The Sound Of 2 Hearts escrita por Mariia_T


Capítulo 42
38.


Notas iniciais do capítulo

Pois é. HAHA, eu consegui escrever mais um! Sem enrolação, vamos ao que interessa:



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 - Miranda

     Aquela semana foi tão boa que passou voando. Eu e Justin não podíamos estar mais juntos e isso era maravilhoso – depois de tanta briga e confusão. Era bom estar finalmente em paz com ele.

     Terminei de retocar o batom e saí do banheiro, me sentindo completamente bem. Voltei para a mesa e esperei o Justin terminar de falar com algumas meninas.

     - Ei, você tem um fã-clube. – Ele sorriu para mim e me passou o celular. Peguei e olhei. Não creditei naquilo.

     - Eu sou amada! – Brinquei.

     - Essa foi definitivamente a melhor reação delas a uma namorada minha. – Disse. Sorri timidamente.

     Meu celular tocou e era o meu pai, mas quando fui atender, ele desligou.

     - Jus, me deixa em casa? – Pedi.

     - Claro. Vou pedir a conta.

     Logo estávamos no carro, indo em direção à minha casa. Estávamos cantando alguma música divertida, rindo como dois idiotas apaixonados. Eu não queria que aquilo acabasse, nunca. Se eu pudesse, minha vida seria feita só desses momentos com ele.

     Entramos em casa ainda rindo, fazendo comentários bestas. E, assim que eu fechei a porta, alguém tocou a campainha. Parei de rir quando vi quem era. Sempre tinha como estragar, certo?

     - Boa tarde. – Ela entrou sem ser convidada.

     - O que você quer, Victoria? – Justin perguntou assim que a viu.

     - Só... Anunciar uma coisa. – Ela riu.

     Cruzei os braços, esperando.

     - Prepare-se para o pior. – Victoria sorriu, cínica.

     - O que?! Você tem problemas? – Perguntei.

     - Não, mas você vai ter. Sabe por quê? Porque eu sei demais sobre certas coisas. – Sorriu sombriamente e, sem cerimônia alguma saiu da minha casa.

     Soltei uma risada seca. Era para rir ou para chorar por causa daquela garota? Virei-me para compartilhar a graça daquilo com Justin mas ele estava estranho.

     - Você está bem? Está pálido. – Aproximei-me, tocando sua testa e a base do pescoço.

     - E-eu estou bem. – Gaguejou ele. Puxei-o até a cozinha e lhe dei um pouco d’água. – Obrigado. – Bebeu.

     - Tem certeza de que está bem?

     - Sim... Estou melhor.

     Fitei-o por um segundo, tentando me convencer. Suspirei e sorri fraco.

     - Ela é inacreditável, não é? – Comentei. – O que será que ela sabe? – Fiz aspas com o dedo.

     - Não faço ideia. – Ele mudou a posição na banqueta. – Estou começando a duvidar da sanidade mental dela.

     Eu ri. Aquilo podia ser uma hipótese a se considerar.

     - Amor, eu tenho que ir. Tenha um bom dia, ok? – Ele levantou.

     - Tem certeza de que consegue dirigir?

     - Sim, claro.  Te amo. – Ele me deu um selinho e saiu.

     - Também te amo! – Gritei, mas ele já tinha ido.

~x~

     - Justin, volta aqui! – Saí correndo atrás dele. – Me devolve! Agora!

     - Hm, não. – Ele colocou a câmera para o alto quando eu o alcancei. – Sorria! – O flash me cegou. Ele olhou a foto no visor. – Você brava fica tão bonitinha. Vou colocar no twitter.

     Bufei e arranquei a câmera de suas mãos. A foto tinha ficado legal, mas ele não ia postar aquilo numa rede social. Não ia.

     - Mas eu nunca postei uma foto nossa! – Replicou, meio que lendo meus pensamentos.

     - E nem vai! A menos que você consiga o cartão de memória da minha câmera, o que não vai acontecer. – Sorri.

     - Ah, baixinha! Por favor! – Implorou.

     - Vamos voltar lá para dentro, meus pais estão nos esperando.

     - Aposto que seu pai gostaria que eu ficasse por aqui mesmo...

     - Ah, Jus, ele... Um dia ele se acostuma... – Abracei-o.

     - Sei...

     Minha mãe apareceu na porta que dava para a área da piscina. Ela estava tensa, aparentemente se esforçando para manter o autocontrole. Ela tentou falar na primeira vez, mas sua voz falhou. Na segunda vez, sua voz saiu como uma espécie de sussurro.

     - Precisamos conversar. Agora. – Ela se virou e entrou na casa.

     Eu e Justin trocamos um rápido olhar e seguimos ela.

     Quando entramos na sala, lá estavam a minha assistente social e Victoria ao seu lado.

     Como que prevendo o futuro, uma pequena citação de um livro que eu havia lido algum tempo atrás passou por minha mente, sem som algum, somente as palavras.

     “Como a maioria dos sofrimentos, esse começou com uma aparente felicidade.”

- Justin

     Ver Victoria ali foi um choque horrível. E aquela era a assistente social de Miranda, eu já havia visto aquela mulher por ali algumas vezes. De certa forma, eu sabia o que Victoria havia feito. E então entendi tudo.

     Aquela noite, a bebida, a conversa fiada... Xinguei-me por dentro.

     Victoria realmente sabia demais, e era minha culpa.

     - Querida, você vai sair desse pesadelo. Você vai voltar para o Brasil. – Disse a assistente, sorrindo solidariamente.

     - O quê? Mas... Como assim, por quê? – Charlote perguntou, espantada.

     - Ou ela vai comigo ou eu meto um processo em vocês dois por maus tratos. – Ameaçou a outra.

     - Calma, Ella. – Norah interviu. – O que... Sob que alegações Miranda tem que voltar?

     - Maus tratos. – A tal da Ella repetiu. – E não adianta discutir. Vocês já provaram o suficiente que não conseguem manter a pobre menina aqui. Depois de amanhã eu venho te buscar. – Avisou a Miranda e saiu da casa. Victoria ficou lá.

     - Meu Deus. – Charlotte começou a chorar. Norah levou-a para a cozinha.

     - Pai... – Miranda disse, dando um passo à frente. Anderson estava lá, parado. Não havia dito nada em momento algum, parecia tão abalado quanto Charlotte, só que mais controlado.

     - Agora... Agora não, meu amor. Preciso... Pensar. – Ele entrou em seu escritório. Só ficamos eu, ela e Victoria na sala.

     Miranda virou-se para mim, seus olhos estavam marejados e ela estava trêmula. Abracei-a, sentindo um remorso horrível. Culpa. Victoria sorria para mim por cima do ombro de Miranda, xinguei ela de todas as formas possíveis por dentro.

     - Bem... Eu avisei. – Ela provocou e saiu da casa

     - O que você disse a Ella? – Miranda se afastou de mim e foi atrás dela. Segui as duas para a noite fria que estava lá fora.

     - Nada que não fizesse você se ferrar.

     Miranda deu um impulso para frente, mas segurei-a. Briga ali, não. Se bem que Victoria merecesse alguns tapas...

     - Mas... Como você ficou sabendo disso? Como soube que... Ah meu Deus, que tipo de monstro você é? – Miranda perguntou, levando as mãos para o alto.

     - Por que não pergunta ao seu namoradinho? – Victoria sorriu e eu gelei. Não acredito que ela fez isso. Um espasmo de terror passou por todo meu corpo.

     Miranda afastou-se completamente e me encarou. Fechei os olhos, respirando fundo.

     - Me diga que não é... O que eu estou pensando... – Pediu, a voz rouca.

     - Miranda...

     - Não! Como... Como você pôde? Justin! Meu Deus, o que... Por quê? – Ela se embolava com as palavras.

     - Simples! – Victoria disse antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa. – Porque você e ele nunca vão dar certo juntos. Porque essa é a sua deixa, meu amor. Pode ir embora, pois ninguém vai sentir sua falta.

     Um tapa estalou alto na bochecha rosada de Victoria. Miranda tremia, mas a expressão era dura. Ela levantou a mão para outro tapa, mas abaixou-a de volta. Apesar de estar um pouco afastado, pude ouvir as palavras sussurradas:

     - Eu tenho nojo de você. Nojo e pena. Pois você não consegue ver alguém ser algo que você não é. Você não aguenta ver alguém feliz. Deve ser uma droga ser alguém tão mal amado quanto você. – Miranda disse.

     À luz da lua, uma lágrima brilhou nos olhos de Victoria. Ela simplesmente se virou e caminhou até o táxi que a esperava no fim da rua.

     O silencio se instalou ali e Miranda continuava de costas para mim. O frio parecia ter aumentado de repente.

     - Eu...

     - Como você pôde? Hein, Justin? Me diz! Por quê? – Ela ainda estava de costas, mas eu sabia que ela estava chorando.

     - Ela apareceu lá em casa e... Ofereceu algumas bebidas e...

     - Ah, além de ela estar na sua casa, vocês dois; sozinhos... Ela ainda... Você ficou bêbado? É isso? Você não resiste, não é? Qualquer garota, qualquer rabo de saia... Mas vejam só, você é um garoto de 16 anos. O que eu esperava? Eu não devia ter esperado nada. Você me traiu, Justin.

     - Eu sinto muito. – Foi só o que consegui dizer.

     - Sente mesmo?! Sente, Justin? Sente vergonha? Sente remorso? O que diabos você está sentindo agora? – Ela se virou e ficou muito próxima de mim. Seu rosto estava molhado, as lágrimas deixavam um rastro em sua bochecha.

     - Eu não queria, eu juro! Não foi a minha intenção. – Me defendi.

     - Não queria, mas fez. Você arruinou a minha vida. Toda ela! Está satisfeito? Você enfim conseguiu acabar com tudo aquilo que era mais importante para mim. Você é o maior imbecil que eu tive o desprazer de conhecer. – Ela cuspiu as palavras em cima de mim e elas entraram, cortando por dentro tudo o que encontravam pela frente.

     - Miranda... – Minha voz falhou, já embargada pelo choro.

     - Eu não quero ouvir nada.

     - Miranda, eu te amo. E não queria nada disso, nunca iria fazer algo que te tirasse de mim...

     - Você me ama? Amor? O que você sabe sobre amor, Justin? Eu fui a única pessoa disso aqui que amou alguém. Fui eu quem perdoou todos os seus erros, eu fui humilhada aqui. Eu fui a idiota, a imbecil que sempre esteve lá para aceitar tudo. Mas quer saber? Essa foi a gota d’água. – Ela sorriu, amargamente.

     - Apesar de isso tudo doer, eu sei que é verdade. – Tomei coragem e não deixei que ela me interrompesse. – Me desculpe por ter arruinado sua vida, me desculpe por isso... Eu sou um imbecil, é verdade. Mas eu fui o imbecil que só quis colocar um sorriso no seu rosto. Mas sabe, eu sei... Isso não tem conserto. E eu sinto muito.

     - Só sentir muito, Justin, não vai mudar o fato de que dentro de 48 horas, eu vou estar em um avião, muito longe daqui. – Ela rebateu, estava mais controlada agora, mas ainda chorava muito.

     Ela me deu as costas e entrou em casa. Fique parado lá, olhando em volta. Quando a primeira lágrima caiu, eu dei por mim e entrei no carro.

     - Relaxe, não chore. – Dizia para mim mesmo, mas não confiava em meus conselhos, não confiava em mim mesmo.

     O percurso para casa foi horrível. Eu chorei. E a expressão magoada de Miranda ficava se repetindo em minha mente, me torturando de novo e de novo. Parei em um cruzamento e o sinal estava fechado. Olhei para o lado e reconheci a rua que dava para a casa da Victoria. Naquele instante, me decidi de algo.

     Por mais que eu soubesse que Miranda não ia me perdoar, eu não ia ser o motivo de todo aquele sofrimento. Eu ia consertar as coisas. Eu não ia ficar com ela, mas a sua família ia. Ela ficaria feliz e isso bastava.

     Refiz meu caminho e entrei na propriedade.

     - Justin? – Ela se espantou de me ver na porta.

     - Você vai consertar isso. Amanhã.

     - Você andou chorando? O que? Ela terminou tudo?

     - Deixe de ser egoísta pelo menos uma vez na sua vida e mude tudo isso.

     - Por quê?

     - Porque você está acabando com uma vida, um ser humano. Não sente vergonha de si mesma? Vick, eu não te reconheço mais. Você mudou tanto... Por favor, Vick, me prove que eu estou errado, que você ainda é aquela garota incrível que eu conheci. – Pedi. Ela não falou nada, apenas ficou me olhando. Dei um beijinho no alto de sua testa e voltei para o carro.

     Quando cheguei a casa, fui direto ao meu quarto. Deitei na cama e não me mexi por um bom tempo. Peguei o celular e digitei uma mensagem de desculpas, mas não enviei.

     Ela nunca mais ia olhar na minha cara.

     Levantei da cama e fui em direção ao banheiro. Tropecei no meio do caminho e comecei a rir por puro nervosismo.

     Depois eu chorei.


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Notas finais do capítulo

Complicada a vida desses dois, né? Mas eu vou dizer uma coisa... dessa vez a coisa ficou séria. Espero que tenham gostado. E não tenho certeza, mas ACHO que esse é o penúltimo ou o antepenúltimo capítulo, oks? Xoxo, amo vocês ♥