O jovem não se moveu. E mesmo que quisesse não poderia o fazer.

Seu braço estava sangrando, o ferimento feito pela fecha havia sido muito profundo e acabava impossibilitando ao jovem de fazer qualquer movimento brusco sem fazer mais sangue provir do machucado.

Zero continuou parado em seu lugar ao chão. Não desviara o olhar se quer para conferir se seu ‘parceiro’ estava vivo, ainda.

Sua respiração estava normal, normal demais para alguém que possuía uma flecha apontada contra si enquanto perdia uma quantidade absurda de sangue.

A loira a sua frente permanecia parada imóvel. Era um fantasma, não falava – ou assim não queria o fazer. A jovem mal demonstrava emoções enquanto mantinha o olhar sobre o rapaz a sua frente.

Nada era ouvido. Naquele cômodo havia apenas o silencio morto.

E assim esse silencio pesado prevaleceu.

A loira em pé apontando sua flecha para o jovem. E o rapaz sentando encarando a loira.

Por um reles segundo ela abaixou sua arma, logo ajoelhando-se e depositando a arma no chão enquanto curvava o corpo perante o jovem ferido que se erguia.

Um sorriso largo e sádico brotou nos lábios do jovem.

- Ah... o sangue.... – sua risada baixa ecoou pelos ouvidos de Lire enquanto a mesma apenas mantinha sua expressão vazia.

Zero apenas passou os dedos sobre o ferimento logo levando-os aos lábios.

O gosto metálico lhe atingiu no mesmo instante. As sensações que percorriam o corpo do rapaz eram – como o mesmo gostava tanto de dizer – deliciosas.

O jovem de cabelos claros apenas lambeu os lábios.

- Esse caçador é tão patético quanto aquela rosada – a risada cínica do jovem ecoou por mais uma vez. – E você... – murmurou-o abaixando-se e segurando o queixo da loira fazendo-a encará-lo. – Você é a doce marionete mais fácil de manipular...  – murmurou-o tomando os lábios gelados da jovem, mas logo afastando-se.

Zero apenas puxou-a pela cintura colando seus corpos.

Sem precisar de ordem a loira apenas pendeu a cabeça para trás deixando seu olhar vazio se fixar em qualquer lugar. O sorriso largo que tomou conta da face do rapaz não escondia o quão tentadora a jovem era.

Ele queria a vida dela. Ali. E agora.

Lire apenas fechou suas orbes esmeraldadas em sinal de permissão. Aquela era a ocasião que ele esperava. Tomar a vida dela. Com a permissão da loira – claro. Afinal o sangue mais puro e doce provem das vitimas que o ofereceram de bom grado.

O jovem curvou o corpo devagar. Primeiramente o mesmo apenas passou a língua por sobre a pele branca e macia. Por fim seus dentes rasgaram a jugular da loira fazendo sangue jorrar dentro da boca do rapaz,e ainda o mesmo liquido rubro escorria pelo corpo de ambos, logo encontrando o chão frio e mórbido onde a apenas alguns centímetros o corpo inerte do loiro jazia caído.

Observando a cena através da porta da sala estava o albino.

Lass encontrava-se de olhos arregalados perante o que via. O rapaz jamais sentira-se daquele jeito. Nem mesmo quando descobrira que a ruiva e o moreno eram imortais, nem mesmo quando soube da existência de demônios.

Mas Zero, ou o que quer que ele fosse, fazia o jovem sentir calafrios, fazia o medo brotar em seu coração e suas mãos tremerem.

Afinal, o que aquele suposto rapaz era?

Sem pensar duas vezes o albino virou-se e saiu correndo, mas já era tarde demais.

Assim que subiu as escadas Zero já encontrava-se ao topo.

Um sorriso largo tomou os lábios daquele que antes se quer proferia uma palavra.

O albino recuou virando-se e descendo em passos rápidos, mas, em seu desespero, o jovem acabara por tropeçar nos próprios pés, ato que o fez rolar escada a baixo.

Assim que chegou ao fim o corpo do albino parou bruscamente ao chocar-se contra os pés de alguém.

Las ergueu o olhar rapidamente logo deparando-se com um par de orbes carmesin.

- Elesis! C-Corra.... – gaguejou-o, mas suas palavras morreram assim que avistou o sorriso da garota.

O albino ergueu-se som dificuldade enquanto vagueava olhares entra a ruiva e o rapaz ao topo da escada.

- O q-que est-ta acont-tecen-ndo...? – indagou-o cuspindo sangue.

A risada baixa vinda da ruiva chamou a atenção do albino.

- Você não percebe – murmurou-a avançando um passo enquanto o jovem recuava outro. – Você é um tolo jovenzinho, acha mesmo que eu uma imortal que posso ter muitos aos meus pés vou querer alguém como você. Um fracassado... – afirmou dando mais um passo em direção a Lass. – Medroso... – mais um passo. – Inútil. Eu posso ter tudo, desde anjos a demônios – a risada alta da jovem ecoou. – Por que eu perderia minha doce eternidade com você?

- E-Eu pens-sei que voc-cê me amas-sse – murmurou-o sentindo o gosto metálico de sangue preencher sua boca.

- Amor!? – murmurou-a cínica. – Quem precisa disso quando se tem a eternidade? Quem tem a morte e a vida nas mãos não precisa de amor... – a ruiva sorriu por um momento, um sorriso verdadeiro aos olhos do albino.

- Ent-tão você.... – a frase morreu assim que Zero acertou a cabeça de Lass fazendo o mesmo cair desacordado.

- Francamente... – começou a ruiva jogando o cabelo por sobre os ombros. – Não sei por que perco meu tempo com fracassados como ele – murmurou-a jogando um olhar sobre Zero que apenas curvava-se perante sua presença. – Temos que apressar nossos negócios Zero – afirmou-a com convicção.

- Sim, milady...