The End And Beginning escrita por pandora martin


Capítulo 12
Capítulo 12




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12° capítulo

 

Bill compareceu a consulta marcada. Pensou em protestar, mas ao ver o estado em que sua mãe estava, cedeu e foi sem nenhum escândalo. Simone estava mais magra e muito abatida. Bill pensou que seria egoísmo de sua parte não ir, afinal quem sabe Carlos não pudesse realmente ajudá-lo.

 

           Foi atendido sem nenhum atraso. Ficou receoso quando Carlos pediu para deixá-los a sós. Mas a única coisa que o psiquiatra pediu foi para que ele contasse o sonho. E assim Bill fez.

 

           Ele acordava em uma clareira numa floresta sombria, e uma lua cheia brilhava sozinha no céu. Estava muito assustado, e mais ainda quando um vulto aparecia. Mas logo ele descobria que o vulto era seu falecido irmão, Tom. Ele corria até o mais velho, que o repelia e começava a lhe culpar pelo acidente. Ainda tentava se defender, mas Tom não lhe escutava. Quando pensava que iria apanhar, Tom dava a volta e o deixava sozinho. Eram assim todas as noites, por volta das 03h55min. O mesmo horário que seu irmão batera no caminhão, só que de madrugada. Mas no último sonho, no qual acordara desesperado; havia sido diferente. O começo era igual, e Bill já sabia o que viria pela sempre, mas mesmo assim agia da mesma maneira das outras vezes. Só que quando o vulto se aproximou, ele não viu seu irmão, e sim um esqueleto. Era horrível; era e não era seu irmão ao mesmo tempo. A coisa vestia a mesma roupa que seu irmão fora enterrado, mas esta estava toda rasgada e suja de terra; e no rosto era possível ver um pedaço de carne podre pendendo abaixo de um olho. O cheiro era insuportável. A coisa tentara o tocar, e foi nesse ponto que acordara gritando e implorando por socorro.

 

           Carlos apenas o ouviu, sem interrupções, e sempre que Bill fraquejava em sua narrativa o incentivava a continuar.

 

           _ Como se sente em relação à morte de seu irmão? - perguntou após Bill terminar.

 

           _ Eu... me sinto culpado. Por mais que me digam que isso não é verdade.

 

           _ E por que se sente culpado?

 

           _ Eu não devia ter discutido com ele! Não devia! Se eu tivesse aceitado nada disso teria acontecido, e agora estaríamos todos juntos e felizes! - Bill respondeu em meio às lágrimas que o acompanhavam constantemente de uns tempos pra cá.

 

           _ Bill... Você já pensou que poderia ter morrido junto com seu irmão? - Carlos perguntou o encarando sério. Bill olhou com os olhos arregalados - Veja, seu irmão estava indo em direção ao shopping. Se você tivesse com ele, o acidente poderia ter ocorrido do mesmo jeito.

 

           _ Não, isso não é verdade! Se eu não tivesse discutido com ele nada teria acontecido! - o garoto falava mais alto, quase gritando - A culpa foi minha! - Carlos suspirou.

 

           _ Bill, você vê as coisas assim, mas elas não são desse modo. Os sonhos que você anda tendo são por conta disso. Quanto mais você acreditar que é o culpado, pior eles ficaram. Tente entender isso.

 

           _ Não... você que não entende.

 

           _ Bom... - Carlos suspirou novamente. Não seria fácil convencê-lo - vamos fazer o seguinte. Eu vou lhe passar algumas pílulas para dormir, assim você não terá mais os pesadelos. Mas, em troca da receita, quero que você venha conversar comigo pelo menos duas vezes por semana.

 

            Bill o encarou. Não queria ter que conversar com um psiquiatra, mas se fosse o único jeito de não ter mais pesadelos, que outra saída ele tinha?

 

            _ Tudo bem. Sempre as terças e quintas? - perguntou por final.

 

            _ Quando você quiser. É só ligar antes. E se precisar mais, pode vir quantas vezes precisar. E não quero que isso seja uma relação de médico-paciente, e sim de amigos. Pode ser?

 

            _ Bem... eu acho que pode. - Bill respondeu com um falso sorriso. Isso seria difícil.

 

            Carlos chamou sua mãe novamente e lhe deu a receita e mais umas recomendações de uso. Não deveria tomar mais de uma pílula por dia e nada de bebidas alcoólicas durante o uso do medicamento, nem de cigarros. Não deveria tomar outro medicamento sem antes consultar um médico. Refrigerante apenas uma hora antes ou depois do horário do remédio.

 

            _ Até mais, Sra. Kaulitz.

 

            _ Tchau, Dr. Carlos.

 

            _ Então, até semana que vem, Bill. - Carlos disse os acompanhando até a porta.

 

            _ Até. - respondeu friamente.

 

O que Carlos não sabia é que não fora uma boa idéia dar o remédio para Bill.

 

 

-------------------------***----------------------------

 

           O vento frio lhe cercava e castigava seu corpo. Não pensara em por uma blusa mais quente antes de sair de casa, mas nem por isso iria desistir. Abraçou-se e caminhou o mais rápido que pode até a casa do namorado.

 

           Havia luz na janela da sala, e também no quarto de Jonne. Procurou o celular na bolsa, assim ligaria para ele e daria um jeito de entrar sem ser percebida, mas só então descobriu que o esquecera em cima da cama. Na pressa de sair não se lembrou de pegá-lo. Teria que apelar.

 

           O quarto dele fica nos fundo, ao menos”; pensou procurando por pedrinhas no chão. Assim que achou algumas, começou a jogá-las na janela do quarto, pensando o quão ridículo isso era. Enquanto estava ali, no frio, bancando a idiota; seu Iphone estava bonitinho enrolado em suas cobertas. Riu sozinha. Se não fosse trágico, com certeza seria no mínimo cômico.

 

           Finalmente alguém foi até a janela. “Só espero que seja ele”; aguardou apreensiva abrirem à janela. Pra sua sorte era ele.

 

           _ Aliisa?!?! - Jonne sussurrou do andar de cima. - O que você está fazendo aqui??

 

           _ Eu fugi. - respondeu com a maior tranqüilidade. - Mas não tenho pra onde ir agora.

 

           Jonne olhou preocupado em direção a sala. Por mais que sua mãe gostasse de Aliisa e até concordasse com o namoro dos dois apesar da idade; não gostaria nem um pouco de ver o filho ajudando a namorada a subir até seu quarto.

 

           _ Ainda consegue subir em árvores? - perguntou baixo, mas em um tom irônico, com um sorriso nos lábios.

 

           _ Mais rápido que você, pode apostar. - ela disse e foi até a árvore no lado da casa. O verão já se fora completamente agora, e um pouco de neve já havia caído. Isso atrapalharia, mas não a impediria de subir. Depois de muito esforço, conseguiu chegar até a janela e com a ajuda de Jonne, pulou para dentro do quarto do garoto.

 

           _ Sério, seu quarto é mais feminino que o meu. - Aliisa disse depois de dar um longo beijo no rapaz.

 

           _ Acho que às vezes nós invertemos os papéis. - o garoto disse e beijou-a novamente. - Mas e então, por que você fugiu?

 

           Aliisa contou toda a história, e frisou a parte de interesse de ambas as partes: o namoro.

 

           _ A tia Tarja é pirada. Completamente. - Jonne disse ao final da narrativa da namorada, chocado com o que acabara de ouvir. - Mas isso não importa. Eu nunca vou terminar com você.

 

           _ Promete?

 

           _ Prometo.

 

           Jonne deu um longo beijo em Aliisa. Com cuidado, foi a deitando na cama, tendo o cuidado de não quebrar o contato visual. Continuou com os beijos, às vezes descendo para o pescoço ou indo até a orelha, mas sempre voltando à boca da garota. Quando percebeu que Aliisa estava mais relaxada, colocou a mão dentro da camiseta da garota, massageando sua barriga. Estava prestes a tirá-la quando Aliisa segurou sua mão.

 

           _ Jonne... eu...- disse totalmente atrapalhada, de tão nervosa que estava.

 

           _ Você... - Jonne encorajou, enquanto beijava seu queixo.

 

           _ Jonne, você sabe! - disse brava, se sentando na cama e encarando o garoto. - Eu... eu so... - suspirou e falou tudo de uma só vez - Eusouvirgem.

 

           Jonne teve que se segurar para não rir, pois sabia que ela ficaria mais brava e mais nervosa. Mas a garota estava completamente vermelha, apesar das luzes estarem apagadas ele percebia isso; e ela falou tão rápido que se já não soubesse do que se tratava teria que pedir para ela repetir.

 

           _ Olha... eu já te disse antes, a gente só vai fazer isso quando você estiver preparada. - ele disse colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha da namorada - Me desculpa por ter passado dos limites. - o garoto disse ainda a encarando, e logo depois pegando sua mão e depositando um beijo.

 

           _ Não... Jonne espera... - Aliisa disse segurando sua mão - Eu quero isso. Mas... eu tenho medo... - a última frase saiu baixinha, e ele só ouviu por estar perto dela. Sorriu novamente e deu um selinho na garota, que permanecia com a cabeça baixa. Ele sabia do que ela tinha medo.

 

           _ Eu juro que vou fazer o possível pra que seja a melhor noite de sua vida, ta legal? - ele sussurrou a pergunta em seu ouvido, fazendo-a estremecer. Aliisa apenas concordou com a cabeça, e se deixou levar pelo garoto.

 

           Jonne voltou com os beijos, e percebeu que a garota estava entregue em seus braços. Aos poucos a deitou novamente e devagar tirou sua blusa. Beijou todos os cantos do corpo da garota, e parou para brincar em seu umbigo. Beijou-a novamente na boca enquanto tirava os tênis e a calça dela, e em seguida suas próprias roupas, permanecendo assim os dois apenas com suas roupas íntimas. Sempre olhando nos olhos de Aliisa, tateou a procura da gaveta da cômoda e de lá tirou uma camisinha.

 

           Aliisa estava totalmente entregue. Estava adiando esse momento há tempos, e depois da briga com a tia queria que tudo explodisse. Queria apenas viver o momento, o presente. O resto ela deixava pra se importar depois. Jonne tirou o restante de suas roupas, e ela sabia o que estava por vir. Tentou se manter relaxada, mas era difícil com os pensamentos que teimavam em aterrorizá-la. Mas o que seu namorado disse a seguir a fez estremecer inteira e mandou para longe qualquer tipo de pensamento que estivesse a incomodando. Ainda olhando em seus olhos, e num sussurro que se fez parecer alto no silêncio do quarto, Jonne disse:

 

_ Mina rakastan sinua.¹

 

 

-------------------------***----------------------------

 

 

           O primeiro mês passou normalmente. Bill foi obrigado a parar de fumar; e tomava o remédio todas às noites, e essas passavam sem qualquer problema. Todas as terças e quintas, comparecia ao consultório do Dr. Carlos para a habitual consulta. Como Gordon havia falado, ele era uma pessoa legal, mas Bill não conseguia ter mais do que uma relação paciente-médico com ele. Além de que ele sempre batia na mesma tecla: lhe dizia para não se culpar pelo acidente. Mas isso era impossível, porque por mais que tentasse alguma coisa no fundo da sua mente lhe soprava e nunca lhe deixava esquecer: era sim o culpado. E então começaram os problemas.

 

           Mais ou menos um mês após o início do tratamento, os remédios começaram a não fazer mais efeito. Tinha os sonhos por mais que os tomasse antes de deitar. E, não sabia se era por fazer tempo que não os tinha, eu se realmente pareciam piores do que os primeiros. Muito piores.

 

           Não quis contar ao médico. Achava que era apenas uma fase. Então pensou ter achado a solução: era só tomar mais do que um comprimido. Sabia que aqueles remédios lhe faziam mal, lhe deixavam enjoado e cansado, mas era melhor do que os sonhos.

 

           Mas não adiantou. Certa noite tomou três comprimidos e mesmo assim o sonho veio. Então levantou e tomou a cartela inteira do remédio, e só assim conseguiu dormir sem interrupções. Ou melhor, desmaiou.

 

 

 

¹ - Eu te amo

 

-

 

 


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