The End And Beginning escrita por pandora martin


Capítulo 16
Capítulo 16




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16° capítulo

 

Ao final da palestra, foram levados para o refeitório. Um lugar amplo, pintado com cores claras. As mesas lembravam o refeitório de seu antigo colégio, uma lembrança não muito agradável. O cardápio era carne magra de boi, saladas e arroz. Iria ficar mais magra do que já estava, pensou. Procurou um lugar para se sentar. E achou. Bill estava sentado em uma mesa aos fundos. Respirou fundo e foi até lá. Sentou-se e não disse nada.

 

Ficaram assim durante alguns minutos, ambos em silêncio. Aquilo começou a irritá-la.

 

_ Quer carne? – perguntou enfim, encarando-o.

 

_ Hã? – o garoto pareceu assustado.

 

_ Quer a carne? Eu sou vegetariana, não como. – repetiu. Ele pareceu mais calmo.

 

_ Pode ser. E você quer a salada? Odeio tomate. – o garoto disse com um sorriso tímido.

 

_ Sério? Eu amo tomate. Na verdade, amo quase todo tipo de salada – Aliisa respondeu, também sorrindo agora, enquanto passava a carne paro o prato do garoto e pegava a salada do mesmo.

 

_ Eu me chamo Bill, e você? – o garoto perguntou colocando uma garfada na boca.

 

_ Aliisa. Mas se quiser pode me chama de Ali. E ai, como veio parar aqui?

 

_ Meu irmão sofreu um acidente e... Faleceu. Depois disso, não consegui mais dormir e comecei a tomar remédios. Acabei me viciando neles. – Aliisa percebeu que era difícil para o garoto falar naquilo. – E você?

 

_ Minha mãe e irmã morreram num acidente de carro. Tive que ir morar com minha tia. Ela é uma mala, me proibiu de sair com meu namorado e ainda me colocou num colégio interno. Lá acabei fazendo umas amizades erradas, e acabei aqui, viciada em heroína.

 

Bill a encarou, surpreso. Ela falou tudo de um jeito natural, como se não se importasse com nada. O silêncio caiu sobre a mesa novamente. O único ruído era dos talheres contra os pratos.

 

_ Você é o garoto do hospital, não? – Aliisa perguntou quebrando o silêncio. Bill olhou assustado. – Eu sei alguma coisa sobre você, minha irmã era sua fã. Sua e daquela banda, a “Tokio Hotel”, ou algo parecido. Você é o vocalista dela, não? E seu irmão morreu no mesmo acidente que minha mãe e irmã.

 

Bill estava chocado. Então... Ela também se lembrava dele? E o outro carro envolvido no acidente... ela estava nele??

 

Mas não teve muito tempo para pensar nisso. Ouviu alguém tossindo, e viu que era Aliisa. Ela estava tendo um ataque de tosse.

 

Aliisa tentou se levantar, mas acabou caindo do chão devido à tontura. Pessoas olhavam assustadas para ela, que agora havia vomitado sangue. Enfermeiros vieram correndo socorrê-la.

 

_ O que está acontecendo? Ela vai ficar bem??? – Bill tentava a todo custo se aproximar, mas foi impedido por outro enfermeiro.

 

_ Por favor, fique longe.

 

_ O que ta acontecendo com ela??

 

_ Provavelmente o efeito da buprenorfina¹ passou. Fique tranqüilo, ela vai ficar bem. Agora volte para seu lugar. – o enfermeiro deixou Bill para trás, e ajudou os outros a levarem Aliisa para a ala médica. Uma mulher veio e limpou o chão, e logo todos comiam como se nada tivesse acontecido.

 

Todos com exceção de Bill, que ainda estava assustado.

 

---*---

 

Quando acordou, estava em seu quarto novamente. Não conseguia mexer seu corpo, seu estômago doía e estava com enjôo.

 

_ Está melhor? – uma moça de branco perguntou se aproximando com uma injeção.

 

_ O que é isso? – perguntou desconfiada.

 

_ Vai fazer o enjôo passar. – a moça respondeu com um sorriso calmo -  Ou você não está enjoada?

 

Aliisa apenas concordou com a cabeça e deixou aplicarem-lhe a injeção. Seu braço estava já cheio de pequenos furos. Alguns ainda eram os que ela mesma havia feito, outros do tempo que ficou internada no hospital, e agora mais alguns da clínica.

 

_ Como é seu nome? – Aliisa perguntou a enfermeira antes que essa saísse do quarto.

 

_ Elizabeth. Mas pode me chamar de Beth, é como a maioria me chama. – a moça sorriu de novo. – E o seu?

 

_ Aliisa. Eu posso voltar pra área comum?

 

_ É melhor descansar mais um pouco, querida. Está fraca. Vou trazer alguma coisa pra você comer, e então eu deixo você sair, tudo bem?

 

Aliisa concordou, e deitou novamente, fitando o teto branco. Por que quando as coisas parecem ir bem tudo desmorona?

Comeu o que Beth lhe trouxe, e foi tomar banho. Abriu a cômoda no canto do quarto, e descobriu que nem todas as roupas eram brancas. ‘“Menos mal”, pensou tirando uma camiseta bege da gaveta. Tudo era em tons claros, mas pelo menos assim não se sentia em um hospício.

 

Depois de pentear o cabelo, foi para a sala de convívio comum. Não estava muito cheia, e encontrou Bill sentado num sofá lendo um livro. O garoto o largou na mesma hora que viu Aliisa se aproximar.

 

_ Você está bem? – perguntou se levantando e andando até onde a garota. Estava visivelmente preocupado.

 

_ Bom, eu já estive melhor, mas até que to legal. – Aliisa respondeu sorrindo, e Bill sorriu também. – O que estava lendo? – perguntou apontando pro livro que há pouco o garoto lia.

 

_ Há... – Bill pegou o livro nas mãos e leu em voz alta  -  A Fórmula da Felicidade”².

 

_ Se existisse tal fórmula com certeza não estaríamos aqui. – A garota respondeu se jogando no sofá, e Bill concordou com um aceno de cabeça. – E ai, como é ser famoso? – encarou o garoto ao seu lado, que a olhou um pouco assustado.

 

_ É a melhor e a pior coisa do mundo ao mesmo tempo. – Bill respondeu, com um suspiro. – É ótimo saber que milhares de pessoas gostam de você e de seu trabalho, sabe? Isso te motiva a fazer cada vez melhor. Mas é um saco quando invadem sua privacidade, ou quando fazem críticas sem fundamento.

 

_ Acho que eu ficaria louca.

 

_ Pois eu acho que tem que ser meio louco pra entrar nisso. – Bill disse a encarando – E eu não acho que você seja normal, de qualquer forma. – completou com um sorriso.

 

_ Hei! Como assim?! – Aliisa exclamou fingindo estar indignada, mas não conseguiu segurar o riso.

 

_ Ora, você quebrou o nariz dum dos enfermeiros assim que chegou aqui. – ele respondeu também rindo.

 

_ Bom... Talvez eu não seja normal, mesmo. – a garota respondeu quando parou de rir – Mas é legal ser diferente. Ao menos eu acho.

 

_ Também.

 

_ Que emoção, vou passar meus dias numa clínica de reabilitação com o anormal do Bill Kaulitz, do Tokio hotel. Morram de inveja, pessoas. – Aliisa disse rindo, e Bill riu também. – Olha, desculpa de desapontar, mas eu só sou anormal, não sou famosa.

 

_ Oh! Tudo bem, eu supero. – Bill ria do jeito espontâneo da garota.

 

_ Será que se eu fizer uma biografia sua quando sair daqui fico rica?

 

_ Pode apostar que sim.

 

Os dois ficaram em silêncio por um tempo, e então começaram a rir novamente. Ainda conversaram bastante antes da janta, e durante também. Parecia que eram amigos há tempos, e que não se importavam mais com os motivos que os levaram a parar ali.

 

---*---

 

Ninguém chorou nesse capítulo o/

 

1 - A buprenorfina(derivado de morfina) é utilizado no tratamento da adição.

Vem fazer com que o adicto não sinta a ressaca do desmame, tão violentamente e que, a médio prazo, lide de forma mais saudável com a adição.

De inicio é administrada uma dosagem de acordo com os consumos do doente que vai sendo vigiada e reduzida lentamente até 0 mg, altura em que o paciente não sinta mais a necessidade dos opiacios (morfina e heroína). (wikipedia)

Traduzindo: a buprenorfina é utilizada no tratamento do vicio da heroína. Ela controla os efeitos causados quando um viciado para de usar certa droga. Com o tempo, a dosagem é diminuida até que não seja mais necessário seu uso

 

2 - O livro citado no cap. realmente existe, mas eu nunca o li. Apenas peguei o título emprestado. E ele ficou azul no texto de bobo u.u apenas ignorem XD

 

Se houver algum erro na fic, desculpem-me e por favor me avisem, assim eu posso corrigir


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