The Sound Of 2 Hearts escrita por Mariia_T


Capítulo 13
13.


Notas iniciais do capítulo

sou só eu que está achando essa fic chata?Enfim... Mais um capítulo para vocês :D



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- Miranda

     Despedi-me da pequena Jazmyn, do Jeremy e da Pattie. Justin me levou até a porta. Antes que eu pudesse sair pela porta entreaberta, ele me puxou e me deu um beijo meticuloso e lento.

     Entrei no táxi ainda sentindo seus braços envoltos em minha cintura. Dei o endereço da minha casa para o motorista e deixei minha mente vagar. Olhei através da janela molhada pelos pingos da fina chuva que começara. Minha respiração embaçava o vidro gelado e este ajudava a amenizar a dor de cabeça que começara a latejar.

     Ela ainda ligava para ele, ainda conversava com ele, ainda o fazia rir. Sim, eu estava com ciúmes do meu namorado. O que era estranho, porque nunca, em toda a minha vida, me apeguei tanto a algo a ponto de sentir ciúmes. 

     Eu não gostava da Victoria. Ela fora tão falsa comigo. Tão egoísta com Justin; quer dizer, se eles estivessem mesmo namorando, ela deveria ter falado com ele antes de divulgar para a imprensa. Eu tinha uma espécie de pressentimento, como se ela fosse fazer algo de ruim só para ter Justin. E algo me dizia que ela ia conseguir. Por mais que eu tentasse afastar esse pensamento de minha mente, ele sempre voltava quando o nome dela era mencionado.

     - Moça? Chegamos. – O motorista falou.

     - Ah, sim. Muito obrigada. – Falei, entregando-lhe o dinheiro da corrida.

     Entrei em casa; minha vazia e silenciosa casa. A quietude cotidiana daquela casa nunca havia me incomodado de fato, mas agora, tudo o que eu queria era alguém que ocupasse minha mente com algum barulho. Era irônico, porque eu havia pedido a Justin um momento sozinha, e agora que eu tinha, não queria estar sozinha.

     Subi as escadas e entrei em meu quarto. Troquei o jeans por uma calça de moletom e a blusa justa por uma blusa de uma banda de rock que ficava realmente folgada em mim. Joguei-me em minha cama, peguei meu iPod e me deixei levar pela primeira música que tocou. Adormeci ouvindo alguma música do Guns N’ Roses.

~x~

     - Miranda? Miranda? – Alguém me chamava.

     Abri os olhos lentamente e vi um Justin sentado na cama, ao meu lado e uma Katy Perry olhando minhas fotos em cima da cômoda. Justin abriu um sorriso.

     - Ah, oi, dorminhoca. – Falou ela, quando me viu acordada.

     - Oi. Ahn... O que fazem aqui?

     Justin me entregou um envelope. Sentei-me na cama e analisei o envelope. Era preto e brilhante, haviam algumas letras impressas em metálico prateado – várias letras T e V. Olhei para ele, confusa.

     - Você foi oficialmente convidada para uma festa de imprensa. Bom, eles descobriram seu nome e já que você é meio famosa agora... Enfim, é o lançamento de uma edição especial de uma revista... Qual é mesmo o nome? – Ele perguntou a Katy.

     - Jus, é a Teen Vogue!

     - Ah, é verdade!

     - Eu fui convidada? Que legal... Isso ainda não responde a minha pergunta.  – Falei.

     - Vamos te levar para a festa, bobinha! – Falou Katy. – Agora levante, porque temos que te arrumar.

     Apenas a fitei. Ela bufou e me puxou da cama.

     - Tchauzinho, Justin. – Falou ela, dando alguns tapinhas nas costas do Justin e indicando a porta com a cabeça.

     - Mas... – Ele começou a protestar, mas Katy apenas continuou sorrindo e indicando a saída. Ele saiu.

     - Bom, vamos ver o que você tem. – Falou ela, com um estranho brilho nos olhos.

     A verdade era que eu tinha muito vestido de festa que eu quase nunca usara. Katy achou um rosa claro com renda preta por cima no meio da minha imensa coleção de vestidos. Ela escolheu o sapato, a maquiagem e os acessórios. Quando me olhei no espelho, eu não acreditava no que estava vendo. Katy parecia bastante orgulhosa de si mesma.

     Justin falava alguma coisa com Russel, mas rapidamente desviou o foco de sua atenção quando eu desci as escadas.

     - Meu Deus. – Foi o que ele falou. – Você está... Maravilhosa!

     Russel fez um sinal de positivo para mim e abraçou Katy de lado.

     Seguimos o carro do casal até a mansão onde seria a festa. Isso era um fato: Los Angeles era o lugar para acontecerem essas festas, que aconteciam em boates ou em casas de festas de magnitude para o Oscar, já em Atlanta eram necessárias mansões para realizarem as mesmas festas.

     - Está pronta? – Perguntou Justin, antes de sairmos do carro.

     - Não.

     - Ótimo. Você vai entrar com Katy e o Russel. Depois eu vou.

     Respirei fundo e saí do carro.

     - Sorria. – Falou Katy, quando me juntei a eles.

     Coloquei um sorriso no rosto e os segui. Os fleches quase me cegavam, os fotógrafos gritavam absurdos. De repente eu senti num corredor polonês. Mesmo assim mantive o sorriso no rosto.

     - Lembre-se, gatinha. Você é carne fresca, não deixe eles te devorarem. – Falou Russel. Assenti, olhando a quantidade enorme de repórteres perto da entrada principal, da qual nos aproximávamos cada vez mais.

     Vi Justin se aproximando e fiquei mais aliviada. Um repórter parou Katy e Russel e consequentemente me parou também. Depois de algumas perguntas, o cara pareceu me notar e se virou para mim.

     - Miranda Stephen! É um prazer enorme conhecer a tal garota das fotos. – Ele disse. – Falando nelas, diga-nos, o que Justin fazia ali num momento tão íntimo seu?

     - Um bom amigo não pode consolar seus amigos? – Rebati.

     - Claro, mas a intimidade de vocês é bastante evidente.

     - Meus pais não estavam lá. O namorado da minha amiga estava tão abalado quanto eu. Naquele momento, eu só tinha o Justin. – Expliquei, sem dar maiores detalhes. Katy, que estava ao lado do repórter e de frente para mim, fez um sinal positivo para mim.

     - Estão nos chamando para entrar, vamos. – Falou ela.

     Assenti, aliviada e dei um tchauzinho para o repórter, que retribuiu com um sorriso. Após confirmarmos nossos nomes, sentamo-nos à mesa que nos foi indicada.

     - Então, como estamos? – Perguntou Justin, chegando à mesa dois minutos após nós.

     - Bem. – Respondi.

     - Quero beber alguma coisa. Vou ao bar.

     - Vou com você. – Apressei-me em acompanha-lo. Eu não queria ficar ali, segurando vela. Justin pareceu entender isso.

     - Eles são muito unidos. – Falou ele.

     - É eles são. Acho isso tão fofo. É como se o casamento deles fosse durar para sempre. – Falei e rapidamente me arrependi, olhando Justin, mas ele nem pareceu se incomodar.

     Chegamos ao bar. Justin pediu seu coquetel de alguma coisa e virou tudo num gole.

     - Que sede. – Comentei.

     - Pois é. – Falou ele, ignorando meu comentário. – Vamos vasculhar a mansão? – Perguntou com um sorriso travesso nos lábios.

     - Vasculhar?

     - Você sabe... Bisbilhotar.

     - Ah... Certo, vamos.

     Ele pegou minha mão e me puxou. Olhamos algumas portas – a maioria delas trancadas. Eu estava começando a ficar entediada. De repente, quando estávamos no segundo andar, Justin abriu uma porta , me empurrou lá dentro e entrou, fechando a porta atrás de si.

     Era um pequeno armário. Se não estivesse tão escuro, eu poderia deduzir que era um armário de casacos sem casacos, mas estava realmente escuro. Eu não enxergava um palmo à minha frente. Justin me empurrou até a parede oposta – dois passos depois da porta – e colou seu corpo no meu.

     - Você já conhecia a mansão. – Falei.

     - Gênio. – Falou ele, o tom da voz um tanto malicioso.

     Dei um tapinha no ombro dele e ele riu. Dei outro e ele continuou rindo. Tentei dar outro, mas ele segurou minha mão. Depois pegou o celular e iluminou meu rosto.

     - Que coisa feia. Batendo no coleguinha. – Falou ele.

     Dei língua para ele.

     - Quem dá língua quer beijo. – Falou ele.

     Eu ri, sem graça e ele guardou o celular.

     - Muito fofo da sua parte. Leva sua namorada para um armário, irrita ela e ainda insinua que ela quer um...

     Ele me interrompeu, colando nossos lábios. Ele ainda segurava meu braço com uma mão e com a outra abraçou minha cintura.

     - O que você estava dizendo? – Perguntou ele entre um beijo e outro.

     - Ahn? – Perguntei, tonta.

     Ele riu e voltou a me beijar, dessa vez soltou meu braço, que eu levei até sua nuca e, inconscientemente, estava empurrando sua cabeça em direção à minha – como se fosse necessário colar ainda mais nossos lábios. Seus braços abraçavam minha cintura com vontade.

     - Você me deixa... Louco. – Falou ele, tentando controlar a respiração.

     Abri um sorriso débil, certa de que ele não veria nem o sorriso nem minha pele corada.

     - Eu te deixo louco, é? – Perguntei, usando o mesmo tom presunçoso que ele geralmente usava.

     - Deixa sim, admito.

     Ele me deu um selinho e depois outro. O celular dele tocou o alerta de mensagem. Justin bufou. Peguei o celular no bolso da jaqueta e olhei o visor. Desejei não tê-lo feito. Tive que reprimir a vontade de deixar o celular cair no chão e entreguei a ele.

     Justin olhou o visor e fez algo que realmente me deixou pasma.

     - Só um minuto, eu vou só responder essa mensagem e... – E ele nem terminou a frase, os olhos atentos no celular.

     Tive que me segurar para não empurrar o garoto-celular para o canto e sair dali.

     Era inacreditável. Ele trocava mensagens com ela? “Daqui a pouco vai trocar você por ela!”, uma voz falou em minha mente. Afastei rapidamente esse pensamento da minha cabeça.

     - E então, onde estávamos? – Perguntou ele, guardando o celular e me abraçando novamente.

     - Na verdade... Estou com fome. – Falei, tirando seus braços de mim e indo para a porta.

     - Mas...

     Eu já havia aberto um pouquinho a porta. Certifiquei-me de que não havia ninguém ali e saí, deixando Justin lá dentro.

     Desci as escadas pisando duro. De repente me dei conta de que deveria estar parecendo uma criança mimada. Então me recompus e me dirigi até a mesa das comidas. Não havia nada de aparentemente gostoso ali, então peguei alguma coisa qualquer e me sentei numa mesa para dois. Mordisquei algo do prato, olhando para o prato.

     - Não sabia que gostava de comida mexicana. – Justin sentou-se na cadeira à minha frente.

     - Hã?

     - Rolinhos apimentados. – Ele apontou o aperitivo em minha mão.

     - Apimentados? Droga! Traz água para mim!

     Ele riu e pegou água no bar.

     - Fraca. – Falou ele, quando voltou.

     - Idiota. Não é isso. Sou alérgica a pimenta.

     - Ah. Desculpa.

     - Tudo bem.

     Concentrei-me em identificar se minha língua estava inchando. Graças a Deus não.

     - Você está bem?

     - Estou. – Respondi, mal humorada.

     - Não parece.

     Puxei o ar, lentamente.

     - Como você ficaria se eu interrompesse um momento nosso respondendo uma mensagem de um garoto que gosta de mim? – Falei sem pensar.

     Ele abriu um sorriso enorme.

     - Você ficou com ciúmes?

     - Claro que fiquei! Hoje cedo ela te ligou e...

     - E eu achando que era só eu quem ficava com ciúmes nessa relação!

     - Justin!

     - Desculpa. Por favor, não fica com ciúmes. Odeio quando você me trata com indiferença, ou raiva, ou...

     Olhei em seus lindos olhos. Como não ceder àquele menino que conseguia fazer meu mundo todo sumir quando estava comigo?

     - Você é a única garota para quem eu tenho olhos. Eu nunca te trocaria por ninguém nesse mundo.

      - Nunca é muito tempo. – Falei.

     - Eu sei. – Ele abriu um sorriso.

     Sorri também e me dei conta de como estava agindo como uma idiota.

     - Desculpa. Devo estar parecendo uma criança mimada.

     - E está.

     Joguei um rolinho apimentado nele.

     - Vai comer isso? – Ele perguntou.

     Empurrei o prato para ele, que comeu tudo em questão de segundos. Scooter se aproximou, com uma expressão indecifrável no rosto, e nos encarou.

     - Que foi? – Justin perguntou.

     - Sarabeth quer uma entrevista. Com você e com você. – Ele apontou primeiro para o Justin e depois para mim.

     - Posso recusar?

     - Acho que não é uma boa ideia...

     - Certo. – Justin suspirou.

     Olhei para ele. Era só uma entrevista, por que toda aquela resistência? Scooter nos conduziu até uma sala onde havia toda uma equipe de gravação montando uma espécie de estúdio improvisado.

     - Fique atenta às perguntas. – Alertou-me Scooter.

     Assenti. Na verdade a entrevista nem fora tão ruim assim. A tal da Sarabeth era uma moça de meia-idade, bonita e bem conservada para a idade, além de ser muito simpática. Eu só tive que responder algumas perguntas sobre as fotos no hospital. Desmentimos toda e qualquer hipótese de um namoro. A não ser por isso, eu fiquei de fora da conversa toda. Observei o modo como ele respondia as perguntas... Tão bem humorado, descontraído... Tão à vontade.

     Quando saímos da sala, outra pessoa entrou. Ah, claro. É extremamente fácil conseguir entrevistas exclusivas em festas como essas. Festas onde os famosos mais desleixados ficavam bêbados e as revistas lucravam absurdos com os “flagras”.

     - Nossa! Essa festa está realmente chata. – Comentou Justin, quando saímos da sala.

     Tive que concordar. Minha primeira festa em que fui convidada, e estava extremamente chata. Enquanto voltávamos para nossa mesa, tive a impressão de ver o mundo girar e tive que me apoiar em Justin para não cair.

     - Você está bem?

     - Não. – Falei, com um esforço enorme.

     Senti minhas pernas cederem e eu só não caí porque Justin me segurou. Tudo ficou escuro e eu desmaiei.

~x~

     Abri os olhos lentamente. Eu estava deitada em um sofá e havia uma roda de rostos conhecidos a minha volta.

     - Ei, Miranda. Você está bem? – Scooter perguntou. Ele estava sentado no braço do sofá.

     Apenas assenti, com medo de como minha voz sairia se eu falasse com a língua inchada.

     - Foi uma reação alérgica? – Perguntou Justin, que estava ajoelhado ao meu lado.

     - Talvez. – Falei, tentando controlar a voz.

     - Vou te levar para casa. Vem.

     Justin praticamente me carregou para fora da mansão. Os fleches iluminava nossa passagem. Ele explicou a situação a um dos repórteres que conseguiu nos parar e continuou nos conduzindo para o carro.

     - Quer deitar no banco de trás? – Ele me perguntou.

     - Hã? – Meu Deus como eu estava tonta.

     - Tudo bem, vem.

     Ele abriu a porta do banco de trás e me ajudou a entrar. Sentei no banco e, sem pensar, deslizei até estar deitada. Justin fechou a porta e entrou no lugar do motorista.

     - Hospital?

     - Não... Farmácia. – Falei, com algum esforço.

     - Tem algum antialérgico de preferência?

     - Que diferença faz?

     - Te manter acordada, essa é a diferença.

     Dois minutos depois, paramos em algum lugar no centro da cidade.

     - Já volto.

     - Pega minha carteira... – Tentei falar.

     - Deixa de ser besta, menina.

     Ele saiu do carro. Fiquei olhando o teto e já estava começando a ver as coisas duplicadas quando Justin voltou.

     - Vai querer xarope ou cápsula?

     - Não acredito que comprou os dois. – Falei, me sentando.

     - Eu não sabia qual você prefere... Então comprei os dois. – Ele abriu um sorriso ao dizer isso. Apenas o encarei. – Relaxa, passei no cartão...

     - Consumista.

     - Do Scooter. – Ele completou.

     Eu ri.

     - Quando ficar nessa dúvida, compre a cápsula. Ninguém nunca se incomoda em tomar cápsula. – Falei, pegando o saco com o remédio.

     - Vou guardar a dica.

     - Ok. Tem água?

     - Tenho cara de nascente? Claro que não tenho água!

     - Como vou tomar a cápsula sem água?

     Ele saiu do carro de novo e voltou com uma garrafa d’água. Passou a mão na frente da garrafa como se fosse uma propaganda. Tentei ficar séria, mas não consegui.

     - Obrigada, Justin.

     - Por nada, Miranda. Para você, sempre o melhor.

     Sorri e tomei o remédio. Logo depois passei para o banco da frente.

     - Quer ir para casa agora?

     - Não. Quero aproveitar minha noite com você. – Falei, com uma voz manhosa.

     - Mas você tem que descansar.

     - Se não vai fazer o que eu quero, por que perguntou? – Fiz um biquinho.

     - Para ter certeza de que você quer o mesmo que eu.

     Olhei para ele enquanto tentava entender como ele conseguia ser tão fofo. Justin ligou o carro e dirigiu até um lugar que eu podia jurar que só existia em clichês de filmes hollywoodianos.

     Era uma espécie de morro que tinha a vista de toda a cidade. A paisagem enchia meus olhos. Cada ponto iluminado da cidade era uma obra de arte. Quando dei por mim, Justin estava sentado no capô do carro, olhando a paisagem. Saí também e me sentei ao seu lado.

     - Aqui é lindo. – Falei.

     - Eu sei. Aqui é como o sítio dos seus pais. Gosto de vir aqui de vez em quando. Me ajuda a esfriar a cabeça. Pensar nos últimos cinco anos da minha vida e em como ela se transformou. Como eu era apenas o garoto talentoso da pequena cidade de Stratford e agora sou o menino prodígio do Canadá e um sucesso mundial. As críticas são muitas. As críticas ruins são a maioria. Às vezes eu me deixo levar pelo que as pessoas falam e acho que essa fama é completamente passageira. E aí, eu fraquejo, tenho medo. Medo de que tudo vá sumindo e então eu perca tudo... Inclusive você.

     - Ei, olha para mim. – Falei e, como ele não olhou, segurei seu rosto entre minhas mãos. – Você é o garoto mais incrível que eu já conheci. Talvez se sentir inseguro, com medo, faça parte do trabalho, ter que sorrir querendo chorar também. E ter que fazer isso por causa das fãs é o que te torna tão admirável. Escuta todas aquelas meninas gritando seu nome. Você é incrível, Justin. Além de ser um doce, divertido, altruísta, talentosíssimo, lindo, é um pouco safadinho, mas faz parte do pacote...

     Nós rimos.

     - E se quer saber, eu amo você do jeito que você é. E nunca vai me perder, vou sempre estar aqui com você. – Prometi.

     De repente me dei conta do que disse. “Eu amo você”. Sim, era isso mesmo. Eu o amava. Não conseguia definir aquele sentimento que tinha por ele com outro nome. E, de repente, saiu tão naturalmente porque é de verdade. Ninguém o via como eu via. Ninguém mais do que eu achava que o lugar ficava mais iluminado quando ele sorria, ninguém mais do que eu não cabia dentro se si mesma quando ele fazia uma brincadeira. Vê-lo daquele jeito, ali, tão frágil e vulnerável, expondo seus sentimentos para mim me fez perceber o quanto a dor dele afetava diretamente a mim. Percebi uma coisa: o quanto eu amava o Justin Drew Bieber. Não o Justin Bieber que todos estavam acostumados a ver, mas eu amava o menino que tinha sentimentos, que tinha fraquezas, que, como qualquer outra pessoa comum, fraquejava e pensava em desistir.

     Ele abriu um sorriso enorme.

     - Você me ama? – Seu sorriso aumentou mais ainda. Viu? Não falei? Ou era a lua ou era o lindo sorriso estampado naquele lindo rosto que iluminou mais o lugar.

     - Sim, Justin, eu te amo. – Declarei, sem medo.

     - Bom, eu também te amo, se quer saber.

     Abri um sorriso. Ele aproximou lentamente seus lábios dos meus e me beijou, como se fosse a primeira vez, nosso primeiro beijo.

     Quando nos afastamos, tombei a cabeça em seu ombro e fiquei admirando a vista. Ficamos ali até que um bocejo meu estragou tudo e Justin insistiu em me levar para casa.

     - Boa noite, Miranda. – Falou ele quando estacionou o carro na frente da minha casa.

     - Boa noite, Jus. – Dei um selinho nele.

     Entrei em casa lentamente, coloquei os remédios na cozinha e subi para meu quarto. Dava passos vagarosos enquanto me preparava para dormir. Katy me ligou, querendo saber como eu estava. Contei meu fim de noite, dando os detalhes que ela pedia. Era incrível, mas confiar em Katy era algo surpreendentemente fácil.  Também era estranho ter uma celebridade perguntado detalhes sobre sua vida amorosa.

     - Ele se abriu finalmente. – Falou ela, antes de desligar.

     Aquele fato nem havia me ocorrido até aquele momento. Desliguei o celular e encarei o nada. Justin havia enfim falado de como se sentia com relação ao mundo dele. Não gostava de pensar que algumas vezes ele se sentia triste. Na verdade, aquilo cortava meu coração. Ele fazia de tudo para me ver bem, quando na verdade ele também queria ser consolado.

     Deitei na cama e instantes depois dormi, com a mão acariciando a pulseira que Justin me dera.

- Justin

     - E se quer saber, eu amo você do jeito que você é. E nunca vai me perder, vou sempre estar aqui com você. – Prometeu ela.

     Amo. Ela disse que me amava. Ela me amava. Ela me ama. Era tudo o que eu conseguia pensar. Naquele momento eu tive certeza. Eu tinha comigo a garota mais preciosa do mundo todo.  Ela me entendia tão bem, me aceitava do jeito que eu era, me fazia sentir especial quando estava junto à ela. Todos esperavam que eu fosse o menino de ferro, mas ela não, Miranda me via como o garoto comum que às vezes eu queria ser. Era por isso que ela estava sempre em minha cabeça, por isso eu me sentia tão bem só de ouvir sua voz, era por isso que eu me importava tanto, por isso eu tinha ciúmes. Era claro, eu a amava. Amava. Eu sabia que era meio jovem para achar que estava sentindo isso. Mas eu estava sentindo.

     Abri um sorriso e ela analisou meu rosto, com um leve sorriso nos lábios.

     - Você me ama? – Perguntei, debilmente.

     - Sim, Justin, eu te amo. – Ela disse.

     - Bom, eu te amo também, se quer saber. – Declarei.

     Ela abriu um sorriso lindo. Eu não desmancharia aquele sorriso por nada, mas aproximei meu rosto do dela e seu sorriso foi desaparecendo até que nossas bocas estivessem coladas. Beijei aqueles lábios delicadamente, desfrutando de toda a maciez daquela boca.

     Ela tombou a cabeça em meu ombro e ficou em silêncio. Aproveitei aquele momento com a minha garota. De repente ela bocejou e me dei conta de que ela deveria estar realmente cansada, depois de uma festa e um desmaio.

     - Boa noite, Miranda. – Falei, assim que estacionei o carro na frente da casa dela.

     - Boa noite, Jus. – Ela disse e me deu um selinho.

     Ela saiu do carro e entrou na casa.

     Sorri comigo mesmo e dei partida no carro. Entrei em casa cantarolando algumas músicas minhas e de outros cantores.

     - Filho? – Minha mãe estava na sala.

     - Sim, mamãe querida? – Parei na porta da sala.

     - Mamãe querida? Justin Drew Bieber! Você está bêbado?

     - É claro que não!

     Ela me fitou por um segundo.

     - Ok. E o que faz aqui tão cedo?

     - Cedo?

     - É. São dez horas ainda.

     - Ah... É que a Miranda teve uma reação alérgica, ela desmaiou, eu comprei antialérgico para ela e decidimos que era melhor não voltar para a festa. – Resumi a noite.

     - Hm. E por que esse sorriso bobo no rosto?

     - Porque eu sou o cara mais sortudo do mundo.

     - E isso tem a ver com Miranda?

     - Tem.

     - O que aconteceu? – Ela me fitou, mais desconfiada impossível.

     - Nada que você não me deixaria fazer. – Apressei-me em dizer. Sua expressão se suavizou.

     - Um passeio romântico então?

     - Pode-se dizer que sim.

     - Quer fazer o favor de dar respostas concretas?

     - Ela me ama, mãe.

     Ela abriu um sorriso e se levantou. E, antes que apertasse minhas bochechas dizendo que aquilo era fofo, dei um beijo nela e subi para o meu quarto.

     Deitei em minha cama e fechei os olhos. Imaginei diversas situações em que eu estava com Miranda. Não demorou muito até que eu tivesse que refrear meus pensamentos de adolescente de 16 anos. Mais uma vez constatei o óbvio: aquela garota me deixava louco.

     Ela me fazia pensar em coisas que geralmente eu acharia normal pensar, mas de repente eu me censurava e mudava de pensamento, como se ela tivesse que ser respeitada a todo custo. Ela era o tipo de garota provocante que seduz inconscientemente e que, quando as coisas passavam do limite, se refreava. Ela estava quase sempre sorrindo, era teimosa, geniosa, persuasiva... E, sobretudo, era minha e me amava.

     Interrompi meus pensamentos e me preparei para dormir. E, por causa da teimosia do meu cérebro e por causa dos hormônios, adormeci imaginando outras diversas situações nossas.

~x~

     Acordei com minha mãe batendo na porta.

     - Acorda Justin! Ou você vai se atrasar!

     Levantei com um suspiro.

     - Tem alguém aí que quer te ver. – Avisou-me ela.

     Troquei de roupa, fiz as coisas da manhã e desci. Scooter conversava com uma mulher loura e bonita.

     - Ah, bom dia, Beebs. Quero que conheça a Susan. Ela vai nos acompanhar hoje. – Falou ele.

     - Por quê?

     - Ela vai documentar um dia de trabalho do Justin Bieber. Lembra-se do Diário do Justin Bieber? Mais ou menos isso.

     - Ah, sei. E os donos da casa sabem que ela vai estar lá? – Falei, pensando na filha dos donos da casa.

     - Sabem, é claro. Bom, vou esperar vocês lá no carro. Não demorem. – Falou ele, saindo pela porta.

     Olhei para a mulher, que me olhou de volta.

     - Só quero que saiba que meu trabalho é completamente sério. Não estou aqui para descobrir a última fofoca sobre você. – Disse ela.

     - Ahn, claro. Fico agradecido pela consideração.

     - Certo. Então... Vamos.

~x~

     - Bem, essa é a casa onde estamos gravando um clipe novo. Sabe como é... Final de ano e começo de outro... Temos que investir. – Scooter falava. Afundei no sofá em que fui obrigado a sentar. Meus olhos sempre subiam as escadas e analisavam o calmo corredor. Scooter falou outra coisa que eu nem ouvi. – Não é, Beebs?

     - Hã? Desculpe, eu me distraí.

     - Me dá licença um minutinho? – Perguntou ele a Susan.

     - Claro.

     Scooter se levantou e me puxou pelo braço, indo em direção à cozinha.

     - Hoje você não vai poder vê-la. Lamento, mas é assim. – Declarou ele.

     - Mas...

     - Queremos ou não queremos que o namoro de vocês seja descoberto?

     - Não queremos. – Murmurei.

     - Ótimo. Agora se comporte e preste atenção no trabalho. Mantenha o foco Bieber!

     Inspirei e soltei o ar. Scooter levantou a mão e eu bati nela. Voltamos à sala. Scooter falou mais algumas coisas e finalmente o pessoal da produção chegou.

     Eu estava quase entrando no estúdio improvisado no salão de jogos quando Miranda desceu. Scooter se desviou do pessoal e a puxou para longe. Depois de alguns segundos ela pegou a chave do carro e saiu, mexendo em seu celular. Olhei para Scooter, que me lançou um sinal de positivo e um sorriso. Voltei minha atenção para a loura.

     - Podemos ligar a câmera então? – Perguntou ela.

     Assenti apenas. Bebi o café que Kate trouxera e comecei mais um dia de gravação. Tentei ser bastante espontâneo – mais do que já era normalmente, sei lá, sempre tive esse jeito de ser. Susan e seu câmera gravaram tudo: pausa para descanso, almoço, pausa para palpites do Scooter etc.

     Usher só chegou depois do almoço. Ele estava muito ocupado. Ia fazer alguns shows na América do Sul; uns cinco, eu acho. A Susan ficou um bom tempo conversando com ele.

     - Gravando! – O diretor gritou.

     Dei alguns pulinhos sem sair do lugar. Respirei fundo e continuei minha coreografia. Os figurantes estavam atrás de mim fazendo seus passos. Eu estava começando a entrar no espírito da coisa quando o diretor gritou corta e me deu vinte minutos de intervalo.

     Subi para o quarto da Miranda e Susan me acompanhou, sem o câmera.

     - Gostei muito da gravação. Muito interessante. – Falou ela, enquanto eu bebia água.

     - Obrigado. – Falei, ofegante.

     - Você tem 16 anos, não é? – Ela perguntou. Que tipo de pergunta era aquela? Ela não era a repórter, não devia saber?

     - Quase 17.

     - Às vezes não parece. Eu que tenho 20 anos...

     - Você tem 20 anos?

     Olhei a jovem. Ela parecia ter 18, no maior dos chutes.

     - É eu tenho. Nem parece, né?

     - Não.

     Ela sorriu.

     - Pode me fazer um favor? – Ela pediu.

     - Acho que sim.

     - Eu sempre quis um selinho de um ídolo. Pode… Me dar um?

     Hesitei. Eu não podia falar que tinha namorada. O que eu podia fazer? É só um selinho. Uma vozinha disse isso na minha cabeça. Assenti e me aproximei dela.

     O que era supostamente um selinho para ela? Quando nossas bocas se encostaram, ela passou os braços em torno do meu pescoço e quase sentou no meu colo. Tentei separar ela de mim, mas empurrar sua barriga só parecia fazê-la se colar mais em mim. Foi aí que uma coisa me salvou. E que também me ferrou.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado :D xoxo'/"Tenho cara de nascente?" AAAI, como eu sou besta :'D