No meio da floresta, bem escondida, onde costumava ficar a casa que eu conhecia, estava uma casa bem maior, como aquelas de filmes antigos. A casa era linda. Totalmente perfeita. A pintura da casa era azul claro e branco, com detalhes nas paredes. Tinha 4 enormes janelas na frente, e em cada janela, tinha uma pequena varanda. Nas laterais também tinham janelas: 4 em cada lado, também com sacadas. Porém, apesar do ar antigo, dava pra ver que era bem mais moderna. A porta era enorme, de madeira escura, com maçanetas douradas. O jardim da frente tinha todo o charme de jardins antigos, com um caminhozinho de pedra separando o jardim em dois, como em palácios da época de minha família.

– Carlisle queria uma coisa mais simples comparada à outra casa; que lembrasse as casas da infância dele. Bem, acho que conseguimos, não é? – Esme disse, descendo do carro. - Alice deu a idéia do jardim e de bastante coisa lá dentro.

– Aah, eu quero conhecer! – Pedi, empolgada.

Tia Rosalie me deu a mão e me puxou para mostrar a casa por dentro. Realmente, por dentro, ela bem mais moderna. Era bem iluminada, por causa das enormes janelas, com os pisos de madeira e as paredes, em sua maioria, brancas. Os quadros do meu avô estavam pendurados nas paredes. Na sala, uma poltrona branca estava em frente de uma enorme televisão, com um puffe vermelho e outro branco no fundo. Ao lado da sala de TV, estava a sala de música, com um piano, uma bateria e um som.

– Quem toca bateria nessa família? – Perguntei, espantada. Achei que de instrumento aqui, só era permitido o piano!

– Emmett insistiu para comprar uma. De tanta insistência todo mundo acabou concordando – Tia Rosalie respondeu, revirando os olhos.

Fomos para outro cômodo. A sala de jantar, com uma mesa bem grande, de vidro, um dos poucos móveis que continuaram depois da reforma. Tinha a sala de jogos, invenção de Emmett e Jasper, com vídeo games, sinuca, ping-pong, totó e muitos outros. Devia ser bem legal ficar nessa sala. Tinha a biblioteca do meu avô, que era linda e enorme também. Com milhares de livros de todas as épocas, temas e línguas diferentes. Com certeza, passaria muito tempo aqui. Adorava ler, e quando vovô me mostrou sua biblioteca na nossa antiga casa, passava mais tempo lá, principalmente quando Jake tinha que ficar em La Push resolvendo suas obrigações de Alfa. Lembrar de seu nome fez uma pontada de dor gritar em meu coração. Me encolhi na hora. Papai colocou a mão no meu ombro, e me deu um sorriso, que me acalmou bem a tempo, antes de eu começar a desmoronar em lágrimas.

Continuamos o nosso passeio pela enorme casa. Meus tios me mostraram seus quartos e o quarto dos meus avós. Passamos por uma porta fechada, várias vezes, mas ninguém a abriu. Por fim perguntei:

– O que tem aqui dentro?

– Carlisle? – Tia Rosalie perguntou, como se perguntasse se podia me mostrar.

– Abra, Nessie. – Meu avô disse.

– Tudo bem então.

Fiquei chocada quando vi o quarto. Tinha um tom fraco de lilás em três das paredes, e a quarta era roxa, com uns detalhes que davam a impressão de ser arranhada. Cheio de livros, bichinhos de pelúcia, um computador preto e uma cama enorme, com uma colcha branca maravilhosa. O quarto todo tinha um cheiro amadeirado que por ter quase certeza de quem era, achei melhor ignorar. Só podia ser coisa da minha cabeça.

– Esse é seu quarto aqui, Nessie. Eu e Rosalie que decoramos. – Tia Alice disse, sorrindo.

– Eu adorei, tia! É perfeito, gente! – Falei abraçando as duas.

Em cima da cama havia um mural de madeira, cheio de fotos minhas com o pessoal da reserva. Tinha fotos com Claire, quando eu e ela éramos menores, minha e de Seth, de Emily com os outros meninos lobos e algumas fotos com Seth, Jake e eu brincando. Nos cantos tinham dois recados. Li o que estava no canto esquerdo, que Seth apontou como dele:

"Já estou com saudades, Nessie. Se você demorar a voltar, eu te roubo daí.

Seth, 11-09"

– Onze de Setembro? – Perguntei. Esse era o dia do meu aniversário.

– É. Esse era pra ser seu presente de 15 anos, mas não deu pra ficar pronto, então...

– Oh, obrigada, Seth! Eu adorei o mural!... – Disse o abraçando - E esse outro, de quem é? – Perguntei, começando a ler.

" Eu sei que quando voce ler isso, voce ja vai estar em Forks. Preciso te ver. Que tal uma caminhada na First Beach?

Jake, 10-02"

10/02.

Dois dias atrás.

Jake.

Minha cabeça rodava, meu coração estava disparado. Tudo ao meu redor parecia girar. Com exceção de minha mãe e Seth, que estavam tão surpresos quanto eu, todos os outros olhavam pra mim sorrindo. Então o cheiro que eu senti.. Não era coisa da minha cabeça! Era dele! Ele estivera ali.

– Acho que alguém ganhou dia... – Tio Emmett comentou, rindo. Meu rosto chocado devia mesmo estar engraçado.

– Corre, Nessie! – Tia Alice disse, me despertando.

Sai correndo da casa e fui praticamente voando para a floresta ao lado da casa. Tio Jasper havia me dito que era o jeito mais rápido de chegar a La Push. Não me importei com os galhos que se prendiam em meu cabelo, com a lama que deixava a barra da minha calça imunda e nem mesmo com o meu lindo scarpan que corria o risco de quebrar o salto – quando cheguei em casa e realmente vi o estrago das minhas roupas eu daria um ataque e começaram a brigar comigo mesma junto com tia Alice – a única coisa que realmente importava era que o Jake estava na First Beach me esperando. Ou estava, há dois dias atrás, mas isso não importa. Eu correria até a casa dele e falaria com ele lá mesmo. Mas e se... E se ele não me amasse do jeito que eu o amava? E se ele não me quisesse ou estivesse realmente com a Leah?

Quando me ocorreu esse pensamento eu parei de correr. Nessie, não dá mais tempo de desistir, você já está em La Push! Continua e fala com o Jake!

– Renesmee... – Ouvi novamente aquela voz, me chamando.

– O que você quer?

– Você. – E então eu senti um par de braços me puxando; coloquei minhas mãos no lugar onde os braços deveriam estar, mas não haviam braços. Era como se eu estivesse sendo carregada por alguma pessoa invisível.

Começamos a correr e então eu me lembrei: já estava depois da fronteira que separa Forks de La Push. Os lobos já devem ter sentido meu cheiro, mas não vieram ainda porque me conhecem e sabem que eu sempre venho aqui. Mas talvez se eu gritasse, eles viessem ver o que está acontecendo!

Juntei o máximo de ar que meus pulmões agüentaram e dei um grito cortante. Um grito meio agoniado, meio desesperado.

– SOCOR... – eu ia começar a gritar mais uma vez, mas uma mão invisível segurou minha boca.

Não se passou nem um minuto e dois lobos vieram em minha direção. Eles não deviam estar entendendo nada, imagine: alguma coisa que você não consegue ver estava correndo comigo no colo e com uma mão tampando minha boca, mas nem isso eles conseguiam ver.

Um deles pulou de lado, não me acertando por pouco, mas pulando em cima do atacante invisível, e o teria derrubado no chão, se não fosse ele ter sumido e o lobo caído no chão.

Quando eu me levantei e finalmente olhei para os lobos, quase não acreditei realmente. Era ele, era Jake. Jake.

Me levantei do chão correndo e fui abraça-lo, recebendo uma bela lambida no rosto.

– Ai, Jake! Isso é nojento! – O lobo meio que tossiu, representando uma risada. Olhou para mim e foi para trás de uma árvore com o outro lobo.

Jake voltou correndo e me deu um abraço que teria quebrado uma boa parte dos meus ossos, se eu não tivesse uma parte vampira. E ai eu olhei para além de Jake, enquanto ele ainda me abraçava e vi quem era o outro lobo que estava com ele. Ou melhor, a Loba.