Espelhar-se em Outra Pessoa... escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 2
Parte 2




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Parte 2

- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOO!!!

O grito desesperado de Gintoki ecoou por todo o Distrito Kabuki. A razão desse berro? Simples: era só olhar a sala, mais precisamente onde estava o sofá, a mesinha de centro, Shinpachi e...

Kagura.

A garota estava praticamente largada no sofá, lendo uma Shounen Jump e bebendo a última caixinha de iogurte de morango. E, sobre a mesa de centro havia um estoque de caixinhas vazias que eram um suprimento para um mês.

- G-Gin-san...? – Shinpachi agitou a mão diante dos olhos de Gintoki. – Ei, Gin-san, o que houve?

- Meu... Iogurte... De morango... Ela bebeu... Todo o suprimento... De um mês...! Tá lendo a minha nova Jump... Com uma história especial de Dragon Ball Z... Que eu queria ler...

Shinpachi já começava a ficar com medo. Não esperava uma reação dessas da parte de seu “chefe”, mas...

- TIRA JÁ ESSA ROUPA, SUA MALUCA! – Gintoki voou para agarrá-la pelo colarinho. – O QUE VOCÊ TEM NESSA CABEÇA OCA PRA ESTAR VESTINDO AS MINHAS ROUPAS?? BORROU AS CALÇAS A PONTO DE NÃO TER NENHUMA?

A resposta de Kagura foi um senhor cascudo, que fez Gintoki meter a cara no chão e ficar rolando de tanta dor. Shinpachi estava tão assustado com aquela cena que não conseguia nem mesmo articular uma palavra.

- AI, AI, AI, AI, AI!! O QUE VOCÊ TÁ SENTINDO PRA ME BATER DESSE JEITO?

- Você tá enchendo demais o saco.

Eram raras as vezes que Gintoki tinha muito medo de algo. E essa era uma dessas raras vezes. Engoliu seco e se levantou. No alto de seus 1,77 de altura, encarou Kagura de cima a baixo. Ela continuava a encará-lo com aquele olhar de peixe morto. O cabelo ruivo estava bagunçado e ela cutucava o nariz mais uma vez. Sem contar que ela estava com as roupas de Gintoki – que, obviamente, estavam bem folgadas – vestidas exatamente da mesma maneira que ele.

Isso tudo, sem contar com os trejeitos do samurai de cabelo prateado que eram imitados com perfeição. Ele já desconfiava de uma coisa:

- Me diga, Kagura... Você, por acaso, não anda usando um Sharingan, ou coisa assim?

- Por que a pergunta?

- Bom, porque você não pode sair por aí bancando outra pessoa...

- Esse sempre foi o meu jeito e não vou mudar.

Uma veia começou a latejar no rosto do Yorozuya. Já estava “P” da vida com aquilo e esbravejou:

- PODE PARAR DE ME IMITAR, PIRRALHA! EU SOU O PERSONAGEM PRINCIPAL DO ANIME, DO MANGÁ E DESTA FANFIC TOSCA! UM PROTAGONISTA NÃO PODE SER CLONADO E NÃO VOU ACEITAR IST...

O rosto de Gintoki se contraiu devido à grande dor que acabava de sentir. Encolheu-se, levando as mãos para o local onde tinha tomado a pancada, o ponto fraco de qualquer homem.

Sim, Kagura havia atingido suas preciosas partes íntimas com o cabo de sua própria espada de madeira.

Mais uma vez, ele desabou no chão e rolou com a grande dor que sentia, gritando “AI, AI, AI, AI, AI!”, e a garota simplesmente deu as costas e saiu de lá. Shinpachi permanecia paralisado, enquanto Gintoki ficava ali prostrado morrendo de dor.

- Gin-san...

- O... O quê...? – o pobre homem mal conseguia falar.

- Acho que criamos um monstro.

- N... Não brinca...! Me traz uma bolsa de gelo, Shinpachi... Rápido...!

*

- Cheguei!

- Ah, olá, Shin-chan. – Otae, sua irmã, o cumprimentou. – Ué? O que houve com o Gin-san?

O dito-cujo chegava com Shinpachi, andando como se estivesse montado num cavalo imaginário.

- Bom, mana... É que ele tomou uma pancada naquele lugar...

- Ei, ei, Shinpachi... – Gintoki protestou. – Precisa mesmo falar isso...?

- Ah... Desculpe. – o garoto ficou constrangido.

- Foi a Kagura? – Otae perguntou.

- Como é que sabe?

- Simples, Shin-chan. Do jeito que ele está andando, só pode ser uma pancada muito forte.

“Falou a expert em chutar as partes de um gorila...”, o samurai de cabelo prateado pensou.

- Mas... Por que vocês resolveram vir aqui?

- Bom, mana, é porque a Kagura tomou uma pancada na cabeça. E agora tá agindo como se fosse o Gin-san.

- Isso é ruim. – a jovem disse. – Muito ruim para o crescimento dela.

- Por quê?

- Vai acabar se tornando um “bom-pra-nada” como ele.

- PERAÍ! TEM COMO NÃO ME DETONAR? – Gintoki protestou, sentado com uma bolsa de gelo entre as pernas. – E eu sou um “faz-tudo”, não um “bom-pra-nada”!

- Eu decidi convidar o Gin-san pra passar a noite aqui, pra que ele não apanhe ainda mais da Kagura.

- Acho que está tudo bem, Shin-chan. – Otae sorriu. – Ele pode passar a noite aqui.

- Também quero! – uma voz rouca gritou.

- Eu também! – uma voz feminina apoiou.

Os dois se revelaram. Isao Kondo, comandante do Shinsengumi e loucamente apaixonado pela Otae, saíra de debaixo da mesa de centro. Ayame Sarutobi, a kunoichi Sacchan, estava no teto.

- QUÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ??? – Otae e Gintoki berraram juntos.

Os dois conseguiram pegar seus respectivos perseguidores e chutá-los literalmente pra fora do dojo. Mas, antes disso, Otae acertou um golpe baixo em Kondo, o que fez Gintoki ficar em dúvida: O que teria doído mais? O golpe que levara de Kagura, ou o que o “gorila” havia levado da irmã de Shinpachi?

Só sabia que as mulheres eram assustadoras. Muito assustadoras, fossem elas psicopatas ou sadomasoquistas.

Após os dois perseguidores serem devidamente enxotados, a jovem Shimura fez uma proposta:

- O que vocês gostariam de comer? Ovos fritos? Ovos mexidos? Ovos cozidos? Omelete?

Gintoki ficou aterrorizado. Havia se esquecido de um pequeno grande detalhe: tudo o que Otae sabia fazer era ovos fritos, o “tamagoyaki”. Sua especialidade eram ovos fritos carbonizados, que eram completamente intragáveis e podiam prejudicar a visão. Shinpachi que o diga.

E, por falar no garoto de óculos...

- Ah... Pra que se preocupar, mana? – ele disse. – Hoje quero cozinhar. Aprendi uma receita diferente há alguns dias e quero uma opinião sua e do Gin-san.

Otae estranhou a atitude do irmão.

- Bom... – ele justificou. – É que um samurai tem que saber sobreviver, e isso inclui aprender a fazer a própria comida... Não é, Gin-san?

Gintoki entrou no jogo:

- É sim, Shinpachi-kun. Se quiser, posso te dar mais uns conselhos de alimentação dos samurais...

Assim, os dois conseguiram se livrar do indigesto tamagoyaki de Otae, que estava curiosa para ver o que Shinpachi faria para o jantar.

Uma coisa era certa: Shinpachi e Gintoki, apesar de não serem experts em cozinha, conseguiram fazer algo realmente comestível. Enquanto jantavam, Otae ficou sabendo de toda a história e a real razão de Gintoki estar lá – recuperar-se do golpe baixo de Kagura.

- Então, foi assim que a Kagura acabou desse jeito?

- Sim, mana.

- Por que vocês não revertem isso? – Otae questionou. – Se ela foi afetada com uma pancada na cabeça, pode ser que ela volte ao normal com outra pancada.

A mente de Shinpachi logo processou a informação:

- Claro! Como não me lembrei disso antes?

- Hã? – Gintoki perguntou.

- É isso, Gin-san! Agora me lembro que isso já aconteceu com você! Com uma forte pancada na cabeça, você perdeu a memória! Com outra pancada de mesma intensidade, a sua memória voltou! Lembra que a Kagura e eu te contamos sobre isso?

- Ah, sei. Mas em se tratando da Kagura tem que ser uma pancada realmente forte.

- Tem algum plano?

- Estou começando a ter, Pattsuan. – Gintoki estava pensativo. – Não quero o meu posto de “protagonista-fora-dos-padrões” ameaçado, por isso tenho que agir. Amanhã cedo já vou botar esse plano em ação.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam se divertindo com esta história. Fiquem à vontade pra comentar e até o próximo capítulo!



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