Um Amor Diferente escrita por EnmaHilder


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Dedico essa fanfic a Char, que me aturou no msn, e me inspirou para escreve-la.



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Em uma cidade distinta, esquecida pela humanidade, existem seres com aparência no mínimo estranha. Suas estruturas corporais pouco se diferem dos seres humanos, exceto por um único detalhe, eles possuem orelhas e caudas de animais. Com medo da reação das pessoas perante sua existência, eles se isolaram e passaram a viver harmonicamente na vila de Hassun, criando sua própria civilização, na base de uma tradição rígida.

Em cima de uma arvore na vila de Hassun, dois jovens estavam sentados em um dos enormes galhos se banhando com a luz do luar.

- Mello, você não se cansa? – perguntou o jovem de cabelos ruivos, com orelhas e rabos em um tom alaranjado. Usava uma camiseta de manga cumprida listrada, uma bermuda marrom, seu tênis estava perfeitamente limpo. Em seu pescoço havia uma espécie de cólera de identificação na cor vermelha, que na opinião dele, combinava com os óculos que ele nunca tirava.

- Cansar? – o garoto de cabelos loiros brilhantes falava enquanto abria uma barra de chocolate. – Cansar do que Matt? – ele possuía orelhas pontudas e felpudas, seu rabo negro balançava com o vento. Estava vestido todo de preto, sua cor preferida. Em seu pescoço uma coleira vermelha com um sininho pendurado, balançava e produzia um som baixo e calmo. 

- De tudo Mello! – esbravejou – Não se cansa de viver preso aqui? – Parecia estar pondo para fora, anos e anos de sofrimento. – Eu não agüento mais isso. Essa vila é um tédio. Eu queria... Queria ao menos uma vez, sair e ver o mundo dos homens, saber como eles são. Você nunca se imaginou fora dessa vila?

- Hm... – Mello não tirava os olhos da barra de chocolate, estava tendo dificuldades para abri-la. – Na verdade... Merda! Abre essa droga pra mim? – estendeu a barra para o amigo que a pegou, e com a maior facilidade rasgou o papel laminado que a cobria. Os olhos do loiro brilharam quando viu parte do chocolate, sua boca começou a salivar. Estendeu as mãos para pega-la, mas o outro a afastou. – O que? Me da logo!

- Responde a minha pergunta! – disse enquanto se esquivava dos ataques do amigo.

- Hunf – parou de atacar Matt, quando este quase caiu do galho tentando desviar. – Porque quer saber Matt? Eu não gosto dos humanos...

- Mello, você acredita mesmo nas lendas? Naquelas que o velho sábio conta? – O loiro acenou positivamente com a cabeça para o amigo – Eu não. Não acho que os humanos sejam tão cruéis.

- Não acredita, mas adora a história da princesa – falou com deboche, fazendo o ruivo corar.

- Eu gosto, mas não acredito. É como um conto de fadas.

- Isso porque todos sabem que é proibido se apaixonar por um humano, assim como se aproximar de um. – falou encarando o outro nos olhos.

- Sei disso. Mas eu queria ao menos vê-los. Você não?

- Eu não quero – cruzou os braços e virou a cara. A conversa estava demasiadamente chata. Não gostava quando o amigo falava dos humanos, na verdade não gostava do entusiasmo que ele demonstrava por seres tão fúteis.

- Sabia que construíram uma cidade não muito longe? A gente podia ir lá ver. – enquanto falava seus olhos brilhavam. Sempre quis conhecer um humano, ver um, tocá-los, mas nunca pode. As leis de Hassun são absolutas. Não que eles nunca tivessem quebrado alguma, na verdade já quebraram mais da metade delas, mas fizeram isso juntos. Não iria atrás dos humanos se Mello não fosse com ele. – Nós poderíamos ir agora. Amanha não tem aula, a gente pode ir e voltar ao anoitecer, eles nunca iriam reparar.

De fato. Os dois poderiam sumir por um dia inteiro que o povo da vila não ligaria, já estavam acostumados com os sumiços de ambos.

Matt, vendo que Mello não aceitaria, pensou em um plano, na verdade em uma chantagem, que sempre, sempre dava certo. Desceu da arvore com a barra de chocolate em mãos e passou a gritar para o amigo:

- Se você for comigo Mello, eu prometo, que pago seus chocolates por uma semana.

Não deu outra, em questão de segundos o loiro já estava ao lado do amigo com um sorriso nos lábios. E assim, os dois, Cachorro e Gato saíram da vila de Hassun, e se dirigiram para a cidade.

Durante todo o percurso Mello tentava recuperar sua barra de chocolate, mas Matt não deixava, ele dizia que só entregaria quando estivessem voltando, afinal essa era a única forma de ter certeza que o loiro não o largaria no meio do nada. Andaram durante horas até que finalmente avistaram as luzes da cidade. Matt, animado correu e logo foi seguido por um loiro emburrado, que reclamava por não ter o seu chocolate. Subiram em cima de uma arvore e ficaram observando tudo a sua volta.

- Nossa! É... É linda Mello! – Matt estava extasiado com a visão a sua frente. Prédios altos, pessoas andando de lá pra cá, e nenhuma possuía um rabo, ou orelhas semelhantes às deles.

- Matt, é muito barulhento aqui. – Mello não parava de reclamar, mas isso não diminuía a excitação do ruivo, que se quer ouvia uma palavra do que o outro dizia, estava tão entretido que não notou quando Mello pegou a barra de suas mãos e a devorou. – Agora que você já viu – falava com a boca cheia de chocolate – vamos embora!

- Ainda não Mello! Só mais um pouco! – Disse enquanto olhando os carros, as pessoas sentadas em bancos e comendo pipoca.

- Matt... – chamou Mello – o que eles estão fazendo? – perguntou apontando para um homem que parecia estar tentando engolir uma mulher.

- Hm? – Quando Matt olhou para onde o amigo apontava não pode conter o espanto e o riso. Sabia que o amigo era inocente, mas não tanto. De acordo com uma das leis de Hassun, todo e qualquer ato de luxúria deve ser contido e feito entre quatro paredes. Beijos e toques são proibidos em publico. Sendo assim, a grande maioria dos habitantes da vila, são puros e inocentes. Com Mello não é diferente, ele é inocente, mas não tão puro. Afinal, pessoas puras não falam mal, brigam e quebram leis, na verdade, Mello só é inocente quando o assunto é o amor, a luxúria.

Certa vez Matt extrapolou o horário na biblioteca, estava estudando para a prova de física que teria no dia seguinte. Mas o tema era tão chato que o ruivo acabou adormecendo sobre os livros. Acordou assustado e quando saia da biblioteca, viu seu professor de Estudos Sociais, Light, em uma cena parecida com a que Mello apontava. Light estava beijando Ryuuzaki, que dava aula de Recursos Humanos. Depois de ter visto a cena, Matt começou a pesquisar, e descobriu o que era o beijo e o sexo. Nunca o praticou, mas sabia o que era.

- Pare de rir de mim! – Gritou Mello que já estava corado, não sabia se era de raiva ou de vergonha.

- Desculpe Mello. – falou enquanto parava de rir – eles estão se beijando.

- Beijando? – o garoto franziu levantou uma sobrancelha, deixando claro para o amigo que não entenderá.

- É. Beijando. As pessoas faziam isso quando gostam uma da outra.

- Mas Matt, eu gosto de você, e nunca te beijei. Porque?

Matt não pode evitar corar. Já havia pensado nisso antes, em beijar o Gato, mas tinha medo. Medo da reação que este teria. Não sabia quando e nem como, mas se sentia estranho na presença do outro. Pesquisou em livros e mais livros, até que descobriu estar amando seu melhor amigo. Nunca contou para ele, sabia que Mello não o entenderia, assim como sabia também, que quando entendesse se afastaria.

- P-porque é um gostar diferente Mello.

- Diferente como? – Mello sempre foi muito curioso, sempre teve uma ansiedade para aprender um pouco de tudo. Menos sobre o amor.

- Bom... – não sabia como explicar – é um sentimento mais profundo Mello. Eles fazem isso quando se amam. Mas não como amigos, nem como irmão. É diferente.

- Como é? Como a gente sabe que ta amando desse outro jeito?

- Hm... É quando a gente sente uma necessidade absurda de proteger a pessoa amada, de estar sempre próximo, de querer tocá-la, abraçá-la, conversar. É quando você passa achar a pessoa bonita, deslumbrante, você se sente atraído... – Matt começou a desabafar, a falar tudo o que sentia – É quando você fica triste por vê-la triste, feliz por vê-la feliz. É um sentimento, suave, delicado. Basta você estar na presença da pessoa amada que seu coração acelera, suas pernas tremem e um monte de borboletas começam a fazer uma enorme festa na sua barriga. Isso é amor, isso é ser amado.

Mello ouvia a tudo, mas não compreendia. O amigo parecia estar falando de algo mágico, algo irreal, afinal, isso é mesmo possível? É possível sentir tudo isso por alguém? Ele não sabia. Ele nunca amou ninguém alem do Matt, alias, que tipo de amor ele tinha pelo Cachorro? Foi o que começou a se questionar...

Sempre quando marcava de se encontrar com Matt seu coração acelerava e ele ficava muito ansioso. Quando o ruivo ficava de castigo, na biblioteca ou na sala de jogos, ele se sentia sozinho, perdido... Adorava os sorrisos do Matt, gostava de ver a cara que ele fazia quando ganhava os jogos, ele ficava bonito assim. Será... Será que amava o Matt assim? Com esse outro amor completamente irracional?

- Matt... – falou com a voz baixa – eu... Eu acho... Acho que...

Será? Bom, a descrição batia.

- O que Mello?

- Acho que eu te amo.

Matt ficou surpreso. O outro acaba de dizer que o amava, sempre quis ouvir isso, mas agora, agora que ele disse, parece tão irreal.

- Ama como Mello? – perguntou, apenas para ter certeza.

- Assim, como você falou. Eu fico triste quando você não está por perto, e muito feliz quando estamos juntos. Eu adoro ver o seu sorriso Matt, ele me deixa feliz, me faz querer rir junto com você. E sempre, sempre mesmo, eu não to brincando – falava vendo a cara que o amigo fazia, achando que ele não iria acreditar – sempre quando eu vou te ver, meu coração acelera, parece que vai saltar pela boca, e a minha barriga fica agitada, não sabia que era por causa das borboletas. – sorriu ao terminar de falar.

Matt não acreditava, não achava ser possível. Mello acabou de se confessar. Ele disse que o ama.

- Você ‘tá bem? – perguntou o loiro vendo que Matt estava ficando vermelho, colocou uma mão na testa do amigo, para ver se não era febre... Não, ele estava com a temperatura normal.

Sentiu a mão do Mello sobre sua testa, tão inocente, tão tentador. O abraçou.

- Também te amo Mello. Sabe, comigo não é diferente, eu fico igual a você, quando estou perto, quando estou longe. Mas Mello – se afastou para fitar o amigo nos olhos – você entende isso? Esse é o sentimento que há entre duas pessoas do sexo oposto... É errado...

- Qual é Matt... Desde quando ligamos para leis? Do mesmo jeito que não é errado amar seu pai, seu irmão, seu amigo, também não é errado amar alguém assim. Nenhum tipo de amor é errado. Foi o que o professor Ryuuzaki disse.

- Mello, você sabe o que é namorar não é?

- Sei sim.  – de fato sabia. Só não entendia o sentimento.

- Pois então, quando as pessoas se amam assim, elas namoram.

- Ah! A-agora eu entendi. – falou e corou. Então isso é amor que o Ryuuzaki disse.

Mello sempre admirou seu professor de Recursos Humanos. Ele era brilhante. Quando Matt estava ocupado era com o professor que ele ficava, e uma vez, eles conversaram sobre isso, sobre namoro. Agora entendia o que o professor havia explicado. Ele havia lhe falado tudo sobre namoro, até o ato libidinoso que o envolvia. Então, ele estava amando Matt. Agora as coisas faziam mais sentindo.

- Mello?

- Hm? – havia se perdido nas lembranças, nas explicações do professor.

- Agora você entende? Entende que tipo de amor é esse?

- Matt, você me ama assim?

- Sim Mello. E isso já faz um bom tempo.

- Então me beija? – Aceitar que amava seu melhor amigo, não foi difícil. Afinal se não amasse ele assim, quem ele teria para amar? Não tinha mais ninguém alem do Matt em sua vida, nunca teve.

Matt ouviu o pedido do amigo, e ficou meio perdido. Ele queria ser beijado, então o que estava esperando?

Colocou uma mão em sua cintura e a outra em seu queixo, aproximou o rosto de vagar. Roçou seus lábios nos do Mello, apenas para atiçar a curiosidade do outro, que impaciente, como sempre foi, juntou os lábios nos do ruivo de uma vez.  Com os lábios selados ambos fecharam os olhos, apenas aproveitando, até que Mello sentiu a língua de Matt no seu lábio inferior, automaticamente abriu a boca, e deixou que a língua dele adentrasse e se encontrasse com a sua.

Matt passou brincar com a língua do outro até que ouviu um gemido, corou instantaneamente. Aquele era seu primeiro beijo, e o primeiro de Mello, mas estava sendo tão bom. Abriu os olhos e viu que Mello estava com os olhos fechado e corado. O ar estava acabando, então apartaram o beijo.

Mello tocou os lábios com os dedos. Estava extasiado. Nunca sentiu tanta coisa com um único gesto. Ele até gemeu!

- Matt... – quando abriu os olhos encontrou os olhos do outro, abertos e cravados em si. Estremeceu.

- Gostou? – Perguntou Matt notado o desconforto do outro. Não pode evitar sorrir com a cena a sua frente. Mello estava corado, com a mão nos lábios, um tremendo convite ao paraíso. E foi ele quem o deixou assim.

- Eu adorei! – e sorriu.

- Se eu soubesse que uma visita a cidade fosse acabar assim, tinha trazido você pra cá antes. – falou Matt enquanto abraçava o outro.

- Ah! Não se esqueça que você me deve uma semana de chocolates Matt! – retribuiu o abraço e sorriu, imaginando todos os chocolates.

- Pode apostar que você vai ganhar muito mais do que chocolate! – sorriu com malicia, já imaginando como seria o resto da semana, melhor, o resto de sua vida ao lado do Gato.


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Notas finais do capítulo

A personalidade do Mello ficou bem... Diferente xP
Mas é que eu não resisti. rs.

Espero que vocês gostem.

14/04/2011



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