegasse o celular e ligasse pra outra? Não. Isso não.

-Hora de me beijar.

Fútil e atirada. Não mesmo!

Mas de qualquer jeito o meu próximo alvo não é do tipo que pergunta as horas, ele é uma versão mais jovem do anterior, com uma expressão mais infantil eu diria.

Passei uma semana indo com ele no elevador, e acreditem ou não, ele não se preocupava em me deixar entrar primeiro, ele nem ao menos segurava a porta! E depois de uma semana nem me perguntou as horas! Nem uma vez que fosse! Mais uma desilusão amorosa, o meu consolo é que o mais velho era mais bonito, e ainda tinha me dado bola, ah, pelo menos ele falou comigo.

E até que fim ocorreu algo pra ocupar a minha vida. Começaram as aulas.

As aulas eram normais, professores irritantes, professores competentes, professores mal-amados, professores carentes. São praticamente as cinco espécies existentes na faculdade, mas como eu sou uma aluna exemplar... minha preocupação maior é com os alunos.

É certo que eu não achei que ia encontrar inúteis vagabundos bêbados na faculdade de direito, mas o fato é que não me dei muito bem com ninguém lá. Não sou anti-social. Tenho aquele grupinho de colegas felizes, mas nada que me emocionasse. Nenhum que desse pra levar pra sua casa no natal ou ação de graças.

E novamente, o bom na cidade, eram meus vizinhos, e foi mais ou menos nesse momento que a porcaria toda começou.

Tudo estava tão monótono na minha vida que eu decidi de uma vez por todas por um fim no tédio. Prometi a mim mesma investir naquele projeto: Ia conhecê-los, fazer amizade e me tornar parte da família, casando com o bonitão dos olhos dourados que faz meus olhos cintilarem como raios do sol (nasci pra ser escritora, diz aí...).

Talvez a parte de se casar não se promete muito, mas que eles iam acabar com o meu tédio eles iam.

Instalei uma câmera escondida na MINHA porta, não estou invadindo a privacidade de ninguém, que isso fique bem claro, ou vocês queiram que eu ficasse o dia com o olho grudado no olho mágico? Eu tenho que ir assistir às aulas...

E notei que todos os dias eles recebiam embrulhos em caixas de papelão pretas, mas nem a coisa do porteiro quis me dizer nada a respeito, ele tava começando a me sair caro.

Notei que uma mulher, e eu odeio admitir, mas ela é realmente bonita, os visita todo o final de semana, e eu não sabia por que ia fazer compras no mesmo horário, e ela também traz algumas caixas e desmonta muitas coisas, porque no final de semana o apartamento faz muitos sons estranhos, mas não pensem sacanagem, porque eu também já pensei, e tenho certeza que ninguém faz isso abrindo e jogando caixas fora, apesar de que é cada fetiche absurdo nos dias de hoje...

Voltando, essa mulher tem cabelos castanhos longos, olhos castanhos, um corpo escultural e usa uma roupa colada preta, com detalhes vermelhos para minha surpresa, alguém que visita ou mora aquela casa do visinho não se veste como quem vai a um funeral.

Mas voltando a minha vida amorosa, depois das desilusões que tive com os outros dois, fui de encontro ao terceiro.

"Enquanto há vida, há esperança".

E não me vesti de preto, acho que isso estava dando má sorte, vai que eles acreditam que os opostos se atraem?

E adivinhem só, esse cedeu aos meus charmes, ou talvez ele se rendesse ao charme de qualquer uma, mas deixem-me sonhar em paz!

Ele é lindo também, não mais que o Ollie é claro... Ah é! Eu não contei! Depois de umas boas conversas, e umas boas gorjetas, descobri o nome deles com o Emanuel (O velho porteiro).

Oliver: O bonitão alto que podia ter se casado comigo e me dado belos filhos de olhos dourados se eu soubesse responder as horas em meio a um turbilhão de hormônios em fúria.

Bruno: O emburrado mal-educado que nem abria a porta pra mim e nem investiu no nosso relacionamento perguntando as horas.

Enzo: Bom esse eu ainda não conhecia direito até a parte que eu contei então...

Aí por intimidade por termos tido um relacionamento elevadorial, eu chamo o Oliver de Ollie. Lindo não?

Bom, deixe-me contar do Enzo! Nós fomos no mesmo elevador ele segurou a porta pra mim e me deu "Bom dia" e adivinhem só, eu respondi! Talvez eu estivesse ficando menos tímida ou ele não me causasse tanto impacto quanto o Ollie, mas ainda assim ele era lindo! Então...

-Mora naquele apartamento ao nosso lado?

-Sim.

-Há quanto tempo?

-Há algumas semanas.

-Semanas? Como posso não ter te visto em tanto tempo? – Ele perguntou mais pra si mesmo do que pra mim. – Porque tenho certeza que se tivesse visto algo tão lindo assim antes, não teria esquecido.

Senti meu rosto ruborizar, tinha treinado um diálogo por toda a semana. Não ia falhar agora.

-Ah, obrigada... – Respondi com um sorriso leve fazendo a garota modesta.

-Então... Na sua casa ou na minha?

Arregalei os olhos. Ele tinha lido meus pensamentos!

-A gente nem se conhece ainda... – Comecei porque parem e pensem, ele conhece o Ollie e é minha obrigação fazer a garota fofinha não atirada.

-Não seja por isso. – Ele rebateu rindo e estendendo a mão. – Enzo.

-Isabella. – Me apresentei também apertando a mão que ele estendia.

-Agora que estamos sem empecilhos, seu apartamento ou o meu?

-Minha falta de organização tende a desanimar o clima, então...

Ele começou a rir, não esqueço dessa cena nunca, tentei perguntar o porque e ele continuou me olhando e rindo.

-Que bonitinha você. – Foi a única resposta que eu consegui até que comecei a rir também, mas o meu era de nervoso, que cara tenso! Mas de qualquer jeito ele era minha porta para o destino: Oliver.


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Notas finais do capítulo

E aí está postada novamente.E sinceramente pessoas, se leram até aqui vá mais um pouco e escreva sua opinião porque é importante pra mim saber o que estão achando.Isso foi escrito a uns cinco anos atrás ou mais e ai está... espero q tenham gostado mas independente da sua opinião, diga pra mim o q achou.