Gatah em Chamas escrita por tucci


Capítulo 4
Dando Palestra


Notas iniciais do capítulo

Tentei deixar o Tom menos gay!



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Finalmente, o recreio. Após duas cansativas aulas de química, um intervalo. Combinações da tabela periódica pulsavam na minha mente. Inferno de química.
- Animada para o encontro das piriguetes? - perguntou-me Tom, rindo.
- Rá, muito engraçadinho você - respondi, aborrecida.
- Vamos lá, Agatah! Tem um monte de gatinhos! - Rose tentou animar-me.
- Hum - resmunguei em resposta, carrancuda. Na verdade, eu já tinha um "gatinho".
- Olá, Tom! - ouvi uma voz irritante familiar dizer.
- Oi! - Tom parecia estar animadinho com a ideia de ficar com as piranhas. Quem sabe eu teria uma conversinha com ele mais tarde. - Onde é que vocês ficam?
- Naquele canto, onde está o Damon - a voz da Erika tomou um leve tom de irritação ao pronunciar a última palavra, quase como um rosnado.
Tom piscou discretamente para Rose, como cúmplices, e ela retribui com um sorriso agradecido. O que estaria acontecendo lá? Pensei em perguntar para Rosalie, mas achei melhor esperar um lugar com menos piriguetes.
Seguimos para onde estava Damon, e, quando chegamos lá, ele olhou para a Erika com nojo e desprezo. Já ela o ignorou completamente.
Não me senti nada confortável ou a vontade naquele grupo; ia contra os meus princípios. Estava quase com vergonha de mim mesma, ali, no meio de um monte de vadias cachorras piranhas putas e... Você entendeu.
- Alguém aí vai levar um convidado para a festa? - perguntou Bella.
- Eu vou levar o meu irmão, Edward. Ele é muito gato, meninas! Já vou avisando... - disse Alice.
- Opa! Já estou interessada! - brincou Bella.
- Eu vou trazer a minha prima, a Marcela. - disse Tom, alegremente.
Eu gelei totalmente. Como assim...? Eu ia ter que dividir o MEU gato? Fiz uma cara de surpresa total.
- Quem? - perguntei, quase com um rosnado.
- Minha prima brasileira. Nós somos como irmãos.
- Hum... - respondi, já irritada. Ia estragar os meus planos! - Os convidados ficam em quartos separados, só para ela saber.
- Sério? Não sabia... Mas tudo bem. Bem melhor assim - disse ele me dando um olhar penetrante que pareceu entrar em mim, causando-me calfrios por todo o corpo. Desviei o olhar e sorri, um pouco constrangida. Não ia me segurar por tanto tempo ao lado daquela gostosura. E parecia que ele também não queria se segurar nem um pouco naquele quarto.
- Melhor assim - concordei, olhando novamente em seus olhos verdes, que transmitiam uma certa safadeza.
Por um momento eu quase havia esquecido da presença das minhas três amigas, e me mexi, desconfortável.
- Ahm, acho que vou comprar alguma coisa pra comer - disse.
Caminhei em direção a cantina e, no caminho, escutei alguém falar comigo.
- Sabia que é proibida a entrada de animais no colégio, vira-lata? - Senti um calafrio percorrer as minhas espinhas. Era a Victoria. Comecei a tremer de raiva e tentava me controlar, com as unhas cravadas nas minhas mãos, e eu não me surpreenderia se já estivesse sangrando. Respirei fundo duas vezes antes de virar-me para ela.
- Ah, ficou bravinha, foi? - A Victoria, a Letícia e a Brunna riam gostosamente de mim.
- O que vocês querem - consegui dizer. Todos estavam distraídos conversando, e nós falávamos a um tom de voz muito abaixo dos outros. Ninguém prestava atenção.
- Olha, o gato sabe falar! - observou Brunna, fingindo estar impressionada.
- Sabe também estrangular bonequinhas; é seu esporte favorito! - disse, indiferente, me controlando e entrando no jogo delas.
- Ah, cuidado que ele morde! - brincou Letícia, rindo. - E fica esperta pra ver se ele não tem raiva; é transmissível!
Comecei a irritar-me novamente.
- Qual é o problema de vocês comigo? Será que só porque eu não tenho que fingir toda hora que gosto de alguém (a Erika) e tenho que apoiar ou rir de tudo o que ela fala vocês tem algum tipo de inveja inconsciente de mim, sei lá!
Elas olharam-me por um instante, perplexas, como se o que eu disse fosse algo de outro mundo ou completamente ininteligível. Após o choque inicial, a Victoria conseguiu dizer alguma coisa.
- Nós não fingimos que gostamos de ninguém. A gente adora a Erika. Ela é nossa diva. Não é, pessoal?
- Totalmente - confirmou Letícia. - Ela só está dizendo isso porque tem inveja de nós, super populares, cheias de amigos gatos e rodeadas de gente legal e bonita como nós, os populares.
- É, estou vendo as pessoas legais e bonitas! - ironizei. - E essa obsessão por popularidade é tanta que fingir a vida inteira que gosta da Erika já é normal, do dia a dia. E para quê isso, vocês podem me dizer? O que vocês vão ganhar sendo "populares"? O que aconteceu com vocês, eram tão divertidas, alegres, de bem com a vida, pouco se fudendo para a imagem ou popularidade, xingávamos tanto as piriguetes seguidoras da Erika... E agora estão aí, contradizendo o próprio passado, fazendo o que toda vadia faz: zoando e menosprezando quem não é puta e sendo um servo da "super vadia", ou Erika, vocês escolhem. Isso é angustiante, até dá nojo de presenciar essa transformação. Para que largar toda a felicidade de ser quem você é, sem preocupação com a imagem, para se tornar popular? O que aconteceu com vocês?
Quando acabei o discurso, cansada, senti que desabafei o que estava preso na minha garganta desde que elas ficaram "amigas", vamos dizer assim, da Erika. Estava me sentindo muito mais livre.
Olhei ao redor e percebi, constrangida, que todas as atenções do pátio estavam voltadas para mim.
Pigarreei e dei um sorriso amarelo.
- Então... Er, gostaram do discurso? - perguntei como uma imbecil. Idiota, idiota, idiota. Ah, que vergonha!
Escutei alguém batendo palmas. Procurei entre a multidão e vi Rose sorrindo para mim, aplaudindo freneticamente. Bella, Alice e Tom seguiram o exemplo. Em questão de segundos, praticamente o pátio inteiro estava me aplaudindo, com exceção da Erika, algumas de suas seguidoras e as três piriguetes convertidas. Agora sim eu entendia o real significado da expressão "cara de cu".
Fiquei lá que nem uma idiota no meio do pátio, totalmente corada e envergonhada. Devia tentar controlar um pouco meu tom de voz enquanto estou desabafando.
Os nerds, principalmente, olhavam-me como se eu fosse uma espécie de deusa para eles. Me senti completamente constrangida.
Fui me deslocando para perto dos meus amigos em meio de aplausos, e procurava freneticamente um buraco para me esconder ou enfiar a cabeça. Cheguei perto de Tom e, instantaneamente, me senti mais segura.
- Ah meu pai, que vergonha do cacete! - sussurrei para ele. Felizmente, os aplausos começaram a cessar e eu enterrei a cabeça no peito de Tom. - Foi muito vergonhoso? - perguntei em um som abafado.
- Foi maravilhoso! - exclamou ele.
Afastei a cabeça de seu peito (muito aconchegante, pelo visto) e olhei para o seu lindo sorriso. É só vê-lo que eu ganho o meu dia. Sorri instantaneamente de volta.
- Uau, Agatah! Foi incrível! - parabenizou-me Rose, maravilhada. - Foi inspirador!
- Já pode dar palestra! - brincou Alice, sorrindo.
- Sensacional! - comentou Bella, marcando cada sílaba.
Olhei para aqueles quatro rostos me apoiando nesse momento tão vergonhoso e lembrei a total diferença entre ter verdadeiros amigos e falsas seguidoras.


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Notas finais do capítulo

Rewiews!