Pov: Sara.

Uma vez, em mais um dia comum na minha vida ainda como ajudante de legista, recebi uma ligação sem aviso, de uma pessoa que por muito tempo, pensei que não ia mais ver, a mesma ligação foi o que me trouxe até Las Vegas. Talvez eu nunca tivesse aceitado mudar de profissão se fosse outra pessoa que tivesse me convidado, mas era ele, logo ele...  Gil Grissom. Digam que sou loca ou mal agradecida, mas se eu tivesse pensado melhor, se avaliasse melhor as coisas, não estaria assim agora. Então você vem e me pergunta o motivo de tudo isso, eu estupidamente te respondo que é apenas a minha forma de sofrer sozinha, mas então você poderia vir e me ver dessa forma, então já não terá mais o que inventar.

Chame-me de ilusão, chame-me de cretina, estará certo, pois nada do que for dito realmente me abalará, exceto se estas palavras forem ditas por ele, mas dessa vez, prometi para mim mesma que será a última vez, não que não tivesse dito isso outra milhões de vezes, mas dessa vez, acho que tenho força suficiente para levar a sério essa afirmação. Muitas eu disse que não era o dia certo, que não era o momento certo, mas talvez eu não seja a garota certa para ele, talvez eu apenas tenha me enganado, talvez o tempo todo eu apenas tenha sido burra e colocado na cabeça que um dia pudéssemos ser algo mais.

Se um houve um dia em que me senti uma completa estúpida, este dia é hoje, agora me faça à pergunta mais óbvia: Pelo que? Então eu lhe irei responder que é por causa do que estou fazendo e sentindo agora. Acho que és capaz de imaginar a cena, Sara Sidle, uma CSI pertencente ao laboratório de criminalística de Las Vegas, sentada no chão de seu apartamento, abraçada a um travesseiro de penas, rodeada por milhões de papeis espalhados pelo chão, que são de um relatório que eu deveria entregar no dia seguinte. Esta não é uma cena que eu gostaria que as pessoas vessassem, pois não há nada nela que eu me orgulhe, lágrimas, soluços e uma mulher lamentando por sentir algo por alguém. É assim que estou agora. Igual a uma garotinha ainda no colegial, vivendo o primeiro amor, a única diferença entre nós duas é que para mim não há mais chances de recuperar o tempo ou mesmo aprender com os erros, pois eu já perdi tempo demais com isso, agora, em quanto enxugo a última lágrima dos meus olhos, a lágrima que marcará o dia em que derramei a última lágrima.

Eu poderia ter feito tanta coisa, mas ao invés disso, resolvi tentar dar a ele meu coração, mas apenas o que ganhei foi isso, lágrimas e sofrimento. Talvez, em outras ocasiões, eu me entregaria, mas dessa vez, sei que posso tentar uma última vez. Você poderia ter pegado meu coração, ao menos dar uma chance a ele, mas nunca saberemos o que poderia acontecer, um dia eu pensei em desistir de mim, mas descobri que a melhor forma é desistir e você, mesmo que ele não acredite, ainda sou “forte de mais para morrer”, então pare e me “deixe sangrar”, afinal as “gotas de sangue” nunca virão a cair perto de você.  Afinal você nunca poderia fingir que se importa afinal você é incapaz de sentir algo, você é Gil Grissom. Um dia ouvi que nunca é tarde demais para mudar, e essa é minha chance... A única vez que sei o que estou fazendo, não devia machucar tanto meu coração...

O telefone tocou naquele momento, enxuguei o rosto, respirei fundo e tentei fazer minha melhor voz de pessoa que não estava chorando. Caminhei até ele e atendi. Posso dizer que a voz me animou um pouco, era John, ele tem se portado como um verdadeiro amigo, e pensar que os outros demoraram mais para me aceitar como novata, afinal era apenas a estranha que ficou tempo de mais.

-Sara, preciso falar com você. Podemos nos ver antes de começar o turno?

-Claro. Mas... Por quê?

-É que eu tenho uma coisa importante pra falar, não devo fazer isso pelo telefone, é inadequado. E é muito importante.

-Ok. Tenho ouvido muito essa frase... –comentei.

-O quê?

-Não é nada... Te vejo depois.

-Até depois, vamos até aquele restaurante perto do lab.

-Tchau.

-Tchau.