Amanhecia mais uma bela manhã no Acampamento Serdino. Os campistas acordavam nos seus Prins e recebiam a luz do sol pelas frestas de suas janelas. Assim também estava Lucinda...

               Eu abri os olhos após um clarão pentrá-los. Sim, já amanheceu. Mas... onde estou mesmo? Não lembro muita coisa da noite passada, foi tudo tão confuso! Eu sentei-me na cama e olhei em volta, acho que estou em um quarto de hóspedes... Tenho que sai daqui, tenho que procurar alguém que possa me ajudar. Mas quem?! Levantei-me e assim que o fiz alguém bateu na porta.

---Entre. --- falei sem alternativa.

Então uma senhora abriu a porta e entrou.

---Vejo que já está melhor... ---falou ela.

---Sim. ---eu disse.

---Bom... O senhor Campry gostaia de te ver. ---disse. ---Pode acompanhar-me até o seu encontro?

---Hm... Claro. ---falei sem escolha.

Então saímos do meu quarto e descemos dois lances de escada, andamos pelo recinto até parar em frente á uma porta.

---Pode entrar. ---convidou-me á mulher.

Assim, abrir a porta e entrei. Era um cômodo vazio, a não ser por um tapete estendido no chão, no qual encontrava-se um senhor sentado.

---Sente-se, por favor. ---falou o homem.

Então sentei-me no tapete.

---Você deve ser o senhor Campry... ---falei.

---Sim, e você? ---perguntou.

---Lucinda. ---respondi.

---Diga-me Lucinda, como chegou até aqui? --- indagou.

---Bem, eu não sei... Não consigo lembrar-me de muita coisa... --- falei sincera.

---Então você está com alguma... Perda de memória. ---concluiu o homem.

---Como assim...? ---perguntei.

---Interessante... ---Campry devaneava em seus pensamentos.

---Pelos equipamentos que você trouxe consigo... Você parece ser uma garota... Diferente. ---falou.

---Eu não consigo entender. ---falei confusa.

---Os sabres que você trouxe... Sabe, aqueles equipamentos são raros. Diga-me a verdade, você os roubou? ---perguntou Campry.

---Não senhor, claro que não! ---falei ofendida.

---Então onde os conseguiu? ---indagou.

---Eu não lembro... Acho que alguém me deu. ---disse.

---Tudo bem senhorita Lucinda. Consigo ver sinceridade nos seus olhos, está confusa e perdida. Deixarei você ficar no acampamento. E, tenha paciência, aos poucos talvez recupere sua memória... Qualquer coisa pode vir falar comigo. Estou á seu dispor. Bom, agora Rose irá mostrar onde você irá instalar-se. Até breve. ---disse Campry.

---Ah... Obrigada senhor... Campry.---agradeci.

---Espere, qual o seu elemento? ---perguntou o homem.

---Elemento? ---perguntei de volta.

---Sim. ---falou.

---Eu... Eu não sei. ---respondi.

---Hm... Tudo bem, pode ir. ---disse por fim.

Assim, levantei-me do tapete e deixei o senhor Campry meditando só. Retirei-me do quarto, e a mesma mulher apareceu.

---Você é a Rose? ---perguntei.

---Sim.---respondeu. --- Venha comigo, mostrarei onde será o seu Prin.

---Prin? ---perguntei.

---Sim, é uma espécie de cabana onde os campistas instalam-se. ---respondeu.

Então saímos da Casa Principal e pusemos a atravessar o acampamento. Eu olhava abismada e admirada ao mesmo tempo. Ele era enorme! Tinham vários campistas praticando tiro ao alvo, escalada, corrida, camuflagem, combates, arremessos... Tudo o que você pudesse imaginar! Tinha também um prédio gigante... E cada campista parecia dominar um elemento... Parecia uma coisa mágica! Uns dominavam água, outros terra, alguns fogo...

---Aquele prédio grande é uma espécie de "escola" aqui dentro do acampamento... Pode-se dizer que é  onde vocês aprendem as aulas teóricas. E aqui fora, bem como você pode ver, são feitas as aulas práticas. ---falou Rose.

---Os Prins costumam ser uns perto dos outros como você pode ver... ---falou ela apontando para várias pequenas cabanas amontoadas... Parecia uma pequena cidade.

---O seu Prin não será ali, será um pouco mais afastado e você terá uma colega de quarto... ---disse Rose.

Então continuamos á atravessar o acampamento. Muitos campistas olhavam-me curiosos. Logo chegamos ao meu Prin. Ele ficava no meio da floresta. Parecia um pouco abandonado... Mas um pouco mais distante, se apertasse o olho para enxergar, veria-se outro Prin intalado um pouco mais distante. Mas fora esse eu não conseguia ver mais nenhum.

---Bom acho que é isso. Aí dentro têm tudo o que você precisa: comidas, roupas... Enfim. Até mais Lucinda. ---despediu-se Rose.

---Até Rose! ---falei. 

Então a mulher foi embora, deixando-me sozinha em frente ao meu Prin. Certo, será que minha colega de quarto está aí? Será que ela sabe que ficarei aqui? Bom, acho melhor entrar para descobrir. Abri a porta e adentrei ao recinto. Estava vazio. Tinham duas camas, dois guarda-roupas, um banheiro, uma estante, uma geladeira... E tinham algumas roupas em cima de uma das camas, a qual parecia um pouco bagunçada. Certo, então acho que essa é a minha cama, fui até á cama do lado oposto. Abri o guarda-roupa e peguei um conjunto de peças: uma camiseta preta, com uma calça jeans azul escura e um par de botas pretas, afinal só tinha esse calçado. Peguei uma toalha e dirigi-me até o banheiro. Tomei um banho e, após o mesmo deitei-me na cama para descansar. Acabei dormindo.

Gritos. Fumaças. Vultos. Uma mistura de acontecimentos confusos. Alguém parecia me guiar. Queria que eu me escondesse, queria proteger-me. Disse que tudo ficaria bem. Não conseguia ver seu rosto, somente um vulto. Até que algo laranja avermelhado apareceu e de repente tudo ficou escuro. 

Acordei assustada. Um pesadelo. Coloquei a mão na testa, sentia-me um pouco tonta. 

---Você está bem? ---perguntou uma voz feminina.

---Hã? --- perguntei.

---Parece que não. Vou pegar um pouco de água para você. ---falou.

---Obrigada. ---falei ao pegar o copo em sua mão.

Era uma garota de estatura mediana, igual á mim. Tinha cabelos loiros reluzentes e rosto adorável com lindo olhos azuis critalinos, como a água. Estava vestida quase igual á mim, só que com uma camiseta branca no lugar da preta.

---De nada. ---respondeu.

---Desculpe te incomodar, se você quiser que eu saia do seu Prin... --- começei a falar.

---Não! Está tudo bem... Faz meses que sinto-me solitária, desde que minha última colega foi embora... ---falou. --- Então... Qual o seu nome? ---perguntou.

---Sou Lucinda. ---falei.

---Eu sou Kaline, mas pode me chamar somente de Kali. ---falou a garota com um sorriso.

Então começamos a conversar. Ela contou-me sua história, ele foi colocada no acampamento pelo pai, pois o mesmo fazia parte do excército serdino e não tinha como cuidar da filha, já que a mãe havia falecido de uma séria doença. Eu falei para ela que não lembrava-me da minha história, que talvez eu tivesse com uma perda de memória ou algo do tipo. Contei á ela sobre o meu encontro com Campry. Ela falou que eu iria adorar o acampamento, que ela podia mostrar-me tudo por aqui. Disse que queria apresentar-me um tal de Gregory.

---Mas quem é ele?---indaguei.

---Bem, um garoto por quem tenho uma quedinha... ---falou ela sorrindo.

---Ah... Já entendi. ---falei dando risada.

Então ficamos conversando o resto da tarde, nos conhecendo, parecia que nos conheciamos há tempo!

XXX *POV Daniel* XXX

Acordei naquela manhã com Gregory me cutucando. 

---Vei, você consegue ser chato quando quer! ---falei dando risada.

---Você demora um ano para acordar! ---falou ele.

Gregory era um pouco mais alto que eu, tinha cabelos curtos de tom loiro escuro e olhos cor de mel. Era o meu melhor amigo desde criança.

---Foi mal... Hoje é folga das atividade, não é? ---perguntei.

---Sim. O que você acha? Vamos treinar? Correr? Lutar com os monstros do Bosque Lik? ---indagou.

---Você acordou bem dispoto hoje né vei? Já está até arrumado, vai para onde?---falei sorrindo e levantando-me.

---Sim. É que eu também quero ver uma pessoa... ---falou.

---A Kali? ---perguntei.

---É... --- respondeu.

---Quando você vai contar para ela? ---indaguei.

---Não sei. ---ele falou. --- Ela me falou que ganhou uma nova colega de quarto. Quer que eu a conheça, você quer vir junto? Vou daruma passada lá agora... ---falou.

---Deixa para depois, tenho uns assuntos para resolver com o senhor Campry. Mais tarde te encontro com as meninas. ---falei.

---Tá bom, até mais tarde parceiro. ---falou ele saindo do nosso Prin.

---Tchau, boa sorte. ---falei.

Então arrumei-me após um banho e fui visitar o senhor Campry.

XXX *POV Gregory* XXX

O Prin ao qual dirigia-me era relativamente perto. Afinal, só tinha o meu Prin e o dela nessa floresta. Logo em seguida cheguei ao seu Prin. Preparei-me e bati na porta. Uma. Duas. Ninguém abriu. Até que ouvi um barulho lá dentro. Ouvi o som da fechadura abrindo-se.

---Greg! ---falou Kali contente em me ver. 

---Kali. ---falei dando-lhe um abraço e um beijo demorado na bochecha, fazendo-a corar.

---Venha, entre. Quero apresentar-lhe a... ---falou ela.

---Lucy. ---falou a garota.

---Olá, eu sou o Gregory, pode chamar-me só de Greg mesmo. ---falei cumprimentando-a. Era uma garota bonita: cabelos grandes, lisos e castanhos escuros, olhos verdes... Mas só tenho olhos para a minha Kali. Quem sabe a Lucy pudesse me dar uma mãozinha...

Sentamos nas camas e começamos a conversar.

---Então você é nova no acampamento? ---perguntei.

---Sim... ---falou ela.

Lucy estava sentada do lado de Kali. Ela olhou para mim e falou:

---Greg, você poderia trocar de lugar comigo... É que aqui tá fazendo muito calor... ---ela falou. 

---Tudo bem. ---falei.

Trocamos de lugar, e nessa troca ela olhou para a Kali, piscou e sorriu. Kali sorriu de volta. Certo tem algo acontecendo aqui.

---Hm... E qual seu elemento? ---perguntei.

---Na verdade eu acho que não tenho. ---falou.

---Lucy, ninguém pode "não ter um elemento", todos temos. Você também tem, só que ainda não sabe qual é. --- Kali falou sorrindo.

---E como eu faço para descobrir...? ---perguntou.

---Descobrindo... ---respondeu Kali.

---Nossa Kali, ajudou muito... ---falou ela e nós três rimos.

---Sabe, o meu é o elemento Terra. Eu descobri há uns dois anos. Eu estava andando por essa floresta aqui mesmo. Então eu vi um passarinho, em cima de uma árvore, ele parecia machucado, estava prestes a cair. Se ele caísse não daria tempo de eu pegá-lo. Então eu só estendi a mão numa tentativa frustada e fechei os olhos. Quando eu os abri, vi uma planta nascendo e crescendo da terra, a qual amorteceu a queda do passarinho. ---contei.

Lucy começou a estender a mão e fechar os olhos. Então abriu e começou a rir.

---Não é tão fácil como parece. ---falou Kali. --- Olha o que eu sei é que descobrimos nossos elementos num momento de necessidade.---disse.

---É por enquanto vou ter que esperar, pelo visto...---falou.

Então ela olhou para Kali rapidamente e falou.

---Gente, eu tô um pouco cansada... Não dormi direito essa noite, por causa de um pesadelo... Eu gostaria de tirar um descanso... Vocês incomodam-se?--- perguntou.

Realmente ela estava com uma cara um pouco abatida. Olhei para ela e sorri. Certo, acho que já entendi o que passava-se ali... Ela piscou para mim e eu pisquei de volta.

---Vamo Kali, vamos dar um passeio. Deixa Lucy descansar um pouco... Mais tarde voltamos para conversar mais. ---falei.

---Vamos. ---falou Kali.

Então levantei-me e abri a porta para Kali, eu saí também, mas antes de fechar a porta eu olhei para Lucy e falei: 

---Obrigado. Mais tarde quero falar com você sobre... --- Apontei para Kali que me esperava.

---Claro! --- Ela falou sorrindo. ---Bom passeio. ---disse e deitou-se.

Então eu e a Kali saímos e ficamos rodando pela floresta...

XXX *POV Daniel* XXX

Atravessei o acampamento até chegar á Casa Principal. Adentrei-a e procurei pelo senhor Campry.

---Ele está no seu "cômodo vazio". ---falou Rose.

---Obrigado Rose. ---agradeci.

Assim, desci e fui até o lugar onde encontrava-se o senhor Campry. Abri a porta e o vi sentado no tapete, meditando.

---Com licença, posso entrar senhor Campry? ---perguntei.

---Claro, Daniel.---respondeu.

Então adentrei ao recinto e sentei-me no tapete em frente á ele.

---Parece um pouco preocupado meu jovem... ---falou.

---A garota que eu trouxe para aqui noite passada? Como ela está? ---perguntei.

---Ah... A garota... Ela está bem. Conversamos um pouco... Ela é... Interessante. ---falou ele. --- Rose a levou até um Prin. O seu nome é Lucinda. ---disse.

---Interessante? Por que? ---indaguei.

---Quando você conhecê-la, verá. ---respondeu.

---Hm... Tudo bem. ---falei. --- E os chamas? Alguma notícia deles? ---indaguei.

---Por enquanto não... O que eu acho muito estranho... --- disse o senhor Campry.

---Tudo bem... Vou retirar-me. ---falei.

---Até breve, jovem príncipe. ---falou.

---Até, Campry. ---respondi.

Então saí e caminhei de volta para o meu Prin.

Estava andando pela floresta até que uma garota esbarrou em mim.

---Ei, olha por onde anda! ---falei.

---Ha! Olha você! ---falou ela.

---Quem você pensa que é? ---perguntei.

Ela não respondeu.

---Não te interessa. ---falou.

---Hmm... Por acaso você é a nova colega da Kali.---perguntei. 

---Sou sim, como você sabe? ---indagou.

Ela era uma garota bonita... Mas... Ela parecia-me familiar... Eu já a tinha visto antes... Mas onde?!

---Qual o seu nome? ---perguntei.

---Lucinda, por que? ---ela falou.

Foi aí que eu me lembrei.