_ _ (01h39min) _ _ Quarto de Magali

Magali ficou um tempão pensando no que Monica disse, e ela estava certa em tudo. Não podia continuar com Quinzinho por pena e por medo de ele voltar a sofrer por causa dela.

Pensou tanto que até quando dormiu, acabou sonhando com isso.

Sonhou que estava andando sem saber para aonde ir, mas ela estava bem calma e tranquila. Até que encontrou um menino em pé em sua frente. Ele se virou e... Era o Cascão. E ele não estava sozinho, estava com a Cascuda. Magali sentiu uma mistura de raiva, ciúmes e tristeza por vê-los juntos. Sem muito demorar, Cascuda foi desaparecendo aos poucos, deixando Cascão sozinho. Ele continuou lá em pé, sorrindo pra ela. De repente os dois se aproximaram e se beijaram. Após o beijo ela sentiu que alguém os observava, quando virou o rosto, era Quim que estava ali. Ele não parecia ter gostado de ver aquela cena, por isso começou a chorar e a gritar acusando-a de estar fazendo-o sofrer com a mesma história, e do mesmo jeito.

Magali acordou assustada, e se aliviou ao perceber que era um pesadelo. Olhou para o alarme ao lado e marcava três da manhã. Ela estava suando por isso foi até banheiro lavar o rosto.

Ela tinha ficado muito apavorada, Quim não tinha reagido daquela forma nem nos seus sonhos. Ficou imaginando se seria assim quando soubesse a verdade.

Voltou para o quarto e custou a pegar no sono outra vez.

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No dia seguinte, Magali tinha esquecido que era feriado, e que não teria aula por isso, dormiu mais um pouco. Quando acordou, tomou um banho, vestiu o seu short branco e a sua tomara que caia, rosa. Desceu e saiu sem tomar café. Seus pais não estavam em casa, pois tinham saído para fazer as compras do mês.

_ _ (10h22min) _ _ Praça

Sentou, e colocou os dois pés no banco. Ela precisva ficar em um lugar calmo como a praça, onde estivesse ar freso, para poder pensar e raciocinar melhor. Aquele sonho tinha mexido muito com ela. Ela queria pensar em todas as possíveis maneiras de como conversar com o Quim sobre seu relacionamento com Cascão.

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O sujinho saiu cedo de casa para andar de skate. Ele não parava de pensar um minuto sequer na comilona. Queria saber o por quê dela ter reagido daquele jeito quando saiu da perfumaria.

– Mulher é um bicho tão estranho... – pensou enquanto rodava pela rua.

Ao parar na praça, ele vê alguém sentado no banco. Ele reconheceria aqueles cabelos compridos em qualquer lugar. Sorriu e andou com skate até ela.

Se aproximou e percebeu que ela estava com os olhos fechados. Estaria dormindo?

Magali sentiu uma mão tocar em seu ombro, por isso abriu os olhos rapidamente.

Era o Cascão...

– E ai? Ta mais calma?

Ela só fez sim com a cabeça, suspirando.

– Não quer me contar o que aconteceu?

– Não era nada importante... Só estava naqueles dias...

– Sei... Bom, e como você ta?

– Bem... E você?

– Vou indo, né... – disse sentando ao seu lado e colocando o skate em um canto.

– Cascão... – ela abaixou a cabeça.

– Oi... – diz olhando pra ela.

– Eu tive um sonho...

– E...?

– E você estava nele...

– Ah é normal... Eu por exemplo, sonho com você quase todos as noi...Opa... – Cascão fica sem graça e tenta disfaçar.

– Sério? – pergunta sorrindo.

– M-mas me conta, como era o sonho? – tentou mudar de assunto.

– Não sei se devo te contar...

– Por que não?

– Porque... Acho que você não vai gostar!

– Pode falar! Não me diga que... Não me diga que no seu sonho eu... Morro?

– Ai Cascão, claro que não!

– Então fala, ué.

Magali respira fundo e decide dizer.

– Sonhei que... Sonhei que agente... Que agente se... Beijou...

Cascão sorriu, mas desmanchou ao ver que a expressão dela não era muito boa.

– E... O que aconteceu? Ah já sei, você me dá um tapa na cara, certo?

– Errado... Agente se beijou e... De repente... O Quim apareceu...

– Putz... E ai?

– Começou a chorar e a gritar comigo... – diz com voz de choro.

– Calma Magali... Foi só um sonho! – diz passando as mãos nas costas dela.

Cascão abraçou a garota de lado, pois ela estava com cara de quem iria chorar a qualquer momento. Era desconfortável para os dois ali naquela posição, afinal toda vez que eles chegavam perto um do outro, seus corações batiam muito mais rápido, e suas respirações ficavam ofegantes, sem nem se mexerem. Tirando o fato que eles ficavam extremamente envergonhados só por estarem próximos. Mesmo assim, Magali decidiu permanecer apoiada no peito dele por uns estantes, ela precisava mesmo de alguém pra consola-la naquele momento.

Cascão prendia a respiração porque ela estava usando um de seus perfumes favoritos nela, e toda vez que ele sentia aquele aroma, era um motivo e tanto para beija-la. Ele não queria se aproveitar dela, só por ela estar triste devido ao seu sonho com Quim. Mas o desejo que sentia por ela, era tão forte e incontrolável que ele nem mesmo se reconhecia. Nunca havia sentindo nada parecido, por ninguém em sua vida. Nem mesmo Cascuda tinha a capacidade de faze-lo suar nas mãos.

Magali que estava encostada nele, percebeu que coração do garoto batia em uma velocidade absurda. Ela também estava nervosa por está tão próxima a ele, seu coração também batia rápido, mas não se comparava ao dele. Era como se ele estivesse corrido uma maratona... De horas.

Ela sabia o motivo por ele estar assim, viu que sua mão também tremia, deixando a garota sem reação.

Ela levantou a cabeça lentamente, olhando para o rosto de Cascão, que estava de olhos fechados. Devagar, ela tocou em queixo... fazendo ele abrir os olhos.

E lá estavam os dois, com os rostos colados. Cascão não tirava os olhos da boca de Magali, e ela muito menos da dele.

Sem esperar mais, Cascão se aproxima e a beija.

Desta vez um beijo calmo, e suave, mas apaixonado. Muito diferente dos beijos que eles costumam dar. Magali abriu a boca colocando sua mão sobre rosto do garoto. Ele tocava em seus cabelos, devorando seu perfume.

Ela ficou surpresa, pois achava que Cascão não soubesse dar um beijo carinhos daqueles, já que as vezes que ele a beijava, era sempre agressivo, e impaciente.

Segundos seguintes... Magali se afastou bem devagar e baixou o olhar.

– Que foi...? – perguntou ele, quase sem voz.

– Agente... Não pode continuar com isso... – ela disse baixinho, sem desgrudar o seu rosto do dele.

– Por que não? – disse tentando beija-la de novo.

– Por que... – Magali ia quase ceder outro beijo, mas se levantou com a mão na boca. – É errado!

Cascão continuou sentado olhando para ela, que estava em pé de costas. Após um tempo em silêncio ele diz com a cabeça baixa...

– E o que agente vai fazer?

– Não sei...

Magali se lembrou do que Mônica tinha lhe dito no dia anterior. Ela não podia continuar assim. Depois daquele beijo ela sabia que não tinha como evitar, ela gostava sim de Cascão. Gostava demais. Por isso chegou a uma conclusão.

– Já sei o que tenho que fazer!

– Aonde vai?

– A casa do Quim!

– Fazer? – perguntou se levantando do banco, certamente com ciúmes.

– Eu... Preciso conversar com ele...

– Espera! – ele pegou em sua mão.

– Que?

Cascão a puxou pra perto dele, e colou a sua testa na dela, fazendo os dois fecharem os olhos. Com as mãos nos cabelos dela, Cascão disse...

– Você sabe que o que aconteceu aqui... E o que vem acontecendo com agente... É sério. Não sabe?

Ela afirma com a cabeça, e Cascão abre um pequeno sorriso.

– Eu... preciso ir, Cascão...

Ele não quis solta-la, pois não conseguia. Mas teve que obedecer.

A garota ficou um tempo olhando pra ele, e em seguida se virou e começou a andar.

Ele esperou ela desaparecer e quando voltou a sentar no banco, pôs as duas mãos na cabeça.