Naquela mesma tarde, logo após o almoço meu pai me acompanhou até a casa dos Masen.

–Pai o senhor não acha isso tudo exagero da mamãe? –eu disse segurando em seu braço enquanto andávamos.

–Bem... Sua mãe tem uma tendência ao exagero. –meu pai sorriu um pouco. –Mas ambos, eu e ela, queremos um bom futuro para você, querida. E realmente o jovem senhor Masen é de uma ótima família e muito respeitador, que outro tipo de homem um pai poderia escolher para a sua filha? –ele perguntou.

Não respondi nada, apenas fiquei pensando. Eu não poderia voltar para a minha época e nunca mais veria meu Edward vampiro, então se a única forma para tê-lo fosse me casando com ele, na época dele, eu o faria, mas eu duvidava muito que ele fosse me pedir em casamento. Porque eu sabia, através de seus relatos enquanto ainda estávamos juntos, na minha época, que ele era fascinado pela glória da guerra e de lutar pelo seu país, eu sabia que ele ainda gostaria de ser um soldado, e acho que eu não seria capaz de demovê-lo de seus ideais.

–Prontinho. –disse meu pai parando em frente à casa dos Masen, logo a senhora Elizabeth Masen caminhava em nossa direção.

–Boa tarde. –ela nos cumprimentou, animada. –Você esta adorável senhorita Swan. –disse ela olhando para o vestido rosa que minha mãe havia me obrigado a usar.

–Obrigada. –eu disse.

–Senhora Masen, depois das quatro venho buscar Bella. –meu pai disse.

–Não se preocupe senhor Swan. –disse ela. –Edward terá muito gosto em acompanhá-la. –disse ela.

–Tudo bem. –meu pai sorriu. –Até mais querida. –ele me deu um beijo na bochecha.

–Até pai. –eu disse.

–Vamos entrando? –disse a senhora Masen. –Edward já deve estar esperando.

Assim que entrei na casa olhei diretamente para o piano e lá estava Edward, dedilhando algumas notas no piano dele. Ele estava tão lindo distraído, olhando para suas mãos enquanto tocava, eu suspirei ao vê-lo tão confortável assim.

–Edward querido, a senhorita Swan esta aqui. –a mãe dele disse e no mesmo instante ele parou de tocar e levantou os olhos em minha direção e foi como se milhões de borboletas estivessem alojadas em meu estomago.

–Olá. –ele deu um sorrisinho de canto.

–Olá. –respondi.

Eu estava meio desconfortável e meio sem saber o que fazer, além de muito constrangida pela minha situação.

–Bom deixarei vocês a sós, para a aula de vocês. –disse a senhora Mansen para o meu total constrangimento. –Qualquer coisa, estou na sala de leituras.

Ela se afastou e eu fiquei por um bom tempo ali sem saber o que fazer. Afinal eu não poderia atravessar a sala e me sentar ao lado de Edward, assim de supetão, afinal eu estava no séc. XX, e as coisas não funcionavam tão simplesmente como em meu século.

–Bom... –ouvi Edward dizer e então parar, parecendo pensar muito no que dizer, o meu Edward vampiro não era assim, ele sempre sabia o que dizera, mas este Edward estava absurdamente corado e aquilo era muito... Encantador. –Sente-se aqui senhorita. –ele se afastou minimamente no banquinho e eu segui timidamente até o piano, me sentando ao seu lado.

Até que não era tão complicado como parecia ser. Edward como vampiro uma vez se arriscou a tentar me ensinar, mas ele era muito rápido e não era conhecido pela paciência. Edward –humano- começou com o básico, me ensinando o dó-ré-mi e ao fim da aula eu já meio que havia pegado o jeito.

–Acho que por hoje é o suficiente. –ele disse depois de tocar uma música alegre para que eu ouvisse, dizendo que talvez começasse a me ensinar a tocá-la.

–Acho que sim. –eu disse sorrindo fraco.

–Você foi muito bem pra quem esta apenas começando senhorita Swan. –disse ele dedilhando algumas teclas no piano.

–Obrigada. –eu disse. –Mas pode me chamar de Bella se quiser. –falei.

–Não é muito adequado. –ele disse baixinho. –Se as pessoas ouvirem o que irão pensar da senhorita? –ele disse olhando em meus olhos.

–Bom... –eu disse mordendo lábio e corando. –O senhor pode me chamar assim só entre nós então. –eu disse corando mais.

–Tudo bem... Bella. –disse ele com um pequeno sorriso nos lábios, fazendo com que meu coração disparasse ao ouvir meu nome em sua voz e lábios humanos, não eram muito diferentes da versão vampiro, mas a sua voz humana era mais... Rouca. Tinha algo que eu não sabia identificar, talvez hesitação? É talvez, já que meu Edward vampiro nunca hesitava. –Então me chame apenas de Edward entre nós. –ele disse.

–Tudo bem... Edward. –eu sorri.

–Já acabaram queridos? –a senhora Masen entrou na sala toda sorridente.

–Sim. –dissemos juntos.

–A senhorita Isabella foi muito bem. –Edward comentou me fazendo corar.

–Que bom. –disse a senhora Masen. –Agora vocês querem tomar um chá? –ela perguntou.

–Se não for incomodar. –eu falei.

–Claro que não, venham. –disse ela seguindo para algum cômodo da casa. Edward então se levantou e esticou sua mão para que eu a pegasse enquanto me levantava e uma corrente elétrica correu entre nós quando nos tocamos.

Edward me acompanhou silencioso até a cozinha da casa. A senhora Masen servia um chá com biscoitos e nos sentamos à mesa, conversando animadamente sobre amenidades.

–Oh mais o tempo voa. –exclamou a senhora Masen, olhando para o relógio na parede. –Edward querido você acompanha a senhorita Isabella até a casa dela? –ela disse olhando meigamente para seu filho.

–Tudo bem. –disse ele e nos levantamos.

Despedi-me da senhora Masen e Edward seguiu comigo pelas ruas da cidade, eu estava de braços dados com o dele e não pude deixar de notar no calor que ele exalava, tão diferente do frio que eu era costumada e ao mesmo tempo tão... Edward.

–Desculpe-me por minha mãe. –disse ele.

–Como assim? –perguntei confusa.

–Bom... Nossas mães têm a intenção de nos 'unir'. –ele disse com um sorrisinho fraco em seus lábios.

–Oh... Eu reparei. –falei corando. –Eu é que tenho que me desculpar afinal minha mãe está praticamente me jogando em cima de você. –eu dei um sorrisinho fraco.

–Então estamos quites, pois minha mãe está fazendo o mesmo. –ele disse e riu lindamente fazendo com que eu o acompanhasse. –Ela esta desesperada para que eu não vá para a guerra e quer logo que eu me case. –ele falou. –Já tive inúmeras pretendentes desde que anunciei minhas intenções a minha família.

–E porque ainda não se casou? –perguntei.

–Eu não amava nenhuma delas. –ele falou.

–Então o senhor acredita que para se casar tem que envolver amor?

–Em absoluto, a senhorita não? –ele disse me olhando.

–Sou da mesma opinião. –eu disse olhando em seus olhos e nem percebi que já estávamos em frente a minha casa.

–Aqui estamos. –disse ele de repente desconfortável e constrangido, uma pequena coloração em suas bochechas fazendo com que ele ficasse... Fofo, Edward vampiro nunca teve uma aparência 'fofa' pra mim, sorri ao vê-lo daquela forma.

–Sim.

–Nos vemos amanhã para a próxima aula? –ele perguntou.

–Acho que sim. –falei corando.

–Venho te buscar. –ele disse pegando em minha mãe e depositando um beijo ali. –Até mais Bella.

–Até mais Edward. –eu disse olhando-o se afastar e quando eu já não o tinha mais em vista entrei em casa.

–Então querida como foi? –minha mãe veio em minha direção cheia de sorrisos e perguntas.

À noite enquanto eu esperava o sono chegar fiquei pensando na vida. A cigana havia dito que o caminho que eu seguisse seria um caminho sem volta. E se eu realmente estava em 1918 significava que seria nesse ano que a Gripe Espanhola chegaria ao país e...

E então eu me lembrei de alguém que eu poderia ver, alguém que eu tinha que ver. Carlisle. Pois pelo que Edward e Carlisle me contaram, Carlisle vivia aqui em Chicago, durante a epidemia e eu agora queria muito conversar com ele. Talvez ele pudesse me entender e eu poderia ter uma ajuda a mais, já que eu me sentia completamente confusa com relação à época em que eu me encontrava.

Se eu aparecesse lá no hospital onde Carlisle trabalhava dizendo que eu sabia que ele era um vampiro, e que eu vim do futuro ele me taxaria como louca?