Capitulo 6 – Parte 1 de 2 – Meu primeiro beijo e, provavelmente, meu segundo beijo.

– Jacob! – Falei, fingindo-me de surpresa. – Não sabia que estaria aqui!

– Bom, mas esse é meu quarto. – Ele falou cauteloso em quanto entrava e fechava a porta. – O que faz aqui?

– Nossa, pensei que tivesse corrido todo esse perigo de chegar até aqui para ouvi um: Renesmee desculpe-me por tentar beijá-la naquele dia! – Brinquei para descontrair o clima tenso.

– Nessie mandou a você minhas desculpas? – Perguntou com o cenho franzido, não acreditando muito nisso.

– Quem mais mandaria? – Fiz uma careta demonstrando o óbvio.

– É, tem razão.

– E então? – Perguntei.

O encarando, percebi que ele estava totalmente molhado. Sua camisa branca estava grudada em seu corpo, mostrando seus músculos definidos. Sua bermuda jeans parecia uma torneira, pois pingava gotas e gotas de água no chão.

– O que? – Perguntou, não entendendo.

– Minhas desculpas? – Arqueei a sobrancelha o lembrando. Apesar do clima estranho, eu estava me divertindo muito com a confusão em seu rosto.

– Ah. – Ele sorriu quando entendeu, mas antes de falar novamente ficou sério. – Sei que o que fiz não foi correto. Não podia ter insistido. Você não quer me beijar e eu respeito isso, apesar de ser estranho.

– Porque é estranho? – Perguntei, também não entendendo.

– Porque, geralmente, todas as garotas bonitas se interressam por mim. – Brincou se gabando. Corei imediatamente. Ele pareceu gostar de me ver envergonhada, pois logo abriu um sorriso.

– Ah, qual é. – Falei virando o rosto para longe e tentando mudar de assunto. Depois, voltei a olhá-lo e fiz uma pergunta para matar minha curiosidade. – Porque está todo molhado?

– Está chovendo bastante lá fora e, como fui ao meu “esconderijo”... – Ele parou fazendo aspas com as mãos. – ...estou todo ensopado. Depois de pensar bastante, resolvi perturbar seu irmão que não está aqui. Alias, onde ele está?

– Pensei que depois que eu dormi no seu “esconderijo”... – Parei e o imitei fazendo aspas. – ...Você não quisesse ir mais lá para pensar.

– E porque não iria?

– Porque você mesmo disse que não conseguiria pensar imaginando que garotas estivessem lá.

– É. Mas tem diferença. Eu não a beijei lá. Na verdade, eu nem a beijei. Você não quis, se lembra? – Ele falou me deixando mais envergonhada.

– Claro que lembro. – Falei um pouco irritada pelo assunto.

– E, pra ser sincero, depois disso, tenho ido mais vezes lá. – Ele falou sorrindo. Eu, que já estava corada, agora devia estar parecendo um tomate.

– Você não vai tirar essa roupa? – Perguntei mudando de assunto. Logo após percebi o modo como tinha falado. – Quer dizer... Não quis dizer nesse sentido. Porque estou me referindo a tirar essa roupa molhada logo. Mas, Não! Não na minha frente! Não quero ver você sem roupa. Porque isso seria...

Eu me calei antes que eu mesma piorasse a situação. Não o encarei imediatamente, mas quando fiz isso vi que ele estava com as sobrancelhas arqueadas.

– Você pode ficar gripado... Por isso que me preocupei. – Tentei concertar minha frase.

Se ele não dissesse nada, eu também não iria dizer, mas ele falou logo em seguida.

– Você não me respondeu. Onde seu irmão está?

– Meu irmão, é... – Pensei em alguma desculpa. – Ele...

– Fugiu do colégio para namorar? – Perguntou–me curioso. É claro que se eu dissesse isso ele, provavelmente, ficaria me perguntando mais coisas. Mas o que então eu falaria?

– Não, quer dizer... É! Ele teve que sair escondido, mas não sei o motivo. – Falei me levantando. – Agora, já ouvi suas desculpas e tenho que ir antes que não consiga mais sair daqui.

– Não acho que vá conseguir. – Ele disse. – Por causa da chuva, tudo lá fora esta sendo vigiado. Vai ser difícil até pro seu irmão conseguir voltar, eu acho que seria até melhor se seu irmão voltasse de manhã.

– Sério? – Perguntei com um sorriso amarelo. Não acredito! Mesmo que eu só tivesse que trocar de roupa e sair como Carlos, como eu explicaria minha volta ao colégio se tudo estava sendo vigiado? – Acho que vou ter que me esconder por aqui mesmo, como na outra noite.

– Concordo, mas acho que seria mais seguro se você ficasse lá no meu quarto secreto. Assim poderia sair mais facilmente sem ser vista.

– Não. Acho melhor ficar aqui mesmo. – Falei. Não podia ir pra lá, seria mais perigoso ter que voltar. – Você se importa?

– De maneira alguma. – Ele disse abrindo seu guarda-roupa. – Vou tomar um banho para que você possa olhar para mim sem desviar sua atenção pra minha roupa molhada. Isso quer dizer, especificamente, minha blusa.

– Engraçadinho! – Falei quando ele olhou para mim com aquele usual sorriso matador.

Era engraçado, apesar de vê-lo todos os dias, ainda não conseguia me acostumar com esse seu sorriso perfeito e encantador.

Ele foi tomar banho e eu fiquei apenas sentada na cama. Era tão diferente estar no meu quarto, o quarto que eu dividia com dois garotos, sendo uma garota. E era bom não ter que esconder isso. Eu me sentia até mais segura. Quer dizer, até a parte que não estou aqui matriculada como Renesmee e sim como Carlos.

– No que está pensando? – Ouvi Jacob dizer. Ele estava com uma camisa de mangas verde e uma bermuda cinza. Ele se sentou ao meu lado na cama, na minha cama.

– Em nada especifico. – Falei em quanto procurava um modo de abordar um assunto curioso. – Fiquei sabendo que você não fica com garota nenhuma desde aquele dia.

– Porque seu irmão tem que contar tudo a você? – Ele falou zangado, mas não agressivo.

– Não foi ele quem me contou. – Menti.

– Só ele sabia! – Ele falou me pegando de surpresa. Como só ele? E Seth, o melhor amigo dele?

– Tá, admito, foi ele quem contou, mas o que tem isso de mais?

– Você vai ficar achando que só porque não fico com ninguém que estou enferrujado. – Argumentou, envergonhado.

– Eu disse isso? – Perguntei o encarando. Ele desfez sua cara de carrancudo e colocou no lugar dela um sorriso amigável, não o sorriso matador, mas um que chegava bem perto.

– Como andam as coisas lá fora?

– Andam bem, eu acho! – Falei a verdade. Nisso eu nem precisava mentir.

Ficamos mais um tempo em silêncio, mas dessa vez, diferente de sempre, eu cortei o silencio.

– O que você faz para passar o tempo?

– Se você me perguntasse isso em outra época, eu responderia: fico com as garotas, tento esconder esses acontecimentos o máximo possível e quando eu quero alguém e essa pessoa não me quer, eu aceito namorar, mas depois descarto.

– Nem um pouco cruel! – Ironizei. – E nesse momento, o que você faz?

– Bom, acho que faço tudo que qualquer um aqui faz. Vou para o colégio, mato aula, mato aula, as vezes finjo que estudei, discuto com seu irmão e mato aula.

– Nossa, vou fingir que nem é obvio, mas acho que o que mais anda fazendo é matar aula.

– Até que nem tenho feito mais tanto isso. – Ele se contradisse.

– Okay, então...

– E você, Renesmee, o que tem feito?

– Ahn... Nada de interressante.

– Aposto que é mais do que você acha. – Ele falou e em seguida manteve seu olhar fixo em minhas mãos. – Seu irmão tem um sinal igual o seu.

– O que? – Perguntei, não entendendo. Ele segurou minhas mãos e mostrou um sinal que tenho na mão direita.

O contato com sua pele, subitamente me fez querer mais. E eu nem sabia o que sentia. E que queria mais daquele toque macio. Ele me encarou e sorriu. Seus olhos não conseguiam se desgrudar dos meus. Tudo parecia uma conexão. Lentamente eu me achegava mais a ele e ele a mim. Eu tentava me conter, mas parecia que havia um imã que nos atraia um em direção ao outro. Não resistindo mais, seus lábios tocaram o meu. Senti-me tão feliz como nunca estive. Suas mãos pousaram em meu ombro e como se andassem no ritmo do nosso beijo, subiu ao meu pescoço. Sua boca era macia, suas mãos acariciavam minha nuca cuidadosamente e, tudo, era simplesmente perfeito. Eu ainda não acreditava que estava o beijando, meu primeiro beijo tinha sido com...

– Jacob. – Falei instantaneamente me afastando dele.

Agora que havia percebido o que tinha feito. Tinha beijado o meu colega de quarto. Estava assustada e Jacob percebeu isso. Ele apenas olhou dentro dos meus olhos, mostrando a maior sinceridade do mundo quando se desculpou.

– Desculpe-me, não sei o que deu em mim. – Ele falou cauteloso. Suas palavras pareciam não querer me magoar.

– Tudo bem. – Falei com um sorriso forçado, logo após olhei o vazio. – Nada aconteceu, certo?

– Renesmee... – Ele disse, tocando meu braço. – Não posso fingir que nada aconteceu.

– Então apenas esqueça, tudo bem? – Falei o encarando fria. – Se puder me dar licença, preciso dormir.

Ele apenas se levantou da minha cama e saiu do cômodo. Ainda aturdida com os acontecimentos, apaguei a luz e deitei-me na cama.

Apesar de desejar uma noite sem sonos, sonhei. Sonhei com ele, novamente. Sonhei com nosso beijo, sonhei que se acontecia mais e mais vezes. E eu não o impedia.

Acordei resmungando. Porque eu tinha que sonhar com ele? Justo ele: Jacob Black!

Levantei-me da cama e fui me arrumar como Carlos, apelidado como Nessie. Tomei um banho bem gelado, deixando que as águas me acalmassem e me refrescassem. Ainda no banho, podia me lembrar de nosso beijo, do meu primeiro beijo. Eu ainda nem acredito nisso. Minhas mãos tremem só por eu estar lembrando disso, sinto que tenho borboletas em meu estomago. Como se a qualquer momento eu fosse acordar de um sonho.

Por mais que eu não gostasse de Jacob, porque eu nem o conhecia, eu tinha de admitir que meu primeiro beijo tinha sido perfeito. Posso não ter beijado alguém além dele, mas tenho certeza em dizer que ele beija bem. Aqueles lábios macios, suas mãos suaves...

– Urgh! Tenho que parar de pensar nisso! – Falei alto, irritada comigo mesma.

– Em que? – Ouvi uma voz me dizer. Virei-me em direção a porta e constatei que o dono da voz também era o dono do meu pensamento.

– Jacob? – Falei, não era uma pergunta, na verdade eu só estava surpresa. Não queria ter que vê-lo agora. – É que eu estava pensando em comer algo, mas não posso...

– Porque não? – Ele quis saber.

– Por que... É. Se eu comer, vou acabar... Ficando gordo! É isso! – Falei o final mais alto.

– Do jeito que você é magro, nada vai fazer você engordar. – Ele falou indo para o banheiro. Depois de um tempo ele voltou com outras roupas. – Onde passou a noite?

– Tive que sair. – Falei sem dar mais detalhes.

– Por quê?

– Jacob, não quero falar sobre isso. Tive uns problemas e precisei sair daqui. – Falei a pergunta que tinha preparado para quando ele perguntasse.

– Tudo bem. – Falou, calçando seu tênis.

Fomos para a aula. Apesar de eu achar que não voltaria a falar com ele como eu já estava acostumada, eu consegui agir como “nessie” sempre o tratou. Era estranho, como se eu só fosse eu mesma sendo garota. Tudo bem, que, pensando de certa forma, quando estou vestida de homem não estou igual a quando estou normalmente, como uma garota, porque a aparência muda. Porém, não me refiro a aparência e sim aos pensamentos. É como um pai. Ele traiu uma mulher, ele pode nem se importar, mas se algum dia isso acontecer com a filha dele, ele irá achar isso um absurdo. É a mesma coisa comigo. Tem coisas que penso como Renesmee que parecem ser absurdas como Nessie.

– Nessie, você nunca se cansou de ser certinho? – Seth me perguntou quando estávamos no refeitório.

– Não sou certinho! – Afirmei. – Eu erro como todos vocês.

– Nossa, imagine os erros dele. – Jacob se intrometeu. – Tipo, aquela mulher é uma gostosa. Se ele pensar nisso ele fica se deprimindo porque pensou isso.

– Não fico não. Você por acaso está na minha mente para saber? – Perguntei fingindo estar brava para ver sua reação.

– Ah, claro. – Seth zoou. – Está irritadinho porque não consegue fingir que erra.

– Seth, você é tão idiota. O que tenho que fazer para provar que não sou perfeito??

– Me deixa pensar. – Ele falou olhando ao redor e depois apontando para uma garota. – Victória!

Ela o olhou e veio no mesmo instante em nossa direção. Já sabendo o que ele pretendia, tentei fugir sem ser notado, mas Richard, um rapaz do segundo período, me segurou.

– Vai fugir?

Admito. Estava ficando com medo. Não queria beijar uma garota. Não queria essa experiência. Mal tive meu primeiro beijo e ainda vou ter que ter o segundo com uma garota? Ninguém merece!

Trechos do prox. Cap–>

PDV Renesmee (Isso quer dizer que ela está vestida de Renesmee, não nessie).

– Pensei que não vinha mais. – Ele sorriu, parando na minha frente me olhando de cima a baixo. – Você está ótima!

– Obrigada, você também está ótimo. – Falei, odiando–me por estar corada.

– Sabia que você fica mais linda ainda quando está com vergonha. – Falou me encarando.

Jacob se aproximou de mim e, com as costas de suas mãos, tocou minha bochecha. Estremeci com seu toque. Ele olhou em meus olhos e eu retribuí o olhar. Pensei que ele prosseguiria, mas tirou sua mão de meu rosto e se afastou.

– Pode deixar, sei me controlar e não vou fazer nada que não queira. – Falou me deixando amolecida por dentro.

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As palavras de Jacob doeram em mim. Ele havia me usado?! Uma pequena lágrima se formou no canto de meus olhos.

– Porque está chorando? – Perguntou, parecendo preocupado. Estaria atuando perfeitamente bem se não tivesse dito o que disse.

– Eu sou apenas algo que você usa enquanto a pessoa que você gosta não percebe isso? – Gritei me levantando e saindo correndo.