Acordei na manhã de segunda-feira com meu celular tocando desesperadamente na mesa de cabeceira.

Eram meus últimos dias em Berkeley antes de ir para Sacramento, na sexta-feira, aproveitar as minhas férias de verão revendo minha mãe e meus amigos.

Me virei na cama meio de má vontade e olhei para o despertador.

- Caramba, dormi demais! – sentei na cama assustado e peguei o celular, que já tinha parado de tocar, olhando o nome no visor.

Bella.

Eram 10 da manhã e eu tinha combinado de encontrá-la às 9  e meia, na frente da biblioteca para pegar os resultados das suas provas finais, já que ela estava morrendo de medo de ter reprovado.

- Bella vai me matar – murmurei passando a mão pelo cabelo e esfregando os olhos.

O telefone voltou a tocar e eu atendi correndo.

-Bella?

Ela soltou um longo suspiro e disparou a falar.

- Finalmente você me atendeu Edward Cullen. Te liguei milhares de vezes e já estava para sair louca!  Esqueceu de mim e do nosso compromisso?

- Me desculpe... – falei envergonhado – Dormi demais e perdi a hora...

Bella soltou uma gargalhada sonora e voltou a falar.

- Fez farra com Emmett depois que eu fui embora ontem?

- Claro que não Bella... – suspirei com a idéia maluca dela – Foi cansaço mesmo... Mas me troco rapidinho e vou te ver.

- Não demore Edward, senão vou aí te pegar a força. – Ela me ameaçou rindo.

- Não vai precisar minha Bella – ri do tom de ameaça que Bella usou - Em meia hora estarei com você.

- Repete Edward... Adoro quando você me chama de ‘minha Bella’ – ela falou manhosinha.

-Minha Bella... – falei sussurrando e ela riu.

- Como é a história? – Emmett abriu a porta do meu quarto de repente, fazendo o maior barulho e me assustando – ‘Minha Bella’? – ele fez uma vozinha fina e caiu na gargalhada – Você é ridículo mesmo...

- Que barulho é este?

- Espera um minutinho Bella... – me virei para ele olhando com uma cara feia e ele soltou mais uma gargalhada.

- Ai minha Bella, eu te amo – ele voltou a falar e fez uma careta.

Peguei meu travesseiro e joguei nele, acertando bem no rosto.

- Sai daqui Emmett. – gritei irritado, tampando telefone.

- Já estou indo... ‘minha Bella’ - Ele fez um símbolo do coração com as mãos e saiu do quarto gargalhando.

- Emmett já está te perturbando outra vez? – ela me perguntou também rindo.

- Para variar um pouquinho... Mas esquece isto, vou me arrumar para te ver.

- Te espero... Meu Edward.

Assim que desliguei o telefone, me arrumei rapidinho, trocando meu pijama por uma roupa confortável e tênis, molhei meu rosto, escovei os dentes, peguei uma maça na geladeira e disparei para a rua sem dar ouvido as provocações que Emmett gritava do seu quarto enquanto jogava videogame e em pouco tempo já estava na biblioteca, onde Bella me esperava cercada de colegas, cada um com um envelope na mão e uma careta no rosto.

Então ela não tinha me esperado para pegar as suas notas?

Cumprimentei o pessoal com um aceno e dei um beijo na bochecha de Bella.

- Finalmente você chegou dorminhoco – ela me deu um abraço e riu – Temos imprevistos...  E um grande problema...

- Imprevistos e problemas? – perguntei curioso.

- Minha turma vai  ter que fazer outra prova de Latim daqui a duas semanas... – ela fez uma cara de tédio – Como foi reprovação em massa nesta disciplina e a culpa foi da professora, fomos  falar com a coordenadora do curso  e ela nos deu uma chance de tentar melhorar a nossa nota, e com isto só vou poder ir para Sacramento depois disto... – ela fez bico.

- Foi reprovada em Latim, Bella? – prendi um risinho, pois nunca imaginei alguém reprovado em uma língua que nem se sabe se ainda existia.

- Fomos – ela pontuou com uma careta – Eu e toda a minha turma e por esta razão vou perder uma parte das minhas férias estudando.

- Este é o problema?– alisei seu cabelo –Eu fico com você aqui sendo solidário a sua ‘dor’ e de quebra ainda ajudo a estudar...

- Não! – ela gritou – Você vai e eu fico para ir depois...

- Não, eu fico – falei decidido. – Não quero deixa você sozinha aqui.

- Você vai Edward – ela fez bico e cruzou os braços - Não é justo você ficar aqui comigo enquanto seus amigos estão lá a sua espera.

- Bella... Não seja teimosa.

- Podemos discutir isto depois? – ela propôs revirando os olhos – Agora quero que você nos ajude a redigir um documento para a reitoria denunciando nossa professora louca, pois disse ao pessoal que você é a melhor pessoa para estes trabalhos chatos e cheios de detalhes. – Bella me puxou para seus colegas com um sorriso.

Não pude protestar. Como Emmett mesmo disse uma vez, eu fazia tudo o que a minha Bella queria.

...

O resto da semana passou voando em meio a muitas atividades e resoluções.

Emmett e Rose, depois de muito impasse e brigas, decidiram os seus destinos nas férias. O grandão decidiu passar uns dias com seu pai na Flórida e depois iria seguir para Austin para visitar Esme e meu pai. Já Rose iria encontrar a sua família em Dallas para juntos passarem o verão em Cancun.

Depois de me ouvir ao telefone com Bella, Emmett não perdeu uma só oportunidade de me importunar. Nas palavras dele, eu me tornei um maricas apaixonado e totalmente guiado por Bella, mas eu não me importava com isto, ainda mais agora que eu sabia o que Bella sentia por mim.

 Aproveitei para ficar com ela o máximo de tempo que pude antes de viajar, já que ela não deixou que eu ficasse enquanto ela terminava sua ultima prova.

Ajudei na organização do seu grupo de estudo, fui com ela trocar a data da sua passagem e até a acompanhei em suas compras mensais no supermercado perto de casa que por um milagre estava vazio. Este era o efeito das férias: nas ultimas semanas, os estudantes foram partindo para as suas casas, deixando Berkeley cada vez mais vazia e mais calma.

Na manhã de sexta, acordamos cedo, pois o vôo de Rosalie para o Texas  sairia às 8 da manhã e tínhamos combinado de que Bella iria nos deixar no aeroporto.

- Anda logo Emmett! – Rosalie se levantou do sofá e mais uma vez gritou irritada para o grandão – Vamos chegar atrasados por sua causa.

- Calma gatinha... Só falta pentear o cabelo – um riso trovoou de seu quarto e Rose bufou de raiva.

Estávamos a uns 10 minutos sentados no sofá da sala da minha casa esperando a boa vontade de Emmett resolver sair do quarto e parar de chatear Rosalie, que já tinha levantado e sentado umas 5 vezes.

 Ele ainda estava chateado por que Rosalie não iria passar as férias com ele.

- É sério Emm, vamos nos atrasar... – resolvi me meter na briga. – E a Rose vai perder o vôo dela.

- A idéia é esta – ele me respondeu colocando a cabeça para fora do quarto – Aí ela vai comigo para Orlando e todos ficamos felizes.

- Emmett McCarthy eu já estou me irritando com você – Rose gritou outra vez – Nós vamos te deixar aqui.

- Duvido! – ele gritou, o riso soando pela casa – Duvido que Edward deixe.

- Vamos Emm, deixa de provocar a Rose... – falei reunindo toda a minha paciência.

- Parem de brigar agora! – Bella bufou e levantou do sofá me puxando pelo braço – Vocês estão de férias, vão viajar, não precisam se preocupar com notas, enquanto eu ainda vou ter que enfrentar o terrível Latim e ficar abandonada nesta cidade fantasma, então me poupem desta discussão ridícula! – ela parou junto à porta e fez bico.

A chantagem de Bella surtiu efeito e logo o grandão saiu do quarto rindo e distribuindo beijos e pedidos de desculpas.

- Me desculpa Bellinha... – Emmett a pegou no colo e a encheu de beijos na bochecha – Não quero te ver irritada, nem chateada.

- Então vamos logo! – Bella gritou e entregou a chave do carro a ele – Você dirige, senão Rose perde o vôo dela.

Arrumamos as malas no carro e partimos para o aeroporto de San Francisco, com Emmett dirigindo perigosamente pelas ruas e fazendo com que chegássemos ao aeroporto em menos de 20 minutos.

- Bom, agora tenho que correr se não quiser perder meu vôo – Rose pegou a sua mala e depois de dar um beijinho na bochecha de Emmett e mandar ele ter juízo nas férias, ela se virou para Bella e lhe deu um abraço apertado e falou algumas palavras no ouvido da amiga, logo depois saindo correndo até o check in da companhia aérea.

- Eu dou notícias quando chegar! – ela gritou e soltou um beijo para nós.

Depois de alguns tapas na minha cabeça e de girar Bella no meio do aeroporto, sob protestos, tapas e risadas, Emmett também seguiu o seu caminho e embarcou para a Flórida.

Aproveitei para passear um pouco pelos corredores do aeroporto e curtir meus últimos momentos com Bella, até que anunciaram o meu vôo.

Era a hora de nos separarmos, temporariamente.

- Se cuida minha Bella... – eu a abracei forte e dei um beijo em sua testa – Estarei te esperando em Sacramento.

Bella colou os lábios nos meus e então começamos um dos nossos beijos desesperados, urgentes, famintos, onde o ar faltava e o coração disparava.

- Irei assim que puder meu Edward... – ela falou entre meus lábios – Se comporte até que eu chegue...

Me soltei dela e me abaixei para pegar a minha mala. No auto-falante, anunciavam a ultima chamada do meu vôo e eu não queria perdê-lo.

- Sempre... – murmurei e passei a mão na sua bochecha – Tenho que ir Bella, já anunciaram o meu vôo.

Ela pulou em meus braços mais uma vez e encheu o meu rosto de beijinhos.

- Então vá logo... – ela me soltou depois de mais alguns beijos – Não quero que você o perca por minha causa.

Depois de um breve selinho, andei até o portão de embarque e após entregar a minha passagem para a atendente, me virei para uma ultima olhada para Bella e soltei um beijinho no ar.

Meu vôo foi tranqüilo e em menos de 1 hora estava pousando no aeroporto de Sacramento e encontrando a minha mãe, que me esperava no portão de desembarque com um sorriso enorme.

- Meu filho, que saudade! – ela me abraçou forte e depois se afastou para me olhar - Cadê a Isabella Swan? Você não disse que ela vinha junto com você?

Como iríamos passar férias juntos, tinha contado a minha mãe que Bella estava estudando comigo em Berkeley e que agora ela era minha companhia inseparável, não só uma colega.

Minha mãe, é claro, adorou saber da novidade, pois ela sempre admirou a maneira que Bella foi criada por seu pai depois que a sua mãe praticamente fugiu e sempre torceu para que fossemos amigos.

- Bella vem depois, mãe... – dei um beijo em sua bochecha e segurei em sua mão indo para o estacionamento – Ela ficou em Berkeley para fazer uma prova.

- Seus amigos ligaram querendo saber que dia você chegava e eu os convidei para tomar um lanche lá em casa, fiz mal?

- Claro que não! – me animei com o reencontro com meus amigos – Tenho muito o que conversar com John e Louis.

- Isto é bom Edward... – ela destrancou o carro e me entregou as chaves para que eu fosse dirigindo – Me conte como está na faculdade, meu filho. Já fez amizades? E as aulas, como são?

Sorri largo e enquanto dirigia até minha casa, fui contando a ela como o meu tempo em Berkeley estava sendo bem melhor do que eu pensava que seria. Contei das festas, das aulas, dos professores, dos novos amigos, de como era divertido morar com Emmett e como estávamos nos dando bem e como conseguíamos manter a casa arrumada, mas não toquei no assunto do meu ‘namorico’ com Bella, pois não queria criar expectativas antes da hora.

- Isto é maravilhoso! – minha mãe falou animada – Assim fico mais tranqüila em te deixar em Berkeley sem supervisão.

- Mãe... Eu não sou criança – falei sem jeito.

Minha mãe sempre me deixava envergonhado com esta mania dela de achar que eu não tinha crescido.

- Eu sei Edward, mas de qualquer maneira, fico mais tranqüila.

Entramos em casa e ao chegar à sala, dei de cara com Louis e John sentados no sofá.

- E aí cara, quanto tempo! – John se levantou e me deu um tapa nas costas, logo seguido de Louis, que me deu um aperto de mão.

Os dois estavam bem diferentes da ultima vez que eu tinha os visto. Louis estava sem óculos, mais encorpado, com o cabelo menor e sem a cara de criança que ele sempre teve, e John estava ainda maior e mais bronzeado.

- Como vão vocês? – abracei os dois – Quero saber como está a faculdade de vocês e todas as novidades.

- Nós também queremos saber, não é Louis? – John falou

Fomos para o jardim, onde minha mãe tinha preparado uma mesa com varias guloseimas e sucos, para conversarmos melhor.

- Vocês não vão acreditar quem é minha colega em Berkeley! – falei empolgado, querendo contar logo de Bella para os meus melhores amigos.

Os dois se olharam e deram de ombros.

- Não tenho idéia de quem seja. – John falou com uma cara pensativa – Não pode ser nenhum dos nossos colegas, pois da nossa sala, só você foi para lá.

-Nós conhecemos? – Louis perguntou curioso.

- Conhecem! – resolvi dar uma dica a eles. – Ela já foi nossa colega, mas saiu do colégio antes do termino do curso.

- Isabella Swan? – John falou, com uma cara espantada – Só pode ser ela, por que Jessica Stanley está estudando em San Diego... Acertei?

- Acertou! – abriu meu maior sorriso – Bella é minha colega e mais nova amiga.

- Você agora é amigo de Bella Swan? – Louis arregalou os olhos – Conta esta história direito Edward.

Nesta hora parei assustado.

Não era possível que Louis ainda fosse apaixonado por ela, era?

Eu tinha que saber logo!

Com jeito, fui contando a eles como eu tinha reencontrado Bella no meu primeiro dia de aula e como tínhamos nos tornado amigos, sempre observando as reações de Louis, que para a minha sorte foram as melhores possíveis.

Quando terminei de falar, ele veio até mim e me deu um abraço apertado.

- É bom saber que ela está bem... Devo a ela ter conhecido o amor da minha vida, a minha Annie.

- Você está namorando a Annie? – desta vez fui eu quem ficou surpreso e extremamente feliz. Agora, eu poderia investir em Bella sem medo de magoar o meu amigão.

- Estou... A distância, mas em dezembro vou visitá-la em Oxford, onde ela está estudando.

- Desta nem eu sabia – John gargalhou, fazendo Louis corar.

- Mas agora vamos saber, não é John? – eu emendei rindo também – Desembucha Louis! Conte aos seus amigões tudo!

Engatamos uma conversa animada sobre o namoro de Louis com Annie, sobre os nossos cursos na faculdade, sobre as nossas novas moradas e amigos e relembramos  nossos tempos de estudantes de high school, enquanto tomávamos o lanche que a minha mãe tinha preparado.

Naquela noite, após ligar para Bella e contar as novidades, dormir feliz por ter passado um dia tão especial com os meus amigos do peito.

...

Estava aproveitando minhas férias me divertindo bastante com os meus amigos. Fomos ao cinema, ao boliche, nadamos na piscina do clube, fomos à nossa lanchonete preferida e reencontrei outros colegas nas muitas festas e reuniões que marcamos ao longo dos dias.

Minha temporada em Sacramento estava sendo bem proveitosa.

Falava com Bella todos os dias, em seus intervalos de estudo, ela me contava que estava cansada de estudar tanto, mas que seu grupo era bem legal e a distraia.

Na véspera do dia que ela tinha marcado para vir me encontrar, liguei mais uma vez para ela a fim de saber o horário do seu vôo, pois queria pegá-la no aeroporto.

O telefone tocou algumas vezes até que ela atendeu com uma voz cansada.

- Bom dia minha Bella! – a saudei animado - Como você está?

- Edward... – ela respondeu chorosa.

- Que voz é esta Bella? – perguntei assustado com seu tom melancólico. – Está acontecendo alguma coisa?

Bella não me respondeu e eu apenas podia ouvir seus suspiros longos, o que indicava que ela estava prendendo o choro.

- Bella? Me diga o que está acontecendo!

Ela soltou mais alguns suspiros e desabou a chorar.

- O que foi Bella? Me conte... Pode confiar em mim... – falei tentando manter o tom calmo, mas por dentro eu fervia.

- Minha mãe que esteve aqui... – ela finalmente falou, entre soluços e voltou a chorar.

Eu sabia que isto era problema, pois Bella e a mãe nunca tiveram uma relação fácil por causa da maneira que Renée saiu de casa e eu mesmo já tinha testemunhado o estado de nervos que Bella ficava quando a mãe ligava para ela. Todas as vezes que Renée entrava em contato com ela ou com o pai, era um grande problema e Bella chorava descontroladamente e não gostava de contar a ninguém o que a mãe tinha dito a ela.

- Se acalme minha Bella... – sussurrei tentando fazer com que ela se acalmasse – Ela esteve aí em Berkeley? O que ela queria?

- Ela me encontrou Edward... – Bella balbuciou. – Ela já tinha me ligado, mas não imaginava que ela ia descobrir onde eu morava.... Eu odeio ela... Eu odeio!

Bella soluçou mais algumas vezes e voltou a balbuciar que odiava a mãe.

Eu precisava fazer algo por minha amiga...

- Quer que eu volte para ficar com você? Eu pego o primeiro vôo ou então vou até de carro. É só você pedir que eu volto.

- Não precisa... Meu pai está aqui comigo... Ele veio logo quando soube que Renée tinha me ligado... – ela fungou –  Não vou mais para Sacramento... Meu pai vai me levar para Londres, para bem longe desta maluca... Me desculpa Edward... – Bella sussurrava bem baixinho em meio a fungadas e choros

Estava triste por que ela não passaria as férias comigo, mas ela tinha que fazer o que fosse o melhor para ela.

O que a deixasse menos angustiada. Menos chateada.

- Não se preocupe Bella – falei confiante – Vá se distrair com seu pai e nos vemos na volta das férias. 

- Te adoro meu Edward – ela falou baixinho – Te adoro de montão. Muito obrigado por existir na minha vida.

- Também te adoro minha Bella... Conte comigo para o que precisar.

Desliguei o telefone com o coração apertado. Não gostava de ver Bella sofrer.

Neste tempo que convivia com ela descobri que por trás do seu jeitinho meio desmiolado, existia uma garota extremamente sensível e doce, que se importava com as pessoas e que tinha um coração enorme.

Uma Bella bem diferente daquela que ela aparentava ser e que poucas pessoas tinham o privilégio de conhecer.

Logo que chegou em Londres, Bella me ligou dizendo que estava bem e se divertindo com o pai e realmente, a vozinha dela parecia melhor.

Nos falávamos diariamente e  não tocamos mais no assunto da aparição de sua mãe.

A cada telefonema, Bella parecia mais animada. Ela me contava dos seus passeios e dos dias divertidos que estava tendo com o pai e sempre terminava o telefonema dizendo que estava morrendo de saudades de mim, assim como eu estava dela e contava as horas para reencontrá-la.

Aproveitei meus últimos dias em Sacramento aproveitando o tempo com meus amigões e matando a saudade sem fim que eu sentia da minha mãe.

Minhas férias estavam sendo bem legais, mas eu não tinha a mesma animação de quando estava junto com Bella.

Parecia que faltava uma parte de mim quando estava longe dela.

A parte mais alegre, descontraída e despreocupada.

A parte que Bella me ajudou a descobrir.

Voltei para Berkeley na véspera das aulas recomeçarem e a primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi passar na residência universitária para encontrar com Bella, que tinha chegado no dia anterior.

- Que saudades estava de você, meu Edward! – ela abriu a porta e pulou em meu colo, enchendo meu rosto de beijos e terminando com um selinho em meus lábios – Muitas, muitas saudades mesmo. – ela continuou pendurada em meu pescoço e beijando meu rosto, enquanto entravamos em seu quarto e nos sentávamos em sua cama.

- Eu também estava, minha Bella – passei a mão em seu cabelo e beijei a ponta do seu nariz – Como foi de viagem?

- Ahhhh Edward, foi maravilhoso – seus olhos brilharam – Precisava mesmo passar um tempo com meu pai...

- Me conte então... – me encostei na cabeceira da sua cama e a coloquei no colo – Quero saber de tudo!

A partir de então Bella começou a tagarelar sobre as suas férias, me contando detalhes que não falamos por telefone. Eu contei a ela sobre a minha temporada em Sacramento, como a noticia de que éramos amigos foi bem recebida por meus amigos e nossos ex-colegas que sentiram a sua falta e mandaram lembranças para ela.

Estávamos passando uma tarde agradável entre conversas, risadas e beijinhos, até que Bella ficou triste de repente.

- Pena que minha mãe apareceu para estragar toda a minha felicidade... – ela encostou o nariz no meu pescoço e fungou.

- Bella... Esquece isto... – sussurrei em seu ouvido.

Não queria vê-la triste por causa da sua mãe, outra vez.

- Não Edward! – ela me olhou com uma carinha triste – Preciso desabafar com alguém sobre este assunto... Não agüento mais...

- E eu estou aqui para te ouvir... - beijei o topo da sua cabeça e a abracei com força. – Me fale tudo o que te aflige, minha Bella...

Bella me contou que Renée tinha ligado para ela e depois aparecido de surpresa aqui em Berkeley reivindicando dinheiro para pagar a fiança do seu novo marido, que estava preso por porte de drogas e também acusando o ex-marido de esconder a filha dela.

Ouvi tudo atentamente com Bella deitada em meu colo, enquanto afagava seus cabelos, a apoiando sempre que possível.

- A minha sorte foi que ela também ligou para meu pai e disse a ele que vinha atrás de mim... Aí ele veio ao meu socorro e depois de dar uma quantia em dinheiro a ela, pediu para que sumisse da nossa vida e nos esquecesse... Ela não gosta de mim Edward! Ela só me procura quanto precisa de algo... Eu a odeio muito e não quero ser igual a ela.... Nunca...

Bella começou a chorar, enquanto balbuciava como odiava a mãe e como ela a fazia mal.

- Me diga o que eu posso fazer por você... – tentei consolá-la, enxugando suas lágrimas com as pontas dos meus dedos e afagando seus cabelos.

- Edward... Apenas me abrace. – Bella sussurrou em meu ouvido.

E foi isto o que eu fiz.

Peguei a minha Bella em meus braços e a abracei o mais forte que pude, na tentativa de fazer toda a sua dor e tristeza passar.