Eram exatamente 5 da tarde, Alois estava em seu escritório, observando seu mordomo trazer a bandeja com seu chá da tarde, junto com scones e uma fatia de torta de morango. Claude Faustus era o nome do mordomo, que após arrumar as coisas do chá na mesa, colocou uma xícara de chá a mais. 
— O que é isto, Claude? 
— O senhor tem visitas. — Ele abriu a porta do escritório, e lá de fora da porta, estava parada uma menina baixinha e loira, com a cabeça abaixada timidamente. Ela agradeceu com aceno para o mordomo, e foi andando ainda com a cabeça baixa até a mesa, sentando-se. 
— Muito prazer, eu sou... — Ela rapidamente levantou a cabeça, olhando nos olhos de Alois, deixando a mostra o seu olho corrompido, de um tom vermelho escarlate, com um pentagrama no centro da íris. Seu outro olho era azul-claro, como o de Alois. — Adelise Trancy. 
O loiro a encarou por um momento. E lembranças vieram a sua mente. 

A noite era fria, eu estava sentado no chão, em meio aquele monte de garotos dormindo, até que aquela menina apareceu.
— Oi, você tá bem? — A voz dela era pura, doce e meiga, a olhei nos olhos.
— Esse monstro faz isso com meninas também?
— "Esse monstro" é... Meu pai.
— Anh... D-desculpe...
-— Ok, ok. Ele é mesmo isso... Por isso, eu moro com a família de minha mãe. Quer dar um passeio? — A menina parecia ter uns 10 anos, era loira, seus cabelos eram longos e ondulados, e caiam sobre seu ombro, presos com uma fita vermelha. Ela trajava um vestido vermelho cheio de laços brancos e pretos e usava uma luva preta. Ela me puxou, entre os corpos adormecidos dos garotos que, em maioria, moravam em minha aldeia que fora devastada pelas chamas, levando tudo que eu mais amava. Quando me dei conta, estávamos em um lindo jardim, ela se sentou no chão e me chamou. Sentei ao lado dela, respirando o ar puro.
— Aqui é lindo! Que lugar é esse?!
— É mesmo. É onde eu fico quando venho para cá, é o lugar mais tranquilo... — Ela tombou sua cabeça para trás, sorrindo.
Ela era... Maravilhosa.
— Eu ainda não sei seu nome, Bela dama.
— Sou Lise. Só Lise. — Ela sorria.
— Sou Jim.
Ela se aproximou de mim e deitou sua cabeça no meu ombro.
— Jim, Jim. Chamarei-lhe de Jimmy! — Ela riu, e se aproximou de mim. Não consegui fazer mais nada. Ela se aproximava mais e mais, até nossos lábios ficarem a centímetros de distancia, fechou os olhos e eliminou qualquer distância por um breve momento. Eu queria que aquilo fosse eterno, mas alguém na mansão havia a chamado. Ela correu, deixando um papel em minhas mãos. Fiquei lá por alguns minutos, sem conseguir pensar. Até abrir o papel e ler em voz alta oque estava escrito.
- Hoheo taralna, rondero tarel.

Alois piscou rapidamente, surpreso.
- T-T-Trancy?! 
- Sim, irmãozinho. - Ela tomou um gole de chá, rindo. 
Enquanto isso, o mordomo que acompanhava Adelise, trazia as malas da mesma para dentro da casa, até se deparar com Claude. 
- Claudinho! - Ele riu, correndo até o maior e jogando as malas no chão. 
- Thomas Affaire. - Disse o maior, com desgosto. 
- Oque? Não está com saudades de mim, Coleguinha?! - Ele riu novamente, abraçando o maior, que o empurrou para trás.
- Saia daqui! - Ele gritou. 
Logo, o menor ficou sério e levou as malas até o antigo quarto do Conde Trancy, que agora seria o quarto de sua mestra. Ao arrumar tudo, foi até Adelise e pronunciou: 
- Está tudo pronto, Mon Ange.- Ele fez uma reverencia. 
- Ah, Alois, esqueci-me de avisar... Irei morar aqui a partir de agora.