_ _ (17h02min) _ _ Casa da Cascuda.

Magali parou em frente à porta da garota e respirou bem fundo, criando coragem, antes de tocar a campainha. Suas mãos tremiam do mesmo jeito quando estava prestes a terminar o seu namoro.

Finalmente, ela tocou e esperou uma resposta.

Uma mulher loira e morena atendeu a porta após poucos segundos.

– Magali? – a mulher ficou surpresa com a visita.

– Oi...

– Faz tempo que você não vem aqui, como está querida? – perguntou a mãe de Cascuda.

– Estou bem... Er... A Cascuda ela tá ai?

– Subiu pro quarto faz pouco tempo – disse dando passagem para ela entrar.

– Eu queria muito falar com ela, será que eu posso subir?

– Claro, claro... Você já sabe o caminho.

– Sim – ela sorriu envergonhada, e subiu até o quarto da garota.

Chegando lá, Magali bate na porta, mas Cascuda não quis responder, e ela teve que entrar assim mesmo.

– Er... S-sou eu Cascuda...

A loira se virou assustada e ficou alguns segundos olhando pra comilona. Magali era a ultima pessoa que pensava em ver naquele momento, principalmente depois do que aconteceu.

– Você não já arruinou a minha vida o suficiente?

– A-agente pode conversar? – aproximou-se dela.

– Ha, depois de tudo que aconteceu? Não, sinto muito!

– Por favor, Cascuda, não vai demorar! É só um minuto! – pediu.

Ela respirou fundo e voltou a olhar pra ela, cruzando os braços.

– Cas... Eu vim te pedir desculpa pelo que você viu...

– Magali, poupe-me das suas desculpas! E vamos logo ao que interessa!

– Tudo bem... – baixou a cabeça. – Eu só queria te dizer que eu me arrependo profundamente de ter me envolvido com o Cascão nas suas costas. Agente devia ter sido sincero com você dês do inicio... Mas foram acontecendo tantas coisas que... – ela soltou um suspiro de cansaço. – Enfim... O caso é que... Eu não pedi por isso, muito menos ele, mas ninguém consegue controlar esse tipo de coisa, você sabe.

– Taí uma coisa que você tem razão, agente não controla o que sentimos. – Magali afirmou com a cabeça, com a esperança que ela estivesse entendendo. – Por isso a raiva que eu o que to sentindo de vocês agora é incontrolável!

– Cascuda eu sei... – a comilona se aproximou dela e sentou na cama. – Eu sei o quão difícil deve tá sendo pra você agora, mas acredite... Eu também sofri muito por conta disso...

– Não... – Ela se levantou e começou a chorar de novo. – Você não tem a mínima idéia de como estar sendo... O seu sofrimento não se compara ao meu.

– Cascuda, eu já tentei abrir mão dele inúmeras vezes, mas...

– Você ama ele?

– Isso não vem ao caso. – disse se levantando também. – Eu detesto te ver assim... Você é minha amiga e...

– Amiga? – começou a rir com sarcasmo – Amiga? Magali nenhuma amiga teria feito o que você fez! Você roubou o Cascão de mim! E traição é ultima coisa que eu consigo perdoar... Agora sai daqui! – gritou.

– Cascuda, por favor... Me escuta... – ela começou a se aproximar dela novamente. – Eu não quero perder a sua amizade por um garoto qualquer... – diz com voz de choro.

Ao ouvir aquilo, Cascuda fica chocada.

– Qualquer garoto? – repete entre lagrimas. – É do Cascão que estamos falando aqui! O MEU Cascão! – diz com mão no peito...

– Eu sei... Eu te entendo, mas será que algum dia você vai me perdoar por isso...? Eu sei que ainda no fundo você ainda sente alguma...

– Eu tenho nojo de vocês... É a única coisa que eu consigo sentir neste momento. – diz com os olhos fechados, parando de chorar.

Magali percebe que é inútil continuar tentando, ela respira fundo ao notar que já não tinha jeito. Cascuda só conseguia sentir raiva, muita raiva. Decidiu deixar ela quieta pra não piorar mais ainda a situação.

A comilona abaixou a cabeça, triste. E foi em direção a porta. Deu uma ultima olhada em Cascuda que continuava com os olhos fechados e deixando cair uma lagrima atrás da outra.

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Magali saiu da casa de Cascuda ainda paralisada. Ela não podia acreditar que tinha acabado de perder uma amizade de anos por conta de um garoto.

Ela não sabia que as consequências de um novo amor, lhe traria tanto sofrimento.

Cascão apareceu correndo e encontrou Magali na calçada, saindo da casa de sua namorada.

– Caramba Magali, eu não pedi pra você não vim até aqui? – perguntou ofegante de tanto correr.

Ela olhava pra Cascão com as lagrimas presas no olho. O garoto percebeu a sua tristeza e já prevendo o que tinha acontecido.

Ele não disse nada, e a abraçou. Ela não o abraçou de volta, mas correspondeu, fechando os olhos, fazendo a agua finalmente escorregar.

– Era por isso que eu não queria que você viesse... Não só iria fazer mal a ela, mas como eu sabia que você também iria ficar assim...

Magali se afastou enxugando o rosto com as costas da mão.

– Vem, vamos sair daqui... É capaz dela aparecer na janela e ver nós dois juntos de novo. – Cascão puxa a mão de Magali, e os dois começam a caminhar. O céu estava nublado, pois a qualquer momento iria cair uma bela chuva. De repente Magali para, finalmente prestes a abrir a boca para falar alguma coisa, já que estava muda até então.

– Eu... Tomei uma decisão...

– Qual...?

– Eu não aguentei ver a Cascuda daquele jeito... É muita culpa pra uma pessoa só... – ele já ia abrir a boca para responder, mas ela foi mais rápida. – Por isso eu... Acho melhor agente esquecer tudo que rolou até agora. – dizia tudo aquilo sem olhar pro garoto.

Ele ficou sem reação.

– C-como assim esquecer?

– Se ficarmos juntos pisando nos sentimentos de todo mundo, eu não vou conseguir ser feliz com você, Cascão.

– Magali não faz o menor sentido você me pedir pra esquecer o que aconteceu entre agente, porque VOCÊ também gosta de mim! – começou a se desesperar.

– O que não faz sentido é você não estar nem um pouco abalado da Cascuda ter flagrado agente junto!

– É claro que eu estou Magali! Se eu pudesse sofrer no lugar dela, eu sofreria! O caso é que eu quero ficar com você! É tão difícil assim de entender?

Dizendo aquilo, só fez Magali querer chorar ainda mais.

– Não... Não é...

– Então porque diabos você quer se afastar de mim justo agora que agente estava se dando bem?!

– Eu só não consigo ser feliz as custas do sofrimento dos outros! – berrou, fazendo Cascão ficar pasmo.

Ele não conseguiu dizer mas nada, e os dois ficaram se olhando com tristeza nos olhos durante alguns segundos, após isso, Cascão começou a limpar as lagrimas de Magali que ainda escorriam.

– Agente tava indo tão bem... – diz enquanto suspirava.

– Eu sei... Acontece que eu...

– Tem medo de ser feliz. – respondeu por ela.

Ela baixou o olhar dando de ombros.

– Talvez seja isso...

– Eu posso te ajudar a superar esse medo... – diz fazendo carinho em seu rosto.

Cascão esperava uma resposta de Magali. Ela teria que se decidir se iria ficar com o sujinho e tentar ser feliz... Ou não.