O Ladrão de Almas escrita por lucy_b


Capítulo 3
Bastard Wings


Notas iniciais do capítulo

Um novo capitulo saindo do forno =) Bom, primeiramente eu queria agradecer a RosemaryThalasa pelos comentários, é uma grande honra ter minha autora favorita aqui da internet comentando na minha Fic =3 Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/137504/chapter/3

       - Não acredito que você não me ouviu, Hy! – Nytn gritava, preocupada – Eles estão vindo, você ouviu? Eles estão vindo!

   - Pelo amor da Deusa, Nytn, quem vai se ferrar aqui vai ser eu, então cala a boca! – Gritei de volta, não estava com humor para aturar o showzinho daquele demônio, ainda estava tentando me recuperar do ultimo roubo. Resmunguei alguma coisa sem sentido e cruzei os braços, olhando a mulher em minha frente se desesperar.

   - Eu sei, meu amor, mas você sabe que eu te amo – Ela sorriu e eu revirei o olhar, desprezando-a – Por favor, Hyntf, me ouve pelo uma vez na sua vida, ‘ta legal? – Ela tentou me beijar, porém minha expressão continuou a mesma, como um general do exercito humano que não tinha sentimento nenhum. Eu estava realmente com raiva.

   - NYNT, EU TE ODEIO, PORRA! – Gritei, jogando-a contra a parede e vendo o sangue escorrer pela sua cabeça, mas não me importava, queria mesmo que ela morresse – Então para de querer ficar comigo, para de tentar me usar nos seus joguinhos, para de se preocupar se eu vou me fuder ou não! – Falei entre dentes, irritado – Aproveita que você já está no Inferno e morre de vez, caramba!

   Ela estava chorando? Droga! Por mais que eu não gostasse dela, bom, Nytn foi à única pessoa que me acolheu aqui, que me ensinou tudo o que eu sei para ser um bom ladrão de almas. Eu devo tê-la magoado.

   - Nyt, me desculpa, eu não queria te magoar... – Sussurrei, me aproximando dela, mas ela fez sinal para que eu fique onde estava, longe dela. Ignorei e me sentei ao seu lado, examinando sua cabeça.

   - Hyntf, eu te amo – Ela murmurou, soluçando. Eu não gostava de vê-la assim, eu só gostava do sofrimento dos mortais, dos humanos, não daqueles que me ajudaram a chegar aonde cheguei, dos meus demônios – Mas você não liga pra isso, você nem se quer gosta de mim no seu trabalho. Eu sei que nós não somos criados para termos sentimentos, que isso é coisa daqueles malditos anjos e daqueles mortais desgraçados, mas eu te amo – Ela foi interrompida por um soluço.

   A mulher abraçou as próprias pernas e me olhou com os olhos marejados, tentando formar palavras para continuar.

   - Você sabe que eu consigo ficar com os demônios mais poderosos daqui, você sabe disso! Mas eu quero você, Hy, eu quero um mero ladrão de almas – Uma lágrima escapou de seus olhos – Eu não quero poder, eu não quero ser cobiçada aqui nesse Inferno, eu só quero ficar com você. Esse não é mais um dos meus joguinhos, me desculpa se parece, mas é como eu sempre conquistei os outros.

   Eu a abracei e ela começou a chorar novamente. Por parte ela tinha razão, as coisas saíram um pouco do controle quando Ele nos deixou fazer contato com os mortais, criamos sentimentos que não devíamos ter, como a pena que estava sentindo agora por Nytn. Mas eu não gostava dela, tinha algo naquele demônio que não me atraía, que eu não conseguia confiar... Mesmo assim eu ainda tinha um sentimento estranho por ela, algo como compaixão. Odiava esses sentimentos humanos, profundamente, eles só atrapalhavam.

   - Me desculpa – Sussurrei – Eu não queria ter falado aquelas coisas, eu estava irritado por causa dos anjos e... – Mordi minha língua. Droga! Nytn não podia saber o que tinha acontecido com Lea.

   - E...? “E” o que, Hy? – Ela perguntou, curiosa.

   - Quando os anjos vão descer, mesmo? – Perguntei, desconversando.

   Ela me deu um olhar desconfiado e sussurrou um “daqui a pouco”, sorri para ela e a ajudei a levantar, a ferida em sua cabeça já deve ter se fechado, já que ela era um demônio, então nem me preocupei.

   - Você ‘ta bem mesmo? – Perguntei

   - Já passei por coisa pior, Hy – Ela sorriu fraco, um pouco triste.

   Desviei o olhar e me concentrei em que desculpa dar aos anjos quando eles aparecessem. Não podíamos lutar, quer dizer, se os Céus soubessem que está tendo algum tipo de rebelião por nossa parte as coisas iam ficar feias e eu provavelmente ia ser morto. Talvez eu pudesse desviar a atenção deles para alguma coisa mais grave, talvez algum caso forte de possessão, sei lá.

   Mal tinha acabado de pensar e uma luz forte invadiu toda a minha casa, fazendo o fogo se apagar. Forcei meus olhos enxergarem com tanta claridade e pude ver um homem e uma mulher de branco com asas terrivelmente grandiosas. Aqueles anjos me davam nojo.

   - Hyntf Woul? – A mulher perguntou, a luz começou a enfraquecer e pude ver que ela tinha cabelos loiros e olhos azuis, como todos daquela maldita raça – O Ladrão de Almas? – Perguntou novamente.

   Assenti, não fazendo questão de esconder o desprezo.

   - Meu nome é Ariel e esse ao meu lado é Rafael – Ela disse, sem sorrir – Estamos aqui porque recebemos diversas orações de pessoas que tiveram sua alma roubada por um demônio. Esse demônio seria você, Woul? – Ela perguntou, com desprezo.

   Sorri para ela e lhe mostrei o dedo do meio, ainda com um sorriso irônico nos lábios. Eles já sabiam o que isso significava.

   - E o que vão fazer? – Perguntei com ironia – Rezar para que eu tenha piedade na hora de matar? Ou melhor, porque já não ficam aqui para eu brincar um pouquinho com vocês, desgraçados?

   A mulher me deu um tapa na cara e eu ri, como eu queria poder matá-la naquele exato momento...

   - Hyntf Woul, algumas almas que você roubou pertenciam exclusivamente aos Céus – O homem, que também tinha o maldito cabelo loiro e olhos azuis, falou pela primeira vez – E a queremos de volta, nem que tenhamos que lhe matar – Avisou.

   Eu gargalhei, eles sabiam o que estavam falando? Aqueles malditos anjos estavam no Inferno, no meu lar, onde eu era mais poderoso do que já sou. Eles precisariam de uma tropa inteira de exorcistas para tirarem de mim minha preciosa coleção.

   - Então passem por cima do meu cadáver, malditos – Respondi.

   Ariel – como eu odeio ouvir esses nomes angelicais, eles me dão nojo – olhou para o homem eu seu lado e ele assentiu. Os dois me fitaram como se quisessem fazer alguma coisa que não estavam autorizados, me matar, suponho. Sorri irônico para eles.

   - Certo, Hyntf, você não vai devolver essas almas – Concluiu Rafael – Mas nós não vamos mais deixar você roubar de pessoas inocentes. Fique com as pecadoras, mas as puras e imaculadas são nossas.

   - Vou aceitar isso como um desafio, então – Respondi, ainda sorrindo. A mulher bufou e meu sorriso passou de irônico para vitorioso.

   - Não brinque conosco, demônio – Ela avisou, enraivecida.

   - Porque vocês estão metendo as asinhas do meu trabalho só agora? – Perguntei, curioso – Tem muitos demônios fazendo coisa pior, porque justo comigo vocês querem brincar?

   Eles se entre olharam, decidindo se iam responder ou não.

   - Você roubou uma alma muito valiosa para nós – Assumiu o anjo, sendo repreendido pela mulher que bateu de leve em seu ombro – Por mais que Ariel não queira admitir, valorizamos as almas puras e damos um pouco mais de atenção. Não nos incomodamos com as almas pecadoras, elas são propriedade do seu... Deus – Ele cuspiu a palavra, com desprezo e voltou a me olhar, esperando mais alguma pergunta.

   - Certo... – Falei, digerindo a informação – Posso saber que alma é essa? Se for para vocês tirarem a fuça do meu trabalho, eu posso até liberá-la, tanto faz – Propus.

   - Leandra McKanzie – Ariel revelou, me fazendo automaticamente arregalar os olhos – Nome familiar? Pois é, ela é de grande importância para o Céu, por mais que não seja religiosa, ela é pura.

   - E nós sabemos o que você fez – O homem me repreendeu, atraindo imediatamente a atenção de Nytn, que estava encolhida em um canto, temendo os anjos. De certa forma ela era um pouco idiota por isso.

   - O que Hyntf fez? – Sussurrou ela, alto o bastante para que eles ouvissem – O que ele fez com Lea?

   - Não é da sua conta! – Gritei e em seguida sorri, me desculpando pela grosseria. Droga! Se ela ficasse novamente magoada começaria a falar tudo de ruim que fiz para os desgraçados de asas – Saíam – Ordenei – Saíam da minha casa. Já deram seu recado, agora façam o favor de levarem essas suas asinhas para longe daqui.

   Rafael falou alguma coisa para a mulher que eu não consegui ouvir e eles sumiram no ar, fazendo o fogo tomar conta da casa novamente. Suspirei e me sentei em uma das minhas cadeiras, sabendo o interrogatório que Nytn ia fazer.

   Ao contrário do que pensei, ela permaneceu calada, apenas me fitando e presa em seus devaneios. Resolvi eu mesmo começar a falar, sabendo que as perguntas iam vir cedo ou tarde.

   - Você quer saber sobre Lea? – Perguntei, desejando um “não”.

   - Não – Ela respondeu, para meu espanto, e desviou o olhar.

   Aquilo foi definitivamente estranho porque, convenhamos, que se Nytn fosse humana ela seria uma daquelas chatinhas ciumentas, ela não ter curiosidade sobre a minha vida não fazia seu estilo.

   - Posso ver a alma dela? – Perguntou, sem interesse.

   - Claro – Sorri para ela – Mas vou ficar aqui, aqueles anjos me cansaram bastante – Suspirei – Pode ir lá sozinha.

xx Nytn’s POV xx

       Andei pelo corredor em chamas da casa de Hy e entrei em uma sala com amplo espaço, onde guardava a imensa coleção do meu demônio. Meu, suspirei, que ironia, chamá-lo de meu sendo que ele já disse em alto e bom som que me odeia. Andei pelo conjunto de celas e fui atrás da indolor, aquela que não causa sofrimento, Hyntf disse que a reservara por todos esses anos para alguém que ele se arrependesse de matar, ou seja, pelo que ele mesmo disse, aquela seria a cela mais inútil que ele projetou, afinal, ele era o Ladrão de Almas.

   Parei em frente à única cela que não estava em chamas e me deparei com o ectoplasma mais bonito que já vi. Não me admira que os anjos estejam tão desesperados para conseguirem essa alma de volta. Tão pura... Dei um sorriso irônico e destranquei a cela, tirando de lá Lea e recitando algumas palavras em latim. Um corpo nada atraente apareceu em minha frente e o apoiei na cela-sem-fogo. Comecei novamente outro ritual e a alma entrou lentamente dentro do corpo, dando-lhe novamente vida. Sorri para mim mesma, contemplando meu trabalho. A garota estava inconsciente, então foi fácil arrastá-la para dentro da cela e trancá-la lá, esperando para ver o seu assassino.

   Voltei novamente para a sala principal e sentei no colo de Hy, sem dizer uma palavra selei seus lábios nos meus e ele se obrigou a retribuir. Sorri fraco pra ele, por mais que tenha sido um beijo rápido e sem qualquer sentimento da parte de Hyntf, esse beijo significou muita coisa pra mim. Assim como todos os outros. Eu amava tanto aquele demônio que eu me amaldiçoava por dentro todos os dias, não podia sentir tal sentimento. Aquilo era sinal de fraqueza.

   - Hy, eu vou indo – Sussurrei – Eu ainda tenho meu trabalho para fazer, passei muito tempo aqui.

   - Tudo bem, Nyt, e me desculpe novamente pelas coisas que eu disse – Ele sorriu pra mim e eu quis acreditar nas suas palavras.

   - Não tem problema – Dei um sorriso falso e automaticamente um alarme começou a rodar na minha cabeça: “Mentirosa! Mentirosa!”.

   Selei novamente nossos lábios e desapareci, em busca de mais algum humano idiota para possuir. Aquele trabalho estava me matando, são muitos sentimentos envolvidos em uma possessão, eu não queria fazer uma tão cedo, mas tinha que sair daquela casa, deixar Hy sozinho com sua vitima. Pelo amor da Deusa, eu estava jogando gasolina em um incêndio!

xx Hyntf’s POV xx

       Assim que Nytn desapareceu eu corri em direção a minha sala reservada para a coleção, desesperado para ver o que ela tinha feito. Ah, que a Deusa a proteja se ela tiver tirado alguma coisa do lugar, porque eu ia buscá-la até os Céus se tiver acontecido alguma coisa! Ela foi esperta em ir trabalhar agora, eu sei que possessão demora muitos meses para ser concluída e foi por isso que preferi ser ladrão de almas, era muito mais rápido e eu poderia causar muito mais dor.

   Comecei a confiscar cada cela, prestando atenção até nas chamas para ver se estavam no lugar. Quando um pensamento me ocorreu: Lea! Corri como nunca tinha corrido na vida até a cela-sem-fogo e no lugar de me deparar com uma alma de aura azul, eu vi uma garota de cabelos castanho claros encolhida em um dos cantos da cela.

   Ela me olhou assustada, e dentro daquele olhar eu pude sentir tudo o que estava se passando em sua cabeça, o medo do que estava acontecendo, do que podia acontecer, a confusão em sua cabeça, o desespero. Fitei seus olhos que estavam... Castanho avermelhados?

   - Foi você quem me matou – Ela sussurrou, sua expressão não demonstrava ódio nem medo, era um misto de sentimentos que nem eu sabia explicar – Foi você quem me tirou a vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem? =3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Ladrão de Almas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.