AGOSTO DE 1996.

Era começo de ano letivo em Sacramento, Califórnia e esse seria o meu primeiro ano de Hills High School, a mesma escola escolhida pela maioria dos meus colegas da minha antiga escola, onde eu estudei por toda a minha vida.

Estávamos mudando de escola não por que queríamos, mas por que agora éramos alunos de High School.

Nesta manhã, acordei cedo e desci para tomar café da manhã. Estava ansioso para o meu primeiro dia de aula.

- Bom dia meu filho – minha mãe me deu um beijo na cabeça – Hoje eu vou te levar no colégio.

- Não precisa mãe... – falei terminando de tomar minha xícara de café e comendo o ultimo pedaço do bolo – Vou de ônibus mesmo.

- Nada disso Edward! – ela se sentou à mesa e se serviu de um copo de suco – Eu quero te levar no seu primeiro dia de aula.

- Mas mãe... – comecei a falar, mas ela me interrompeu.

- Mas nada Edward. Vou te levar e fim de papo! – ela me olhou feio e depois alisou a minha mão – Vamos filho, pegue sua mochila e venha me encontrar na garagem – ela se levantou da mesa e se dirigiu à garagem.

Peguei a minha mochila e corri para o carro. Fui calado e pensativo todo o trajeto até a escola.

Meu nome é Edward Cullen e tenho 15 anos.

Sou filho único de Elizabeth Masen, Diretora da minha antiga escola e Carlisle Cullen, médico cirurgião plástico muito renomado.

Meus pais se separaram quando eu tinha apenas 2 anos de idade e desde então, minha vida é dividida em passar o ano letivo com a minha mãe, em Sacramento e as férias com meu pai em Austin, no Texas.

Meu pai se casou outra vez à 5 anos e a esposa dele, Esme, tem dois filhos. A sua chegada à casa de meu pai deu vida e tranqüilidade àquele lugar.

Antes de meu pai se casar com ela, ele vivia uma vida desregrada e muito triste. Acho que ele não tinha superado a separação da minha mãe, que o colocou para fora de casa ao descobrir uma das suas muitas traições.

Logo depois ele se mudou para o Texas e se estabeleceu por lá. Tudo para ele mudou quando conheceu Esme. Agora ele era uma pessoa feliz e amável e eu me orgulhava muito dele.

Para mim o casamento de meu pai também foi ótimo, pois além de Esme gostar muito de mim, nas minhas temporadas no Texas, agora eu tenho Emmett, o filho dela, como meu grande companheiro. Nós dois temos a mesma idade e nos damos muito bem, apesar da grande diferença do nosso temperamento. Ele é expansivo e muito brincalhão, enquanto eu sou tímido e reservado.

A minha vida na Califórnia também é muito boa. Minha mãe, apesar de trabalhar muito, é muito atenciosa comigo e extremamente carinhosa. Ela namora a 2 anos o meu ex-professor de filosofia, o Sr. Barnes, ou melhor, James, como ele quer que eu o chame agora. Nós sempre saímos juntos e nos divertimos. James é uma pessoa muito agradável, engraçada e é o maior contador de casos que eu conheço.

Minha mãe sempre disse que eu sou muito parecido com o meu pai. Olhos verdes esmerada, cabelo acobreado e a pele branca. Só existe uma diferença: Meu pai é alto e forte, enquanto eu sou bem magricelo, apesar de ser bem desenvolvido para a minha idade.

Quando dei por mim, já estávamos no grande estacionamento da escola. Dei um beijo em minha mãe e sai do carro.

- Boa aula filho – ela acenou para mim e eu sorri.

Andei pelos corredores da nova escola, tentando me familiarizar com o local que já estava cheio de estudantes e dentre ele, muitas caras conhecidas. Para mim era um conforto saber que já conheceria muitas pessoas na nova escola e que não precisaria me enturmar outra vez. Apesar de calado e um pouco tímido, tinha feito bons amigos na Sacramento Elementary e Junior High, minha antiga escola, e melhor deles é Louis, que conheci no 6º ano e que desde o primeiro dia que nos encontramos, tornamo-nos amigos inseparáveis.

Louis tem 15 anos, assim como eu e essa é uma das muitas coisas que temos em comum. Nós dois gostamos de matemática, de basquete e pretendemos fazer faculdade de engenharia.

- E aí cara? –cumprimentei Louis, que chegou um pouco depois de mim, com um tapinha nas costas – Como foi de férias?

- Foram ótimas – ele devolveu o tapa – Fui para Los Angeles visitar minha avô e aproveitei para me divertir um pouco nos parques temáticos de lá – ele riu – E como foram as suas? Se divertiu muito na casa do seu pai?

- Muito, para variar... – ri – Emmett inventou as mais loucas aventuras. Fui para um acampamento de férias com ele, passeei bastante. Foi bem agradável.

- Isso é ótimo! – Louis falou e começamos a andar para a sala da nossa primeira aula – Animado para o novo ano letivo?

- Estou sim – respondi – Já notou que tem varias caras conhecidas aqui?

- Sim! Isso é ótimo – ele continuou andando até chegarmos ao corredor das salas de aula.

- Hey Edward, Louis! – ouvi duas vozes femininas nos gritarem.

Me virei e vi Laura e Norah correndo até nós dois.

- Oi garotas! – parei no meio do corredor para esperá-las – Que bom vê-las!

Elas se aproximaram sorrindo e eu notei que ainda faltava uma das meninas.

- Cadê Milla? – perguntei, notando a falta da menor das minhas amigas.

- Ela ficou de chegar ontem de viagem, mas hoje liguei para a casa dela e ninguém atendeu – Norah me explicou.

 - Ela deve está chegando hoje então... – Laura continuou – Amanhã ele deve estar aqui.

Sorri para elas. Laura, Norah e Milla eram as meninas do grupinho que eu andava desde a outra escola. Além delas e de Louis, ainda tinha John, o  nosso amigo mais engraçado. Ele sempre tinha uma piada para tudo.

E em falar nele...

- E aí galera? – John chegou gritando pelo corredor. – Me esperem aí...

- Diga John... – Laura revirou os olhos – Você sempre chamando atenção...

 Todos rimos da implicância de Laura com ele.

 - Vai começar cedo as briguinhas de vocês dois? – Louis comentou e rimos outra vez.

- Só se ela me provocar, não é Laurinha? – John deu um beijo na bochecha de Laura a fazendo gritar e bater nele.

Me desliguei da briga deles e olhei para o corredor lotados de alunos.  O prédio das salas de aula era enorme e tinha dois andares repletos de salas. Em um prédio anexo, no final do corredor, ficava o refeitório e no outro lado do grande jardim, o centro de esportes.

- Olhe quem vem ali, Edward – Louis se endireitou, esticando o corpo, encostando um pé na parede da sala e fazendo pose.

Olhei pra a direção para qual ele tinha se virado e a vi.

Isabella Swan.

Bella, para os íntimos. Mais ou menos 1,60 m de altura, cabelos castanhos avermelhados que caem em ondas até o meio das costas, olhos expressivos verdes esmeralda e a pele branca, parecendo a de uma bonequinha de porcelana.

Filha única do deputado Charlie Swan e da ex-modelo Renée Dwyer.

A garota mais popular do nosso antigo colégio.

Bella também é filha de pais separados, mas diferente de mim, ela mora com seu pai desde que a sua mãe os abandonou, quando ela tinha 8 anos, para ir morar com o ex-jogador de baseball Phillipe Dyer em Nova Iorque.

Na época, a separação foi um escândalo e Bella ficou bastante abalada. Ela que sempre foi uma menina muito alegre e esperta, tornou-se calada e introspectiva. Não queria conversa com ninguém e só vivia chorosa.

Mas isso não durou muito tempo e logo ela voltou a ser a mesma pessoa cheia de vida e falante de sempre.

Nunca fomos amigos e nem muito próximos, mas sempre a achei muito legal. Bella é minha colega desde que nos entramos no jardim de infância. Depois fizemos o ensino fundamental no mesmo colégio e aqui estamos nós, colegas outra vez na high school.

- Oi pessoal, tudo bem? – ela nos cumprimentou com um sorriso.

- Oi Bella! – falamos uníssonos.

 –É ótimo saber que terei muitos colegas antigos aqui... – ela abriu um sorrisão e parou por um minuto junto a nós..,e depois entrando na sala e cumprimentando outras pessoas.

Bella, além de muito popular, é também muito simpática, ao contrário das outras meninas e meninos da turminha que ela sempre andou e que agora entravam na sala juntos, sem ao menos nos olhar.

- Nojentos... – Laura comentou, fazendo uma careta. – Este pessoal se acha. A única legal é Bella, que sempre cumprimenta todo mundo sem besteira.

Concordamos com ela com um aceno com a cabeça.

- Ela é linda... – Louis murmurou, olhando fixamente para Bella.

Todos nós rimos da cara boba que ele fazia. Sabíamos, a algum tempo, que Louis era apaixonado por Bella e isso era motivo de piada em nosso grupinho

- Limpa a baba Louis – bati em seu ombro. – E para de secar a menina...

Louis tirou o sorriso bobo do rosto e me olhou feio.

- Eu não estou fazendo nada demais – ele se defendeu – E eu não estava babando por ninguém. – fez cara feia pra nós.

- É isso mesmo Louis, limpa a baba – John o provocou mais, fazendo com que ele ficasse bravo e eu caísse na gargalhada.

-  Saiam do meu pé – Louis se afastou de nós, entrando na sala de aula aborrecido.

Eu e John continuamos a rir sem parar. Provocar Louis por causa da sua paixão maluca por Bella era a nossa atividade preferida.

- Vocês são ridículos – Laura falou e Norah deu um risinho – Deixem o pobre do Louis em paz. Se ele quer se iludir que Bella um dia vai olhar para ele, deixa ele se iludir – ela discursou.

John bateu em meu braço e apontou para Louis, sentado em sua mesa e com uma cara feia, olhando em nossa direção. Começamos a rir outra vez.

– Vamos Laura? – Norah pegou Laura pelo braço – esses dois bestas não vão para de rir nem tão cedo.

As meninas entraram na sala e eu as segui, puxando John comigo.

- Vamos cara, a aula vai começar. – falei.

Sentamos em nossas mesas e enquanto espera a aula de história americana começar, observei meus colegas.  Nem parecia que tinha trocado de escola, pois a minha turma permanecia quase igual a da antiga escola.

Sorri largo. Isso era muito bom.

A professora chegou logo depois, fez uma rápida apresentação da turma e logo começou a ministrar sua aula. Olhei para Louis, que estava na cadeira ao meu lado e ele, ao invés de estar prestando atenção à aula, estava olhando para Bella, de boca aberta e quase caindo da cadeira.

Quando a professora se virou para escrever no quadro, bati em seu braço com força e ele me olhou com uma careta.

- Fecha a boca, senão vai entrar mosca – falei baixo, brincando com ele.

Louis se endireitou na cadeira e passou a prestar atenção à aula.

Acabada a aula de história, meu grupinho se dividiu. Eu, Norah e John fomos para a aula de álgebra, enquanto Louis e Laura, foram para a classe de biologia.

A aula passou rapidinho e logo já era a hora do almoço. Saímos da sala rapidinho e pegamos uma boa mesa no refeitório. Logo depois Louis e Laura se juntaram a nós.

- Como foi a aula de álgebra pessoal? – Laura perguntou enquanto arrumávamos nossas bandejas na mesa – Por que a de biologia foi um tédio. O professor fala parecendo uma canção de ninar.

Todos nós rimos e ela continuou.

- É serio! O homem fala baixinho e bem devagar – ela fez uma careta – Dá um sono...

- A aula de álgebra foi... – Norah começou – Como posso dizer?

- Foi cheia de números – John, o palhaço da turma continuou – O que mais poderia ter em uma aula de álgebra?

Rimos outra vez.

- Ridículos! – as meninas falaram juntas e depois abriram um sorrisão.

- Milla? – Norah falou e saiu correndo pelo refeitório.

Me virei e vi aquela coisinha linda e delicada, que parecia mais um anjinho, se aproximar de nós, com um sorriso no rosto.

Milla, a menina que eu sonhava todas as noites, tinha acabado de chegar.

- Oi pessoal! – ela nos cumprimentou, com os olhinhos azuis brilhando – Desculpa o atraso. Eu só cheguei da casa dos meus avós hoje cedo... – ela falou baixinho, com sua voz doce.

Milla era toda delicadinha. Pequena, a pele alva, os olhinhos azuis piscina e os cabelos loirinhos e lisos.

Eu era apaixonado por ela, mas não tinha coragem de dizer isso a ela e a ninguém e também morria de vergonha e de medo de que alguém descobrisse este meu segredo, mas a cada dia estava mais difícil disfarçar o quanto eu gostava dela.

Eu ficava eufórico ao seu lado e meu coração disparava. Simplesmente ficava diferente quando ela estava perto e sempre tentava disfarçar.

Durante as férias, eu tinha conversado com Emmett sobre este assunto e ele tinha me aconselhado a ir falar com ela. Nas palavras dele, eu tinha que deixar de ser “mariquinha” e enfrentar meus medos, mas eu sabia que ainda não era a hora de eu me declarar para ela.

- Oi Milla! – todos falamos juntos e Laura abriu um espaço no banco para que ela se juntasse a nós.

Continuamos nosso almoço conversando animadamente. Cada um de nós contou como foram as suas férias. Laura tinha ido para a Florida, passar uns dias com umas primas, Norah foi para Nova Iorque passear, John tinha ficado por Sacramento mesmo, pois seus primos tinham vindo de Washigton passar uma temporada com ele. As férias de todos tinham sido muito divertidas. Enquanto conversávamos, eu observava Milla, pensando no que Emmett tinha me dito. Será que eu teria coragem de me declarar para ela?

O sinal, para o nosso novo período de aulas tocou, então levamos nossas bandejas para o lixo e seguimos para nossas aulas animados.

- No final do dia nos encontramos, ok? – Laura puxou Milla e Jonh pelo braço e eles saíram para a aula de física. – Boa aula para vocês!

- Para vocês também – respondi, com os olhos ainda fixos nelas.

Eu fiquei parado olhando o meu anjinho se afastar de mim rindo com a amiga.

- Vamos? – Jonh nos chamou e caminhamos para nossa sala.

Pelo que parecia, estes 3 anos de high school não seriam terríveis como eu pensava antes.