_ _ (14h13min) _ _ Casa da Magali

A chuva não passava de jeito nenhum, e o único jeito foi chegar em casa molhada. Cascão não queria deixar a garota ir embora, mas já passava do meio dia e sua mãe já tinha lhe ligado várias vezes, preocupada com a demora.

Deixou o sujinho sozinho e foi pra casa.

Chegando lá, sua mãe estava esperando.

– Magali! Onde você estava?!

– Oi mãe... Desculpa... Er... A chuva não me deixou voltar pra casa. Mas eu resolvi vim assim mesmo.

– Vai trocar essa roupa, você está molhando o tapete! – mandou Lili.

Magali subiu e foi tomar banho.

Ela não desceu para almoçar, e sua mãe começou a ficar preocupada. Pois já havia semanas que Magali não almoçava mais, achava que ela comia muita besteira na escola e por isso chegava em casa sem fome. Mas o que não sabia é que Magali nem lá parava para lanchar.

Ela ficou no computador, e sua mãe bateu na porta.

– Magali... Não vai comer? Já passa das quarto da tarde e você continua ai.

– Não to com fome, mãe... – diz sem tirar os olhos da tela.

– Como assim não está com fome? O que você andou comendo na escola?

Magali não soube responder aquela pergunta, nem lembrava mais a ultima vez que entrou na cantina.

– Acho que nada...

– Então você ta sem comer desde manhã?!

– Provavelmente – respondeu como se aquilo não fosse grave.

– Magali! Se levanta agora mesmo deste computador e vá para a cozinha!

A comilona olhou assustada para a mãe.

– Mas... Eu não to com fome, já falei!

– Mas vai comer! Se não quiser que eu tire a internet!

– Mãe você não pode me obrigar a comer se eu não estiver com vontade!

– Posso sim! Você por acaso virou o Dudu?

– Ai... – revirou os olhos. – Eu vou comer sim, mas quando estiver com fome. – dizendo isso se virou pro computador.

Dona Lili irritou-se e tirou a tomada, fazendo o computador de Magali desligar.

– Mãe!!

– Se ficar sem comer, vai ficar sem internet! E sem sair!

– Então tá... – ela se levantou e deitou-se na cama em seguida, abrindo um dos seus livros de romance que estava ali em cima.

– Perai, você não vai mesmo?

– Já disse que só vou quando estiver com vontade...

– Pois a senhora está de castigo até não descer deste quarto e comer o seu almoço!

Magali fez que não ouviu e Dona Lili saiu, fechando a porta em seguida. Ela revirou os olhos, começando a ler.

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Meia hora depois, Mônica abriu a porta do quarto de Magali com um prato na mão.

– Oooii!

– Ah não! Minha mãe já foi te pedir pra vim me dar comida, é isso mesmo? – diz se sentando na cama.

– Ela disse que você está sem comer desde manhã. Até eu fiquei preocupada...

– O que há de errado com uma pessoa não estar com fome?

– Desde que essa pessoa é a Magali – disse rindo e se sentando na cama. – Toma! – entregou o prato pra ela.

– Depois eu como – respondeu colocando ele em cima do criado mudo.

– Magali!

– Depois Mônica, depois.

– Aff você hein? Mas me conta – abriu um sorriso. – Como foi com Cascão hoje?

– Bom ele... Me levou no clube dos meninos e...

– Perai! Ele levou onde?

– No clube dos meninos... – estranhou o espanto.

– M-mas o Cebola nunca me deixou entrar lá!

– Você acha mesmo que o Cebola iria lhe levar no lugar onde ele usava pra bolar planos infalíveis contra você?

– É... Faz sentido...

– Enfim, o Cascão me levou lá e... Brigamos por alguns segundos e...

– Se beijaram... – diz com os olhos brilhando.

Magali afirma com a cabeça envergonhada, colocando uma mecha atrás da orelha.

– Vocês dois hein?! – começou a ficar séria de repente. – Ou melhor, você hein Magali!

– O que foi que eu fiz?

– Gosta do garoto e não fica com ele logo... Será possível? Vocês vão viver nesse vai e vem até quando?

– Monica, eu já falei por que...

– Sabe o que eu acho? O que eu acho não, o que eu tenho certeza?

– Eu já sei o que é!

– Essa novela de, “eu gosto do Cascão, mas não posso ficar com ele porque vou magoar as pessoas” já está me cansando, sério mesmo.

– Azar o seu! Minha decisão é irrevogável.

– Magali você já é grandinha o suficiente, tá na hora de começar a enfrentar as coisas, não é minha filha?

– Você só está falando isso por que você não viu a cara da Cascuda.

– O problema Magali é que você é boa de mais! Tão boa que nem liga pra o que VOCÊ sente.

– O que você quer que eu faça? Que eu chegue e fale, “eu vou ficar com o Cascão e danem-se tudo e todos”?

– Essa é a idéia!

– Mas eu não sou você!

– Eu acho sinceramente, que você precisa procurar uma psiquiatra.

– Quem precisa é você! Só uma pessoa sem coração pensa assim!

– Eu tenho coração sim, e é por isso que eu tô dizendo essas coisas pra você. Eu sou a sua minha melhor amiga, Magali! Eu não quero ver você sofrer!

– Eu já falei que não posso...

– E quem está te impedindo? O Quim e a Cascuda estão com a mão na frente pra você não passar?

– A minha consciência está – disse apontando pra a sua cabeça.

– E quem é mais forte? Você ou a sua consciência?

– Ela é... – diz baixando o olhar.

– Então você está admite que é fraca!

– Eu não sou fraca! – olhou ofendida pra amiga.

– Se não consegue vencer isso imagina outras coisas?

– Monica você veio aqui pra me encher a paciência? – perguntou começando a se irritar.

– Claro que não! Você que está admitindo que é fraca...

– Eu não sou não!

– Então prove! Você vai conseguir provar que não é fraca, ficando com o Cascão e não ligando pra o que as outras pessoas vão achar ou vão sentir.

– Mas Mônica...

– Acabei! Agora eu tenho que ir porque o Cebola está me esperando na casa dele. Vê se reflete! Hoje matando aula com o Cascão deve ter dado pra você perceber que não consegue ficar muito tempo perto dele sem evitar que se beijem!

Magali já abrir a boca pra responder, mas Mônica se levantou e caminhou até a porta.

– Conta sempre comigo... – dizendo isso, soltou um beijo no ar para Magali e saiu. Deixando a comilona pensativa.

Será que ela era mesmo fraca?