O que mais Temia escrita por MiraftMaryFH


Capítulo 24
Coma & Filosofias


Notas iniciais do capítulo

Oiii! Desculpem a demora... Problemas ._.'



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Estar sentado à espera de notícias era, de longe, a coisa mais horrível que eu poderia enfrentar agora, mas eu sabia que não podia demorar muito mais tempo.

- É mau sinal, não é? – Perguntei ao Gerald enquanto olhava as pessoas que passavam por mim; Todas elas pareciam cansadas e mesmo assim, cheias de trabalho… andavam de um lado para o outro, com papéis, telemóveis e outras guiavam visitantes ao quarto dos pacientes.

- De quê? – Enquanto estava em aulas de filosofia, podia não ouvir 98% da aula, mas um assunto em particular, havia chamado a minha atenção. Sabem aquelas situações em que dizemos ou perguntamos alguma coisa e a pessoa que vai responder diz algo como: “O quê” ou “De quê”, ou algo do género que tenha “quê” no meio? Sim, elas perceberam. Não, elas não precisam que repitamos a pergunta. Mas, mesmo assim, elas fazem-no. O cérebro humano é, sem dúvida, algo fascinante… tão incrível como os segredos dos buracos negros, das galáxias, das estrelas, das mitologias ou das filosofias. A única coisa que diferencia tudo aquilo que nós achamos fascinantemente incrível demais para que exista na realidade é o facto de que todos nós temos um cérebro, logo não parece algo tão cativante. Mas, na verdade, é. Porque é ele que faz tudo isto. Nós, automaticamente, perguntamos: “o quê?”, precisamente para que a pessoa pergunte de novo e para nos dar tempo, mesmo que sejam pequenas fracções de segundos, para pensar numa resposta. Isto, maioritariamente, acontece quando estamos a mentir, a inventar (que acaba por ser a mesma coisa), ou quando o que nos vão dizer é algo mau (o que é o caso) ou quando nos apanham em flagrante… ou então, é claro, quando não ouvimos bem, mas isso é outra história. Então, sem dúvida, é mau sinal.

- Tu sabes, Gerald… Porque é que estão a demorar tanto? – Perguntei olhando para as janelas.

- É uma cirurgia, Josh. Não demora 5 minutos, pode demorar várias horas…

Voltei a minha atenção para as pessoas, outra vez. Nuns sofás mais afastados, uma família recebia a notícia de que a sua filha mais velha havia perecido à leucemia mielóide aguda, com a qual andava a lutar há 2 anos; não muito longe um pai acabava de saber que o seu filho não havia resistido ao acidente de automóvel, no qual ele era o condutor e não tinha carta de condução; Do meu lado esquerdo, um pouco distante, pude ouvir uma mãe desesperar-se ao saber que o seu filho havia falecido, após salvar a namorada num incêndio de um bar; não havia resistido às queimaduras graves. E o que tinha tudo isso de especial? Bem, tecnicamente, a vida de todas essas pessoas havia sido interrompida… E sabem o que é mais interessante? Todos eles vão ter o mesmo final, independentemente do quão diferente tenha sido a sua morte...; a rapariga lutou contra à doença que tinha, mas não resistiu; o rapaz deixou que a sua irresponsabilidade o guiasse para se divertir e chamar à atenção do pai, mas não conseguiu; e o outro rapaz… queria salvar a vida de uma pessoa que, supostamente, amava, mas não conseguiu salvar a sua própria; Todos eles, por razões completamente desiguais acabaram por ter o mesmo fim… e eu pensei… talvez a morte não esteja assim tão longe. O que eu quero dizer é que… a vida é a coisa mais importante que nos foi dada, por isso é que ninguém tem o direito de acabar com ela, nem nós mesmos com a nossa; apenas aquele que deu é que pode tirar. Mas, sendo a coisa mais preciosa, é a coisa mais frágil que temos e pode acabar em questão de segundos, minutos, horas… anos…; a rapariga da leucemia demorou dois anos; o rapaz do automóvel foi morte instantânea e o rapaz do incêndio esteve dois dias a tentar vencer as queimaduras. E perdi-me, de repente, a pensar se a situação da Brea teria o mesmo fim.

Um rapaz loiro e, aparentemente, preocupado, desajeitado e completamente desnorteado, acabou de entrar no hospital e eu nem precisei de confirmar quem era.

- JOSH! O QUE É QUE TU LHE FIZESTE? – O John começou a gritar quando olhou para mim. Mas antes que ele me agarrasse pela t-shirt e me obrigasse a contar a história toda, capacidade que eu ainda duvidava que tivesse, o Gerald pôs-se no meio.

- John, calma. Não tem nada a ver com o Josh. A Brea teve um acidente e o Josh veio ver como ela estava… - O Gerald explicava calmo.

- Quer dizer que ele não teve nada a ver? – Ele perguntava mais para mim do que para o Gerald. – Ahh, melhor, assim adio a minha estadia na cadeia, porque eu ia matar-te Josh!

- Eu sei. – Eu murmurei ainda um pouco desconcertado.

- Mas então, Gerald, o que a minha maninha tem? Desmaiou? Partiu um braço? Uma perna? Já sei… teve um daqueles chiliques com o Josh? – O John estava preocupado com alguma coisa, um assunto de fora, era visível, mas não contava com algo grave da parte da irmã.

Quando, de repente, um médico, meio abalado, apareceu diante de nós… acho que se chamava William.

- William, e então? – O Gerald perguntou, antes que eu pudesse formular uma pergunta.

- Lamento muito… entrou em coma, logo após a cirurgia.

Subitamente, o mundo pareceu dar 10 voltas em menos de 24 horas, como era suposto… Senti-me como se me tivessem atirado de um penhasco até aqui, os meus pés estavam pesados e eu não sabia se ia cair ou se ia ficar completamente bloqueado. A cara do Gerald assumiu uma assombração muito parecida com a do Dr. William.

- Quem está em coma? – O Josh perguntou… praticamente aos berros. Outra capacidade incrível do ser humano… quando sabemos perfeitamente o que está a acontecer e a quem, mas mesmo assim perguntamos… não sei se é para ter certeza ou se é, simplesmente, para termos tempo de nos amarramos a uma corda, entes que um grande abismo se abra debaixo dos nossos pés.

- Calma John… - O Gerald começou a murmurar…

- Eu não quero calma nenhuma. EU QUERO SABER ONDE ESTÁ A MINHA IRMÃ! – Ele gritou desesperado e eu experimentei, por momentos, uma agonia parecida com a dele, imaginando se fosse com a Marie ou a Myriam, ou até mesmo as duas. Mas, o meu desespero era já suficiente, talvez até sufocante demais.

O Gerald olhou para o Dr. William assentindo imperceptivelmente com a cabeça, como se autorizando algo… talvez a contar ao John o diagnóstico e o estado dela, algo que eu ansiei saber… mas o coma não era já suficiente? – John… ela foi atropelada - a informação parecia não fazer sentido, mesmo que eu tenha visto a cena diante dos meus olhos – teve uma lesão grave na zona torácica e teve fracturas nos arcos costais inferiores. Teve que ser submetida a uma cirurgia de imediato e após a mesma, entrou em coma. 

Após o resumo dos acontecimentos, o John desabou no sofá, ao meu lado. Não pude ver as lágrimas dele, mas supus pelos soluços abafados enquanto ele mantinha a cabeça nas mãos.

Não sei quanto tempo ficamos assim, o John nos soluços e eu completamente nostálgico; se alguém começasse a gritar, no meio do hospital, que tinham colocado uma bomba neste mesmo sofá, eu não sairia, nem sequer levantaria a cabeça ou mudaria a minha expressão. De qualquer modo, o próximo a entrar no hospital foi o pai da Brea, que chegou praticamente aos tropeções e a dirigir-se ao Dr. William e ao Gerald.

- Como é que ela está? – Dirigiu-se ao Gerald.

- Lamento muito Richard – Foi o Dr. William que respondeu – Ela entrou em coma após a cirurgia. – As palavras pareciam sussurros… uma confissão de um crime para além de grave. Por segundos, pensei que o Sr. Leonardi ia cair no chão, mas depois ele assumiu uma expressão de choque total. – Tentamos de tudo, mas ela não tem reacções nervosas e reage a pouco mais de metade dos estímulos externos.

Não sabia muito bem o que pensar porque eu não sou um mestre em medicina, por acaso há uns anos atrás tinha cogitado a ideia desse curso, mas nunca tive muita certeza… Sim, eu posso não prestar atenção a metade das aulas, na verdade não presto a nenhuma mesmo, mas sempre consigo, de 0 a 20, uma nota mínima de 19… modéstia à parte, se quisesse medicina, podia conseguir muito bem.

- Eu… posso… vê-la? – O Sr. Leonardi fez-se ouvir em sílabas.

- Não. – Uma resposta rude, não vinda do Dr. William que acompanhava a situação da Brea, mas do rapaz ao meu lado que continuava com a cabeça nas mãos. – A culpa de tudo isto ter acontecido é tua.

Eu não estava a perceber… o que é que o Sr. Leonardi tinha a ver com isto? A menos que tenha sido ele a atropelá-la, o que eu sei que não foi… ele não tem culpa de nada, eu acho. – Esqueceste-te que a tua mãe também faz parte do casamento e foi ela que pediu.

Ok, estou a boiar nesta história, gente! Alguém me explica o que está a acontecer?

- PORQUE TU ÉS UM ESTRANHO! – Eu assustei-me perante esta reacção. O John havia se levantado e ficou em frente ao pai, gritando-lhe isto. – Sempre foste. Nunca te importaste com nada. Nem sei para que é que queres vê-la. Não a querias ver quando estava acordada…

Um silêncio pesado instalou-se, de repente. Eram verdades proibidas. Escondidas… falta de tempo… discussões… divórcio! O meu pai também é assim, mas nunca ouvi discussão entre ambos os meus pais que pudesse levar ao fim. Talvez fosse por isto que ela corria com as mãos nos olhos… talvez fosse por isso que eu tinha encontrado rastos de lágrimas pelo rosto que outrora estava pálido.

- Eu vou vê-la agora. – O Sr. Leonardi disse definitivo – Liga para a tua mãe se lhe quiseres contar o que se passou.

E nem esperou por uma resposta, que provavelmente seria muito mal-educada da parte do filho e saiu, acompanhado pelos dois médicos…

- Eu lamento, John… - Disse por fim. Nem sei como essas palavras saíram da minha boca. Nem sabia que tinha recuperado a fala.

- Eu não – o John disse vago – Isto já tinha acabado há muito. Estava tudo errado, talvez assim as coisas mudem. Vou ligar à minha mãe, volto já.

Não ouvi a conversa. Para além de não me interessar, alguma coisa estava a tremer no meu bolso e perguntei-me há quanto tempo estaria o meu telemóvel a tocar.

- Estou…

- Josh! Finalmente! Aconteceu alguma coisa? Estou a ligar-te faz algum tempo… Sabes, tentei fazer aquilo que me pediste, mas o telemóvel da Brea está desligado…

- Thiago!? – Sim, por mais que eu já soubesse que era ele, o meu cérebro parecia que estava mais lento do que o normal…

- Não… é a Fada dos Dentes… é claro que sou eu!

- Thiago…

- Uau Josh, estás com uma capacidade de raciocínio… pior do que eu depois de 4 shots…

- Não é isso Thiago… é que… a Brea, ela…

- Andaste a beber, não foi? Pareces o John quando fala da Molly… uhh, até mete arrepios… gagueja mais que sei lá o quê.

- Não, é que…

- É que o quê? Rapaz, tu não estás a dizer coisa com coisa, é melhor ligar mais tarde…

- Não, espera! É que…

- Essa parte do “é que” eu já entendi, Josh… diz o resto…

- PORRA THIAGO! ÉS CAPAZ DE ME DEIXAR FALAR? SIM, PORQUE ESTÁS SEMPRE A INTERROMPER-ME E EU NÃO SEI COMO É QUE TE VOU DIZER QUE A BREA TEVE UM ACIDENTE E ESTÁ EM COMA AGORA E… - De repente a minha raiva tomou conta da minha voz e não fui capaz de controlar a informação que saía pela minha boca…

- Espera… a Brea teve um acidente? Ela está em coma? COMO É QUE TU SÓ ME DIZES ISSO AGORA, JOSH AHLENCAR?

- Eu tentei dizer-te, mas tu andavas a fazer gracinhas…

- Onde é que vocês estão? Na clínica do pai dela, não é? Eu vou já para aí! – Já estou a ficar seriamente farto de me deixarem a falar com o “bip”. Já viram outra capacidade incrível do ser humano? Respondem a uma pergunta com outra pergunta e ainda por cima… à própria pergunta! Se já sabem a resposta para que é que perguntam!?

- Eii, então… tudo bem? – O John voltou a sentar-se ao meu lado, parecia mais descansado, ou talvez estivesse a controlar-se… algo que passou longe de mim…

- Mais ou menos… o Thiago não me deixava falar e eu… praticamente explodi.

- Acho que devias descansar, Josh. Eu fico aqui, se alguém aparecer ou se houver alguma notícia, eu acordo-te.

- Ok. – Eu queria dizer-lhe que queria ficar acordado, mas o facto é que já haviam passado horas e o sono parecia querer saquear o resto da resistência que me restava.

Sonhei; Sonhei que estava no hospital; Sonhei que a Brea morria… Sonhei que tudo estava errado e que o mundo estava a ruir…; Sonhei que… o Thiago estava a chamar-me “maricas”!?...

- Eii, acordem seus maricas! Acabou a bela adormecida! – No inicio, estava um pouco relutante em abrir os olhos, mas depois apercebi-me que eu e o John estávamos a dormir e que as nossas cabeças estavam encostadas… O que nos fez separar rapidamente. – Ao menos tenho algo que fará a Brea rir quando acordar…

- O quê? – O John perguntou confuso.

- A prova de que as pessoas que ela mais odeia são “viradas”…

- Ahahaha, muita graça Thiago… - Eu disse, sonolento.

- Sim, eu sei… Mas, como é que ela está?

- Eu… - Eu comecei – Eu não sei… “se alguém aparecer ou se houver alguma notícia, eu acordo-te”… - Eu zombei, repetindo a frase do John…

- Desculpa, fiquei com sono…

No meio destas conversas malucas e completamente sem nexo, dei conta do Dr. William a aproximar-se do nosso grupo.

- E então, meninos? Muito bem… estão muito animados. Bom, eu vim avisar que se quiserem ver a Brea podem seguir, mas um de cada vez…

Com esta nova informação a ser processada, nós olhamo-nos com cautela e começamos a correr todos ao mesmo tempo.

- Eu entro primeiro!

- Não! Primeiro eu!

- Não! Eu!

- Mas, eu sou o irmão dela!

- E eu sou o melhor amigo!

- E eu sou… a pessoa que ela mais odeia!?

- Sim, com esse argumento, devias ir primeiro Josh…

Não sei como aconteceu, mas de repente estávamos todos em frente ao quarto nº57 e eu, sinceramente, já não sabia como é que se andava. Na verdade, eu nem sabia como tinha ido ali parar… De qualquer modo, o primeiro a entrar foi o John… é claro que queríamos ir todos, mas o John é irmão dela...

Sentei-me no banco que estava em frente aos quartos… estava tão ansioso e nervoso, mesmo que fosse só para a ver dormir… mas, eu queria vê-la, nem que fosse alguns segundos… só para saber que estava bem, confortável, segura… O John saiu após aquilo que me pareceu uma viagem à Índia e depois foi o Thiago; Queria ser o último, não sei bem porquê… mas queria. Mais uma eternidade passou-se e eu ficava mais nervoso à medida que os segundos se arrastavam e, quando vi… o Thiago estava cá fora, com a porta entreaberta, como se dissesse: “é a tua vez”… eu queria levantar-me, mas acho que também já não sei como fazê-lo… é como se tivesse caminhado por horas e, finalmente, tivesse chegado ao meu destino: ela. Como se fosse a coisa mais complicada do mundo, eu levantei-me lentamente e coloquei levemente a mão na porta… era agora. Deixa de ser maricas e mexe-te homem! Ó consciência, tu agora lembraste-te de me atazanar!? Não, nem por isso. É mais porque estás a demorar uma eternidade só para entrar no quarto! Pelo amor de Deus, para de drama e entra-me nesse quarto! Estas discussões contigo, começam a ser estranhas… Não interessa, vamos à parte que vocês querem saber.

Quando entrei no quarto, tentava olhar para tudo menos para a cama… nem sei porquê… quem eu queria estava ali deitada, então seria previsível que só tivesse olhos para aquilo, certo? Talvez, mas deixemos isso para mais tarde.

Apesar de estar em coma, ela parecia estar apenas adormecida…; estava pálida, mas não mais do que quando a tive nos meus braços, depois do embate do carro.

- Brea… - Encontrei-me a sussurrar o nome dela, como se ela me pudesse ouvir, mas talvez até possa – Brea… Brea… - e quando dei por mim, as lágrimas tinham regressado aos meus olhos – Brea, por favor, volta. Eu tenho tanto para te dizer… Nunca quis que nada disto acontecesse… eu juro que não… Quando te chateei, pela primeira vez, para que me apanhasses a caneta, foi de propósito, queria chamar-te a atenção e olhar-te nos olhos, como se pudesse ler a tua alma; Quando te irritei naquele dia em que estávamos a voltar à sala de aula, depois de termos ido parar ao director, era porque queria que perdesses o controlo e me tocasses; Quando te atirei à piscina, queria olhar a tua perfeição dentro de água; Quando ficamos naquela guerra de tinta, queria comprovar como ficavas linda, toda colorida e suja de tinta; Quando fomos embora, queria apenas ver como o teu rosto atingia um corado fascinante, enquanto tentavas evitar o meu olhar; Quando te tirei a toalha, aproveitando a tua ingenuidade, queria apenas ver se eras tão linda como nos meus sonhos, ou talvez até mais; Quando te beijei, só queria desvendar o sabor dos teus lábios, porque era algo que me fazia perder o sono; Quando disse ao teu irmão que eras fácil, queria apenas desviar-me da forte atracção que sentia por ti… porque isso assustava-me, nunca tinha sentido nada como aquilo; Quando estava com outras raparigas, era apenas para esquecer tudo isto em que eu pensava; nos teus olhos, no teu toque, na tua beleza, como coravas, no teu corpo, no sabor dos teus lábios…; Quando estava com uma rapariga diferente todos os dias, era por causa da frustração que eu sentia porque nenhuma delas era como tu; nenhuma delas eras tu; Quando fiquei com a Keira era porque ela não me largava e porque o Andrew também não te largava e eu experimentei uma sensação nova, que viria a descobrir serem ciúmes; Quando fui ao cinema com as raparigas, sabia que ias estar lá… apenas por isso é que eu fui; Quando te irritei no meio do filme, foi porque sabia que ias te descontrolar e seríamos expulsos e eu poderia ficar contigo, nem que fossem alguns segundos; Quando fui à festa, fui porque queria ficar perto de ti e ouvir-te dizer: “MAS O QUE É QUE ESTE IDIOTA ESTÁ A FAZER AQUI?”; Quando bati no Matheus, era porque os ciúmes e a raiva estavam a matar-me por dentro e eu não suportava vê-lo a fazer aquilo que eu mais desejava fazer; Quando estava dentro daquela dispensa, a beijar-te… sentia que não podia e nem queria estar a fazer outra coisa ou noutro lugar, senão aquilo e ali; parecia que tudo estava certo, que tudo estava no lugar; Quando te vi a correr sozinha e frágil, senti-me uma vontade súbita, como se fosse obrigação, de ir ter contigo e dizer aquilo que precisavas ouvir; Mas, quanto vi aquele carro… senti o mundo desabar… foi como se tudo estivesse a um ponto de acabar e quando cheguei perto de ti e olhei-te, foi como ver o mundo ao contrário, sem sentido. Eu quero-te Brea; Eu quero o som da tua voz; Eu quero as tuas cores de volta; Eu quero esse teu ódio todo por mim; Eu quero-te ao meu lado, outra vez; Eu preciso de ti.

Ok, sinto-me como naqueles filmes românticos, em que o protagonista acaba de fazer uma melosa declaração de amor à sua amada… De qualquer modo, é melhor ir-me embora porque devem estar mais pessoas lá fora.

Quando saí do quarto, a mãe da Brea estava a ponto de ter um colapso e entrou no quarto como um furacão. Eu, o John e o Thiago seguimos para a recepção onde encontrei os meus pais e o pai da Brea e do John. Depois de muita discussão e combinações decidimos que a minha mãe ia levar o Thiago e que o John vinha comigo para minha casa.

Nessa noite; Na primeira noite do coma dela: Passeia-a em claro. Nem me dei ao trabalho de tentar fechar os olhos e adormecer, sabia que isso era impossível; Simplesmente, fiquei a olhar para o tecto… como se ele tivesse as respostas que eu queria, as respostas para o futuro; Como se ele me pudesse dizer que ia tudo ficar bem, mas não podia. No entanto, por mais que ele não pudesse mostrar-me as respostas, eu sentia que se ele pudesse, diria-me… que as coisas ainda estão longe de ficarem bem.


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