- Justin

     - Bieber! Bieber! – Jazmyn pulava em cima de mim.

     - Sim, Jaz?

     - Vamos! Está na hora! – Agora ela me balançava.

     - Tudo bem! Já acordei, viu? – Falei, sentando na cama e retribuindo o abraço dela. – Bom dia, meu amor!

     - Bom dia! – Falou ela, com um sorriso radiante. – Vamos, vamos, vamos!

     Sorri e me levantei da cama. Entrei no closet, peguei uma mochila e coloquei uma muda de roupas. Troquei de roupa, fiz as coisas rotineiras da manhã e desci.

     Meu pai estava concentrado num jogo de basquete, Jazmyn estava mexendo nos bichinhos de cristal de minha mãe e esta tomava um café solitário na cozinha.

     - Bom dia, mãe. – Falei, dando um beijo em sua bochecha.

     - Bom dia. Dormiu bem?

     - Dormi sim. Que bom que Scooter me deu o dia de folga. – Falei, pegando o leite.

     - Também acho. Mas se bem que essa semana foi mais tranquila, não foi?

     - Foi sim. Agradeço a quem por isso?

     - A mim, claro.

     Dei outro beijo em sua bochecha.

     - Fala, campeão! – Meu pai entrou na cozinha.

     - Oi pai. – Falei.

     - Sua irmã foi lá te acordar?

     - Foi sim.

     - Ela estava com saudades de você. Seu irmão também, mas ele ficou no Canadá, ainda está muito pequeno para ficar fazendo tantas viagens.

     Apenas sorri. Odiava quando ele falava daquele jeito. Sempre fazia me sentir culpado por algo que era culpa dele. Terminei meu café e fui para o carro do meu pai.

     Sentei ao lado da cadeirinha de Jaz, que entrou correndo e sentou-se nela. Logo estávamos indo para a casa dos Beadles.

     Quando chegamos, Ryan estava lá. Os pais dele estavam viajando então ele dormiu lá mesmo. Cumprimentei Sandi e subi para o quarto do Christian. A Caitlin estava lá.

     - Justin! – Falou ela, me dando um abraço.

     - Oi Cait, tudo bem?

     - Sempre está tudo bem, você sabe.

     - Só pergunto por força do hábito. Fala aí, pigmeu. – Falei com o Chris.

     Ele desviou os olhos da televisão para mim.

     - Biebs! Vem jogar!

     Aceitei o convite e me sentei no outro pufe que tinha na frente da TV.

     - Vai, vai, vai, vai! É! Ganhei! Devíamos ter apostado alguma coisa. – Comemorei minha segunda vitória.

     - Cala a boca, Biebs! – Falou ele, recomeçando a partida.

     Dessa vez quem ganhou foi ele.

     - É! Quem é o bonzão agora? Quem é, quem é? Sou eu! – Ele começou a dançar. – As meninas podem vir me beijar! – Falou ele. Certo, agora ele exagerou, pensei.

     De repente alguém segurou as bochechas dele e deu um beijo em sua bochecha. Era Miranda.

     - Oi! – Falou ele, devolvendo o beijo.

     - Está dando uma surra no meu namorado? – Perguntou ela, sorrindo.

     - Ei! Eu estou aqui! – Falei. Ela se virou e me deu um selinho.

     - Ele só está ganhando por uma vitória. – Falou Chris, tirando o sorriso da cara.

     - Me mata de orgulho, Jus! – Falou ela, me dando outro selinho.

     - Ei! – Chris protestou. Ela riu e eu abri um sorriso vitorioso para ele.

     - Que tal vocês empatarem? Aí eu não tenho que escolher entre meus dois garotos preferidos. – Ela sugeriu. Puxei-a para mim.

     - Achava que eu era seu garoto preferido. – Falei, fingindo mágoa.

     - Você é o preferido número um. – Falou ela, abrindo um lindo sorriso. Sorri também.

     - Ah, Miranda, essa é a Caitlin. – Levantei e puxei Caitlin da cama.

     Cait deu um passo à frente e deu um abraço e um beijinho nela.

     - A famosa Miranda. – Falou ela. Desviei o olhar, sem graça.

     - Ah, ele já falou alguma coisa de mim? – Miranda perguntou.

     - Às vezes é só o que ele fala. – Chris falou. Lancei um olhar homicida para ele.

     Miranda ficou muito vermelha.

     - Bom saber. Prazer em te conhecer, Caitlin. – Falou ela.

     - Já estão apresentadas e...

     Jazmyn entrou correndo no quarto, com alguma coisa nas mãos.

     - Bieber! Olha o que eu achei! Olha, olha! – Ela me deu uma flor roxa. Era meio estranha, mas era bonita.

     - Que linda! – Falei, tentando parecer tão empolgado quanto ela. – Ah, Miranda, essa é a Jazmyn.

     - Então você é a Jazmyn?

     - É eu sou a Jazmyn. Você é a namorada do Bieber?

     - Sou eu sim.

     - Ah, você é bonita.

     - Obrigada. Você também é linda.

     - Eu sei.

     Miranda riu e olhou para mim.

     - Igualzinha ao irmão. – Observou ela.

     Fiz uma careta para ela.

     - Ei, Beebs, vem jogar. – Ryan me chamou.

     - Cadê o Chaz? – Perguntei.

     - Ele vai ficar com a Lizzie, hoje. – Chris explicou.

     As meninas saíram do quarto. Fiquei feliz que Miranda tenha se dado tão bem com a Cait e a Jazmyn. Sentei no pufe de novo.

     - Aposto dez dólares que você não vence o Ryan no Guitar Hero. – Falou Chris.

     - Aposto vinte que consigo. – Falei.

     - Que música vai ser então? – Ryan perguntou. – Welcome To The Jungle?

     - Pode ser.

     Começamos. Eu estava ganhando. Estávamos no final da música, que geralmente é a parte que vale mais pontos quando minha mãe entrou e me desconcentrou.

     - Aham. – Respondi para o que ela havia perguntado e eu nem sabia o que havia sido.

     Continuei tentando recuperar o que havia perdido quando ela começou a falar comigo. Ryan ria sem tirar os olhos da TV; ele estava ganhando. Chris estava se acabando de rir.

     - Justin! – Ela gritou.

     Eu perdi.

     - Que foi? – Quase gritei de volta.

     Ela me fitou, os olhos estreitados.

     - Venha almoçar. – Falou ela, calmamente.

     Chris ainda ria e o Ryan estava com a mão estendida para mim. Tirei a carteira do bolso e dei os vinte dólares para ele, olhando feio para minha mãe que parecia nem se importar de eu ter perdido uma aposta.

     - Agora, vocês três: comer! – Falou ela.

     Saímos do quarto em fila indiana. Minha mãe era legal na maioria do tempo, mas ela sabia muito bem ser má.

     Parecia que os adultos estavam se divertindo e, dessa vez, Anderson não me lançou nenhum olhar homicida.

     Miranda estava com Jazmyn no colo e essa falava alguma coisa. Cait estava no telefone. Os adultos estavam sentados à mesa, conversando sobre alguma coisa aparentemente chata.

     Comemos e ficamos todos na área da piscina. Ficamos numa mesa separada da mesa dos adultos, tipo aquela coisa de “mesa das crianças”.  Chris comentou alguma coisa sobre o Ryan, que não gostou e saiu correndo atrás do Chris. Miranda sentou-se na beira da piscina com Jazmyn, que teve que sair de perto da piscina porque meu pai pediu.

     - Oi. – Falei, sentando ao seu lado.

     - Oi, Jus. A Jazzy é um amor.

     - Eu sei. Meus pais serem separados tem seu lado bom. – Falei.

     - Imagino.

     - Você está bem? – Perguntei analisando seu rosto.

     - Estou, por quê?

     - Você parece meio para baixo.

     - Só estou cansada.

     - Tem certeza? Eu acho que tem a ver com o processo...

     - Eu ainda não estou por dentro do assunto. Meus pais ainda não tocaram no assunto e, se não fosse por Norah, eu acho que eu nem ficaria sabendo o que está acontecendo. – Falou ela, suspirando.

     Abracei-a e ela colocou os braços em volta de mim. Uma ideia passou por minha mente. Era arriscado, mas eu queria vê-la sorrir. Joguei a gente na piscina.

     - Justin! O que você tem na...

     Joguei um pouco de água nela, que revidou. Ficamos naquela brincadeira por uns dois minutos até que ela saiu da água, resmungando.

     - Obrigada. Agora vou ficar molhada até ir para casa.

     - Você não trouxe outra roupa?

     - Não sabia que tinha piscina aqui.

     - Dã.

     Ela me empurrou na piscina de novo.

     - A Cait pode te emprestar uma roupa.

     Saí da piscina e a levei até o quarto da Caitlin.

     - Nós vamos nadar agora. Se quiser, posso te emprestar um biquíni e você coloca sua roupa na secadora. – Sugeriu ela.

     - Pode ser. – Falou Miranda.

     Caitlin deu um biquíni a ela e saiu do quarto. Miranda se trocou no banheiro, já que eu insistira em esperá-la  no quarto. Tirei a blusa, ficando só de bermuda.

     - E então? – Perguntou ela após sair do banheiro e dando uma voltinha.

     - Perfeita. – Falei, a olhando de cima a baixo, memorizando cada curva de seu corpo escultural.

     Ela corou. Peguei sua mão e a puxei para um beijo. Era estranho sentir a pele nua de sua barriga contra a minha. A ponta de meus dedos acompanhou a curva suave de sua coluna, fazendo-a ficar arrepiada, diverti-me com aquilo. A necessidade de ar fez com que eu me afastasse.

     Deixamos a roupa dela na secadora e voltamos para a piscina. Ryan estava sentado na beira e Caitlin estava nadando com o Chris. Miranda foi ficar com eles e eu sentei ao lado do Ryan.

     - Você andou sumido, Ry.

     - Compromissos...

     - Jessica?

     - Ela me levou para conhecer os pais dela.

     - E como foi?

     - Torturante. O pai dela me dá medo. Ele vai à Escócia todo ano para caçar. Ele contou algumas histórias para me deixar intimidado, tenho certeza. E ele conseguiu.

     - Boa sorte.

     - Vou precisar mesmo. Mas, e você e a Miranda?

     - Já conheci os pais dela, e, acredite, não foi muito diferente.

     Nós rimos. Colocamos a conversa em dia. De repente Miranda e Chris nos empurraram na água.

     - Ah, se eu te pego! – Falei, correndo atrás de Miranda na piscina. Joguei meu peso contra o dela e nós mergulhamos. Dei um beijo nela em baixo d’água e subi imediatamente.

     - Que romântico. – Falou ela.

     - Eu sou romântico.

     Ela riu. Ia dar outro beijo nela quando o pai dela se aproximou.

     - Já estamos indo. Você vem com a gente?

     - Acho que vou esperar minha roupa secar. – Falou ela.

     - Tudo bem. Tchau, meu amor.

     Miranda se aproximou da beirada e ele lhe deu um beijo na testa. Olhei a cena. Eu achava muito legal a relação que ela tinha com os pais, eles eram tão... Unidos. Ele se afastou.

     - Eu te deixo em casa. – Ofereci.

     - Obrigada.

     - Disponha.

     - Que lindinha! – Falou ela, olhando algo atrás de mim.

     Virei e vi Jazmyn na beira da piscina, com um maiô de bolinhas verdes, os braços estendidos para mim. Peguei-a no colo e entrei com ela na água.

     - Oi. – Falou Miranda, sorrindo.

     - Oi. Gostou do meu maiô?

     - Claro que eu adorei! Quero ele para mim! – Brincou ela.

     - Não! Você é muito grande!

     Miranda caiu na gargalhada. Ficamos brincando com ela na água até que meu pai nos chamou para irmos embora. Sandi apareceu com toalhas, mas faltou uma.

     - Ah! Mas ninguém me disse que esse peixinho havia entrado também! – Falou ela, para a Jazmyn, que riu quando ela a chamou de peixinho.

     - Pode pegar a minha. – Falou Miranda, enrolando Jazmyn com a toalha.

     Minha mãe pegou Jazmyn e foi vesti-la. Pegando-a de surpresa, puxei Miranda para bem perto de mim e dividi minha toalha com ela.

     - Hm, romântico e cavalheiro. O cara perfeito. – Falou ela, enquanto íamos para a lavanderia, pegar as roupas dela na secadora.

     Depois de todos vestidos, voltamos para minha casa. Deixei minhas coisas no meu quarto e voltei para a sala.

     - Quando você vai voltar para o Canadá? – Perguntei ao meu pai.

     - Hoje à noite. Mas antes tenho que comprar alguma coisa para a família da sua madrasta, sabe como é...

     - Sei.

     Olhei Miranda brincando com Jazmyn. Reparei coisas que antes eu nunca havia reparado. Quando ela colocava o cabelo atrás da orelha, uma mexa sempre ficava solta, caindo nos olhos... Ela ficava tão linda brincando com a Jazzy. Mantinha um sorriso no rosto, fazia tudo sorrindo.

     - Justin? – Ouvi minha mãe chamando. Pareci sair de um transe.

     - Sim?

     - Você está bem?

     Miranda virou o rosto em minha direção automaticamente.

     - Sim estou. Por quê?

     - Não vai atender?

     De repente me dei conta de que meu celular tocava. Olhei o visor.

     - Não. Não vou atender. – Joguei o celular no sofá. Houve uma falha técnica aí. Eu joguei o celular bem ao lado de minha mãe. E ela, obviamente, atendeu.

     - Alô? Ah, oi Victoria. Como você está?

     Miranda mexeu no cabelo, aparentemente incomodada.

     - Ah, certo. Filho, ela quer falar com você. – Minha mãe me passou o celular.

     - Fale, Victoria. – Disse, sem paciência.

     - Jus! Eu vi sua coletiva e confesso que fiquei magoada. – Ela baixou o tom de voz.

     Não consegui manter meu temperamento impaciente de antes.

     - Desculpe. Mas era só a verdade.

     - Tudo bem, eu até entendo... E fui realmente injusta colocando a menina no meio. Só de pensar que vocês pudessem estar namorando... Eu fiquei... – Ela se interrompeu com uma risada seca. – Desculpe, essa ideia é bem absurda, não é? Você e ela... Não é ridículo?

     - Não...

     - Mas vamos esquecer o passado! – Ela me interrompeu, quase gritando no telefone, mas voltou a baixar o tom da voz. – Podemos consertar isso, não é Justin?

     - Vick... Acho que não. – Falei. Parecia que havia mil toneladas sobre minha cabeça.

     Houve uma pausa. Por um segundo achei que ela estava chorando.

     - Sua mãe te deu meu recado? Na sexta, quero te ver.

     - Ah, sim, ela me deu seu recado.

     - Onde vai ser então?

     - Acho que não é uma boa ideia.

     - Por quê? Não podemos voltar a ser o que éramos antes?

     - Acho... Eu não sei.

     - Sabe que eu não aceito um “não” como resposta! Vamos nos ver sim, nem que eu tenha que ir atrás de você!

     Ri fraco. Miranda já não olhava mais para mim, mas parecia concentrada em algo que não era Jazmyn.

     - Bom, Jus, tenho que desligar. Tchau, amor, foi muito bom ouvir sua voz.

     - Tchau. – Desliguei.

     Olhei o celular em minha mão. Eu não odiava Victoria, mas também não conseguia suportar o fato de que quase fico sem Miranda por causa dela, porque ela tentou afastar minha garota de mim. Mas o que eu e Victoria tínhamos antes de Miranda entrar em minha vida, não tirava o direito de Victoria lutar pelo “nós” que existiu.

     - Ei, Jus, já vou. – Falou Miranda, de repente muito perto.

     - Ah, é. Deixa só eu pegar minhas chaves e...

     - Não precisa. Eu pego um táxi.

     - Mas eu disse que te deixaria em casa.

     - Não, Jus. Você tem que, ahn, aproveitar seu tempo com seu pai...

     Era impressão minha ou ela estava me evitando?

     - Você está bem? – Perguntei.

     - Estou... Só... Preciso de um tempo sozinha.

     - Aconteceu algo?

     - Não. Eu só preciso.

     Aquilo me deixou um pouco para baixo. Mas se ela queria, eu iria dar. Chamei o táxi para ela. Ficamos sentados no sofá esperando o carro. O silêncio era quase palpável. Depois de longos dez minutos silenciosos, o táxi chegou.