_ _ (23h16min) _ _ Shopping

Monica e Cebola olharam no relógio e viram que estava tarde. Na saída do shopping ligou para Magali para saber se ela tinha achado o seu perfume, para elas irem embora, mas o celular dava fora de área ou desligado. Em seguida, decidiu ligar para Cascão já que ele estava com ela.

– Alô?

– Cadê vocês?

– Eu já tô em casa... E acho que a Magali também.

– Como assim em casa? Foram em embora sem falar com agente?

– Vocês estavam “ocupados” demais.

– A Magali saiu daqui com você?

– Não... Ela foi de taxi! Falar nisso... Monica você sabe o que a Magali tem?

– Como assim?

– Agente estava passeando pelo shopping até que ela entrou em uma perfumaria, e depois que achou um lá, ficou toda estranha. Achei até que ela estava de TPM já que o humor dela mudou de repente.

– Estranho... Como era?

– Como era o que?

– O perfume, bocó!

– Era uma parada lá azul, sei lá... Mais eu acho que ela ficou assim por que não tinha dinheiro, mas eu perguntei se...

– Ai meu deus! – disse Mônica colocando a mão na cabeça.

– Que foi?

– Era azul e com formato de uma rosa em cima?

– Acho que sim... Porque o espanto?

– Deus... Tomara que não seja aquele...

– Não entendi.

– Fala rápido Cascão! De onde era esse perfume!

– Como assim de onde era? Da loja ué!

– Nãoo! To falando de que lugar veio aquele perfume!

– Eu vou lá saber uma pergunta dessas? Eu não sei nem de onde veio o meu.

– Droga! Só pode ser aquele!

– Por que você ta nervosa? O que tem nesse perfume que deixa as pessoas assim?

– Cascão, eu vou para casa da Magali agora! Depois agente se fala!

– Espera Monica...

Mônica desliga e abandona Cebola, que ficou sem entender o motivo da pressa.

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Magali chegando em casa, bate a porta com força e entra no quarto ignorando o fato de sua mãe está na sala lhe fazendo perguntas.

Ela subiu as escadas e se trancou no quarto, mas Lili foi atrás.

– Me deixa mãe! – diz ao ouvir batidas na porta.

– Não senhora, vai me dizer já o que aconteceu!

– Mãe... É serio eu tô bem! Me deixa sozinha, por favor!

De repente a campainha tocou e sua mãe teve que descer para atender.

Era a Monica. E ela estava ofegante.

– O que foi Monica? Parece que correu uma maratona!

– Quase... Cadê a Magali?

– Lá em cima, se trancou no quarto e disse que quer ficar sozinha – respondeu parecendo preocupada.

– Eu posso entrar?

Lili deu passagem, mas antes da dentuça subir ela a alertou.

– Parece que ela não quer falar com ninguém...

– Mas comigo ela vai ter que falar.

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Mônica bateu na porta, mas não houve resposta.

– Amiga, sou eu...

Ao ouvir sua voz, Magali abriu imediatamente. Ela puxou Mônica para dentro, e fechou a porta em seguida.

A dentuça percebeu os olhos vermelhos de Magali, e ela teve a comprovação de que se tratava daquele perfume mesmo.

– Má... O Cascão me contou... Do perfume

Magali voltou a chorar, e Mônica lhe abraçou forte.

– Calma amiga... Não chora...

– Eu não queria me lembrar daquilo de novo, Mônica..

– Eu sei... Calma... Olha pra mim – pediu enxugando as lagrimas da comilona. – Eu sei que você não queria se lembrar de novo mais... O que passou, passou! E também você não teve culpa de nada!

– Monica, você não entende, claro que foi culpa minha! Eu nunca devia ter me apai... – ela fechou os olhos, mordeu o lábio e deixou cair mais uma lágrima.

– Maga agente não escolhe por quem agente vai se apaixonar! – disse segurando as duas mãos dela.

– Mas eu quis... Esse é o problema! – Ela disse enxugando a lágrima com força do seu rosto. – E eu me arrependo até hoje...

Monica fez carinho em sua cabeça.

– E o pior é que... Eu estava com o Quinzinho! Ele não merecia...

– Ele nem deve lembrar mais disso...

– Ele sofreu muito Monica! Por minha causa! Se eu fosse ele já teria terminado o namoro há muito tempo!

– Magali me escuta! Naquela época você ainda era muito nova, eu sei que você sofreu muito por ele mais... O que você vai ter fazer agora é esquecê-lo!

– Aquele perfume só fez piorar tudo Monica! Foi o perfume que ele me deu!

– Olha, presta atenção! Ok, aquele perfume, só fez você lembrar de tudo, outra vez, mas você tem que esquecer o passado, e viver o presente.

Magali já estava com o choro controlado. Ela fechou os olhos e suspirou.

– Eu sei que você gosta do Quim, mas o que importa é que terminou tudo bem... O Quim te perdoou não foi?

– É... – disse abaixando a cabeça.

– Amiga... Eu quero que você me responda uma coisa, e por favor seja sincera.

– O que? – disse olhando pra ela.

– Você realmente ama o Quim?

– Claro Mônica! Que pergunta!

– Magali eu pedi pra você ser sincera!

– Mas eu estou sendo!

– Magali... – disse erguendo as sobrancelhas.

– Eu... Eu... Eu acho que amo...

– Sabia...

– Mônica, ele é muito importante pra mim!

– Amiga olha só – diz segurando em suas mãos. – Eu sei que ele é importante. Mas só isso não basta, pra um namoro dar certo, tem que haver amor nos dois lados. Se só o Quim te amar e você sentir pena dele pra continuar com esse relacionamento, você não vai ser feliz! E ele uma hora vai perceber...

– Eu sei... – diz deixando uma lagrima cair.

– Eu sugiro que você termine com ele, antes que a mesma história se repita.

– C-como assim?

– Se você estiver mesmo gostando do Cascão, vai fazer ele sofrer menos terminando, antes que ele descubra sozinho.

– E-eu não posso terminar com o Quim!

– Por que não?

– P-porque eu não pretendo me envolver mais com Cascão!

– Isso não é você que decide. Talvez esse sentimento você sinta por ele, vá crescendo e crescendo, até uma hora que você não poder esconder. Nem de você mesma.

– Mais um motivo pra eu me afastar dele! Eu não quero me apaixonar de novo!

– Porque?! Se apaixonar é uma das coisas mais lindas que existem! – diz sorrindo. –

– Eu já senti isso e não achei nem um pouco lindo.

– Magali, você não vai conseguir ficar presa ao Quim pra sempre! Você sabe disso!

– É melhor ficar com ele, do que sofrer por outro.

– Se você ficar com o Cascão, você não vai sofrer!

– Não foi você que achou um absurdo quando eu te contei que nós nos beijamos? Você só faltou me matar!

– Eu fiquei chocada sim, mas porque eu nunca imaginei vocês dois juntos. Mas só agora eu sei o quanto ele gosta de você... O amor é assim, pega agente de surpresa, pela pessoa mais inesperada possível.

– Põe inesperada nisso!

– Eu sei que vocês ainda estão tentando lidar com esses novos sentimentos, já que vocês são amigos de infância. Mas nada é tão impossível assim, olha pra mim e o Cê.

– Mas vocês sempre se gostaram!

– Amiga, o que eu to tentando dizer é que você devia dar uma chance pra ele...

– Eu não quero me apaixonar, Mônica! Já falei!

– Tarde demais... Você já está apaixonada...

– N-não to não!

– Você faz o possível pra negar, mas é o que está acontecendo agora – disse sorrindo pra provocar a amiga – Vai ter que lidar com isso.

– Tudo bem Mônica, mas você está esquecendo de um pequeno detalhe.

– Qual?

– Ele tem namorada. A Cascuda, nossa amiga.

– Fazer o que? Ela vai ter que aceitar se vocês resolverem ficar juntos. Afinal, ninguém fica com uma pessoa só pelo resto da vida, uma hora ou outra ela iria cansar do Cascão e lhe dá um pé na bunda.

Magali não pôde não rir daquilo, Mônica se sentiu feliz por estar fazendo a sua amiga sentir melhor e continuou.

– Vai amiga! Dá uma mais chance pro garoto, e vai ser feliz! – diz empurrando o ombro da amiga de leve.

– Não sei se quero isso... Com ele...

– É claro que você quer! Só está com medo de tentar...

– É muito estranho, Mônica! Ele é meu amigo! Sempre foi...

– Você já ouviu aquela musica? “O meu melhor amigo é o meu amor... e agente cantar, e agente dançar e agente não se cansa...”.

– Ai para! – diz rindo. – Essa música é sua e do Cebola, não minha!

– E ficamos juntos... Graças a quem?

– Ah Monica, mas é diferente! Todo mundo sabe que vocês iam acabar juntos, com ou sem a minha ajuda.

– Não importa! Agora eu quero ouvir você admitindo pra si mesma que gosta dele.

– Nunca!

– Vai! Diz! Não vai doer – diz fazendo cocegas na amiga.

– Não Mônica! Para! – Magali ria sem parar.

– Fala com todas as palavras que eu paro!

– EU NÃO VOU DIZER ISSO! – gritou entre risos.

– Então vamos ficar aqui o dia inteiro!

– Ai! E-eu gosto...

– Gosta de quem? – perguntou rindo continuando as cocegas.

– Do Cascão! Agora para!

– Fala a frase completa!

– M-Mônica PARA! – diz não se aguentando de rir.

– COM-PLE-TA!

– EU GOSTO DO CASCÃO! Satisfeita?!

Mônica parou de fazer cocegas na amiga, rindo. Magali estava deitada, com agua nos olhos e respirava ofegante. Sua amiga dentuça sempre conseguia o que queria.

– Muito! Satisfeitíssima! – bateu palminhas.

– Nunca vou te perdoar, por ter me feito dizer isso! – diz ela se sentando com a mão na barriga.

– Não ligo! – deu de ombros se levantando. – Agora eu vou pra casa, que já são mais de meia noite.

– Isso! Vaza daqui logo! – diz rindo e jogando uma almofada nela.

Mônica dá a língua pra amiga e fecha a porta.

Quando a garota desceu as escadas Dona Lili ainda estava na sala vendo TV, e quando viu Mônica sorriu.

– Obrigada, Mônica! Ouvi as risadas daqui.

– De nada, Dona Lili! Amigas são pra isso.

A mulher acompanhou ela até a porta e se despediu.