Perdidos escrita por Inês Potter


Capítulo 2
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que postava rápido!
:b



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Capítulo II

Passaram cinco anos desde que ela resolvera entregar-lhe o seu coração. Cinco longos e duros anos. As vidas de ambos deram reviravoltas inesperadas que implicaram decisões. Decisões essas, que, de uma maneira ou de outra, mudaram o caminho de cada um.

Lily pensava exactamente no acontecimento que lhe trocara as voltas há cinco anos. Ela não acreditava, simplesmente não conseguia acreditar no que tinha acontecido. E, ao aperceber-se a pensar nisso, repreendeu-se mentalmente.

-Lily, está tudo bem? – perguntou uma voz, quebrando o raciocínio da rapariga.

-Sim, Lene, está tudo bem. – respondeu ela, olhando de relance para uma rapariga de cabelo escuro e olhos azuis, que distraidamente passava os canais de televisão numa tentativa desperdiçada de encontrar algo para fazer.

-Pois não é o que parece. – respondeu a outra, suspirando depois de desligar a televisão. Ela sabia muito bem quais eram os pensamentos que assombravam a cabeça da melhor amiga mas este era um assunto proibido lá em casa.

Lily levantou os olhos para Lene, presenteando-a com um olhar de indignação.

-Lily, por favor, não finjas que não se passa nada. Eu conheço-te bem e não te quero ver assim. – disse ela, ao mesmo tempo que se levantava e se sentava no braço do sofá onde estava Lily. – Já passou tanto tempo… Não achas que está na altura de ultrapassares isso?

-Mas eu… - começou a outra, sendo interrompida por Lene.

-Nada de mas. Tens vinte e um anos, Lily! Tens de começar a aproveitar a vida, por isso hoje vamos à festa da Mary.

-Lene, não estou com disposição… Hoje não me apetece. – retorquiu Lily, tentando, em vão, convencer a amiga.

-E a mim não me apetece ver-te fechada em casa a afundar, tal como o Titanic, por isso levanta-te e veste-te, que nós vamos às compras.

Lily fez menção de ficar sentada no mesmo lugar mas Lene agarrou-lhe a mão, puxou-a para o quarto e obrigou-a a vestir-se.

-Realmente Lily, és tão cabeça dura! Poderias, por acaso, ser capaz de colaborar? Dava menos trabalho!

-Pronto, tudo bem, ganhaste. Mas para que conste, não foi de livre vontade.

Lene ficou radiante e abraçou Lily, que mudou a sua cara de aborrecimento para um sorriso incerto.

Daí a meia hora saíram as duas de casa e sentaram-se no carro de Lily. Era um volvo prateado, prenda dos seus pais quando terminou a faculdade com as suas notas brilhantes.

Contudo, quem se sentou no banco do condutor foi Lene. Lily tinha tido um acidente de carro alguns anos atrás e continuava com medo de que isso pudesse acontecer novamente. Lene contestava o medo de Lily, e queria fazê-la ultrapassá-lo. Porém, as suas tentativas ainda não tinham sido bem sucedidas.

A viagem para o tal centro comercial demorou apenas dez minutos que decorreram calmamente. Assim que chegaram, uma Lene stressada pela falta de tempo (porque apenas faltavam 5 horas para a festa) puxou Lily para todas as lojas que conseguiu.

Saíram duas horas mais tarde, cada uma com um vestido, uns sapatos e uma bolsa a condizer. Sempre numa correria, chegaram a casa e arranjaram-se para a festa.

O vestido de Lily era um cai-cai verde que realçava os seus olhos verdes e contrastava com o seu cabelo ruivo. Os sapatos e a bolsa eram prateados. Lene levava um vestido azul com umas mangas curtas em balão que chegava um pouco acima dos joelhos. Os sapatos e a bolsa eram brancos.

Depois de terminarem os penteados e a maquilhagem, puseram-se no carro (novamente com Lene a guiar) e dirigiram-se para a mansão dos MacDonald, onde vivia a amiga delas, Mary.

Naquela festa estariam também Remus Lupin, quase namorado de Mary e melhor amigo de Lily e Frank Longbottom, outro amigo delas que vinha acompanhado pela sua namorada, Alice Prewett.

Lily e Lene foram recebidas à entrada por Mary, que as abraçou, dizendo que estava com imensas saudades delas. Levou-as até Remus, Frank e Alice, que já tinham chegado e começaram as conversas entre o grupo de amigos, apesar de Mary desaparecer de vez em quando para falar com os outros convidados.

E assim, ao longo da noite, o clima na casa dos MacDonald foi-se tornando mais amigável e caloroso, e até Lily teve de reconhecer que estava a ser divertido, pelo menos  muito mais do que ficar em casa.

-Sabem aquela rapariga, a Truscott? – perguntou Alice, a certa altura.

-O que é que tem? – interrogou Lily, com a sobrancelha levantada.

-Lá vai começar ela com as coscuvilhices, não é Al? És pior que as velhotas lá da rua. – comentou Frank, ao que todos riram.

Alice deitou-lhe a língua de fora, mas continuou com o seu discurso.

-Dizem que ela está grávida! Mas só tem quinze anos, e, ainda por cima acho que decidiu ter o bebé. Eu fiquei em choque. – comentou ela.

-Sabes, acho que é um acto de muita coragem, uma rapariga tão nova assumir o seu filho e querer ficar com ele. – disse Remus.

-Eu concordo com o Rem, nem toda a gente faria o mesmo. Aliás, a maior parte das pessoas abortaria e renunciaria à criança. – disse Lily.

-Desculpem interromper. – disse Mary, chegando perto de nós. – Quero-vos apresentar este rapaz. Chama-se Sirius Black e é um amigo de infância que voltou agora do Canadá. – continuou, olhando para um rapaz que estava ao  seu lado. Era alto, bonito, tinha cabelo preto e olhos azuis. – Ele era jogador de uma equipa de futebol da 1ªdivisão de Toronto, mas foi transferido para Londres.

Lily sentiu um aperto no coração assim que Mary acabou de falar. Era impressionante como até há algum tempo ela era uma fã incondicional de futebol, sendo que até fazia parte da claque de apoio na escola e agora, de cada vez que falavam naquele desporto sentia-se enjoada.

Lily nem esperou para ouvir o resto da apresentação, levantou-se e correu para o jardim, ao mesmo tempo que limpava com as costas das mãos as lágrimas que teimavam em cair. Mesmo assim, antes de desaparecer do salão conseguiu ouvir o tal rapaz a perguntar “A culpa foi minha? Disse alguma coisa de mal?”.

Lily conhecia bem os jardins da casa de Mary pois metade da sua infância tinha sido passada lá, a brincar com as amigas de modo que, foi com a maior das facilidades que ela passou pelo labirinto, pelos canteiros de flores e se sentou sob as raízes de uma árvore enquanto se tentava recompor.  Ela tinha de se tornar mais forte, tinha de, uma vez por todas ultrapassar aquele muro, aquele obstáculo que não a deixava continuar viver. Tinha de se libertar das correntes do passado.

Ela gostava muito daquele sítio, era um lugar que desde pequena a cativara pela sua beleza. Quando se sentia só, quando precisava de pensar, sentava-se entre as cortinas de folhas do salgueiro chorão e, na maior parte das vezes descobriam-na horas mais tarde quando esta já se encontrava a dormir no chão de relva macia.

Mas desta vez não seria assim. Lily estava demasiado perturbada para conseguir adormecer. As lágrimas continuavam a descer pelo seu rosto mesmo ela estando a fazer um esforço enorme para que isso não acontecesse. A certa altura desistiu, levou a cabeça aos joelhos e abraçou as pernas, esperando ficar mais calma.

Ela planeava contar até dez e sair dali para ir caminhando para a mansão quando de repente alguém se sentou ao lado dela.

-Sabes, aposto que és bem mais bonita se estiveres a rir! – disse um rapaz que ela não conhecia de lado nenhum.

-Eu não sou bonita. – respondeu Lily, com a voz ainda embargada do choro.

-És sim, és a rapariga mais bonita que já vi em toda a minha vida. Mas pára de chorar… por favor… por mim? – pediu, enquanto lhe limpava as lágrimas com o dedo indicador.

-Eu nem te conheço… - comentou ela, enquanto um sorriso involuntário lhe nasceu na cara.

-E eu também não te conheço, mas vi-te sozinha e não me parecias estar bem, por isso aqui estou! – exclamou ele enquanto levantava os braços no ar como se fosse um herói de banda desenhada ou algo parecido.

-Tu és maluco… - disse ela, com um sorriso, enquanto olhava para ele.

-Sou maluco? Quer dizer, eu venho aqui com a melhor das intenções para salvar uma dama que se encontrava em apuros e é isto tudo o que eu recebo? A dama a dizer-me que sou maluco? E o meu beijo? Os heróis recebem sempre beijos mas parece que… - resmungou o rapaz, sendo interrompido por Lily, que lhe deu uma belinha no braço.

Ele fingiu uma expressão de dor e deu um gritinho demasiado agudo para um rapaz, o que fez Lily rir novamente.

-Não me deixaste acabar, idiota. – ele lançou-lhe um olhar indignado e ela deitou-lhe a língua de fora. – Eu estava a dizer que és maluco mas que foste um querido.

-Ah, assim já me parece justo! – comentou ele, enquanto se aproximava dela.

Um toque de telemóvel ouviu-se, fazendo tanto Lily como o rapaz darem um pulo com o susto.

-Desculpa, tenho de atender. – ela fez sinal que sim com a cabeça e ele atendeu o telemóvel. – Ah, és tu!... Sim, eu não me fui embora… No jardim…Ninguém, ninguém. – disse, enquanto lhe piscava o olho. – Sim, eu vou já para aí… Até já, até já. – desligou a chamada e voltou a guardar o aparelho no bolso. – Tenho de voltar lá para dentro… - disse ele, como se estivesse aborrecido. – Vens?

-Não, eu vou ficar aqui mais um bocadinho. – respondeu Lily.

-Então eu vou andando… - disse.

Lily ficou a observar o rapaz a afastar-se quando de repente se lembrou de uma coisa muito importante.

-ESPERA! – gritou, enquanto se levantava e apressava o passo para chegar até ele. – Esqueci-me de uma coisa. – Chegou ainda mais perto dele e depositou um beijo na sua bochecha. – Os heróis recebem sempre um beijo. – comentou, repetindo o que ele tinha dito. Não dando tempo de ele reagir, voltou para trás e sentou-se novamente na relva, debaixo do salgueiro a ver o rapaz ir embora. Quando o candeeiro o iluminou, ela pode ver que ele era alto e que tinha o cabelo loiro.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? =s
Mandem sugestões e opiniões sff?
Preciso mesmo de saber se continuo ou não o.o
Beijinhoooooooos



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