Entrelaçadas pelo Amor escrita por Kaah_CSR


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, foi mal pela demora, aqui está mais um. À propósito, a músico "Road to Nowhere" de Ozzy Osbourne, não me pertence. Boa leitura!



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No outro lado da cidade, mais ou menos a trinta quilômetros de onde Brass estava, uma Catherine dirigia seu carro preto desesperada pela avenida no meio do deserto, invadindo a pista contrária diversas vezes enquanto tateava pelo carro em busca do seu celular.

- Ah, não, não me diga que... – Catherine disse assim que se deu conta de onde estava realmente seu aparelho. Com Lindsay. Em sua casa. Muito longe. – Meus parabéns, Willows! Uma CSI experiente, nível 4, supervisora, namorada-quase-noiva de uma morena perfeita se esquecendo do seu próprio celular! Droga!

Sentindo-se uma completa idiota, Catherine deu um soco no volante e pisou no acelerador.

- Ah, dane-se. Quem se importa se eu estou dirigindo a quase... quanto mesmo? Ah sim, 150 km/h. E daí? Não tem ninguém aqui mesmo. Sara, estou indo aí! – gritou ela pro nada. Se Catherine não amasse realmente Sara, poderia se dizer que ela estava um pouco fora do sério. – Pelo menos eu trouxe minha arma. Eu trouxe minha arma, não é? Ah, por favor... Sim, eu trouxe. Isso vai dar um jeito naquele filho da mãe do Hank. E quando eu voltar, com Sara ao meu lado, eu vou dar um jeito naquele careca meia-boca do Ecklie.

Catherine suspirou. Ela estava se sentindo completamente dentro de um filme de suspense americano. Não que ela não fosse experiente nesse tipo de situação, mas o problema era que nesse caso, manter a calma e o raciocínio rápido naquele momento não estava em seus planos. Catherine sentia sua cabeça girar a medida que acelerava o carro. As curvas não eram tão acentuadas, o estava facilitando muito o seu trabalho.

Talvez estivesse exagerando um pouco, mas havia algo que estava dizendo que ela deveria chegar até Sara o mais rápido possível. Impaciente com a estrada que não acabava mais, Catherine conferiu o GPS.

- Oh, que ótimo. Estou muito longe! Como é que eu vou chegar lá sem demorar uma eternidade? – Catherine examinou o GPS novamente e viu que havia uma possibilidade, mas era muito ousada. Ela poderia cortar caminho pelo deserto em linha reta, o que diminuiria grande parte do seu tempo. Mas poderia haver dunas e ela não tinha certeza se daria certo. A incerteza bateu como uma pedra na cabeça da loira. Arriscar ou não arriscar? Eis a questão! Tomara que dê certo. E com uma virada abrupta, Catherine saiu da estrada e seguiu em linha reta.

Dentre todos os envolvidos, Sara era a mais desesperada. Ela reconheceu o carro de Hank vindo em sua direção com outro carro... preto. De onde estava, também era possível ver a casa. Seu plano inicial era ir para lá, mas a construção estava mais longe comparada aos carros. Ou seja, só um milagre para salvá-la naquele momento. Ignorando as ainda fortes pontadas de dor, Sara se debateu mentalmente para lembrar-se dos golpes de defesa pessoal que ela sabia. Não eram muitos, mas o suficiente para que pudesse se livrar de Hank, pular no carro dele e fugir.

O plano estava bom e Sara começava a ficar mais calma. Até que os dois carros pararam em simetria à sua frente, e "v", e outro vermelho atrás dela, impedindo-a que passasse por ali. De um dos carros saiu Hank. Do outro, o homem que ela provavelmente mais odiava no seu local de trabalho.

- Conrad Ecklie – disse ela, o nojo evidente em sua voz.

Do carro preto saíram ainda dois homens, cada um carregando uma pistola. Sara inspirou e fez o que pode para se manter calma naquele momento, mas todo o seu controle começou a ruir quando os dois homens apontaram sua pistola para ela.

- Calma aí, gente – Hank disse e os capangas obedeceram. – Não queremos nenhum sangue desnecessário, não é, amor?

- Para de me chamar de amor! – Sara grunhiu e depois desviou o olhar para Ecklie. – Ecklie, que surpresa.

- Sidle. Devo dizer que não é um prazer em vê-la.

- O mesmo para você. – Sara se virou para Hank novamente. – Por que tudo isso?

- Eu trouxe uma coletiva para nos acompanhar até o aeroporto.

- Aeroporto? Para que?

- Vocês vão passar umas férias em Londres. Com direito a casa, viagem e talvez... uma estadia temporária.

- Eu não vou sair de Las Vegas! – retrucou a morena.

- Você não tem opções, Sidle.

Sara engoliu em seco e olhou para os dois homens com os revólveres. Se ela corresse, no mínimo seria baleada até a morte, se ficasse, teria que fugir com Hank. E fugir com aquele crápula estava fora de cogitação, além de ser uma traição, seria a mesma coisa que se entregar, curvar-se à vontade de outras pessoas. Outras pessoas que não valiam a pena nem mesmo ter sua atenção. A única pessoa que tinha e teria sua atenção pelo resto de sua vida, era Catherine. Sempre fora Catherine o motivo de Sara trabalhar tão duro, dar o melhor de si desde que chegara em Las Vegas, fazer o possível e o impossível por ela e por Lindsay. Era por Catherine que ela não se entregara. E era por Catherine que ela continuaria a lutar. Até que não tivesse mais força.

Renovada por uma energia súbita, Sara deu um leve sorriso.

- Lamento decepcioná-la, Conrad, mas eu não vou fugir.

- Homens – Conrad levantou uma mão e os dois capangas apontaram suas armas na direção da morena. Ele sorriu descaradamente e deu de ombros. – Sidle, vamos lá, você é mais esperta que isso, aceite...

- Ei, ameaçar minha mulher não estava no combinado! – Hank queixou-se.

- Cale a boca, Hank! Eu não sou sua mulher!

- Pela primeira vez, ela tem razão. Fique calado. Mas onde estávamos, ah, sim. Aceite sair do país, e sobreviva. Fique em Las Vegas... Mas debaixo da terra. Vamos lá, Sidle, até uma ameba saberia escolher a decisão certa.

- Eu preferia morrer a ficar longe de Catherine!

Hank começou a ficar vermelho a ouvir aquelas palavras. Uma das coisas que ele não aceitava, era ser passado para trás. E ser passado para trás por uma mulher era ainda pior.

Ecklie percebeu a inquietação de Hank, e quando o viu avançar para cima da morena tentou o impedir, mas não teve sucesso. Louco de fúria, Hank alcançou o pescoço de Sara com a mão e o pressionou.

- Você vai ficar comigo!

- Vai sonhando idiota – para completar sua frase, Sara ergue a perna e deu uma joelhada o mais forte que pode entre as pernas de Hank. Aquilo pareceu servir; Hank se curvou e se afastou. Ecklie riu.

- Parabéns, Sidle. Parece que aprendeu alguma coisa durante sua vida, não é? Você até que se deu bem contra um homem desarmado. Tente com um armado.

- Covarde – murmurou Sara.

Ecklie riu sarcasticamente e acenou para um dos homens, que se aproximou e entregou o revólver para ele. Ainda sorrindo, ele apontou na direção de Sara.

- Última chance.

- Nem pensar.

- Sidle, estou lhe dando uma chance...

- Vá para o inferno.

- Ah, para que eu ainda insisto? – ele balançou a cabeça. – Diga adeus a sua insignificante vida.

Sara fechou os olhos.

Ela sabia que agora só teria alguns minutos de vida. Ou talvez segundos, dependendo do cafajeste que ainda segurava a arma em sua direção.  

I was looking back on my life 

(Eu estava pensando em minha vida)

And all the things I've done to me

(E em todas as coisas que eu tenho feito a mim mesma)

I'm still looking for the answers

(Eu ainda estou procurando as respostas)

I'm still searching for the key

(Eu ainda estou procurando a chave)

The wreckage of my past keeps hauting me

(Os destroços de meu passado continuam me assombrando)

It just won't live me alone

(Isso não me deixará em paz)

I still find it all a mystery

(Eu ainda acho tudo um mistério)

Could it be a dream?

(Poderia ser um sonho?)

The road to nowhere leads to me

(A estrada para lugar nenhum me conduz)

Ah, ah, The road to nowhere gonna pass me by

(Ah, ah, A estrada para lugar nenhum passará por mim)

Ah, ah, I hope we never have to say goodbye

(Eu espero que nunca tenhamos que dizer adeus)

I never want to live without you

(Eu nunca quero viver sem você)

Dizem que quando você está preste a morrer, sua vida passa diante dos seus olhos. É verdade, pensava Sara. Aqueles segundos pareciam uma eternidade, e as cenas mais tocantes se embaralhavam em sua mente, disputando um lugar para serem vistos. Sara se lembrou de tudo. Da sua nebulosa infância, as brigas entre seus pais, o dia em que sua mãe esfaqueou o próprio marido na sua frente, os anos em que passou nos orfanatos, a mudança de casa em casa. O dia em que decidiu que faria da sua vida algo útil, algo diferente do que conheceu. A palestra sobre investigação forense que a levou a conhecer Grissom. O convite de Grissom para trabalhar no LVPD. O dia em que conheceu Catherine. As brigas que teve com a loira. As brigas. Muito frequentes e realmente pesadas, que afastavam cada vez mais uma da outra. Mas que ao mesmo tempo as uniam.

Sara sabia que havia se apaixonado por Catherine no instante que a viu. Os cabelos dourados como o sol, os belos lábios que a faziam desejar um beijo cada vez que se encontravam, os olhos azuis... Ah, aqueles olhos lindos! Sem dúvida sua característica mais atraente. Olhar naquelas piscinas azuis era como mergulhar no mais profundo oceano, era como voar no mais alto céu, era como entrar em uma dimensão sem limites que levava à alma da pessoa incrível que era Catherine.

E era a essa pessoa incrível que Sara dedicaria o resto de sua vida, cuidando, protegendo e amando. E era nela que Sara estava pensando enquanto ouvia Ecklie destravar a arma e se preparar para atirar.

Catherine, eu te amo.

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Brass era outro que estava com o velocímetro aproximando-se do máximo e até mesmo os dois carros da polícia atrás dela estavam tendo dificuldade em alcançá-lo. Greg estava com o rosto pálido, ambas as mãos segurando firmemente o assento onde ele estava. A pressa de Brass para chegar onde Sara estava já ultrapassava a preocupação, e isso era evidente no modo como ele dirigia. Greg balançava com o carro de um lado para o outro enquanto respirava profundamente, tentando acalmar seu estômago inquieto.

- Lá estão eles! – anunciou Jim fazendo Greg voltar para onde eles estavam.

O jovem CSI semicerrou os olhos para tentar ter uma visão melhor do que estava à sua frente. Mesmo com certa dificuldade para fazer isso, Greg viu três carros a mais ou menos quinhentos metros de onde eles estavam. Ele não podia ver Sara, mas tinha certeza que ela estava lá. Se estivessem em um momento menos tenso, ele poderia dizer que o "perfume Sidle" estava presente naquele momento.

- Anda! – Greg apressou o detetive, que o olhou com uma expressão sombria.

- O que você acha que estou fazendo?

- Foi mal.

Quando eles estavam mais perto da barreira, Brass parou o carro e pulou para fora do veículo, apanhando sua arma. Sem pensar duas vezes, Greg fez o mesmo.

- Polícia de Las Vegas – falou Brass. – Abaixem as armas!

Os quatro homens olharam para o detetive surpresos enquanto o queixo de Brass caia quando ele viu Conrad Ecklie apontando um revólver para a desaparecida, sua colega – e quase uma filha – Sara. Os olhos da morena se arregalaram e havia um sinal de esperança neles no momento em que ela ouviu a voz de Brass.

- Capitão James Brass, que surpresa – Conrad provocou e transferiu seu olhar para Greg. – Sanders, o que faz aqui?

- Eu é que pergunto – retrucou o jovem.

- Conheço seus métodos capitão, e devo informar-lhe que não vou entregar Sara.

- Vamos lá, Conrad, abaixe sua arma.

- Receio que isso não funcionará comigo. E você não está em vantagem para me dar ordem – ele sorriu ironicamente e antes que Brass rebatesse, outros capangas saíram de ambos os carros. Eram muitos.

Brass observou a situação cuidadosamente. Conrad estava certo, ele estava em desvantagem. Não havia policiais suficientes para enfrentarem os doze ali. Brass também sabia que não seria apropriado um tiroteio naquelas circunstâncias, não se ele quisesse que Sara saísse viva dali. Sofia estava saindo de Las Vegas naquele instante, e ela levaria mais de meia hora em alta velocidade para chegar ali. E Catherine... Bom, a loira estava a caminho. Mas ele duvidava que esta também chegasse logo. Em seus quase vinte anos de experiência no LVPD e sabe Deus quanto ao lado da lei, Brass percebeu que aquele era mais um caso que só poderia ser resolvido na conversa.

- Ecklie, vamos conversar...

- Ele não vai negociar com você! – Hank o interrompeu gritando. – É comigo que você tem que falar! Sou eu a pessoa que Sara ama!

Brass girou os olhos mentalmente.

- Está bem, Hank. Vou conversar com você. Sai daí, vamos conversar amigavelmente.

Hank semicerrou os olhos, claramente desconfiando da proposta. Antes que ele pudesse contestar, Conrad tomou a palavra.

- Amigavelmente, Hank.

Como que fosse um cachorrinho obedecendo a seu dono, Hank aquiesceu, começando a caminhar, mas antes que desse o terceiro passo, ele voltou, puxou Sara pelo braço e a trouxe consigo. A morena tentou se livrar do aperto que sentia seu braço, porém foi forçada a parar quando viu Hank apanhar sua 9mm.

Os quatro homens e Sara contornaram os veículos até pararem em frente ao detetive, que sabiamente ainda estava ao lado da porta do seu carro. A inquietação de Brass não era visível, contudo ele certamente estava sentindo enquanto via Sara ser forçada e ameaçada por aqueles homens.

- Ótimo. Hank, você gosta de jogar? Eu sei que gosta. E para ser um vencedor, você tem que jogar com calma, não é?

Hank assentiu, meio confuso com a pergunta do homem mais velho.

- Então, vamos deixar essa atmosfera mais calma. Vamos todos abaixar as armas.

- Abaixem vocês primeiro – rebateu Conrad.

- Está bem – concordou Brass e olhou de leve para Greg. O jovem ergueu uma sobrancelha, duvidando do pequeno acordo entre eles, mas ao ver a certeza nos olhos de Jim, ele abaixou o revólver. Logo depois, o capitão e os outros policiais fizeram o mesmo. – Agora é a vez de vocês.

Hank fez o que lhe fora pedido e olhou para Conrad, que abaixou a arma; os homens o imitaram.

Sara observava cada movimento de ambos os lados, prestando atenção aos mínimos detalhes enquanto esperava por uma oportunidade de escapar. Ela trocou um breve olhar com o detetive, que a alertou para ficar onde estava. A morena assentiu levemente.

- Muito bem, estamos indo bem. Agora vamos conversar, sim?

- Certo.

- Hank, por que você não solta Sara? – perguntou Brass calmamente.

- Eu não vou entrega-la! – gritou ele, começando a perder a paciência.

- Não estou dizendo isso. Estou pedindo que a solte.

- Sara é minha. Ela me ama. Só que ela nunca admitiria tal coisa se não passasse um tempo longe de vocês. Vocês interferem na vida dela, não a deixam nem ao menos escolher a própria vida!

- Por que diz isso? – Greg arriscou uma pergunta.

- Ela me ama. Nós seríamos muito felizes se não fossem vocês enchendo a cabeça dela e aquela loira se metendo em nosso amor.

- Ele está louco – disse o CSI baixo o suficiente apenas para Brass ouvir.

- Greg.

- Foi mal.

Jim tornou sua atenção para Hank, que ainda estava segurando Sara pelo braço. Concentrando-se em tudo o que sabia sobre interrogação, Brass fez uma lista das perguntas mais apropriadas que poderia fazer naquele momento.

- Hank, sou Greg Sanders, do laboratório de...

- Eu sei que você é – Hank cortou a fala do CSI.

- Pelo que eu percebi aqui – Greg deu uma breve olhada para o capitão que o observava curiosamente e fez um sinal para ele não se preocupar. Em seguida, voltou a olhar para o grupo. – Nós estamos em desvantagem. Então vocês não vão se preocupar se me disserem o que aconteceu, não é?

- Eu não me importo – Hank fez um gesto para Greg se aproximar. – Mas só se você sair daí.

Greg balançou a cabeça e saiu de onde estava seguro atrás da porta e andou até a frente do carro do detetive. Sara fez contato visual com o jovem e Greg percebeu que ela estava visivelmente preocupada com o que ele estava fazendo. Greg respondeu com um olhar "acredite em mim" e Sara suspirou.

- Estou sem meu revólver, na sua frente e com as mãos vazias.

- O que você quer?

- Que me ajude a entender algumas coisas – Greg pausou, respirou profundamente e continuou. – Ecklie, por que você fez isso?

- A agente Sidle nunca foi um ponto positivo para o laboratório. Eu perguntei aos outros investigadores e também aos funcionários sobre ela. Todos afirmaram que ela era uma excelente investigadora, uma profissional competente que tinha um grande futuro no LVPD. E no relatório final, mais elogios. Mas é claro que ninguém falaria a verdade de fato. Nunca se sabe o que uma pervertida com uma arma pode fazer. Na certa estavam com medo do que ela faria se descobrisse que algum deles falasse mal dela. Sidle nunca foi um ponto positivo no Laboratório, ela sempre foi uma ameaça. Ela estragaria tudo.

- Tudo o que?

- Minha carreira. Se por acaso todos estivessem falando a verdade e gostassem mesmo dela, Sara poderia fazer uma desordem imensa no laboratório e fazer com que todos se pusessem contra mim, como está acontecendo agora.

- Entendo. Já temos o motivo, agora gostaria de saber como fizeram isso.

Nesse momento, outra pessoa saiu de dentro do carro preto. Era difícil dizer quem era de início, mas à medida que a pessoa foi se erguendo, o reconhecimento caia como uma bomba sobre Sara, mas nem tanto sobre Greg.

- Sr. Melton? – murmurou Sara.

- Eu mesmo – disse ele. – E vou dizer como tudo aconteceu.

Brass riu internamente. Aquilo foi muito esperto da parte do jovem CSI. Além de obter uma confissão dos suspeitos, ele estava ganhando tempo para os reforços chegarem.

Parabéns Greg, pensou Jim.

- Estou esperando – Greg o apressou.

- Eu poderia começar dizendo os motivos pelos quais fiz isso, mas não vou me dar ao trabalho. Bom, por onde começar? Ah, sim. Quero que fique bem claro que a ideia principal foi exclusivamente minha. Eu falei com um amigo meu e decidimos por um fim à existência dessa criatura desprezível a quem vocês chamar de "Sara". Para que tudo desse certo, precisaríamos de um carro, o qual eu forneci. De um plano, o qual eu também forneci...

- Também faço parte desse plano! – queixou-se Hank.

- Calado – rebateu Ecklie.

Hank olhou com uma cara de poucos amigos para Ecklie e ficou quieto. Melton assentiu e continuou a falar.

- Mas havia um problema. Nenhum de nós saberia quando e com quem Sara estaria trabalhando. Então falamos com Conrad. Ele comanda o laboratório, então para ele seria fácil vigiar.

- E como Hank entra nessa história? – perguntou Greg ansiosamente.

- Precisávamos de mais alguém. E Hank era perfeito para esse caso. Ele concordou em nos ajudar, desde que não déssemos um fim na sua preciosa Sidle e que ela acabasse ficando com ele. Dúvidas?

- Não – respondeu o jovem CSI. – Então, vocês combinaram um dia. Por sorte Sara tinha vindo de carro com Catherine, se lembrado de algo e, em vez de voltar em segurança com Catherine, ela havia voltado para falar com Grissom. O que era uma ótima chance, não é?

- Sim – disse Ecklie, sorrindo toscamente. – Fiquei vigiando os passos dela e quando vi a oportunidade, liguei para Hank. Ele veio até o LVPD, viu que Sara estava saindo e ligou para ela. Mas é claro que ele pôs tudo a perder quando voltou conversando com ela. – Hank o fuzilou com os olhos. – Eu liguei para meu amigo. Ele trouxe o carro até o lugar combinado, contratou os homens e esperamos Sara aparecer.

- Vocês a atingiram com alguma coisa?

- Eu – Melton trouxe a atenção para si novamente. – Um bastão de beisebol.

- Criativo.

- Obrigado.

- Isso não foi um elogio.

Melton deu de ombros e riu. Greg trocou um olhar preocupado com Jim, que fez uma leve menção com sua cabeça para o CSI voltar para um lugar seguro. Quando ele estava prestes a se mexer, alguém atirou. Sara se encolheu quando o barulho afligiu seu ouvido direito.

- Quem disse que você poderia se mexer, garoto? – Conrad agora apontava seu revólver na direção de Greg.

- Não se atreva a feri-lo! – Sara protestou, debatendo-se para sair dos braços de Hank.

- Quietinha aí! – Hank voltou a ameaçar Sara.

- Ei, calma. Estamos só conversando, não é preciso violência aqui, huh?

- Fale por si mesmo! – gritou outro homem.

Tanto os CSIs quanto Brass ficaram horrorizados ao ver de quem era a voz.

- Adam Novak? – disseram os três espantados.

Adam sorriu.

- Eu mesmo – ele olhou para a expressão chocada de Jim. – É capitão, eu fugi da cadeia. E eu tenho que dizer que o plano foi meu.

- Achei que seu problema fosse com Catherine – Greg falou tranquilamente, tentando não provocá-lo.

- E quer melhor vingança do que acabar com a pessoa que ela mais ama? – Novak riu.

- Entendo – disse Greg, sua voz levemente nervosa. – Eu vou voltar para o meu lugar agora.

- Acho que não – Ecklie grunhiu e apontou a arma na direção do investigador. – Também tenho minhas pendências com você, Sanders. Hank, que fazer as honras? – E um forte som de tiro encheu o ar.

- GREG! – gritou Sara, desesperada enquanto via o corpo de seu amigo cair aos poucos, como em um filme em câmera lenta. Greg lançou um leve sorriso para Sara antes de desmoronar no chão, imóvel. – O que foi que você fez? – Sara gritou para Hank e se debateu para livrar-se dele. – Ele não tem nada a ver com isso!

Brass se precipitou para tentar chegar ao investigador ferido, mas parou quando ouviu outro tiro e a o vidro da janela de seu carro se espatifar no mesmo instante.

- Coloque Sara no carro e vá! – ordenou Conrad para Hank enquanto corria para trás de seu veículo e continuava a atirar.

Hank agarrou Sara com os dois braços e a arrastou para dentro de seu carro, a colocando dentro e sentando no banco do motorista enquanto outros dois homens davam cobertura para eles.

- Não deixe Hank fugir! – berrou Jim para os policiais.

- Todo mundo parado ou Sara morre!

- Hank, não faça isso!

- Calado! – disse Hank em voz alta e deu a partida no carro. Nesse mesmo instante, Sofia chegou com os reforços. Três viaturas pararam ao lado do carro de Brass e Sofia foi atrás do veículo de Hank, que já começava a disparar pela rodovia tentando fugir.

- Sofia! Siga Hank e peça reforços! – disse Brass em meio ao tiroteio.

- Já estão a caminho! – gritou a loira e acelerou seu carro, lançando-se contra os inimigos e seguindo Hank. – Graças a Deus que meu carro é à prova de balas – murmurou ela para si mesma enquanto inconscientemente desviada dos tiros que acertavam o vidro de seu automóvel.

Catherine ainda estava atravessando o deserto com seu carro preto em alta velocidade, sem se incomodar com as altas dunas e com as pedras que estavam em seu caminho. Mas mesmo com sua atenção total para onde estava dirigindo, Catherine estava começando a se preocupar com o porquê dela ainda não ter chegado em nenhuma rodovia. Normalmente, cortar caminho tinha o objetivo de diminuir o caminho, e não de aumenta-lo.

Grunhido de raiva e insatisfação, Catherine subiu outra duna e observou o horizonte à sua frente. E lá estava a autoestrada, e para sua sorte, vários automóveis parados. Catherine diminuiu a velocidade e tateou dentro do seu carro em busca de seu binóculo. Quando o encontrou, Catherine o colocou na frente dos olhos e tentou ver o que estava acontecendo lá. Ela reconheceu Greg, que estava em frente às viaturas, Hank e presa ao seu lado, a mais amada dentre as mulheres, a pessoa por quem Catherine daria sua vida sem pensar duas vezes, a pessoa que era a única razão de sua vida, Sara Sidle.

Catherine suspirou quando viu sua amada. O lado bom, era que agora ela sabia que Sara estava viva. O lado ruim, era que ela estava nas garras de Hank.

Quando a loira estava quase pisando novamente no acelerador, pode ser ouvido um tiro e ela gritou quando viu que Greg fora atingido. Então tudo aconteceu rapidamente. Sofia chegara com os reforços, Hank entrou com Sara em um carro e fugiu. Catherine observou apreensiva enquanto a detetive Sofia reentrava em seu Denali e seguia o suspeito.

Mas um carro nunca iria parar Hank.

Ainda em movimento, Catherine acompanhou com o olhar a direção em que ia a rodovia. Havia uma grande curva bem à frente, e se ela fosse rápida, chegaria lá antes de Hank. E foi o que Catherine fez.

- Aguenta aí, Sara. Eu estou chegando – sussurrou Catherine. Embora ela soubesse que falara baixo até para si mesma, ela sabia que de alguma forma Sara a havia escutado.

Sara ainda estava atordoada com os fatos que haviam acabado de acontecer. Tudo passava por sua mente, mas a imagem que tinha sua total atenção naquele momento, era a de Greg sendo baleado. O último olhar que ele lançou, o último sorriso que ele dera, a mão esquerda cobrindo seu estômago segundos depois de receber o tiro... As imagens ainda eram frescas, e imensamente dolorosas. Greg era praticamente um irmão para ela, um amigo com quem ela poderia contar a qualquer hora, um garoto muito competente e inteligente num corpo de um homem feito, uma pessoa extremamente gentil, tão gentil que foi capaz de arriscar tudo para tentar salvá-la, para tentar descobrir os verdadeiros motivos dos criminosos de terem feito o que fizeram, para chegar o mais perto possível de sua amiga, e acabar no chão, imóvel.

- Finalmente livres – disse Hank trazendo Sara de volta para a realidade.

Sara olhou para Hank com o olhar mais enojado e furioso que conseguiu naquele momento. Se ela estava sentindo raiva de Hank quando ele a aprisionara, não se comparava com o sentimento de fúria que estava sentindo naquele instante. Ela poderia aguentar tudo. Aguentar ser sequestrada, aguentar as calúnias sobre sua amada, aguentar descobrir os planos mais cruéis e ter contra si um mundo de vilões, mas ela não aguentava ver seu amigo ser morto e ser obrigada a ficar ao lado do culpado.

Toda sua raiva, todas suas frustações, todos os "nãos" que recebera em sua vida e toda a saudade que ela estava sentindo de Catherine estavam subindo como lava em um vulcão. E quando Hank colocou uma mão em seu ombro, o vulcão de seus sentimentos entrou em erupção.

- NÃO ENCOSTE EM MIM! – Sara gritou e acertou um soco no rosto de Hank, fazendo-o perder o controle do carro por uns breves segundos. Ele recuperou o comando do automóvel com uma mão e com outra tentava se defender dos tapas que Sara tentava infligir nele.

- Pare com isso! Eu vou perder o controle!

- Que se dane! Acha que vai ficar livre depois de ter feito o que fez com meu amigo? Nunca! – Sara dizia enquanto agora tentava alcançar o volante.

Então Hank e Sara começaram a lutar. Houve tapas e defesas para qualquer lado durante um tempo que nenhum dos dois saberia dizer, até que eles chegaram perto de uma curva muito extensa. Hank por fim segurou o pescoço de Sara fortemente com sua mão e conseguiu mantê-la imóvel para conseguir fazer a curva em segurança.

Sara ficou parada pelo que pareceram anos, mas foram apenas segundos de acontecimentos e milésimos para tomar uma decisão. Hank ainda não havia percebido, estava concentrado demais em manter a morena quieta, só que Sara fora mais rápida. No momento que sentiu a mão de Hank em seu pescoço, não ficara parada por causa disso. Ela olhou para o final da curva e um pouco depois dela havia um enorme caminhão vindo na direção contrária. E eles iam bater.

Sara debateu-se até que ficasse longe da mão de Hank. Com sua mão direita livre, Sara destravou sua porta, a abriu e com um último pensamento "Te amo, Catherine", se jogou do carro segundos antes de se ouvir um grande estrondo.


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Notas finais do capítulo

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