The End And Beginning escrita por pandora martin


Capítulo 11
Capítulo 11




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11° capítulo

 

 

Aliisa arrumava suas coisas em uma caixa vagarosamente. Com a morte de sua mãe, sua guarda passava automaticamente para o parente mais próximo, no caso sua tia, e com isso teria que se mudar para a casa da mesma. Likka estivera ali mais cedo ajudando com a mudança, mas tinha ido embora almoçar. Na casa restaram Aliisa e Jonne.

 

_ Você está com fome? - Jonne perguntou enquanto enrolava um bibelô no jornal.

 

_ Não. - a garota respondeu sem nem olhar.

 

_ Tem certeza? Se você quiser eu posso buscar alguma coisa para comermos. - ele insistiu.

 

_ Eu to legal, valeu. - Aliisa respondeu continuando sua tarefa.

 

_ Sabe, eu não gosto de te ver assim. - Jonne disse por fim, largando o objeto que estava embalando.

 

_ Assim como? - a garota perguntou, incomodada com a pergunta do companheiro.

 

_ Assim... Triste, desanimada... Olha, eu sei que não é fácil, mas você tem que reagir! Cadê aquela garota que me conquistou com um sorriso? - Jonne disse se aproximando e pegando a mão da garota.

 

_ Jonne, eu... - Aliisa começou, com os olhos marejados.

 

_ Ali... Você não precisa ser forte o tempo inteiro. - disse, encarando os olhos da menina a sua frente.

 

Aliisa abraçou Jonne o mais forte que pode e então chorou. Chorou tudo que estava guardado desde que recebeu a notícia da morte de sua mãe. Chorou por sentir medo, medo do que seria de sua vida dali em diante e de raiva, raiva por não ter valorizado as pessoas que amava. Mas não cometeria o mesmo erro.

 

_ Está melhor? - o garoto perguntou um tempo depois, quando Aliisa se acalmou um pouco. Ela apenas concordou com a cabeça e continuou abraçada a ele.

 

_ Jonne... - Aliisa começou, inserta.

 

_ Sim? - o garoto incentivou, passando a mãos em seus cabelos.

 

_ Me promete uma coisa? - disse, se levantando e encarando os olhos azuis do rapaz.

 

_ O que?

 

_ Promete que nunca vai me abandonar?

 

_ Nunca... Eu prometo. - Disse, abraçando com força a garota.

 

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Ainda com o casaco e a corrente, se cobriu com o edredom e apagou a luz. Abraçou o ursinho e logo estava dormindo.

 

Mas então o sonho voltou, e voltou mais real e assustador dessa vez. Bill estava na mesma clareira e Tom chegava o acusando. Começou a chorar e implorar para o irmão parar, mas não adiantava. Acordou gritando desesperado, e logo sua mãe e seu padrasto estavam no quarto. Bill ainda chorava e nada que sua mãe dissesse o acalmava. Enquanto Simone tentava inutilmente acalmá-lo, Gordon foi até a sala e ligou para a única pessoa que pensou poder ajudar Bill. Carlos, seu amigo psiquiatra.

 

Meia hora depois, Carlos chegou e deu um calmante para Bill, que dormiu sem problemas dessa vez.

 

_ E então? - Gordon perguntou oferecendo uma xícara de café para o amigo - O que ele tem?

 

_ Trauma pós-tragédia. - Carlos respondeu aceitando o café - Você sabe, os dois eram muito ligados.  O acidente mexeu muito com o emocional do garoto. E o fato deles terem discutido antes do acidente está o assombrando agora. Bill acha que de alguma maneira é o responsável pela morte do irmão.

 

_ Eu tenho medo que ele faça mais alguma besteira... - Gordon disse enquanto massageava as têmporas - Simone não agüentaria e... Eu também não. - suspirou, cansado.

 

_ Você os considera como seus filhos, não? - Carlos perguntou com um leve sorriso. Gordon sorriu também.

 

_ Eu os criei e os ensinei tudo o que sei... Perder Tom foi e está sendo horrível, se eu perder Bill também eu... Eu não sei o que eu vou fazer. - disse, as lágrimas invadindo seus olhos.

 

_ Calma, amigo... - o psiquiatra disse gentilmente, colocando a mão no ombro do amigo. - Você tem que ser forte agora - Gordon concordou e secou o rosto. - E como está Simone?

 

_ Despedaçada. E o pior é que eu não sei como ajudá-la.

 

_ Vocês vão ter que se apoiar de agora em diante, mais do que nunca. E quanto ao Bill, acho melhor marcar uma consulta comigo. Assim posso conversar melhor com ele e dar um diagnóstico melhor.

 

_ Tudo bem. Quando pode atendê-lo?

 

_ Amanhã mesmo. Ás 10h00min da manhã pode ser?

 

_ Claro. Muito obrigado por tudo Carlos. - Gordon disse se levantando e estendendo a mão para o amigo - E desculpe te chamar a essa hora.

 

_ Ora, é meu trabalho. E caso precise de algo pode me ligar. - Carlos respondeu apertando a mão de Gordon - Bom, eu já vou indo.

 

_ Até mais. - O padrasto de Bill disse guiando Carlos até a porta e abrindo a mesma.

 

_ Até. - respondeu indo embora.

 

Gordon fechou a porta, subiu as escadas e foi até o quarto de Bill, onde sua mulher estava. Simone estava sentada na beira da cama, acariciando o rosto do filho.

 

_ E então? - perguntou a mulher - Como ele está?

 

_ Ele parece bem, agora. - respondeu arrumando a coberta do filho e se levantando - Mas o jeito que ele estava antes... - lágrimas invadiram seus olhos.

 

_ Clama querida, ele está bem agora. - abraçou a mulher, tentando acalmá-la - Venha, você precisa dormir também.

 

_ Por quê? - perguntou encarando o marido - Por que isso tinha que acontecer conosco?

 

_ Eu não sei, querida, eu não sei...

 

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_ Aliisa, a janta está servida.

 

_ Estou descendo.

 

_ Já terminou de arrumar suas coisas? - Tarja perguntou enquanto Aliisa sentava a mesa.

 

_ Ainda não, mas falta pouco. - a garota respondeu, começando a se servir.

 

_ Ótimo. E Aliisa, agora que vai morar aqui, saiba que terá que obedecer a algumas regras.

 

_ Regras? - Perguntou, antes de colocar uma garfada de salada na boca.

 

_ Sim, regras. Sua mãe a criou muito solta, e acho que sobrou pra mim a tarefa de corrigir isso.  - Aliisa ia abrir a boca pra protestar, mas sua tia a impediu. - 1° regra: não me desobedeça. 2°: Nada de som alto. 3°: Sempre que for sair, terá que pedir minha permissão primeiro. 4°: Quando eu permitir que você saia, nada de chegar após as 20h00min. E a última e mais importante regra: você está proibida de sair com aquele rapaz, o Jonne.

 

_ O QUÊ?!?!? - Aliisa gritou, quase se engasgando - Você não pode me proibir de sair com ele, ele é meu namorado!

 

_ Não é mais. Você irá acabar com ele amanhã, ou eu mesma irei fazer isso. Ele não é o tipo de rapaz que uma mãe quer para a filha.

 

_ VOCÊ NÃO É MINHA MÃE!! - a garota protestou se levantando da mesa

 

_ Primeiro, não grite comigo e sente-se imediatamente. A partir de agora sou, e não por escolha minha. Ora, ele é músico, que tipo de futuro tem? Além de que se veste como mulher. Sem contar o fato de que é sete anos mais velhos que você!

 

_ Eu não me importo com nada disso! Ele foi o único que restou na minha vida, EU O AMO! - Aliisa continuava a gritar, lágrimas de dor misturadas com lágrimas de fúria.

 

_ Não mais! E eu já mandei você se acalmar e sentar.

 

_ EU JÁ DISSE QUE VOCÊ NÃO É MINHA MÃE, E EU NÃO VOU TE OBEDECER, TÁ LEGAL? - disse, saindo da mesa e correndo escadas acima.

 

_ Aliisa, volte aqui imediatamente! - Tarja ainda tentou, mas a garota já estava na porta de seu quarto.

 

_ EU TE ODEIO! QUERIA TE MORRIDO JUNTO COM MINHA MÃE!! - Aliisa gritou antes de bater e trancar a porta do quarto.

 

Jogou-se na cama e abraçou seu ursinho. Chorava muito, por todos os motivos. Sentia falta da mãe, de sua casa, e queria matar a tia. Como ela tinha coragem de falar mal de sua mãe e ainda mandar terminar o seu namoro?

 

Olhou para o ursinho no meio de seus braços. Sorriu ao se lembrar do dia em que o ganhara.

 

[flashback] 

 

            Tinham acabado de se mudar, e estava emburrada. Tinha sete anos na época e não queria estar ali. Tinha deixado para trás seus amigos e sua casa que tanto adorava. Desceu do carro nada feliz, enquanto sua mãe mostrava alegre a casa para sua irmã, na época com quase cinco anos.

 

_ Olá. - uma mulher de mais ou menos quarenta anos disse se aproximando com um garoto de uns dez anos - vocês são os novos moradores?

 

_ Olá, somos nós sim. - sua mãe respondeu, animada.

 

_ Sejam muito bem vindos, e espero que gostem daqui. - a mulher disse com um simpático sorriso - Eu me chamo Marja [n/a: lê-se Maria], e esse é meu filho mais novo, o Ville.

 

_ Obrigada. Eu sou a Emma, e estas são minhas filhas Johanna, e a emburrada ali é a Aliisa.

 

_ São crianças lindas, parabéns. - Marja falou passando a mão na cabeça de Johanna - E por que você está tão triste, heim criança? - pergunto para Aliisa, que não respondeu.

 

_ Oh, ela não queria se mudar. Sabe, amiguinhos, escola...

 

_ A sim, eu compreendo. Logo você fará amizades aqui também, fique tranqüila. Há, um momento, por favor. - ela pediu, olhando para sua casa aonde um garoto chegava - Jonne venha cá, venha cumprimentar os novos vizinhos.

 

Aliisa olhou para o garoto que se aproximava. Ele era... Estranho? Era bem magro e vestia umas roupas “diferentes”, e tinha o cabelo comprido.

 

_ Esse é meu filho do meio, Jonne. Querido, essa é a Sra. Emma.

 

_ É um prazer conhecê-la, Sra. Emma. Espero que goste daqui. - ele disse com um belo sorriso nos lábios - E você pequena, como se chama? - perguntou pra menininha no colo.

 

_ Johanna... - a menininha respondeu tímida, sorrindo.

 

_ É um lindo nome, combina com você, sabia?-  o garoto disse e Johanna riu. - E você? - perguntou para Aliisa, que o olhou desconfiada e não respondeu. - Não quer me contar?

 

_ Ela é meio tímida, e também está emburrada porque não quer... - Emma começou, mas foi interrompida.

 

_ É Aliisa. - respondeu - Meu nome é Aliisa. - Jonne sorriu.

 

_ É um lindo nome também, gostei. Mas então Aliisa, porque está triste? - o garoto perguntou, se sentando na grama e a encarando.

 

_ Eu não queria morar aqui. - respondeu, cruzando os braços.

 

_ E por que não?

 

_ Porque aqui é feio. - respondeu com convicção, e Jonne riu.

 

_ Aliisa, olhe os modos! - Emma a repreendeu.

 

_ Tudo bem, ela só está dizendo o que pensa. Sabe qual é o significado de “Aliisa”? - Jonne perguntou a garota, que negou com a cabeça - é “verdade”, a verdadeira, sincera.

 

_ Eu quero voltar pra minha casa, pra poder brincar com meus amigos... - Aliisa disse olhando o garoto.

 

_ Logo você faz amizades por aqui também. Quantos anos você tem?

 

_ Sete.

 

_ Olha só, meu irmão tem dez. Ele não é tão mais velho que você.

 

_ Mas ele é menino.

 

_ E qual o problema dele ser menino? - Jonne perguntou levantando uma sobrancelha.

 

_ Menino não pode brincar de boneca! - a garota respondeu como se fosse à coisa mais óbvia do mundo.

 

_ Quem disse? Pode sim! E também, tem várias outras brincadeiras que os dois podem fazer juntos. Mas tudo bem, eu tive uma idéia. - disse se levantando - me espera aqui, heim? - e saiu correndo em direção a casa vizinha. Depois de uns cinco minutos, voltou com algo escondido nas costas - Eu tenho uma coisa pra você, mas só se você prometer ficar alegre. Você promete? - Aliisa concordou com a cabeça, e Jonne tirou de trás das costas um ursinho branco com uma fita azul na cabeça. - Esse ursinho era meu, e eu sempre brinquei com ele quando não tinha amigos. Faz assim: enquanto você não fizer amizades, você pode brincar com ele.

 

Aliisa olhou para a mãe, que sorriu e concordou com a cabeça. Pegou o ursinho das mãos do garoto e olhou para ele.

 

_ Há, e tem outra coisa. - Jonne apertou a mão do ursinho, que começou a cantar. Aliisa sorriu, pela primeira vez desde que chegara à casa nova.

 

_ Obrigada. - respondeu olhando para Jonne.

 

_ Você é muito fofa, sabia? - Jonne disse e lhe deu um beijo no rosto. Aliisa ficou vermelha, e o garoto riu.

 

[/flashback]

 

Depois daquilo, viraram amigos. Aliisa ia brincar com Ville, mas acabava brincando com Jonne, mesmo o garoto sendo bem mais velho que ela. Lembrava-se de ter ficado brava quando Jonne arranjou uma namorada, e só voltar a falar com ele quando o namoro terminou.

 

O tempo passou e ela cresceu. Tornou-se uma bela garota, admirada por todos. Os garotos brigavam por ela, mas, não sabia o porquê, não se interessava por nenhum.

 

Lembrou-se de seu primeiro beijo. Era um final de tarde e ao voltar do colégio foi direto pra casa do amigo jogar videogame. Tinha 14 anos, e chegou perturbada. Jonne perguntou o que ela tinha, e depois de muita insistência contou que sua melhor amiga tinha dado seu primeiro beijo e dissera que era bom. Jonne apenas sorriu e perguntou se ela queria experimentar também. Aliisa corou e concordou com a cabeça. Ele aproximou-se devagar e colocou a mão em seu rosto, e em seguida colou seus lábios nos dela. Aos poucos, Aliisa foi pegando o jeito e aumentando a intensidade do beijo. Havia sido perfeito.

 

Se antes eles viviam grudados, agora eram inseparáveis. Sua mãe ficou feliz pelos dois, e até incentivava o namoro, que Aliisa sempre negava quando indagada.

 

Não iria mesmo acabar com tudo aquilo. Decidida, arrumou umas roupas em uma mochila e abriu a janela. Precisava falar com Jonne.

 

 

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