O que mais Temia escrita por MiraftMaryFH


Capítulo 27
Fugir!?




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Olhei para o relógio pela décima segunda vez desde que aqueles dois saíram do quarto… E eles só saíram há 5 minutos! O porquê de estar sempre a olhar para as horas? O meu plano…

- Brea, estás a assustar-me… - Disse o Thiago, a tentar fazer piada.

- Porquê? – Perguntei sem emoção.

- Não páras de olhar para o relógio… Precisas de alguma coisa? – Sim, preciso… PRECISO DE ASFIXIAR AQUELA COBRA METIDA A BESTA!

- Brea, está tudo bem? – Perguntou o John desconfiado quando me viu agarrar os lençóis com uma força exagerada.

- Está tudo muito bem. – Disse pronunciando as palavras pausadamente.

Ambos entreolharam-se preocupados, mas eu nem dei muita importância.

- Rapazes, vou vos pedir duas coisas… 1º JOHN TIRA ESTA GENTE DAQUI! – Eu disse apontando para a janela – e 2º gostava de descansar um pouco, vocês importam-se de…? - Disse, tentando parecer cansada.

- Sim, claro. – Eles disseram mais tranquilos.

Dentro de dois minutos, tudo voltou a ficar silencioso; o corredor estava vazio e no meu quarto só estava eu… por enquanto.

O meu plano era simples e completamente idiota, mas de momento não estava para pensar noutro mais inteligente. Objectivo? Sair do hospital. Como? Disfarçar-me de enfermeira e sair pelas traseiras. E não, não estou a brincar.

Felizmente, eu conheço este hospital e coincidência ou não, a lavandaria é no quarto ao lado. Então qual era o plano? Simples; Ia até à lavandaria, pegava num fato de enfermeira e sairia pelas traseiras. Falhas do meu plano? Muita gente do hospital conhece-me. Mas, vou tentar à mesma.

Levantei-me e certifiquei-me que não estava ou não passava ninguém no corredor. Completamente vazios… era agora! Saí do quarto, fechando a porta o mais silenciosamente possível. Só tive que dar alguns passos para chegar à lavandaria, mas antes que tocasse na maçaneta, ouvi vozes… Tinha que ser rápida; Entrei na lavandaria e peguei num fato de enfermeira que me servisse; Olhei-me no espelho, não para verificar se estava bonita ou algo do género, isso agora não iria interessar… aliás, quanto menos Brea eu parecesse, melhor… Vesti tudo o que tivesse de acessórios, para me disfarçar o melhor possível, depois verifiquei o meu visual e achei que dificilmente me reconheceriam. E estava certa. Segui pelos corredores, passando por alguns médicos, mas nenhum deles me reconheceu; Apesar de saber que já era mais seguro, tinha que ser mais rápida, porque a qualquer momento dariam o alarme de que uma certa pessoa não estava mais no quarto… Passei por várias alas do hospital, mas fiz questão de passar por uma em especial: “Exames de sangue”, foi então que os meus olhos encontraram quem eu procurava… Bastante longe do ponto onde eu estava, duas pessoas estavam sentadas com um exame na mão, intacto; Olhei para ele uma última vez e fui embora. É certo que poderia passar por ele e ouvir “acidentalmente” o resultado, mas quando olhei para eles, decidi que não queria saber.

Quando passei a porta das traseiras, corri para a floresta do terreno do lado e a partir daí, andei calmamente e sem pressas; a parte 1 do meu plano estava concluída; havia conseguido sair do hospital. Qual era a parte 2? Supostamente, o local para onde iria… Bem, não me matem… mas eu nem pensei nisso… É, eu sei… quer dizer, arranjei este estratagema todo para sair, leia-se “fugir”, do hospital e agora não sei para onde ir… Eu sou mesmo um desastre, mas para dizer a verdade, eu nem estava a contar que conseguiria sair de lá… Quer dizer, esperava que aparecesse o John ou o Thiago e me apanhassem em flagrante, mas não aconteceu.

Então… eis a questão… locais para onde iria… Bem, não me importava nada de apanhar um avião e ir para uma ilha deserta mas, eu preciso de um plano sólido e não imaginativo; preciso de um sítio real… o que eu quero dizer, é que preciso de um local onde possa chegar, por minha conta… ou seja, a pé. Enquanto atravessava aquele terreno, fui ponderando as minhas poucas opções… Casa!? Definitivamente não. Ok, e acabaram as opções. Quer dizer, eu preciso de ir para um local sozinha, não iria pedir para os meus amigos me esconderem ou ir para minha casa… seriam os primeiros lugares onde me procurariam e eu não iria pedir a ninguém que me escondesse. Enquanto passava pela floresta, pensava nas possibilidades: “Eu até podia ficar nesta floresta, mas o terreno é…” ESPERA UM MOMENTO… É isso! Virei para o lado oposto ao que andava… Ainda seria um longo dia…

Enquanto caminhava para o sítio que imaginava, fui pensando em como as coisas mudaram drasticamente nos últimos meses: Josh; divórcio; Keira; gravidez; Thiago; Molly; Matheus; Andrew… enfim, um monte de lembranças invadiram a minha mente e tudo o que pude fazer foi recordá-las… Nem todas eram felizes, mas uma grande parte sim, podíamos considerar felizes. Então, no meio dessas recordações, perguntei-me mentalmente porque raio é que estava a fugir… Bem, eu nem sequer tinha uma razão lógica para isso, na verdade, eu nem sequer estava a ser racional! Ó Meu Deus, eu acabei de fugir do hospital, sem motivo, aparentemente, suficiente para esta atitude e por último, e mais importante, acabei de sair de um coma! Mas, onde é que eu tenho a cabeça? Esta deve ser a pergunta que se devem estar a fazer no hospital… Sim, porque a esta altura, já toda a gente sabe… Se formos a ver, até já há autoridades atrás de mim, mas prefiro não pensar nisso. Agora, o mal está feito.

As horas iam passando e eu estava a ficar cada vez mais aflita… Já não vinha para aqui há muito tempo, talvez tivesse errado no caminho… e se estivesse perdida? E ainda tinha o arrependimento… o arrependimento de ter fugido… mas porque é que eu fiz isto? Na verdade, eu sei porque é que fiz… Aliás, eu sei o porquê, desde que comecei a formular este plano maluco, tudo por causa dele. É sempre tudo por causa dele. Sempre. Dizem que quando amamos alguém, essa pessoa começa a ser o nosso sol, o centro de toda a nossa vida; mas para mim, ele é o centro de todos os meus problemas, pelo menos… da maior parte dos meus problemas e assim, posteriormente, o centro da minha vida. Estás a ver Josh? Mais feliz? Graças a ti, estou aqui! Perdida, sem saber para onde ir! Completamente sozinha! Vês o que é que me fazes? A culpa é toda tua! Estúpido, idiota…

E foi assim, enquanto estava a xingá-lo de mil e um nomes feios, mentalmente, que eu me deparei com a velha entrada da quinta. Óh! Afinal ainda não estou maluca! Ainda me lembro do caminho… consegui chegar. Agora… o problema era como entrar… não trouxe as chaves, mas…

Onde estou? Casa de campo da minha família. Como vou entrar? Quando eu e o John éramos mais novos, costumávamos vir para aqui no Verão com os nossos pais e como passávamos grande parte do tempo com o Alex, ele ensinou-nos várias… digamos … “passagens secretas” para a casa. Ah, obrigada Alex! Como eu costumo dizer, o Alex parece a minha fada madrinha, quem diria que eu realmente precisaria de saber essas “passagens secretas” para a casa. Às vezes, chego mesmo a pensar que o Alex já sabia que tudo isto ia acontecer… só espero que ele não dê sugestão aos meus pais de onde eu possa estar, porque de certeza que me encontrariam.

Segui pela lateral esquerda da casa e mesmo no final encontrei a porta de pedra que era aberta com uma alavanca escondida! Eu sei! Parece irreal ou coisa de cinema, mas é sério! Não sei muito da história desta casa… apenas que tem vários séculos e pertenceu a alguém, realmente, importante e misterioso; De qualquer modo, deixo isso para pesquisa, mais tarde. Puxei a alavanca e a porta abriu-se… segundo o Alex, isto iria dar à cave. Bem, se isso realmente fosse certo, eu conseguiria arranjar-me a partir desse ponto. E, mais uma vez, o Alex estava certo e eu também. Consegui ter o acesso à casa facilmente e rezei mentalmente para que nenhum ladrão ou sem-abrigo fosse suficientemente inteligente para tentar desvendar as entradas desta casa. Por enquanto estava segura; tinha um sítio para dormir, ao menos.

Já era bem tarde, a noite caía profunda do lado de fora da casa e confesso que senti medo… Era a primeira vez que estava naquela casa sozinha, ainda por cima, sem o conhecimento de ninguém e, para além do mais, esta casa já era suficientemente assustadora à luz do dia; o John até costumava dizer que ela era assombrada… Por isso, imaginem a pilha que eu estava, numa casa muito antiga, que tinha entradas secretas e dizia-se “assombrada”. Bom, melhor do que chão frio no meio da rua, não achas Brea?

Subi as escadas para o andar de cima, e segui para aquele que costumava ser o meu quarto quando vinha para aqui. A cama estava sem lençóis, mas ainda havia um jogo de cama no armário; Nem esperei muito tempo depois de arrumar a cama; tinha andado o dia todo, tinha acordado de um coma de alguns dias e ainda tive uma série de notícias desagradáveis… Na verdade, só uma, mas era suficientemente grave para pesar tanto quanto uma série delas… E ainda tem aquela história do divórcio dos meus pais que ainda não me saiu da cabeça... Não tive muito tempo ainda para pensar no assunto, mas também não seria agora que iria fazê-lo… estava demasiado cansada para isso.

Antes de fechar os olhos, para uma noite que, provavelmente, seria em claro, eu vi os olhos dele… como se estivesse a olhar para eles neste momento, a sentir o que ele estava a sentir, como uma visão… os olhos azuis-acinzentados estavam aflitos e invadiram-me a mente, por completo, fazendo-me entrar numa tempestade intensa, no meio de um oceano furioso… e foi assim que eu afoguei-me nos sonhos desse oceano.


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