Meu Querido Cunhado escrita por Janine Moraes


Capítulo 33
Capítulo 33 - Quem é você?




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Eu estava sendo conduzida pelos corredores, até o quarto em que Igor estava. Haviam se passado dois dias. Em casa minha mãe estava sendo compreensiva e me dando espaço. Não falei com Igor ou Cecília, embora acabasse topando com eles de vez em quando.

Eu estava ansiosa para ver Igor. Eu sabia como tinha que agir. Havia pensado nisso muitas vezes. E estava até calma, controlada. A mão de Pablo em minhas costas, me conduzindo, me deixava atenta a real situação. Paramos em uma porta branca, com o nome completo de Igor em uma placa. Quarto 7.

Pablo abriu a porta e a luz do quarto extremamente branco me cegou levemente. Eu conseguia distinguir o vulto de Igor, então pisquei várias vezes. Tentando fazer tudo ficar normal. Minha visão voltou aos poucos. Igor sorriu para Pablo que o cumprimentou com um aperto de mãos. Ele parecia o mesmo com o sorriso maroto e com o jeito desengonçado de esticar as mãos. Ele não tinha me notado ainda, mas quando notou sua expressão foi surpresa. Senti seu olhar me analisando, mas ainda mantinha a expressão surpresa. Imaginei se eu estava feia ou estranha. Mas afastei esses pensamentos, era uma péssima hora pra ficar insegura com essas coisas. Reuni minha coragem, me dirigindo a ele:

– Oi... – comecei, mantendo a voz firme. Me sentei a cadeia a sua frente. Analisando seu rosto, vendo além da beleza, ele tinha alguns cortes superficiais na bochecha e testa. E tinha uma grande bandagem no braço. Pablo se sentou do meu lado.


– Oi. – A voz de Igor tremulou, enquanto me olhava surpreso. Ele já tinha falado com Pablo e conversado com ele, então não estava mais surpreso com a presença dele. Pablo me dissera que ele se lembrara de algumas coisas, mas bem lentamente. Eles passaram dois dias só conversando, Pablo me certificou que não haviam falado de mim. Só foram conversando com calma e se reconhecendo.

– Você está bem?

– Acho que sim... – ficamos em silêncio, nos encarando. Seus olhos brilhavam de curiosidade. –  Desculpe, é meio estranho fazer essa pergunta, mas quem é você?

Agora, vendo ele não saber quem eu sou, parecia muito pior do que o doutor havia dito. Muito, muito pior. Mil vezes terrível. Principalmente porque agora eu sabia que não era mentira.  Seus olhos olhavam para uma desconhecida, nesse caso, eu. Ele realmente não fazia ideia de quem eu sou. E isso doeu, doeu até na alma. Respirei fundo, me controlando. E lançando um meio sorriso, disse.

– Bem... eu sou a Malu. – Eu sempre parecia patética quando me apresentava e dessa vez não foi diferente. Ele sorriu de meu embaraçado.

– Eu até diria meu nome, mas tenho a impressão que você já sabe. – Ele sorriu ironicamente.

– É, pode-se dizer que sei.

– Igor, ela é sua... – Pablo começou. O cortei, decidida.

– Amiga. Sou sua amiga. – O título arranhou a minha garganta, mas permaneci calma.

– Você é?

– Sou... Claro que sou. Nos conhecemos há um ano atrás, na praia.

– Eu... Eu não me lembro. – Um pequeno vinco surgiu em sua testa enquanto ele refletia.

– Tudo bem. – Eu disse, tentando relaxar. – Eu te conto, talvez você se lembre.

– Obrigado.

– Foi na praia... Você veio falar comigo e acabamos ficando bem amigos. – Bem amigos. Sorri de leve da lembrança. Meu primeiro contato com Igor chegava a ser absurdo. Dois doidos. –  Somos amigos até hoje. Simples.

– Eu fui falar com você? Assim... Tão fácil?

– Você a cantou, com a cara mais deslavada possível. – Pablo disse, rindo.

– Sério? Eu fiz isso?

– Pior que fez. – sorri com a lembrança. – Você é muito cara de pau.

– Não sei por que, mas acredito em você. – Ele disse, rindo.

– Não duvide. Sua cara deslavada é lendária.

– Então... e você? O que fez? – Ele sorriu malicioso.

– Eu te dei um fora. – cruzei os braços, tentando me descontrair. Ele riu de leve. – Óbvio.

– Eu me vi no espelho, duvido que você tenha me dado um fora. – Ele me lançou aquele olhar em que ele sempre usava quando queria parecer sexy. Algumas coisas não mudam, realmente. Revirei os olhos, fazendo pose.

– Você também é metido, óbvio. Mas é claro que eu daria um fora em você, não caio nessas cantadas.

Ele riu novamente, os olhos pareciam brilhar mais agora. E seu rosto tinha um pouco mais de cor. Ele me analisava, seus olhos concentrados em meu rosto. Odiava quando me olhavam assim. Eu me sentia um objeto sendo analisado.

– Acho que eu gosto de você. – Ele disse, parecendo sincero e espontâneo. Isso me assustou, um pouco.

– Isso é só porque você não me conhece ainda. – Ele riu baixo, e eu aproveitei o som da sua risada. Ele estava meio abatido, com muitas olheiras.

– Como posso me lembrar de tudo... Quer dizer; minha aparência, lembrei meu nome. Lembro um pouco dos meus pais, e alguns dos meus amigos. Só não lembro o que aconteceu. Lembro de quase tudo... Menos de você. Porque isso acontece?

– Mais uma prova do quão sou chata. Seu subconsciente quis se livrar logo de mim.

– Duvido que tenha sido isso. – Ele sorriu, parecendo tentar me consolar. – Quer dizer, é estranho.

– Você se lembra dele, não é?

– Agora sim. Pablo. Amigo. Praticamente irmão.

– Viu? Só de mim que você não se lembra. Não se preocupe. Devia ficar feliz por isso. Embora, infelizmente, eu tenha que dizer... Você não vai se livrar tão fácil assim de mim.

– Isso é um alívio, se quer saber. Estou com medo de ter perdido algo mais do que a minha memória.

– Não perdeu. Seus amigos continuam aqui.

– Eu sei. Mas tenho a impressão que eu perdi algo. Quer dizer, eu sei lá... Eu não tinha uma namorada?

Fiquei parada por um instante. Senti Pablo me encarando, fechei os olhos por alguns segundos. O que eu iria dizer? Nós tínhamos terminado, você namorou minha irmã e depois tentou voltar comigo? Seria demais para ele também, não é? Pesei os prós e contras e preferi não mentir. Só modificar um pouco as coisas.

– Hãn... Tecnicamente não. Você e minha irmã tinham namorado. Mas vocês terminaram, há um bom tempo. Acho que você que terminou com ela. Ela já está até com outra pessoa.

– Você era minha cunhada? – Seus olhos se arregalaram levemente, me analisando.

– Pois é.

– Tem mais dessa história não tem? – Porque ele não tinha perdido a percepção também? Esse assunto era demasiadamente constrangedor e me deixava muito desconfortável.

–  Não vale a pena explicar agora.

– Hãn, tudo bem. Quando vou embora?

– Daqui a uns dias.

– Onde vou ficar?

– No seu apartamento. Eu e Malu vamos nos revezar pra ficar com você. – Pensar em cuidar dele também, fazia com que eu ficasse ansiosa e apreensiva, seria difícil.

– Tenho duas babás?

– Arran.

– Bem, uma perguntinha. –  Ele olhou de mim para Pablo. – Vocês estão... você sabe... juntos?

– Claro que sim. Né, amorzinho? – Igor fez uma careta quando Pablo beijou minha bochecha com entusiasmo. Eu bufei para Pablo.

– Na verdade, não, somos não.

– Ah... – Ele sorriu, pode ter sido impressão minha, mas ele parecia mais aliviado.

– Se eu tivesse insinuado isso a uns dias atrás, Igor. Você tinha me dado um soco. – Definitivamente, Pablo não sabia fechar a boca.

– Por quê?

– Porque você é agressivo.  – respondi, ficando vermelha. – Pablo!

– Desculpe. É divertido.

– Seu melhor amigo perder a memória não é divertido.

– Depende do ponto de vista.

Homens. – revirei os olhos enquanto os dois riam. E Pablo explicava como conseguiram o apartamento. Eu semidesliguei. Concentrada na expressão de Igor e fazendo alguns comentários quando necessário. Ele não parecia desesperado. Estava calmo. Mas me incomodava, e muito, ele não se lembrar de mim.



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Notas finais do capítulo

Obrigada a quem leu. ;)